Existem dois personagens bíblicos na narrativa do novo testamento que são como água e óleo.
O primeiro é Natanael, a história do encontro de Jesus com Natanael é digna de causo, parece uma literatura de cordel, uma mostra da ironia que existe nos escritos do Novo Testamento. Jesus chega para o moço e diz que o viu atrás de uma árvore, Natanael cai no chão e começa a adorar o Messias. Vendo Jesus tamanha vontade de acreditar, Ele diz a Natanael eu vi você lá e você já está ajoelhado, imagina o dia em que você descobrir quem Eu sou mesmo e tudo que já vivi.
Natanael é o supersticioso, aquele que quer acreditar por acreditar.É como o Flexível que aparece na obra O Peregrino:
Se o que ele diz é verdade, não pode haver dúvida de que as coisas que busca alcançar são incomparavelmente superiores às que possuímos. Diz-me o coração que ele está muitíssimo certo no que afirma, e eu me sinto inclinado a acompanhá-lo.
Natanael personifica a crença sem qualquer custo ou cálculo, uma fé que se joga numa pura superstição que não avalia a veracidade bíblica de sua vida e de seu pensar, dele vem a tal confissão positiva, tudo tem mudar, eu sou o centro das coisas e o que eu penso acontece. É uma crendice em que a pessoa parece ser o próprio deus.
A vida segue numa constante de declarações de fé, o nome de Jesus é usado como amuleto. É o tipo de coração que não quer mudanças na vida, não quer arrependimento, ele busca um passe de mágica, algo que mude sua história sem ter viver a história, sem ter que obedecer, uma crença sem obediência.
Não é ele quem obedece a Deus, mas Deus e as circunstâncias que devem obedecer a sua palavra. Devido a sua ignorância, sua frase favorita da bíblia é que não devemos ser como Tomé, sabe-se lá onde isto está escrito.
De outro lado, há um outro ponto que é apresentado por Tomé, aquele que duvida. Aquele que precisa tocar para crer. A dúvida em si não é um empecilho para a fé, a dúvida é boa quando calcula sua obediência a palavra e busca crer apesar de ser incrédulo.
O salto da fé é essencial aqui, é o salto de tocar apesar de não acreditar, é o salto de ter um entendimento além da superfície e do oba oba do primeiro personagem. Contudo, a dúvida pode acabar com a fé, se acharmos só existe ela e nada mais, senão acreditarmos, enfim, que Jesus é o Messias. João Batista, o maior de nós nascido de mulher, teve dúvida, mas descansou quando achou a resposta.
O salto da fé é encontrar em Cristo uma resposta além de nós mesmos, ele não atende as nossas expectativas pessoais de um simples clic que muda toda história e nem de um teorema que explique todas as razões. Crer e obedecer não nascem em nós, seja na nossa vontade de acreditar ou no nosso interesse de saber, está para além de nós, esta na fé, no relacionamento pessoal com Jesus.
Esse relacionamento nos faz humanos, com dúvidas e certezas, com vitórias e derrotas, a imagem de Jesus somos feito, a sua história é a nossa. Seja você o mais crente ou mais duvidoso dos crentes, a certeza não está aí, está nesse irreptível, nesse intruso, nesse avesso a todos nós: Jesus de Nazaré.
Esse relacionamento nos faz humanos, com dúvidas e certezas, com vitórias e derrotas, a imagem de Jesus somos feito, a sua história é a nossa. Seja você o mais crente ou mais duvidoso dos crentes, a certeza não está aí, está nesse irreptível, nesse intruso, nesse avesso a todos nós: Jesus de Nazaré.
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