O segundo capítulo de A Vida Cristã Normal vai falar sobre o outro remédio dado por Deus através da Cruz de Cristo.
A natureza humana corrompida pelo pecado pode ser melhorada? Não pode! Deve ser condenada e rejeitada, assim deve ser crucificada e ressuscitada pelo poder de Deus em Cristo Jesus, Nee continua seu livro meditando nos capítulos 5 e 6 de Romanos, sobre nossa velha natureza e nossa nova natureza dada por Deus por meio de Cristo.
Nesse capítulo, seguindo o apóstolo Paulo, Nee nos fala da nossa união conquistada por Deus em Cristo Jesus na sua morte na cruz.
1. Os dois domínios de paz.
O primeiro domínio segundo Nee, seria o do sangue, da justificação de nossos pecados pelo sangue de Cristo. O segundo domínio é o da Cruz, que trata da natureza do pecado em nós, da santificação da nossa vida.
2. O que torna o homem pecador
O que torna o homem pecador é sua descendência de Adão, somos considerados como tais porque nascemos assim e não pelo que cometemos. Não somos pecadores porque cometemos pecado, cometemos pecados porque somos pecadores.
3. Existem pecadores bons?
Mesmo aquele que não comete
pecados, se pertence à raça de Adão, também é pecador e necessita, igualmente,
da redenção. Há pecadores maus e pecadores bons, pecadores morais e pecadores
corruptos, mas todos são igualmente pecadores. Pensamos, às vezes, que tudo
nos iria bem se não fizéssemos determinadas coisas; o problema, no entanto, é
muito mais profundo do que aquilo que fazemos: está naquilo que somos. O que se
conta é o nascimento: sou pecador porque nasci de Adão. Não é questão do meu
comportamento ou da minha conduta, e, sim, da minha hereditariedade, do meu
parentesco. Não sou pecador porque peco, mas peco porque descendo de linhagem
má. Peco por ser pecador. (p.32)
A questão do pecado não tem a vem com a moralidade, precisamos do evangelho transformando a nossa natureza que é pecaminosa independentemente de nossos atos. O novo nascimento não nasce de um esforço ou uma submissão para ser bonzinho, mas da graça de Deus manifestada na cruz do Calvário.
4. Qual é a mensagem de Romanos 5.19?
"Porque, como pela desobediência de um só
homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um
só muitos se tornarão justos". O Espírito de Deus procura aqui nos
mostrar, em primeiro lugar, o que somos, e depois como chegamos a ser o que
somos. No começo da nossa vida cristã, ficamos preocupados com o que fazemos, e
não com o que somos; sentimo-nos mais tristes pelo que temos feito, do que pelo
que somos. Pensamos que, se pudéssemos retificar certas coisas, seríamos bons
cristãos, e então, procuramos modificar as nossas ações. Os resultados, porém,
não são o que esperávamos. Descobrimos, com grande espanto, que se trata de
algo mais do que apenas certas dificuldades externas — que realmente há no
íntimo um problema mais sério. Procuramos agradar ao Senhor, descobrimos, porém,
que há algo dentro de nós que não deseja agradar-Lhe. Procuramos ser humildes,
mas há algo em nosso próprio-eu que se recusa a ser humilde. Procuramos demonstrar
afeto, mas não sentimos ternura no íntimo. Sorrimos e procuramos parecer muito
amáveis, mas no íntimo sentimos absoluta falta de amabilidade. Quanto mais
procuramos corrigir as coisas na parte exterior, tanto melhor entendemos quão
profundamente se arraigou o problema na parte interior. Então, chegamo-nos ao
Senhor, dizendo: "Senhor, agora compreendo! Não é só o que tenho feito que
está errado! Eu estou errado". (p.33)
O que podemos aprender é que cada um de nós somos membros de uma raça que é condenada por Deus, diferente dEle. Somos em nós mesmos incapazes de agradar a Deus por mais coisas que façamos. Como diz Nee, o nosso desespero está em Adão, e a nossa esperança está em Cristo.
5. A única base de nossa libertação da natureza pecaminosa.
Há somente um caminho. Desde que
entramos nele pelo nascimento, devemos sair dele pela morte. Para nos despojarmos
da nossa pecaminosidade, temos que nos despojar da nossa vida. A escravidão ao
pecado veio pelo nascimento; a libertação do pecado vem pela morte - e foi
exatamente este o caminho de escape que Deus ofereceu. A morte é o segredo da
emancipação. Estamos mortos para o pecado (Rm 6.2). (p.36)
O caminho é reconhecer como Deus lidou conosco em Cristo Jesus, Deus fez por nós o que jamais poderíamos fazer por nós mesmos. Deus nos levou a morte junto com Jesus, não vivemos mais no reino do pecado e de Adão, mas no reinado da graça e de Jesus.
6. O que significa estar em Cristo.
A grande realidade da salvação é a nossa união em Cristo, e este é um ato divino que Ele faz por nós.
7. Como Deus lidou com o nosso problema de estamos em Adão.
Positivamente, Ele lidou ao nos colocar numa nova vida com Cristo. E negativamente, ele trouxe a morte a velha natureza que herdamos de Adão.
8. Podemos nos crucificar?
. Pelas experiências por que Ele
passou, nós igualmente passamos, porque estar "em Cristo" significa
ter sido identificado com Ele, tanto na Sua morte como na Sua ressurreição. Ele
foi crucificado; o que, então, sucedeu conosco? Devemos pedir a Deus que nos
crucifique? Nunca! Quando Cristo foi crucificado, nós fomos crucificados;
sendo a Sua crucificação passada, a nossa não pode situar-se no futuro. Desafio
qualquer pessoa a encontrar um texto no Novo Testamento que nos diga ser
futura a nossa crucificação. Todas as referências a ela se encontram no tempo
aoristo do Grego, tempo que significa "feito de uma vez para
sempre", "eternamente passado" (ver Rm 6.6, Gl 2.20; 5.24). E
como um homem não poderia se suicidar nunca pela crucificação, por ser
fisicamente impossível, assim também, em termos espirituais, Deus não requer
que nos crucifiquemos a nós próprios. Fomos crucificados quando Ele foi
crucificado, pois Deus nos incluiu nEle na Cruz. A nossa morte, em Cristo, não
é meramente uma posição de doutrina, é um fato eterno.
O apóstolo não está dizendo que deveríamos morrer, mas está dizendo que de fato a nossa morte já aconteceu pela fé na cruz de Cristo. Do mesmo modo que pela fé sabemos que estamos no domínio do pecado em Adão, sabemos agora que estamos sob o domínio da graça a partir de nossa morte junto Cristo na cruz.
9. Cristo como o último Adão e o segundo homem.
Em I Co 15.45-47, atribuem-se
ao Senhor Jesus dois títulos notáveis. É chamado "o último Adão" e,
igualmente, "o segundo Homem". A Escritura não se Lhe refere como o
segundo Adão e sim, como o "último Adão", nem se Lhe refere como o
último Homem, e sim, como "o segundo Homem". Note-se esta diferença,
que encerra uma verdade de grande valor.
Como o último Adão, Cristo é
a soma total da humanidade; como o segundo Homem, Ele é a Cabeça de uma nova
raça. De modo que temos aqui duas uniões, referindo-se uma à Sua morte e outra
à Sua ressurreição. Em primeiro lugar, a Sua união com a raça, como "o
último Adão", começou, historicamente, em Belém, e terminou na Cruz e no
sepulcro. E ali reuniu em Si mesmo tudo o que era de Adão, levando-o ao
julgamento e à morte. Em segundo lugar, a nossa união com Ele, como "o
segundo Homem", começa com a ressurreição e termina na eternidade, ou
seja, nunca, pois, tendo acabado por meio da Sua morte com o primeiro homem em
quem se frustrara o propósito de Deus, ressuscitou como o Cabeça de uma nova
raça de homens, em que será plenamente realizado aquele propósito.
Quando, portanto, o Senhor
Jesus foi crucificado, foi no Seu caráter de último Adão, reunindo em Si e
anulando tudo o que era do primeiro Adão. Como o último Adão, pôs termo à
velha raça - como o segundo Homem, inicia a nova raça. É na ressurreição que Se
apresenta como o segundo Homem, e nesta posição nós também estamos incluídos.
"Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o
seremos também na semelhança da sua ressurreição" (Rm 6.5). Morremos nEle,
como o último Adão; vivemos nEle, como o segundo Homem. A Cruz é, pois, o
poder de Deus que nos transfere de Adão para Cristo.
10. O novo homem e o nascimento virginal.
As afirmações de Paulo sobre as qualidades de Jesus como o novo homem não podem ser consideradas sem o nascimento virginal de Jesus. Dado que Ele inicia uma nova raça sem ter o pecado em sua própria natureza humana, sendo concebido pelo Espírito Santo.