Interpretação Bíblica – Roy Zuck – Edições Vida Nova, 1994.
Após ter realizado a leitura do livro, eis algumas
considerações.
Para Zuck, a hermenêutica é a ciência e a arte de
apurar o sentido do texto bíblico. Não pode ser confundida com a exegese ou com
a exposição.
Para o autor, somente uma pessoa regenerada pode
interpretar a Escritura em sua inteireza de significado, incluindo o espiritual
(1Co 2:14). Dado o ministério do Espírito, a hermenêutica é uma tarefa para
qualquer cristão.
No primeiro capitulo, o autor faz um histórico da interpretação
bíblica desde de Esdras, passando pela tradição judaica, patrística, a reforma,
iluminismo, neo-ortodoxia. Zuck tem um axioma duplo: a bíblia é um livro humano
como também divino.
Nos capítulos de quatro a seis, o autor tenta transpor
três abismos: cultural, gramatico e literário. A partir do capítulo sete até o
décimo, o autor começa a analisar os elementos técnicos do texto: as figuras de
linguagem, tipologia e simbologia, parábolas e alegorias, profecias. Nos dois últimos capítulos, ele analisa o
emprego do Antigo Testamento no Novo e a aplicação da Palavra para os dias
atuais.
O aspecto mais forte do livro é a descrição
sistemática que Roy Zuck faz de cada elemento da estrutura de interpretação.
Principalmente, a abordagem em relação aos abismos, que são o cronológico,
geográfico, cultural, linguístico, literário e sobrenatural.
A transposição dos abismos significa a compreensão do
significado original do texto bíblico e a aplicação da mensagem para os
ouvintes contemporâneos. Transpor da cultura bíblica para a cultura hodierna, a
linguagem da Escritura para a linguagem moderna, o estilo literário bíblico
para as formas de comunicação atuais como também as figuras das Sagradas Letras
para o significado de hoje, ver como a profecia na Bíblia se realiza como
realização do plano divino, o uso da Escritura no Texto Sagrado e o modo como
se deve usar hoje em dia.
Seguidor do método histórico-gramatical, há uma recusa
de alegoria como também do método histórico-critico.
O aspecto mais fraco do livro é que o autor, por
vezes, faz uma abordagem mais pessoal do que geral de certos temas, por
exemplo, sua leitura é sempre pautada por sua visão dispensacionalista ou
quando ele analisa tipologia, ele concentra seu estudo na tipologia explicita,
restringindo o uso do tipo à dezessete ocorrências (p. 209), porque para o
autor o tipo deve conter cinco elementos: “uma
semelhança ou correspondência visível com o antítipo, realismo histórico tanto
da parte do tipo quanto do antítipo, o aspecto da prefiguração ou predição do
antítipo, o aspecto de prefiguração ou predição do antítipo, a elevação, que
confere superioridade ao antítipo, e o planejamento divino” (p.204)
O livro é bem fundamentado, há uma amplidão de
bibliografia para cada tema. O embasamento bíblico de Zuck sempre segue uma
linha histórico-gramatical, há sempre exemplos e aplicações bíblicas para cada
tópico estudado como também questões para melhor aprendizado do tema.
Há uma postura positiva em relação à inerrância
bíblica: “a autoridade da Bíblia para
determinar o que cremos e nossa forma de viver deriva do fato de ser inerrante.
A inerrância, por sua vez, decorre da verdade da inspiração pelo Espírito
Santo. Visto que a Bíblia é obra de Deus, possui autoridade intrínseca” (p.
82).
O autor indica outros livros para serem estudados, por
exemplo, na pagina 103, há uma lista valiosa de livros para ajudar a entender
os costumes bíblicos.
Os pontos mais relevantes para minha vida foi a preocupação
com uma sistematização do estudo hermenêutico em etapas, para a busca de um
significado do texto bíblico que ultrapasse os abismos culturais, linguísticos,
geográficos etc.
Uma nova ideia que aprendi com o texto foi a analise
estrutural, a analise estrutural das relações existentes nos elementos contidos
no texto bíblico e os modelos estruturais: paralelismo, paralelismo circular,
alternação, quiasmo, trilogia e construção acrostica etc. Outro aprendizado foi
os cinco passos: observação,
interpretação, aplicação, pratica e avaliação.
Quanto a minha discordância com o autor do livro,
acredito que já a apontei na minha opinião a respeito do aspecto mais fraco do
livro que achei, que foi sua classificação de tipologia e a influencia do
dispensacionalismo em sua construção argumentativa.
Em resposta a isto, acredito que, em se tratando de um
livro de introdução, poderia ser apresentados os aspectos hermenêuticos gerais
sem uma tomada de decisão sobre qual seguir ou uma tomada em que esteja
explicitada a decisão do autor sem que isto deixe de lado a apresentação de
outros temas ou posições na questão. Por
exemplo, falta uma apresentação de outros conceitos de tipologia, como a
implícita, não há uma apresentação do método histórico-redentivo ou do “sensus
plenior”.
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