segunda-feira, junho 29, 2009

N.T.WRIGHT: O Mal e a Justiça de Deus - 2


"O chamado do evangelho é para a Igreja implementar a vitória de Deus no mundo por meio do amor sofredor. A cruz não é apenas um exemplo a ser seguido, é um feito a ser executado, posto em prática. Porém, não deixa de ser exemplo, porque é o molde, o modelo para o que Deus quer fazer agora neste mundo, por seu Espirito, e por meio de seu povo. É o início do processo de redenção, em que o sofrimento e o martírio são meios paradoxiais para se alcançar a vitória." p. 88

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"Olhando para Jesus, descobrimos para nõs, a cruz é o novo Templo, o lugar onde vamos para nos encontrarmos com o verdadeiro Deus e conhecê-lo como Salvador e Redentor. A cruz passou a ser o local de peregrinação, onde contemplamos boquiabertos o que foi feito em favor de cada um de nós. A cruz se torna o sinal de que o império pagão simbolizadono vigor e no poder da força brutal, foi definitivamente desafiado por outro poder, o poder do amor, que finalmente vencerá" p. 89
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O alvo máximo de satanas,em outras palavras, é a morte - dos seres humanos e da própria criação. O meio escolhido por ele para levar o mundo e a humanidade à morte é o pecado, a rebelião da humanidade contra a vocação de refletir a imagem de DEus no mundo, a recusa de adorar ao Criador e a substituição dessa adoração e dessa vocação aos elementos criados e a perda inevitável da imagem de Deus. A morte não é um castigo arbitrário pelo pecado, é sua consequência necessária, já que rejeitar o Deus vivo, o que constitui idolatria, é o equivalente espiritual do que acontece quando um mergulhador corta seu próprio tubo de oxigênio. p. 98
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"quando a humanidade comete idolatria, adorando aquilo que não é Deus cmo se fosse, concede a outras criaturas e seres do cosmos um poder, um prestígio e autoridade sobre nõs, que nõs, submissos a Deus, deveríamos ter sobre eles. Ao adorar um idolo, seja ele qual for, você abdica algo de sua propria autoridade humana sobre o mundo e concede autoridade a esse idolo, chamado a ser uma força negativa, contrária a Deus, uma força oposta à criação, porque, sendo ela mesma parte do mundo transitório, esta destinada à decadência e morte e, caso nçao tenhamos cuidado, seremos arrastado juntos com essa força". p.100
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"Romanos 8 é a resposta mais profunda do NT para o problema do mal, para a questão da justiça de DEus,. E tudo acontece segundo o padrão do exodo, da libertação dos escravos, da cruz e da ressureição, da poderosa nova vida do Espírito" p. 105
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"A eclesiologia verdadeiramente bíblia deveria enfocar não tanto o fato de a Igreja ser uma comunidade de salvos, mas sim a comunidade dos que, redimidos pela cruz, são agora reino e sacerdotes que servem a Deus e reinam sobre a terra" p. 124
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"o motivo de A teologia cristã genuína ser uma atividade redentora, o esforço para entender e articular a forma como o criador está gloriosamente certo em ter criado o mundo e o redimido, exatamente como o fez. é parte da vocação administrativa da existência humana, que traz a ordem de DEus à mente e ao coração dos outros e, com isso, capacita as pessoas a adorarem o verdadeiro Deus e servirem a seus propositos permanentes" p. 125-126.
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"A expiação é mais do que uma transação abstrata, que coloca o perdão de DEus à disposição dos que o desejarem. Foi é a conquista estarrecedora, majestosa, pela qual o mal foi derrotado para que a nova era de DEus começasse. E nõs que afirmamos seguir Jesus só podemos fazer tal afirmação se vivermos pela regra do perdão- perdão verdadeiro, não as imitações baratas de que já falei. Só assim encotraremos a resposta cristã adequada ao problema do mal, nque não é uma teoria, mas uma vida, que será justificada ou validada na era vindoura, quando o mal for, enfim, abolido por completo" p.138
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"Quando entendermos o perdão que flui da obra de JEsus e do Espirito como o fato estranho e poderoso que ele é, começamos a perceber que perdão que DEus nos concede- e o perdão que concedemos aos outros- é a faca que corta as amarras que ainda nos ligam ao pecado, a ira, ao medo, à recriminação e à morte. No fim, o mal não terá nada a dizer, porque a vitória da cruz será completamente estabelecida" p. 145

domingo, junho 28, 2009

The Justification Debate: A Primer


The Justification Debate: A Primer
Two of the world's most prominent pastor-theologians on justification—and what difference it makes.
John Piper and N.T. Wright, compiled by Trevin Wax posted 6/26/2009 09:54AM

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Since Christianity Today's August 2007 cover story, "What Did Paul Really Mean?" Piper and Wright have taken the debate on justification from the academy to the masses. Here is where the two evangelicals differ. Download a PDF of this article here.
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The Problem
Piper: God created a good world that was subjected to futility because of the sinful, treasonous choice of the first human beings. Because of this offense against the glory of God, humans are alienated from their Creator and deserve his just condemnation for their sins.
Wright: God created a good world, designed to be looked after and brought to its intended purpose through his image-bearing human beings. This purpose was thwarted by the sinful choice of the first human beings. Because of human sinfulness, the world needs to be put to rights again and its original purpose taken forward to completion. God's purpose in putting humans "right" is that through them, the world can be put to rights.

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The Law
Piper: God revealed himself through the Law, which pointed to Christ as its end and goal, commanded the obedience that comes from faith, increased transgressions, and shut the mouths of all humans because no one has performed the righteousness of the Law so as not to need a substitute.
Wright: God made a covenant with Abraham in order to set in motion his plan to rescue his world through Abraham's family. God gave his people the Torah, his holy Law, as a pedagogue—a way to keep Israel, God's wayward people, from going totally off track until the coming of the Messiah. Israel was supposed to embody the law and thus be a light to the nations. But Israel has failed at this task.

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God's Righteousness
Piper: The essence of God's righteousness is his unwavering faithfulness to uphold the glory of his name in all he does. No single action, like covenant keeping, is God's righteousness. For all his acts are done in righteousness. The essence of human righteousness is the unwavering faithfulness to uphold the glory of God in all we do. The problem is that we all fall short of this glory; that is, no one is righteous.
Wright: God's righteousness refers to his own faithfulness to the covenant he made with Abraham. Israel has been unfaithful to this commission. What is now required, if the world's sin is to be dealt with and a worldwide family created for Abraham, is a faithful Israelite who can be faithful to the covenant in Israel's stead.

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First-Century Judaism
Piper: Many Jews in Jesus' day (like the Pharisees described in the Gospels) did not see the need for a substitute in order to be right with God, but sought to establish their own righteousness through "works of the Law." Whether keeping Sabbath or not committing adultery, these works became the basis of one's right standing with God. The inclination to rely on one's own ceremonial and moral acts is universal, apart from divine grace.
Wright: Jews in Jesus' day believed that the Law was given to them as people who were already in covenant with God. Therefore, the Law was not viewed as a way to earn God's favor, but as a sign that one was already in covenant with God. The "works of the Law" are not ways to earn favor with God, but badges of covenant identity by which one determines who is in the covenant and who is not. Many Jews in Paul's day were clinging to these identity markers (Sabbath, circumcision) in a way that made their Jewish identity exclusive. Therefore, their exclusivism was keeping the promise of God from flowing to the nations

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The Gospel
Piper: The heart of the gospel is the good news that Christ died for our sins and was raised from the dead. What makes this good news is that Christ's death accomplished a perfect righteousness before God and suffered a perfect condemnation from God, both of which are counted as ours through faith alone, so that we have eternal life with God in the new heavens and the new earth.
Wright: The gospel is the royal announcement that the crucified and risen Jesus, who died for our sins and rose again according to the Scriptures, has been enthroned as the true Lord of the world. When this gospel is preached, God calls people to salvation, out of sheer grace, leading them to repentance and faith in Jesus Christ as the risen Lord.

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How This Happens
Piper: By faith we are united with Christ Jesus so that in union with him, his perfect righteousness and punishment are counted as ours (imputed to us). In this way, perfection is provided, sin is forgiven, wrath is removed, and God is totally for us. Thus, Christ alone is the basis of our justification, and the faith that unites us to him is the means or instrument of our justification. Trusting in Christ as Savior, Lord, and Supreme Treasure of our lives produces the fruit of love, or it is dead.
Wright: God himself, in the person of Jesus Christ (the faithful Israelite), has come, allowing the continuation of his plan to rescue human beings, and, through them, the world. The Messiah represents his people, standing in for them, taking upon himself the death that they deserved. God justifies (declares righteous) all those who are "in Christ," so that the vindication of Jesus upon his resurrection becomes the vindication of all those who trust in him. Justification refers to God's declaration of who is in the covenant (this worldwide family of Abraham through whom God's purposes can now be extended into the wider world) and is made on the basis of faith in Jesus Christ alone, not the "works of the Law" (i.e., badges of ethnic identity that once kept Jews and Gentiles apart).

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Future Justification
Piper: Present justification is based on the substitutionary work of Christ alone, enjoyed in union with him through faith alone. Future justification is the open confirmation and declaration that in Christ Jesus we are perfectly blameless before God. This final judgment accords with our works. That is, the fruit of the Holy Spirit in our lives will be brought forward as the evidence and confirmation of true faith and union with Christ. Without that validating transformation, there will be no future salvation.
Wright: Present justification is the announcement issued on the basis of faith and faith alone of who is part of the covenant family of God. The present verdict gives the assurance that the verdict announced on the Last Day will match it; the Holy Spirit gives the power through which that future verdict, when given, will be seen to be in accordance with the life that the believer has then lived.

Canaã

Canaã é uma das primeiras denominações da Terra Prometida. A palavra provavelmente significava "roxo", referindo-se ao corante produzido a partir das cascas do marisco Murex que tem ao longo da costa da Fenícia. No mundo antigo, este famoso corante foi utilizado para cor vestes usadas pelos royalties. A palavra para a cor eventualmente era usada para designar as pessoas que elaboraram o corante e roxo pano para o comércio. Assim, na Bíblia, cananeu refere-se a um "negociante" ou "comerciante" (Zacarias 14:21), bem como a uma pessoa que mora na "terra de roxo", ou Canaã. Originalmente a palavra aplicava apenas para a costa da Fenícia, mais tarde, porém, é aplicada a toda a região de Canaã. O religioso do cananeu perspectiva muito diferente do que era do povo de Deus, ele comandou o seu povo a rejeitar totalmente o mundo de seus vizinhos.
O Velho Testamento para a Terra Prometida denominação deriva do patriarca Jacó, a quem Deus rebatizado Israel (Gênesis 32:28). Seus descendentes eram conhecidos como os filhos de Israel. Após os israelitas Canaanin conquistou o tempo de Josué, o nome das pessoas tornou-se a denominação para a terra em si (da mesma forma que tinha com os cananeus). Ao dividir a nação após a morte de Salomão, o nome Israel foi aplicado ao reino do norte e do seu território, enquanto o Sul do terreno foi chamado Judá. Após a queda do reino do norte para os assírios em 722 aC, toda a terra foi novamente chamado Israel.

fonte: Follow the rabbi.
http://www.followtherabbi.com/Brix?pageID=2718

LEONARD SWEET: A igreja na cultura emergente

SWEET, Leonard (editor) A igreja na Cultura Emergente: cinco pontos de vista Trad. Robinson Malkones São Paulo:Editora Vida, 2009.
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A VIDA DEPOIS DO PÓS-MODERNISMO POR ANDY CROUCH.


A eucaristia cristã, porém, coloca esse sistema de cabeça para baixo. O que oferecemos à mesa é a comida e a bebida mais simples que os seres humanos foram capazes de criar. (Em nossa cultura, o vinho é muitas vezes associado com o luxo, mas nos dias de Jesus era universal- e provavelmente não tão saboroso, pois a fermentação era tanto natural quanto necessária para evitar que liquido azedasse). Não nos sentamos à mesa para desfrutar de uma refeição sofisticada com todos os acessórios - Paulo repreendeu alguns membros da igreja em Corinto que pensavam que era uma boa idéia- não comemos o suficiente nem para nutrir nosso corpo. O pão e o calice da comunhão estão o mais longe possivel de um McLanche feliz. E mesmo assim, cresmos que o estamos comendo é o pão da vida e o que estamos bebendo é fruto da videira verdadeira. Se realmente experimentamos e vemos que o Senhor é bom, como nos levantamos da mesa da ceia e retornamos para uma vida de consumo frenético?
A eucaristia é o momento em que a igreja pratica o pós-consumismo. A mesa da ceia nivela todos com recursos economicos diversos- pobre e rico recebem a mesma porção. Ela faz desaparecer o nosso paladar cuidadosamente cultivado- não há cardápio, nem uma lista de opções, não há uma hierarquia de produtos do tipo bom, melhor, o melhor de todos! Em muitas igrejas que levam a ceia do Senhor muito a sério, não se diz propriamente tomar a ceia- a hostia é colocada em nossa língua. Participamos de um banquete, sem dinheiro e sem custo - Is 55.1- . A medida que as promessas da ceia se tornam mais reais para nós, vemos as promesssas do consumismo cada vez mais como nulidades sem substâncias, o que realmente são. p. 75,76
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"Os sacramentos - e a liturgia que os cerca em muitas tradições- oferecem-nos uma chance de nos desintoxicar do clamor por novidade da pós modernidade, eles são uma declaração espantosamente subversiva, quer para a modernidade, quer para a pos-modernidade, de que tudo o que importa no mundo, na realidade, já ocorreu" p. 79
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DEBAIXO DA ABÓBODA CELESTIAL DE ESTRELAS POR FREDERICA MATHEWES-GREEN.
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"Como devemos ler a Bíblia:" Reveja o contexto e os ouvintes originais. Aquela comunidade emergente ouviu e viu essa vida e foi exortada e transformada por ela em primeira mão. Quando eles escutavam e discutiam os eventos que se tornariam as Escrituras, tinham uma simples vantagem sobre nõs e uma vantagem mundana: as histórias eram contadas em seu idioma nativo. Enfurecemo-nos em grande confusão sobre ajustes finos de tradução, mas eles não preciram de tradução, eles escutaram as histórias no mesmo grego que usavam em casa e no mercado. Coisass que nos embaraçam eram claras para eles. SAbiam como pesar e valorizar as coisas que nos confundem, dois mil anos e metade do mundo de distância" p. 143
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Se Deus pretendia nos perdoar, por que foi necessário que Jesus viesse e morresse?
Porque a Queda e nossa permanente cumplicidade com o pecado haviam produzido um dano fundamental na natureza humana. embora não nascemos carregando a culpa de Adão, smos tão propensos que inevitavelmente iremos cair em pecado, obtendo assim a nossa própria escravidão da morte. Essa tendência é algo que compartilhamos, e que flui entre todos os humanos.
Como a encarnação lida com esse problema?
Imagine a natureza humana como uma realidade coletiva em vez de algo que os indivíduos possuem em pequenos pedaços. Quando Jesus se tornou humano, ele representou , ou personificou, todos nõs, todos que já viveram ou que viverão. Isso foi o que ele carregou até o Hades e retornou, isso foi o que ele ressuscitou dos mortos. Isso significa que todo ser humano que já viveu ou que irá viver, irá viver pela eternidade" p. 154
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Há dois problemas com as frases de Frederica, ela participa da crença ortodoxa que não houve a expiação substitutiva, que a encarnação é "todo o drama, do início ao fim, é que nos salva, e não apenas as três horas daquela sexta-feira" (p. 183)- não houve pagamento com o sangue de Cristo.
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Sua visão de inferno também é confusa- "não há nenhum canto separado na vida após a morte onde os demonios terão permissão para torturar humanos para sempre porque isso seria uma recompensa para o maligno. Ele não será recompensado, mas derrotado. Deus é amor, e não há trevas nele. Todos nõs viveremos para sempre na luz do amor de Deus" ..."aqueles que não aceitaram a cristo irão experimentar sua presença queimadora, trevas e ranger de dentes. Toda miséria desta vida e da próxima é devido a não conhecermos a Cristo"(p. 154)
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O MÉTODO, A MENSAGEM E A HISTÓRIA EM ANDAMENTO por BRIAN D. MCLAREN
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Brian apresenta 4 idéias norteadoras:
1. O evangelho como história- "tive de ser desproposicionalizado. Em vez de ver o evangelho como proposições, mecanismos, abstrações ou conceitos universais, comcei a ver o evangelho como uma narrativa, uma história, um relato do tipo certa vez havia um homem chamado José que era noivo de uma mulher chamada Maria" (p. 179)....Michael Horton comentando a assertiva de Brian, na mesma página, diz: "Esse argumento de que as Escrituras devem ser lidas principalmente como um mapa revelador da rendenção em vez de como uma fonte literária de idéias e morais atemporais tem sido enfatizado por teologos conservadores reformados tais como Gehardus Vos, Herman Ridderbos, Edmundo Clowney".
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2. Evangelho com sua muitas versões, muitas facetas, em muitas camadas e centrado em Cristo:
"A historia que contamos não nos chega apenas em uma versão, mas em muitas. Mateus nos dá uma versão, assim como Mc, Lc e Jo, e no livro de atos temos de ouvir as versões de Pe e EStevão com a de Paulo, A igreja tem continuado a oferecer muitas versões dessa hsitória desde então. Nenhuma versão é a história completa, e a história que se expande, aprofunda-se e ressoa que encontramos em sempre novas dimensões parece pulsar cada vez com mais significado, signifcado que não pode ser nunca contido, nem mesmo na mais longa e mais detalhada compilação sungular que pudermos obter. Por detrás de cda versão da história contada com certa configuração de apalvras, jaz a história em sua plenitude que pode ser transmitida verdadeiramente, mas nunca de forma exaustiva. Isso é o que eu quero dizer quando afirmo que a história tem muitas versões" p. 180
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3. Evangelho cumulativo: "a história de Jesus inclui e continua outras histórias, a prequela judaica da criação per verbum, da crise humana, do chamado de Abraão para ser abençoado e ser uma bênção global, a história do Exodo, do Reino, do exílio e do retorno, a história dos sacerdotes e profetas, dos poetas e sábios, a hist´ria da lei e da rebelião, do julgamento, do perdão e da promessa. A história de JEsus acumula todas essas histórias em seu interior" (p.183) ... a medida que lemos a história da igreja, percebemos que esse é o jeito que ela continua, até hoje. E assim o evangelho não é apenas sobre o que Jesus começou a fazer e a ensinar entre aproxidamente 5 a.C. e 29 d.C.; é também sobre a obra continua de Jesus desde então, e pensando agora no Apocalipse de João- a historia continuará até a consumação de todas as coisas. (p. 184)
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Michael Horton comentando esse aspecto diz: " suspeito que exista alguém que realmente possa crer que as 4 leis espirituais representam toda a verdade imutável e eterna do Evangelho, Com Brian, vejo as Escrituras como um drama arrebatador centrado em torno de Cristo.
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4. O Evangelho efetivo e catalítico: essa história realiza coisas, é poderosa, efetua, catalisa, salva. "A história inspira a ação nessa comunidade, ação efetuada com fé, esperança e amor" (p.185).
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"Em cada caso, a partir das muitas camadas e facetas do evangelho centrado em Cristo, novos recursos são extraídos e assim a própria mensagem muda ao lidar com essas novas situações, problemas e oportunidades de novos jeitos- porque a mensagem continua mudando a situação, o mundo, o contexto, todo o lugar onde ela é proclamada e praticada." p. 190
Erwin Rapahael mcManus sobre esta passagem, conclui que..."a pessoa de Jesus é muito mais potente do que a mensagem. O impacto que a mensagem tem sobre seu contexto é incremental quando comparado com o impacto que a pessoa de Jesus exerce sobre o contexto onde ele está presente. Com a mensagem, estamos sempre correndo perigo de vir somente com palavras. Com a pessoa de Cristo vêm tanto poder quanto presença"
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A INTERSECÇÃO GLOBAL por ERWIN RAPHAEL MCMANUS.
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"A igreja não foi criada para ser um balde, para salvar a água da correnteza. Ela não foi planejada para ser água colocada no balde. A igreja foi feita para sempre ser uma intricada parte do rio e para estar no mínimo no meio das águas turbulentas. A água jamais transbordará, não importa o quanto as correntezas tornem-se encapeladas" p. 214
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"A relevância tem a ver com a percepção de que temos a tendência de sacramentalizar a metodologia, as práticas e as tradições. TEmos a tendência de encontrar mais conforto nas superstições criadas nan nossa imaginação d que na simplicidade da fé para a qual Deus nos chama" p. 219
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"A questão verdadeira que a igreja enfrenta não é essencialmente sobre metodologia ou mesmo sobre a preservação da mensagem. A questão real é por que a igreja é tão pouco afetada pela presença transformadora do Deus vivo" p. 223
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As escrturas são mais do que apenas o nosso livro-texto, elas são o nosso portal para a presença de Deus, onde não apenas chegamos a conhecer sua mente e seu coração, mas também somos transformados para nos tornar cmo ele' p. 234
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" Todo seguidor de Jesus Cristo também pode conhecer algo mais - que Deus fala aquilo que vai além do entendimento natural embora não va além da compreensão humana. Deus é tanto misterioso quanto claro. O judaísmo e o cristianismo, ambos emergiram de uma convicção de que Deus fala e pode ser ouvido, compreendido e obedecido. O ato de Deus falar é a base da fé. A verdadeira religião não é a nossa busca desesperada para tornar Deus inteligível. É uma reação ao que Deus já falou. E as palavras de DEus são muiito mais do que apenas informação divina- elas são vida para o ouvinte. A criação começa com o ato d Deus falando. O tema recorrente de Genesis 1 é simplesmente : "E disse Deus...". O fim de todas as coisas criadas virá como resultado de Deus falar novamente" p. 227

sábado, junho 27, 2009

ALBERT NOLAN: Jesus antes do Cristianismo


NOLAN, Albert Jesus antes do cristianismo São Paulo: Paulus, 2003.


“Milhoes e milhões de pessoas, através do tempos, tem venerado o nome de Jesus, mas poucos conseguiram compreende-lo, e é menor ainda o numero daqueles que tentaram por em pratica o que ele queria que fosse realizado. Suas palavras tem sido interpretadas e deturpadas de modo a significar todas as coisas, qualquer coisa, e nada. Seus nome tem sido usado e abusado para justificar crimes, para assustar crianças e para inspirar uma insensatez heróica a homens e mulheres. Jesus tem sido mais frequentemente honrado e venerado por aquilo que não significou. A suprema ironia é que algumas das coisas, às quais ele fortemente se opôs na sua época, foram ressuscitadas, pregadas e difundidas mais amplamente no mundo- em seu nome” p.15
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"Embora o termo pobre nos evangelhos não se refira exclusivamente àqueles que eram economicamente depossuídos, certamente os inclui. Os pobres eram, em primeiro lugar os mendigos. Esses eram os doentes e aleijados, que tinham recorrido à mendicância porque nao tinham possiblidade de ser empregados e não tinham parentes que pudessem ou quisessem sustentá-los. (...) Os que eram economicamente pobres dependiam totalmente da caridade dos outros. Para um oriental, ainda mais do que para um ocidental, isso é terrivelmente humilhante(...) A pessoa realmente pobre, que depende dos outros e não tem ninguém que dependa dela, se encontra no último degrau da escala social. Não tem prestígio, nem honra. Quase não é humana. Sua vida não tem sentido. Um ocidental, hoje, diria que isso significa perder a dignidade humana." p. 40-41
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"O que tornou diferente o bom samaritano da parabola foia compaixão que sentiu pelo homem deixado semimorto à beira da estrada (Lc 10,33). O que tornou diferente o pai amoroso foi excesso de compaixão que sentiu por seu filho pródigo (Lc 15,20). O que tornou Jesus diferente foi a compaixão sem limites que ele sentiu pelos seus pobres e oprimidos.
A palavra compaixão é fraca demais para exprimir a emoção que movia Jesus. O verbo gregospalgchmizmai, usado em todos esses textos, é derivado do substantivo splagchnon, que signifca intestinos, visceras, entranhas, ou coração, ou seja, as partes inernas das quais parecem surgir as emoções fortes. O verbo grego, portanto, significa movimento ou impulso que brota das próprias entranhas da pessoa, uma reação das tripas. é por isso que os tradutores precisam lançar mão de expressões como ele foi tomado de compaixão ou piedade, ou ele sentiu piedade, ou seu coração se comoveu por eles. Mas nem mesmo essas expressões conseguem captar o profundo sabor físico e emocional da palavra grega para compaixão" p. 49
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Os milagres são frequentemente considerados, tanto por aqueles que neles acreditam como pelos que não creem, como fatos, ou fatos supostos, qu contradizem as leis da natureza, nã podendo portanto ser explicados pela ciencia ou pela razao. Mas não é isso absolutamente que a Bíblia entende por milagre, como qq biblista pode atestar. As leis da natureza são um moderno conceito cientifico. A Bíblia nda sabe sobre a natureza, e menos ainda sobre as leis da natureza. O mundo é criação de Deus e qq coisa que aconteçã no mundo, comum ou extraordinária, é prte da providencia de Deus" p. 55
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"Seria impossível superestimar o impacto que essas refeições devem ter tido entre os pobres e os pecadores . Aceitando-os como amigos e como iguais, Jesus afastara deles a vergonha, a humilhação e a culpa. Mostrando-lhes a importância que tinham para ele como pessoas, deu-lhes um senso de dignidade e libertou-os de seu cativeiro. O contato físico qiue deve ter tido com eles, quando se reclinava à mesa (Jo. 13, 25), e que ele obviamente nunca sonhou em coibir (Lc 7,38-39), deve ter feito com que se sentissem limpos e aceitáveis.
Além do mais, por ser Jesus considerado santo e profeta., teriam interpretado seu gesto de amizade como aprovação de Deus. Eles agora eram aceitáveis aos olhos de Deus. Seu estado de pecado, ignorância e impureza tinha sido esquecido e não mais pesava sobre eles". p.63
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"O perdão significava o cancelamento ou a remissão da dívida para com Deus. Perdoar em grego - aphiemi- significava cancelar, desobrigar ou libertar. Perdoar alguém é libertá-lo da dominação da história do seu passado. Quando Deus perdoa, ele esquece nosso passado e retira as consequências presentes ou futuras de transgressões passadas" p. 64
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"Jesus não só os curava e perdoava, como também lhes dissipava os temores e aliviava as preocupações. Sua simples presença os libertava" p. 67
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"O texto muito citado : Meu reino não é deste mundo (Jo. 18,36) não significa que o reino não está ou não estará neste mundo ou nesta terra. A frase é tipica de João e deve ser compreendida de acordo com o uso que João fazia das palavras. Em Jo 17,11.14-16, quando se diz que Jesus e seus discipulos estão no mundo, mas não são do mundo, o sentido é bastante claro. Embora vivam no mundo, não são mundanos, não concordam com os valores e padrões atuais do mundo. Se no mesmo evangelho se diz também que o reino não é deste mundo, isto deve ser interpretado da mesma maneira. Os valores do reino são diferentes de, e opostos a, os valores deste mundo. Não há razão para se pensar que isto signifique que o reino vai flutuar no ar em algum lugar, acima da terra, ou que seja entidade abstrata sem qualquer estrutura social e política tangível" (p.76)
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"Quando o reino de Deus vier, Deus tomará o lugar de satanás, ele governará sobre toda a humanidade e conferirá o reinado ou o poder de governar àqueles que servirem a seus propósitos, na sociedade. O mal será eliminado e as pessoas serão repletas de seu Espírito .... pode haver muita gente boa no mundo agora, mas o mal continua a ter a supremacia, satanás ainda está no poder" (p.77)
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Milagre dos pães e peixes- "neste caso não se diz que alguém tenha ficado admirado, maravilhado ou atônito, diz-se apenas que os discipulos não compreenderam" (Mc 6,52;8,17;18,21) "
"o acontecimento tem um sentido mais profundo, mas, em si mesmo o acontecimento não foi um milagre de multiplicação, e sim um exemplo notável de partilha"
"o milagre consistiu em que tantas e tantas pessoas deixassem subitamente de ser possessivas em relação à sua própria comida e começassem a partilhá-la, só para descobrir que havia mais do que o suficiente para todos. Dizem-nos que ainda sobraram doze cestos com restos. as coisas tendem a multiplicar-se quando são partilhadas" p.81
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" O reino de Deus será, portanto, uma sociedade na qual não haverá nenhum prestígio, nenhhum status, nenhuma divisão entre pessoas inferiores e superiores (...) Aqueles que nao possam suportar que mendigos, ex-prostitutas, empregados, mulheres, crianças sejam tratados como seus iguais, aqueles que não possam viver sem se sentirem superiores, ao menos em relação a algumas pessoas, simplesmente não se sentirão em casa no reino de Deus, ttal como Jesus o compreendia. Esse vão querer se excluir do reino"p. 89-90
"se o amor significa solidariedade, então o ódio significa não-solidariedade. O que Jesus está pedindo é que a solidariedade grupal da família seja substituída por solidariedade mais fundamental com toda a humanidade"
"Jesus queria libertar todas pessoas da Lei- de todas as leis. Mas isto não pode ser conseguido abolindo-se ou mudando a Lei. Ele precisava destronar a Lei., Tinha que garantir que a Lei estivesse a serviço do homem e não o dominasse - Mc 2,27-28-. O homem precisa ser responsável por sua serva, a Lei, e usá-la para servir às necessidades da humanidade. Isso é muito diferente de licenciosidade, ausência de lei ou permissividade irresponsável. Jesus relativizou a Lei para que seu verdadeiro objetivo pudesse ser alcançado" p. 108
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"Acreditar em Deus é acreditar que o bem é mais poderoso que o mal e que a verdade é mais forte que a mentira. Acreditar em Deus é acreditar que, no fim, o bem e a verdade vão triunfar sobre o mal e a mentira e que Deus vai vencer satanás. Qualquer que acredite que o mal vai ter a ultima palavra, ou que o bem e o mal tem cada um cinquenta por cento de possibilidades de vencer, é ateu. Existe no mundo uma força dirigida para o bem , um poder que se manifesta nos impulsos e forças mais profiundas existentes no homem e na natureza. Se Jesus não acreditasse nisso, não teria nada para dizer.
A fé no reino de Deus, ent~;ao, não é apenas questão de aceitar os valores do reino e ter vaga esperança de que um dia ele há de chegar à terra. A fé no reino é a convicção de que, aconteça o que acontecer, o reino há de vir. E é essa convicção que fará com que o reino venha, porque essa convicção é verdadeira. A verdade há de vos libertar- Jo 8,32" p. 125
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"Jesus não estava evitando a questão politica. Pois, como mostrou Segundo, localizar o elemento politico no tempo de Jesus nas estruturas do Imperio Romano, porque é isso que mais se assemleha a um moderno imperio politico...é anacromismo. Ele continua explicando: a vida politica, a organizacão civica das multidões judaicas, seus fardos, sua opressão...dependiam muito menos do Imperio Romano e muito mais da teologia que reinava nos grupos de escribas e fariseus. Eles, e não o Imperio, impunham fardos intoleraveis aos fracos...estabelecendo assim a verdadeira estrutura socio-politica de Israel. nesse sentido, a contrateologia de Jesus era muito mais politica do que qualquer declaração ou ato contra o Império Romano" p.141
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"Certamente, a coisa mais surpreendente nos evangelhos é o fato de que Jesus pregou a respeito de um reino reliigioso politico, do qual os homens de religião - zelotas, fariseus, essenios e saduceus- seriam excluídos, ou antes do qual eles se excluiriam a si mesmos. De acordo com Mateus, JEsus disse a eles que os coletores de impostos e prostitutas estão entrando no Reino de Deus e não voces - Mt 21,31" p. 145
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"Há aqui um paradoxo, o paradoxo da compaixão. A unica coisa que Jesus estava decidido a eliminar era o sofrimento: os sofrimentos dos pobres e dos oprimidos, os sofrimentos dos doentes, os sofrimentos que sobreviriam se a catastrofe viesse a acontecer. Mas a unica maneira de acabar com o sofrimento é renunciar a todos os valores mundanos, e suportar as consequencias. Só a disposição de sofrer pode vencer o sofrimento no mundo. A compaixão destroi o sofrimento, por nos levar a sofrer com e em beneficiio dos que sofrem. Um sentimento de simpatia para com os pobres, que nao inclua a disposição de partilhar de seus sofrimentos, seria algo inutil. Não poderemos partilhar as bençãos dos pobres a não ser que estejamos dispostos a partilhar seus sofrimentos" p. 165
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"Salvar a propria vida signifca agarrar-se a ela, ama-la,. dedicar-se a ela, e portanto, temer a morte. Perder a propria vida é desligar-se dela, apartar-se dela e, oprtanto, estar disposto a morre. O paradoxo é que o homem que teme a morte ´já está morto, enquanto o homem que deixou de temer a morte , nesse mesmo momento começou a viver. Uma vida verdadeira, e que vale a pena, só é possível quando se está disposto a morrer" p.165
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segunda-feira, junho 22, 2009

FRANK VIOLA: Reimagining Church

A igreja deveria ser organica em sua construção, relacional em seu funcionamento, bíblica em sua forma, cristocentrica em sua operacão, trinitária em seu molde e comunitária como seu estilo de vida.

Capitulo 1- Reimaginando a igreja como um organismo

O autor começa o livro lembrando que há muitas metaforas na Bíblia para descrever a igreja, corpo, noiva, um novo homem, templo vivo, vinha, etc. Cada uma dessas imagens indica que a igreja é um organismo vivo mais que uma organização institucional.

Se todo organismo vivo possui um DNA, qual seria o da igreja?
Para descobrirmos isso, devemos antes olhar para Deus e sua natureza triúna. Deus é social ou relacional, Deus é uma comunidade do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Então, o DNA da igreja é a trindade, porque a igreja é uma comunidade reunida que compartilha a vida de Deus e a expressa na terra...porque as marcas da igreja organica são encontradas na TRindade: amor mutuo, comunhão mutua, dependência mutua, honra mútua, submissão mútua e autentica comunidade. (p. 35)


, o autor parte de 4 paradigmas atuais para a restauração da igreja, com vistas a situação atual da igreja e do mundo contemporaneo.

Adequação bíblica,
O autor defende que deve-se buscar no NT os elementos vitais da igreja, e copia-los, sem manipula-los, implementando-os a nossa situação atual.

Adaptabilidade cultural
Os perigos da supercontextualização e ao mesmo tempo, o perigo da codificação. A bíblia não pode ser manipulada nem para um extremo e nem para outro.

Cristianismo pos-igreja.
O paradigma atual é de intimidade com Deus sem comunidade, sem igreja.

Expressão organica.
Hoje muitas igrejas esqueceram que a igreja é um organismo vivo.

Violando o DNA da igreja.
Quando os gregos tomaram o evangelho, eles o transformaram em filosofia. Quando os romanos o pegaram, transformaram em governo, quando os europeus pegaram, transformaram em cultura, e quando os americanos o pegaram, transformaram em comércio (p. 45)

O DNA da igreja produz certos aspectos identificaveis: uma experiencia de autentica comunidade, amor familiar e devoção de seus membros uns pelos outros, a centralidade de Jesus Cristo, o instinto natural de se reunir, o inato desejo de estabelecer relacionamentos centrados em Cristo, um impulso amoroso de mostrar Cristo ao mundo perdido. Esse livro, segundo o autor, é uma volta a esses impulsos naturais, organicos da igreja de acordo com aquilo que é sua natureza primeva: o Deus trino.
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2. Reimaginando as reuniões da igreja.
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É comum vermos cristãos dizendo que vão para igreja ou para o culto, contudo, isto não existe no NT. Os primeiros cristãos não tinham tal conceito., eles não enxergavam a igreja como um lugar para ir, nem vinham seus encontros como um serviço a Deus.
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No Novo Testamento, há 4 tipos de encontro:
Encontro dos Apostolos, onde eles falavam para um publico, no intuito de plantar uma igreja ou encorajar uma ja existente. At 5,40-42, 19,9-10
Encontros evangelizadores: o evangelismo acontecia fora das reuniões regulares da igreja, os apostolos pregravam em locais onde descrentes estavam- Sinagoga, Mercado.
Encontros para Decisões: Em atos 15, há um desses onde os apostolos e os ancioes se reuniram para tomar deciões.
Encontros da Igreja: que seriam os encontros regulares da igreja- 1Co 11-14-. Contudo, a audiência daqueles encontros não era passiva, não havia a noção de encontro focado no sermão, com uma audiência.
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Hoje o encontro semanal da igreja serve para louvor, ouvir o sermão e, em alguns casos, evangelismo. Contudo, na primeira igreja o objetivo era outro: edificação mútua (1Co 14:26, Hb 10:24-25)..
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A reforma viu o sacerdocio de todos os crentes como individualita, e não corporativa. Isso restringiu a sua soteriologia e não envolveu sua eclesiologia. Os reformadores falaram sobre amplidão do sacerdócio, mas esqueceram de encher de pessoas esta amplidão. O sacerdócio universal, para o autor, ficou como uma verdade estéril (p.58).

domingo, junho 21, 2009

Twitter on the Barricades: Six Lessons Learned

By NOAM COHEN
Published: June 20, 2009
fonte: New York Times

Political revolutions are often closely linked to communication tools. The American Revolution wasn’t caused by the proliferation of pamphlets, written to whip colonists into a frenzy against the British. But it sure helped.

Social networking, a distinctly 21st-century phenomenon, has already been credited with aiding protests from the Republic of Georgia to Egypt to Iceland. And Twitter, the newest social-networking tool, has been identified with two mass protests in a matter of months — in Moldova in April and in Iran last week, when hundreds of thousands of people took to the streets to oppose the official results of the presidential election.
But does the label Twitter Revolution, which has been slapped on the two most recent events, oversell the technology? Skeptics note that only a small number of people used Twitter to organize protests in Iran and that other means — individual text messaging, old-fashioned word of mouth and Farsi-language Web sites — were more influential. But Twitter did prove to be a crucial tool in the cat-and-mouse game between the opposition and the government over enlisting world opinion. As the Iranian government restricts journalists’ access to events, the protesters have used Twitter’s agile communication system to direct the public and journalists alike to video, photographs and written material related to the protests. (As has become established custom on Twitter, users have agreed to mark, or “tag,” each of their tweets with the same bit of type — #IranElection — so that users can find them more easily). So maybe there was no Twitter Revolution. But over the last week, we learned a few lessons about the strengths and weaknesses of a technology that is less than three years old and is experiencing explosive growth.
1. Twitter Is a Tool and Thus Difficult to Censor
Twitter aspires to be something different from social-networking sites like Facebook or MySpace: rather than being a vast self-contained world centered on one Web site, Twitter dreams of being a tool that people can use to communicate with each other from a multitude of locations, like e-mail. You do not have to visit the home site to send a message, or tweet. Tweets can originate from text-messaging on a cellphone or even blogging software. Likewise, tweets can be read remotely, whether as text messages or, say, “status updates” on a friend’s Facebook page.
Unlike Facebook, which operates solely as a Web site that can be, in a sense, impounded, shutting down Twitter.com does little to stop the offending Twittering. You’d have to shut down the entire service, which is done occasionally for maintenance.
2. Tweets Are Generally Banal, but Watch Out
“The qualities that make Twitter seem inane and half-baked are what makes it so powerful,” says Jonathan Zittrain, a Harvard law professor who is an expert on the Internet. That is, tweets by their nature seem trivial, with little that is original or menacing. Even Twitter accounts seen as promoting the protest movement in Iran are largely a series of links to photographs hosted on other sites or brief updates on strategy. Each update may not be important. Collectively, however, the tweets can create a personality or environment that reflects the emotions of the moment and helps drive opinion.
3. Buyer Beware
Nothing on Twitter has been verified. While users can learn from experience to trust a certain Twitter account, it is still a matter of trust. And just as Twitter has helped get out first-hand reports from Tehran, it has also spread inaccurate information, perhaps even disinformation. An article published by the Web site True/Slant highlighted some of the biggest errors on Twitter that were quickly repeated and amplified by bloggers: that three million protested in Tehran last weekend (more like a few hundred thousand); that the opposition candidate Mir Hussein Moussavi was under house arrest (he was being watched); that the president of the election monitoring committee declared the election invalid last Saturday (not so).
4. Watch Your Back
Not only is it hard to be sure that what appears on Twitter is accurate, but some Twitterers may even be trying to trick you. Like Rick’s Café, Twitter is thick with discussion of who is really an informant or agent provocateur. One longstanding pro-Moussavi Twitter account, mousavi1388, which has grown to 16,000 followers, recently tweeted, “WARNING: http://www.mirhoseyn.ir/ & http://www.mirhoseyn.com/ are fake, DONT join. ... #IranElection11:02 AM Jun 16th from web.” The implication was that government agents had created those accounts to mislead the public. ABCNews.com announced that Twitter users who said they were repeating (“retweeting”) the posts from its reporter, Jim Sciutto, had been fabricating the material to make Mr. Sciutto seem to be backing the government. “I became an unwitting victim,” he wrote.
5. Twitter Is Self-Correcting but a Misleading Gauge
For all the democratic traits of Twitter, not all users are equal. A popular, trusted user matters more and, as shown above, can expose others who are suspected of being fakers. In that way, Twitter is a community, with leaders and cliques. Of course, Twitter is a certain kind of community — technology-loving, generally affluent and Western-tilting. In that way, Twitter is a very poor tool for judging popular sentiment in Iran and trying to assess who won the presidential election. Mr. Ahmadinejad, who presumably has some supporters somewhere in Iran, is losing in a North Korean-style landslide on Twitter.
6. Twitter Can Be a Potent Tool for Media Criticism
Just as Twitter can rally protesters against governments, its broadcast ability can rally them quickly and efficiently against news outlets. One such spontaneous protest was given the tag #CNNfail, using Internet slang to call out CNN last weekend for failing to have comprehensive coverage of the Iranian protests. This was quickly converted to an e-mail writing campaign. CNN was forced to defend its coverage in print and online.

ROB BELL e DON GLODEN: Jesus quer Salvar os Cristãos

Trata de fé e medo, riqueza e pobreza, guerra e poder, segurança e terror, bíblias, bombas e incerteza. Trata dos impérios vazios e da verdade de sermos todos sacerdotes. Trata de opressão, ocupação e de o que acontece quando os cristãos apoiam e incentivam aquilo de que Jesus veio libertar as pessoas. Trata de o que significa ser parte da Igreja de Jesus Cristo em um mundo no qual pessoas jogam aviões contra prédios enquanto outras carregam veículos com as compras do supermercado.
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Em seu livro mais bíblico, Rob Bell e Don Golden repassam a história bíblica a partir da perspectiva do exodo e das promesas em suspensão...termo bastante útil para entendermos a vitória de Cristo na cruz e derrota dos cristãos hoje.
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PROMESSAS EM SUSPENSÃO- empregamos o tempo todo a expressão- por ser a chave fundamental para a interpretação do novo exodo. O NT é visto como um livro judeu sobre promessas judaicas cumpridas por um messias judeu que veio redimir toda a humanidade do pecado e da morte. /Esse modo de interpretar encerra a ideia de que as afirmações do NT dirigidas a seus ouvintes originais estavam envoltas no impacto emocional e intelectual que essas tinham sobre os judeus do sec. 1o. Na verdade, não se pode entender realmente PAulo ou os outros escritores do NT, a menos que se compreenda o peso emocional dessas promessas em suspensão" p. 90
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"Nós estamos a leste do Eden.
Tem alguma coisa errada.
Os alemães tem uma palavra para isso. é ursprache. Ursprache designa a lingua primitiva, original da família humana. A língua do paraíso que ainda ecoa nos recessos mais profundos da nossa consciência, dizendo-nos que as coisas estão fora de ordem em nosso interior, no fundo da alma da humanidade. Alguma coisa relacionada com o modo de nos relacionarmos uns com os outros que se perdeu. Alguma coisa não está certa com o mundo" p. 19
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Desde de Adão, passando por Caim e Lameque, " a história desenrola-se em trágica sucessão, a natureza arruinada, tóxica, presente no coração de alguns humanos, espalhou-se agora para o mundo inteiro...O que começou num jardim, agora afeta o globo terrestre...A palavra para essa condição é antirreino...Existe um Reino de Deus- a paz, shalom, o berm que Deus tem em mente para todas as coisas. E existe o que acontece quando sociedades, sistemas e impérios inteiros se opõem à vontade de Deus para o mundo" (p. 29)
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Os Dez Mandamentos são um novo modo de ser humano, um novo modo de viver e se mover no mundo, em aliança com o Deus que ouve o clamor dos oprimidos e os liberta. (p.40)
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Sobre a militarização e a transformação de Israel em Império por Salomão, 1Rs 10 e 11:
"o assunto principal da discussão para quem esta contando esta história não são os números, mas como as mulheres afetaram a Salomão. Elas o afastaram de DEus, e o coração já não era totalmente dedicado".
essa passagem forma um contraste significativo com que ficamos sabendo antes, envolvendo escravos e bases militares. Tratava-se então de males sistêmicos- mas agora descobrimos um outro tipo de maligno. Não um malogro sistêmico, mas a mudança de rumo do coração de um indivíduo.
Salomão quebra a aliança com Deus.
Isso remonta ao primeiro dos Dez mandamentos, aquele que fala em não se ter outros deuses . O Sinai fora uma aliança de casamento entre Deus e o povo, uma reunião do divino com o humano. Assim, o primeiro mandamento dizia que o povo não podia ter outros amantes. O ralcionamento não daria certo se fossem infiéis. As muitas mulheres de Salomão e sua infidelidade a Deus representam a infidelidade de todo o povo- que se desviara de Deus. Por mais calamitoso que pareça, o povo de Salomão fora avisado de que isso viria a acontecer
No passado, Móisés dissera que o rei não deveria adquirir muitos cavalos, nem fazer o povo voltar ao Egito para conseguir mais cavalos, pois o Senhor lhes disse: Jamais voltem por este caminho. Ele não deverá tomar para si muitas mulheres; se o fizer desviará seu coração. também não deveria acumular muita prata e muito ouro(Dt. 17:16-17)
Salomão adquiriu muitos cavalos? Confere
Tomou para si muitas mulhers? confere
Seu coração desviou-se? confere
O texto diz " o peso do ouro que se trazia a Salomão cada ano era de seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro" (1 Rs 10:14) O que equivale a 25 toneladas de ouro.
Salomão acumulou muita prata e muito ouro? Confere
Esse número 666, o peso dos talentos de ouro? temos aqui um modo judaico de anunciar que algo é ruim, obscuro e contrário a Deus.
Pois em Jerusalém é possivel seguir por um dos dois caminhos.
E com Salomão, a história envereda por um desvio trágico
Ele voltou por este caminho.
Jerusalém é o novo Egito.
Salomão, o novo faraó.
e o Sinai foi esquecido" p. 48-9
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"Aprendemos com Salomão que sua riqueza e abundância, até mesmo por um processo natural, conduziram-no a ter como prioridade a preservação. Precisou destinar porção cada vez maior de seus recursos para proteger e garantir o que havia acumulado. Assim, construiu bases militares e adquiriu cavalos e carruagens e cavalos. O estabelecimento da preservação como prioridade lea a isso: a exercitos cada vez maiores, a grandes suprimentos de armas e demonstrações de força, que custam mais e mais dinheiro.
É preciso ser mantidos com mais e mais recursos. Gasta-se cada vez mais para preservar e proteger o que se acumula cada vez mais. E isso, claro, exige cada vezz mais recursos que, lógico, necessitam ser protegidos e preservados cada vez mais.
esse é o circulo vicioso da prioridade da preservação" p. 146-7
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Deus não tem nada contra comer, beber e possuir coisas. Mas, quando essas coisas são adquiridas à custa da satisfação das necessidades básicas dos outros, aí sim, os discursos apaixonados dos profetas entram em ação. (p. 53)
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Em Babilônia "o povo no exílio conscientiza-se de que o primeiro exôdo, o que se foi, não bastou. O primeiro exodo resumiu-se a um indício da redenção que Deus tinha em mente para a humanidade inteira.
Seus antepassados tinham sido libertos apenas para verem-se no cativeiro outra vez, primeiramente do próprio egoísmo e arrogância, e depois, do rei da Babilônia. Várias gerações mais tardes eram escravos de novo. os profetas concluíram que o exodo seguinte teria de ser maior, mais amplo, mais profundo, mais duradouro, mais permanente que o primeiro.
...
O rei babilonico não era o unico problema. não mais que o faraó, o rei dos egipcios, fora o unico problema para os antepassados daquele povo.
Deus levara os antepassados deles para fora da nação-Estado do Egito, mas existe um tipo de Egito bem mais profundo, bem mais insidioso, capaz de perverter o coração e fazer que as pessoas firam, abusem e explorem uma às outras.
O verdadeiro problema, o opressor supremo, é algo residente no fundo de cada coração humano. o verdadeiro motivo da opressão daquela gente é a escravidão humana levando à violência, ao pecado, e à morte.
Há um Egito para o qual somos todos levados,
é dele que realmente precisamos de um exodo
Assim, quando Isaias fala desse novo exodo, não se refere apenas à liberação de um império opressor em particular, mas da libertação de tudo que oprime qualquer pessoa em qualquer parte do mundo" p 64-65
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"Junto aos rios da Babilonia, os profetas puseram-se a reimaginar a graça. Começaram a enxergar como seria para Israel ter paga a dívida por seus pecados. E o que viram foi uma graça reconciliadora tão grande, tão universal, capaz de abarcar todos os seres humanos em um modo novo em folha do divino e do humano se relacionarem"
...
"Assim, quando os profetas falaram desse recasamento, insistiram em que algo fundamental na maneira do povo se relacionar com Deus teria de mudar (...) a primeira aliança, aquela do Sinai, era terrível. Envolvera tanto fogo, fumaça e trovão, que o povo pediu Moises, fale voce conosco, porque, se Deus falar conosco, morreremos. Jeremias declarou que o novo casamento será completamente diferent. Deus porá a verdade no intimo deles, e a escrevera nos seus corações
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No novo exodo, contudo, aquele em que tudo será diferente do que foi antes, a verdade será grava tão fundo na consciência das pessoas, que elas farão a coisa certa naturalmente" p. 70-71
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"Assim tão fundamental para a visão do futuro- e para a identidade do lider do novo exodo- era que esse lider fosse um filho de Davi, mas um novo filho de Davi que usasse o poder de modo puro e apropriado.
sem violência.
sem venda de armas.
sem construção de palácios por escravos.
Isaias o chama-o de Principe da Paz (Is 9: 6-7).
Isaias estabelece uma relação entre o salvador vindouro e o império fracassado de Salomão. A rainha de sabá usara as palvras exatas, justiça e retidão, na explicação que deu do motivo pelo qual salomão havia recebido tanta riqueza e poder.
é dessa expectativa, de um lider que use o poder de modo puro, que brotou uma palavra em particular para descrever o que viria, Isaías o chamou de servo." p. 77-78
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"o que começou como uma promessa para um grupo particular de pessoas ao lado de um rio em particular, transformou-se em uma esperança universal para toda a humanidade, qualquer que seja o reio ao lado do qual as pessoas se encontram.
é assim que as escrituras hebraicas, tambem chamadas de antigo testamento terminam.
com todas essas promessas em suspensão" p. 81
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Sobre o primeiro milagre de Jesus (João 2:1-12):
Jesus e o Sinai: "Os casamentos nas Escrituras tinham a ver com o Sinai, com a união do divino e o humano, com os ceus e a terra jutando-se. E é aqui, em uma festa comenorando a união de um homem com uma mulher, que Jesus providencia vinho suficiente para que o banquete possa durar muito, muito tempo"
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Sobre vinho e casamento - veja - Is 49,18;61,10;62,5 e Is 55,1 e 25,6.
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"O sinai também é uma cerimonia de casamento. E é aqui no Pentecoste que a igreja, a noiva de Cristo, assume seu lugar na história redentora e que uma quantidade enorme de pessoas junta-se ao movimento de Jesus. Lucas menciona até quantas. Isso também, como tantos outros detalhes que Lucas narra, diz respeito a outra coisa. Sambos qe, no Sinai, Moisés passou tanto tempo no alto do monte que as pessoas que ficaram irrequietas e construíram um bezerro de ouro para adorar no luar de Deus. Quando Moises descobriu o que estava acontecendo, ficou furioso e decretou a morte daqueles que haviam pecado, o que foi executado por um grupo de levitas em um ato sangrento de violência. Está escrito no relato de Exodo que foram 3 mil mortos naquele dia. E quantos Lc diz agora que foram acrescentados ao numero de discipulos nos primeiro dias da igreja?
3 mil.
Lucas quer que saibamos que o Sinai não foi esquecido. A aliança está viva. O que foi perdido está sendo recuperado. O divino e o humano estão unindo-se outra vez" p. 112
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Jesus e Jerusalém e o Templo: "Jesus segue para uma cidade literal, com ruas e casas de verdade e um templo real. Mas continua declarando que seu intento maior transcende a cidade terrena...Jesus deixa muito claro que o futuro, o resultado do que vem fazendo, levará a todos adorem em uma espécie de cidade e em uma espécie de templo maior, mais amplo e mais extenso que os templos a que estamos acostumados- um tipo de templo capaz de conter o mundo inteiro" p. 92
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"Batismo de Jesus: "Mateus relata que no batismo de Jesus, quando ele saiu da água, o Espírito de Deus desceu sobre ele como pomba. O que nos leva as linhas iniciais de Gn, onde está escrito que o Espírito de Deus pairava sobre as águas do caos, antes que a obra da criação começasse. A palavra pairava (rahap) é também usada para descrever o som produzido pelas asas de um pássaro.
Em Gn, Deus entra nas aguas primevas e, delas, inicia a obra da criação.
Mt deseja que vejamos que, por meio de Jesus, uma nova criação está nascendo (p.94) "
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"de Caim em diante, temos sido testemunhas de como a violência cresce até que toda a civilização se veja em apuros. a propensão humana para o derramamento de sangue acompanha-nos desde o início. Se o mal assume alguma forma de violência, então mais violência não resolverá nada" (p. 99).
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"O único modo de romper esse ciclo é se alguém o destruir. O verdadeiro líder de um novo exodo teria de resistir à tentação de usar o poder me forma de violência contra outro ser humano. Isaías chamou aquele que viria de servo sofredor" (p.100)"
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Sobre Romanos 6,6:
"chama a velha condição de corpo do pecado, que seria o lado obscuro da existência humana, o mal residente, o pecado e a morte existentes no cosmo ao qual os seres humanos estão sujeiros...Muitos leem a palavra corpo e na mesma hora pensam em nosso corpo individual, fisico. É natural para nós, portanto, presumir que Paulo esteja ensinando algo aqui sobre como ter uma vida moralmente boa, livre do pecado. Sim, em certo sentido, é sobre isso que esta falando.
Esse porém, não é seu assunto principal. Ele emprega a expressão corpo do pecado ou corpo da carne em um sentido judaico muito comunitário de aludir à realidade do modo pecaminoso de existir toda a humanidade. é o campo e a realidade da terrível coerção que o poderoso exerce sobre o fraco, quer usem tanques e bombas, quer façam uso do costume ensinado por Moisés. Está presente em toda parte em que se faz mau uso do poder
...
Paulo ve sua insistencia na reversão aos costumes de Moises como uma forma de violencia. Sua oposição é aos rituais religiosos que substituem a liberdade, a liberação, trazida por Cristo. Quando as pessoas são manipuladas pela culpa e pelo medo, quando lhes é dito que, se não fizerem certas coisas, serão ilegitimas, julgadas, condenadas, mandadas para o inferno para sempre - isso é violencia. Não importa a linguagem espiritual utilizada ou as passagens biblicas citadas, é destrutivo. é mau uso do poder. Fundamental no caminho de Jesus é o serviço, o emprego afetuoso de qualquer poder que se tenha para o bem de outra pessoa..
Paulo retorna o tempo todo à sua convicção de que existem dois modos fundamentais de existencia: corpo do pecado e o corpo de Cristo. O caminho é o meio de transporte de um para o outro- o exodo supremo da humanidade" (p. 118-9)
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O eunuco viajava de carruagem, isto não está a toa no texto de Lucas, é um símbolo, a carruagem é um simbolo de império, mas aqui ela não está sendo usada mais para violência. Mas, para transportar alguém que ouviu o evangelho.
Mesmo na epoca de Jesus, essa tentação era constante, a de se iniciar de novo um império, banindo pela violência os ofensores romanos porque "continuam apegados à esperança distorcida de que Jesus reconstruirá o mesmo e velho sistema corrompido, só que, dessa vez, estarão no comando, ocupando posições no gabinete governamental"porque "continuam presos à armadilha da investura de poder patrocinada pela religião da velha aliança".
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Contudo, "em vez de erigir torres e forçar pessoas a construir armazéns de modo que alguns pudessem armazenar coisas enquanto outros trabalhavam como escravos, esse novo movimento é comando pela generosidade. pela compaixão. Pelo compartilhamento. O evangelho para aqueles primeiros crstãos é uma realidade economica. É holístico e afeta todas as areas de suas vidas. É uma alternativa à ganância e à coerção do império" p. 125
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Apocalipse
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"escreve usando um estilo literário subversivo chamado apocaliptico. Esse estilo vale-se de ampla gama de simbolos, imagens e de linguagem estilizada para transmitir verdades profundas sobre como o mundo funciona. João fala de uma besta, termo escolhido por ele para designar o sistema corrupto, destrutivo, de violência, e mal que se difundiu em nosso mundo (...) a marca - da besta- falva de todas as formas pelas quais os humanos usam mal o poder para acumular e estocar equanto outros humanos sofrem e passam fome. A marca era o antirreino" (p.154-5)
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Eucaristia
"A igreja é uma eucaristia viva porque os seguidores de Cristo são eucaristias vivas. O cristão é uma eucaristia viva, permitindo que seu corpo seja moído e que seu sangue seja vertido em prol da cura do mundo" p. 173
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Sobre 1Co 9,20-22
"Paulo não diz para com os fortes tornei-me forte. Ele só diz para com os fracos tornei-me fraco. Compreende que o poder da eucaristia vem da fraqueza, não da força, que ela contém. Mais tarde, Paulo escreve aos corintios: "Quem está fraco, que não me sinta fraco? (2Co 11,29). No seio da igreja, na alma da eucaristia, está a identificação com o sofrimento de outro ser humano" p.175
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"A igreja é o local onde a paz foi criada. Porque na eucaristia, no corpo e sangue de Jesus, tudo foi reconciliado com Deus. Paulo chama isso de novo homem. Eucaristia tem a ver com o novo homem. Pessoas que antes nada tinham em comum descobrem que a única coisa que agora têm em comum é a única coisa que importa" p. 177
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"Um novo homem desafia modismos, arranjos demográficos e a ultima pesquisa do mercado. (...) A igreja não é uma central de serviços e produtos religiosos, na qual as pessoas pagam uma taxa e recebem em troca um bem qualquer. A igreja não é uma organização que avalia seu grupo demográfico para descobrir qual a demanda do mercado em determinado momento, para em seguida ajustar sua estratégia e atender a um nicho consumidor especial" p. 179
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"Está escrito na cara ao hebreus que não deveríamos desistir de nos reunir porque precisamos considerar uns aos outros para nos incertivarmos ao amor e às boas obras. A expressão boas obras vem da palavra hebraica mitzvot, que faz referência a ações postas em prática para curar e consertar o mundo. é um conceito rico, cheio de significados da tradição judaica. Para o escritor de hebreus, a igreja reune-se para que assim o corpo estimule uns aos outros a viver de um modo particular de vida dia sim, dia não. As reunião são o fim, mas o começo. São o ponto de partida. Dão perspectiva às coisas, lembram, provocam, confortam, inspiram, desafiam, mas, no final, dizem respeito a eucaristia. Com as pessoas presentes nesse lugar, nesse momento, sendo equipadas para ser uma eucaristia" p.183
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"A eucaristia é o primogenito, a igreja liderando o caminho no exodo. Toda vez que tomamos parte da eucaristia, somos lembrados de que cada um de nós foi escravo e que Deus nos resgatou. A igreja deve agarrar-se à sua memória do exodo, oprque, se essa memoria for esquecida.
a igreja pode esquecer os pobres
e, se os pobres forem esquecidos
a igreja pode esquecer como era ser escravo
e isso seria esquecer a graça de Deus
e seria esquecer quem somos" p. 185
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A eucaristia não é justa
dar a quem não pode dar em troca, isso não é justo
servir a quem não tem como servir em troca, isso não é justo
expor-se e derramar-se diante de pessoas que talvez nunca lhe digam obrigado, isso não é justo.
Porque Deus não se ajusta a regras. Esse Deus define-se pela ação em favor do oprimido. Deus tem a ver com dar a boa dádiva. Jesus é a boa dádiva de Deus para a cura do mundo. A igreja é o corpo de Jesus, uma boa dádiva para a cura do mundo.
A igreja é uma organização que existe em benefício dos não membros.
Bênção que se estende até a nossos inimigos" p.188-9
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A autoridade que a igreja exerce na cultura não procede do quanto está certa ou é legal ou barulhenta, nem do quanto está convencida de sua superioridade doutrinária. (p. 184)
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Epílogo: Moído e Vertido
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"Jesus quer nos salvar de reduzirmos o evangelho a uma transação relacionada à remoção do pecado, mas não à reconciliação de cada particula individual da criação com seu Criador.
Jesus quer nos salvar do desespero sancionado pela religião, do tipo que não crê na possibilidade de o mundo ser melhoraddo, do tipo que ostensiva ou sutilmente ensina as pessoas ficarem quietas e comportadas, esperando algo grandioso acontecer um dia.
A Biblia cmeça com o sangue de Abel clamando da terra.
A Biblia termina com Deus enxugando cada lágrima." p.203
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"Talvez seja isso o que quer dizer quando afirma "façam isto em memória de mim" . A parte do façam isto é nossa vida. Abrir-nos para o mistério da ressureição, abrir-nos para libertação dos outros, permitir que o nosso corpo seja moído e nosso sangue seja vertido, descobrir nossa eucaristia.
Escutar. E ir.
Porque, quando fizermos isso em memória dele,
o mundo nunca mais será o mesmo.
nunca mais seremos os mesmos,
ora, isso, sim, é um manifesto" p. 205

segunda-feira, junho 15, 2009

Mar adentro


AUSÊNCIA DE CORPOS E IMAGENS QUE MATERIALIZEM A TRAGÉDIA DO VOO 447 PROVOCA UMA SENSAÇÃO DE VAZIO EXISTENCIAL QUE REMONTA A HOMERO


ALCIR PÉCORA

ESPECIAL PARA A FOLHA


Há um silêncio insistente pegado ao tropel das notícias que acompanham o voo 447 da Air France, desaparecido em meio ao Atlântico, na noite do último domingo. Talvez porque, a rigor, não possam ser inteiramente notícias, relatos de acontecimentos que se dão a conhecer.Pois há um vazio instalado no lugar da catástrofe. Um vazio residual, um silêncio ineludível entre as vozes e imagens. Vazio de causas do acidente, vazio de comunicação do avião sinistrado, vazio de imagens do desastre; vazio de comunicados terroristas; vazio, por ora, até de paranoia.A falta de terreno para as notícias salta ainda mais à vista nas galerias de fotos que os jornais tentam montar, com obrigatória criatividade, para dar uma dimensão mais humana, mais factual e discursiva para o desastre.O que mostram são fotografias de aviões semelhantes ao usado no voo 447 (que mais acentuam a consciência de não ser ele o verdadeiro do que a semelhança com ele), de radares modernos em navios, ou de militares com binóculos a perscrutar a presumível cena da queda, sempre com a mesma insuficiência de quem nos mostrasse os olhos em lugar da coisa supostamente avistada.Marcas da ansiedadeNo lugar do acidente, há a proliferação de imagens dos familiares a descer dos ônibus ou a cruzar escoltados os aeroportos do Rio e de Paris, com os olhos cobertos de dor e perplexidade. Mas a própria abundância dessas imagens vicárias marca sobretudo a ansiedade pelas notícias que não vêm, pela insistência da tragédia em não se consumar, de não apresentar justificativas para a sua ocorrência.Não há muitos objetos capazes de representar vicariamente a extensão cabal do desastre. Há o céu e há, sobretudo, o mar. Mas o mar confunde, indistingue, abstratiza, mais do que evidencia a tragédia.Assinalam um traçado no mar, mas ele não parece suficiente para expressar o trágico. Mencionam uma cadeira, objetos coloridos, uma parte metálica de alguns metros, mas metros não contam para o mar.Compreende-se o apego aos objetos partidos para valer como demonstração patética do desastre invisível.Não era por outro motivo que Aristóteles, na "Retórica", notava a eficácia de exibir camisas ou outros objetos com o sangue das vítimas para tornar presentes aos jurados a violência dos criminosos diante da ausência dos corpos mortos no tribunal.Mas não há sangue, não há culpados, não há traços humanos especialmente comoventes.De tudo o que se vê, evidencia-se tão somente o alto-mar. Sua magnificência está mais próxima da metáfora metafísica, seja da morte, seja da fortuna, que dos afetos trágicos. Mais do que piedade e compaixão, o mar exibe a sua própria grandeza.Por isso, no mar, em busca dos sinais dos mortos do voo 447, mais se encontram os sinais de nossa própria insuficiência. No mar, como no espaço abissal, é difícil sustentar um drama subjetivo individualizado: nele se enxerga melhor a nossa condição comum do que nossa vida particular.Como suplicar ao seu sem fundo que se apiede, como o vingado coração de Aquiles [na "Ilíada", de Homero] diante das súplicas do pai para restituir o corpo do filho amado?Que esperança de enternecê-lo e de prantear os corpos dos mortos, para que os façamos parte de nossas cerimônias e os aceitemos então como parte de nossas memórias e, portanto, como experiências que se pode viver, mesmo insuperadas?Sem catarseDesse modo, não há tragédia, pois não há relato de ação; não há catarse possível, pois não há erro, nem há vítimas que se dão a ver, assim como nos faltam os despojos sujos, tocantes, de vida interrompida.Tampouco há sublime pós-moderno, pois não há absolutamente o horror do inenarrável: há apenas a narração exígua do que semostra imenso à vista.Os jornalistas, mais ou menos obrigados a recompor uma história dramática, senão uma grande tragédia -não por má intenção ou indiferença, mesmo ao contrário, para dar uma dimensão sensível à dor-, estão cada vez mais na pele do pintor inepto de Horácio, que apenas sabendo pintar árvores, não sabia como fazer para plantá-las na paisagem marítima.Mas há apenas a dor dos que a sentem, mais nada.
ALCIR PÉCORA é professor de teoria literária na Universidade Estadual de Campinas (SP) e autor de "Máquina de Gêneros" (Edusp).

sexta-feira, junho 12, 2009

MIROSLAV VOLF: O fim da memória





PRIMEIRA PARTE
Lembre-se!
1. Memória de interrogatórios
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"In the Christian tradition, condemnation is an element of reconciliation, not an isolated independent judgment, even when reconciliation cannot be achieved. So we condemn most properly in the act of forgiving, in the act of separating the doer from the deed. That is how God in Christ condemned all wrongdoing. That is how I ought to condenm Captain G.´s wrongdoing"p. 15
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"Remember truthfully in such environments is an act of justice; and in order to expose crimes and fight political oppresion, many writers, artists, and thinkers have become soldiers of memory" p. 18
2. Memória: escudo e espada
"Nos lembramos de Auschwitz e de tudo o que ele simboliza por acreditarmos que, apesar dos passado e de seus horrores, o mundo merece salvação; e a salvação, assim como a redenção, só pode ser encontrada na memória" Elie Wiesel in p. 31
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"When we remember the past, it is not only past; it breaks into the present and gains new lease in life" p. 21
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"Agostinho dizia: "The learned scholar´s way of forgetting is different from that of the one who has experienced suffering. The scholar forgets by neglecting his studies, the suferer, by escaping from his misery" p. 23
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"To the extent that we server ourselves from memories of what we have done and what has happened to us, we lose our true identity. If suffering has been part of our past, pain will be part of our identity"p. 24
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"A questão de como lembramos também entra em jogo. Sendo que podemos reagir as nossa memórias e molda-la, somos maiores que elas. Se nossa reações as nossas memórias fossem determinadas apenas por elas mesmas, então seriamos escravos do passado. Mas, a menos que tenhamos sofrido sérios danos e estejamos desesperadamente precisando de cura, nós temos uma certa medida de liberdade no que diz respeito as nossas memórias. na proporção em que somos psicologicamente saudáveis, nossa identidade consistirá em grande parte nas respostas livres que damos as nossas memórias, não simplesmente as memórias em si"p. 36
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SEGUNDA PARTE
Como devemos lembrar?

3. Dizer a verdade, praticar a graça
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O autor aponta cinco caracteristicas da fé cristã que norteiam a remenoração:
1. não estamos como fruto do acaso ou da necessidade, Deus de amor criou cada um de nós.
2. não estamos no mundo simplesmente para lutarmos pela nossa sobrevivência enquanto levamos uma vida que contém o mínimo de dor e o máximo possivel de prazer; Deus nos criou para vivermos com Ele e com os outros.
3. a humanidade não foi abandonada, Deus entrou na história humna e por meio de sua morte na cruz reconciliou definitivamente os seres humanos com Deus e uns com os outros.
4. Deus tornará nossa carne frágil, redimirá tudo, de modo que possamos desfrutar uns dos outros e de Deus em Deus.
5. Deus exporá a verdade sobre as injustiças, condenará cada ato de maldade e redimirá os malfeitores arrependidos bem como suas v´timas, reconciliando-os assim com Deus e uns aos outros.
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4. Eu ferido, memórias curadas
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"At any given time, we do not hear only the simple, solitary tone of the present; rather, in that present resonate many sounds of past actualities and future possibilities. This is how our present acquires depth" p. 73
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"lembrar veridicamente é a primeira regra da remenoração salutar. Também sugeri que essa regra tem dois aspectos, um negativo e outro positivo. em seu aspecto negativo- não falar falsamente sobre o passado- a regra fornece um pressuposto indispensável para empregar as memórias como escudo em vez de empunhá-las como espada. Em seu aspecto positivo- falar com amor a verdade sobre o passado- a regra oferece instrumentos para relembrar que consertam relacionamentos abalados ou rompidos por causa das injustiças" p. 73
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A diferença que Jesus faz neste mundo é apontada pelo autor como dupla para o benefício da memória: Ele nos dá uma nova identidade e abre novas possiblidades.
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"Em vez de sermos definidos pelo modo como os seres humanos se relacionam conosco, nõs somos definidos pelo modo como Deus relacionar conosco. Sabamos que no fundo somos quem somos, na qualidade de indíviduos únicos que nos mantemos de pé em relação ao próximo e a uma cultura mais ampla, porque Deus nos ama- a tal que na cruz Jesus Cristo, Deus encarnado, carregou nossos pecados e provou do nosso sofrimento" p. 85
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5. Arcabouços de memórias
Memória Literal - Memória Exemplar
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"Segundo Todorov, a caracteristica central da memória literal é seu foco no indivíduo ou no grupo envolvido na rememoração. Procuramos relembrar a fim de reconstruir uma narrativa plausível da injustiça que sofremos, a fim de entender o que aconteceu e por que, compreender seus efeitos em nossa vida, condenar os culpados e, por meio de todas essas atividades, recuperar a saúde psíquica ou social e estabilizar nossa identidade. A preocupação básica da memoria literal é o nosso próprio bem estar" (p. 93) Já a memória exemplar vai além do nosso bem estar, busca ajuda no passado para aplicar em situações novas, com vista não só ao nosso benefício, mas ao do outro.
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"Every celebration of holy communion is an event of memory, it is conducted in remebrance of Jesus Christ, of waht he has done and of waht he will do. Four formal features shared by memories of Exodus and Passion are important to note before we examine the content of these memories and its bearing on our everyday memories, especially those of wrong suffered: identity, community, the future and God" p. 97
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A memória define a identidade, ser judeu é lembrar do Exodo, ser cristão é lembrar-se da Paixão de Cristo- sua morte e ressureição.
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"Todas as memórias são comunitárias", citando Maurice Halbwachs, Miroslav Volf diz que isto não quer dizer " comunidade como sujeito coletivo se lembra, ou que os indivíduos não são sujeitos autênticos do atributo da memória, pelo contrário, sua idéia principal é que os indivíduos não se lembram sozinhos, mas como membros de um grupo. É numa sociedade (ou num grupo, tal como a família, ou uma comunidade tal como uma igreja) que as pessoas normalmente adquirem suas memórias. é também numa sociedade que elas evocam, reconhecem e localizam suas memórias"(p. 103). É por isto que a Santa Ceia, que é quando os cristãos a celebram por meio da leitura da Escritura, narrando a história de Cristo, cantando hinos de louvor, orando, comendo do pão e bebendo do vinho, eles não evocam simplesmente a Paixão de Cristo- narram ritualmente a morte e ressureição de Cristo como acontecimentos que eles mesmos estão envolvidos de modo extremamente íntimo. Na rememoração de Cristo, eles rememoram a si mesmos como parte de uma comunidade do povo que morreu e ressucitou com cristo e cuja identidade essencial consiste na união espiritual com Cristo. Eles relembram a história de Cristo não apenas como a história dele, mas também como a história deles e, num sentido limitado, mas significativo, a história de todos os seres humanos" (p.102-103).
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"a memória do Exodo e da Paixão não é em primeiro lugar a memória de um nobre exemplo de vitória humana sobre o sofrimento e a opressão. É primeiramente a memória da intervenção de Deus em benefício da humanidade" p.105 (...) lembrando também que a memória sagrada não é apenas um espaço da experiência - o passado que se faz presente na memória-, mas também um horizonte de expectativa- o futuro que se faz presente nessa mesma memória-.
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"O que quer que façamos sempre agimos dentro de um arcabouço que engloba pelo menos quatro componentes: uma noção de 1. quem somos, 2. o lugar a que pertencemos, 3. o que esperamos e 4. em que ou em quem em última análise confiamos" (p.106)
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6. A memória do Êxodo e da Paixão
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A memória do Exôdo contém duas liçlões: "a primeira é a da libertação, agir em benefício dos fracos e oprimidos extamente como Deus agiu em teu favor quando tu eras fraco e oprimido. A segunda é a lição inflexível da justiça retributiva - opor-se aos opressores e puni-los exatamente como Deus se opos e puniu aqueles que te oprimiram"(...) "Num mundo injusto e violento, a libertação dos oprimidos exige luta intransigente contra os opressores- ou algo semelhante, sugere a memória do Exodo". (p.111)
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A história do Exôdo é a de um povo específico, escolhido e liberto por Deus. A da Paixão, é a historia de uma unica pessoa, Jesus Cristo, escolhido por Deus, para a salvação da humnidade. A memória da Paixão compartilha com a memória do Exôdo, sofrtimento e libertação, busca a lembrança das injustiças para que se possa no futuro salvar outros das futuras injustiças, nas histórias há o mesmo Deus redentor e salvador, que ajuda os oprimidos, contudo, ela partilha da mesma fraqueza do Exôdo, como estas memórias podem ajudar num mundo irremediavelmente injusto???
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"A memória sagrada da Paixão será imperfeita se contiver apenas o binômio sofrimento/libertação. Ela também deve incluir o binômio mais importante: inimizade/ reconciliação" p. 118
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"Como substituto Cristo pode remover dos malfeitores a culpa de seu pecado, mas ele não distorce nem ignora o pecado em si. Mas ainda, às vítimas Cristo oferece a sua própria presença salvadora. Ele protege o eu do sofredor para que a injustiça não penetre no amâgo da identidade dele nem determine suas possibilidades. Ele promete que a vida do sofredor conseguirá a integridade, possa ou não a injustiça sofrida assumir algum significado. E Cristo, que pelo Espírito está presente nos sofredores, lhes confere poder de imitar a Deus tanto amando os malfeitores quanto lutando contra a injustiça. A memória da Paixão é uma memória que devolve os injustiçados a si mesmos como filhos estimados de Deus com a capcidade de imitar a Deus ao seu próprio modo humano" p. 120
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"Em resumo, sendo que Cristo identificou-se com os injustiçados e tomou sobre si o fardo da maldade, a memória da Paixão antecipa a ressureição da morte para uma nova vida tanto para os injustiçados quanto para os malfeitores. Mas, sendo que ele também os reconciliou na sua própria carne na cruz, a memória da Paixão também antecipa a formação de uma comunidade reconciliada mesmo a partir de inimigos mortais (...) Essa comunidade é extamente o que nós comemoramos na Santa Ceia. De máxima importância para o rito é a solidariedade de Deus com cada ser humano e reconciliação de cada um com Deus (...) No banquete da ceia lembramo-nos uns dos outros como aqules que estão reconciliados com Deus e entre si. Noso passado, marcado pela inimizade, cedeu lugar a um futuro marcado pelo amor. Relembrando a Paixão de Cristo, relembramo-nos de nõs mesmos como aquilo que seremos -membros de uma comunhão de amor, composta de malfeitores e injustiçados" p. 121
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“Quando rememoramos a Paixão, rememoramos o que Deus fez por toda a humanidade, pelos injustiçados bem como pelos malfeitores. Exatamente como acontece com a memória do Exôdo, a memória da Paixão evoca atos divinos como exemplares e demonstra de que modo Deus liberta e confere a humanidade poderes para imitá-los. Por meio da morte de Cristo, Deus visa libertar-nos da preocupação centrada exclusivamente em nos mesmos e, por meio da presença do espírito Santo dentro de nós, nos confere poderes para estender a mão aos outros num gesto de boa vontade, mesmo em relação aos que nos ofenderam” 122
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"Aos pés da cruz eu posso aceitar uma visão diferenciada tanto de mim mesmo quanto de meu malfeitor - uma visão não esquematizada pela nítida polaridade da luz de um lado e das trevas do outro lado, assim, eu posso agir de acordo com a verdade, quer isso me acuse, quer isso me justifique" p. 126
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"A cura pessoal já não é um problema particular de um indivíduo; já não é um processo que acontece internamente, sem referência ao malfeitor ou à comunidade mais ampla a qual o indivíduo pertence. A remenoração da Paixão traz cura para vítimas, certamente, mas a cura na comunidade e com os malfeitores, não em detrimento deles" p. 127
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TERCEIRA PARTE
Por quanto tempo devemos lembrar?

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7.Rio da memória, rio do esquecimento
"O esquecer-se não é uma fuga do que é imperfeito ou insuportável. É um subproduto do apego ao que é perfeitamente bom , mais precisamente, um subproduto do apego ao bem pela pr´pria ação de Deus sobre a alma. O esquecer-se do mal está a serviço do lembrar-se do bem, e lembrar-se do bem é a consequência de estar absorto em Deus, o fim de todos os desejos" p. 141
"Ser humano é ser capaz de lembrar . É simples assim: se não há nenhuma memória, não há identidade humana" p. 146



8. Defensores do esquecimento


O autor diáloga com très outros defensores do esquecimento: Freud, Nietzche e Kierkegaard. Levanta pontos comuns e distanciamentos com sua visão e as dos três:
Sobre Nietzche :
O autor alemão levanta quatro formas de esquecer, que em termos freudianos, são altamente motivadas, elas são mais uma fuga do negativo do que o fruto de um apego ao positivo.
O primeiro sentido seria histórico, "os seres humanos estão interessados na história porque eles atuam no mundo, porque desejam vencer, e porque sofrem e anseiam por libertação".Assim, a história servirá para a vida, o historiador verá o passado, e enfocará o que lhe parecer relevante, então, esta dedicação limita o horizonte, esquecendo-se.
O segundo tipo é o antropológico, que é uma caracteristica da vida humana fundamental: a capacidade humana de lembrar-se exige o esquecer. "para viver e ser capaz de lembrar (aquilo que, por convenção, é passado), é preciso esquecer (tanto o que foi quanto o que é imediatamente presente)"... "um sujeito não poderia ser ele mesmo se não se lembrasse de nada, assim também não poderia ser ele mesmo se não se esquecesse de nada. Exatamente como um sujeito não poderia agir intencionalmente sem lembrar, assim ele não poderia agir intencionalmente sem esquecer. Se não for parcialmente esquecido, o passado torna-se coveiro do presente"(p. 156)
O terceiro modo é o eudemonístico, "o esquecer é uma condição da felicidade, da capacidade de tanto de sentir-se feliz quanto de fazer outros felizes" (p. 157)
"Sendo que só posso perdoar se alguém cometeu uma transgressão contra mim, o perdão exige uma boa dose de clareza sobre justiça. Eu preciso saber identificar a injustiça, ter uma noção se sua extensão e atribuir uma porção adequada de culpa antes de poder perdoar de modo mais adequado. Mas é impossível adquirir clareza sobre a injustiça, argumentava Nietzche. Então perdoar também é impossível" p. 159



Sobre Soreen Kierkegaard:

Para este os seres humanos precisam aprender se mover dentro das duas correntes, se lembrar e se esquecer, ele "sugeriu que parte alguma da vida deveria ter para alguém tanto significado que esse alguém não possa esquecer-se dela a qualquer instante que o queira; em contrapartida, cada uma das partes da vida deveria ser tão significativa para uma pessoa a ponto de esta poder lembrar-se dela a qualquer momento" (p. 160)
...
Ele então discute o que o amor faz com os pecados, estabelecendo que "o amor cobre os pecados basicamente de três modos. O primeiro é não os enxergando- mantendo-se, num certo sentido, cego diante deles; os olhos do amor são caridosos e hesitam quando se trata de ver o pecado, mesmo onde ele está presente. Segundo, os pecados que o amor vê, ele os esconde ou no sliêncio, com uma explicação atenuante, ou com a própria ajuda do perdão. Terceiro, o amor cobre os pecados impedindo que eles aconteçam..." Então, Miroslav Volf cita Kierkegaard:
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"Ficar em silêncio de fato não retira nada da multidão dos pecados, geralmente conhecida. A explicação atenuante subtrai alguma coisa da multidão mostrando que isso ou aquilo não era nenhum pecado. O perdão remove o que não pode ser negado como pecado. Assim, o amor luta de todas as maneiras para cobrir multidão de pecados; mas o perdão é o modo mais notável" (p. 161)
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Porque " o pecado é apagado, é perdoado e esquecido, ou, como dizem as Escrituras acerca de algo que Deus perdoa, fica encoberto atrás das costas de quem perdoa. Mas é claro que o indivíduo não ignora o que foi esquecido, pois só se pode ignorar o que não se conhece ou nunca se conheceu; o que se esqueceu também se conheceu. Esquecer nesse sentido mais elevado não é, portanto, o contrário de lembrar, mas sim de esperar. Esperar é criar pelo pensamento, esquecer é, pelo pensamento, subtrair daquilo que, todavia, existe, apagá-lo...O esquecer, quando Deus o faz em relação ao pecado, é o contrário de criar, pois criar é tirar do nada e esquecer é levar de volta ao nada. O que está oculto aos meus olhos, isso eu nunca vi; mas o que está escondido atrás das minhas costas, isso eu já vi. Quem ama perdoa dessa maneira: perdoa, esquece, apaga o pecado, em amor se volta para aquele a quem perdoa, mas quando se volta para ele, não pode obviamente ver o que está escondido atrás de suas costas. É fácil entender que é impossível ver o que está atrás das costas de alguém, por isso, também essa metáfora foi adequadamente inventada pelo amor; mas, em contrapartida, talvez seja muito difícil tornar-se aquele que ama e, com ajuda do perdão, pôe a culpa, mesmo que se trate de um assassinato, na consciência de outra pessoa, mas, a guisa de perdão, colocar a culpa atrás de outro atrás das costas - isso é dificil , Mas não para quem ama, pois quem ama cobre uma multidão de pecados"
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"Kierkegaard parece confuso. Se banirmos do amor a preocupação com a justiça, como ele faz, então o perdão e o arrependimento continuarão em contradição- o primeiro, seguindo os ditames do amor, libera da culpa permitindo que ela desapareça da memória, e o segundo, seguindos os ditames da justiça, atém-se a culpa" p. 167





9. Redenção: harmonizar e expulsar




"Minha tese na terceira parte deste livro é simples: memórias de injustiças sofridas não virão à mente dos cidadãos do mundo porvir, pois lá eles desfrutarão perfeitamente de Deus e de uns dos outros em Deus" p. 169




"Para que a graça aconteça, dois elementos são essenciais: os pecados cometidos contra Deus e contra o próximo devem ser trazidos à luz em sua total magnitude, e os pecadores devem ser libertados da culpa e transformados" p. 171




"Esse é o meu entendimento do mundo do porvir - uma dança de amor no abraço do Deus triuno, com amor livremente dado, livremente recebido e sem nunca se exaurir. Para que esse mundo aconteça, não bastará que os mortos sejam ressuscitados, mas também será preciso que o Juízo Final exponha os pecados e redima as pessoas e que os redimidos se recebam uns aos outros num mútuo abraço final de amor. E a minha esperança é que as injustiças sofridas não venham à mente nesse mundo que dessa maneira passou a existir" p. 173




"Nem todas as injustiças sofridas são desprovidas de sentido. Acima de tudo, o sofrimento que assuminos por amor aos outros não é sem sentido, por definição, ele está carregado de sentido positivo" p. 180




"Hoje em dia muitos argumentam que a cruz é um acontecimento eterno em Deus. Eu não acho que seja. A afrimação do Novo Testamento de que Cristo era o cordeiro que foi morto desde a criação do mundo ( ap. 13,8) significa que ele esta destinado desde a eternidade a ser crucificado no tempo, não que ele foi crucificado desde a eternidade. Se Cristo nãoi era o Crucificado antes da criação , por que ele deveria continuar sendo o Crucificado depois que a redenção estiver completa e irrefutavelmente assegurada no mundo porvir? Por que o REssuscitado tras as marcas da crucificação? Contra esse pressuposto, muitos grandes teólogos acreditaram que depois da ascensão (Martinho Lutero e João Calvino) ou depois da Segunda Vinda( aparentemente Cirilo de Alexandria) o corpo de Cristo não traria as marcas de suas feridas


(...)


Nós nos relacionamos com o Cristo crucificado na medida em que estamos conquistando a redenção. Assim que houvermos sido redimidos de forma inalterável, su morte será engolida juntamente com o nosso pecado em sua própria vida divina como um dos três santos que são o único santo


(...)


A cruz de Cristo é, mais propriamente, um estágio no caminho para ressureição e exaltação e finalmentee para aquela libertação divina do sofrimento da rebeldia humana que ocorrerá com a completa e irrevogável redenção divina da humanidade- um estágio que pode ser abandonado no passado mesmo que suas consequências durem eternamente. Então, nós, participantes da glória de DEus, amaremos a Deus por ser ele que é, não por aquilo que ele fez por nós, pecadores e sofredores" p. 181-182
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10. Arrebatados na bondade
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"Sendo que as identidades narrativas são sempre conferidas a posteriori - depois que os fatos aconteceram - e de um ponto de vista particular, o esquecer é um aspecto essencial do trabalho da remenoração formadora da identidade" (p. 186)
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O autor fala da memória no sentido de não vir a mente, a possibilidade de contar uma história de modo diferente pressupõe que o indivíduo pode acessar memórias diferentes daqyelas usadas na construção de sua história individual, como ele explica na nota.
Continua, citando Aleida Assmann que distingue memória funcional- formadora da identidade- e memória registrada- uma massa amorfa de memórias soltas e não usadas cercando a memória funcional- Assim, sendo as novas configurações de memória fazem uso desta memória registrada, então a memória funcional forma a identidade com seletividade, isto é, esquecendo-se.
O ponto é que nem tudo que há na memória precisa ser lembrado para que possamos manter a nossa identidade, "nossos eus não diferem daquilo que os pensadores pos-modernos dizem que são dispersos em toda a sua centralidade, descontínuos em todas as continuidades, fracionados apesar de todas as tentativas de nos tornamos corentes, e sempre em mutação, emobra claramente sendo sempre os mesmos. E a memória é o centro de todas esssas tensões pulsantes de nossos eus vitais" (p.188).
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Como isto se relaciona com a vida oculta em Deus?
Sendo a nossa identidade feita e refeita a partir dos fragmentos recolhidos, a não-lembrança das injustiças sofridas não violará nosso senso de identidade.
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"um cristão não vive em si mesmo, mas em Cristo e no próximo. CAso contrário, ele não é cristão. Ele vive em Cristo pela fé, no próximo pelo amor. Pela fé ele é arrebatado para além de si mesmo em Deus. pelo amor ele desce ao nível do próximo. No entanto, ele sempre permanece em Deus e em seu amor" Lutero na p. 188
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"O essencial de nossa identidade não está em nossas mãos, mas nas mãos de DEus. Somos nós mesmos, no sentido mais próprio das palavras,porque Deus está em nós e nõs em Deus. Sem dúvida, o que nós e os outros inscrevemos em nossa almas e no corpo nos marca e ajuda a moldar quem somos. Todavia, isto não tem poder para nos definir. O amor de Deus por nós,na verdade, presença de Deus em nós e o fato de sermos arrebatados para além de nõs mesmos e colocados em Deus nos define de modo mais fundamental como seres humanos e indivíduos" p. 189
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Isto tudo pode soar estranho a mentalidade moderna, que entende que quanto mais memória do passado maior a identidade pessoal, contudo haveria um encolhimento do eu no arrebatamento?
Miroslav Volf acredita que não, que seguindo Lutero:" Realizado e protegido e satisfeito na vida divina, o eu pode renunciar-se a si mesmo e suas memórias de injustiças sofridas e culpa contraída. Contudo, ele não permanece simplesmente com o seu Deus. Se, está verdadeiramene em Deus pela fé, estará no próximo pelo amor, argumenta Lutero, porque Deus é amor. Esse eu age como Cristo em relação ao próximo- perdoa as transgressões e abraça o próximo no amor(...) Deus não retia nosso passado; Deus no-lo devolve- fragmentos recolhidos, histórias reconfiguradas, eus verdadeiramente redimidos, pessoas para sempre reconciliadas. " (p.191)
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Quanto a justiça, o autor diz que a renúncia a memórias não são atos unilaterais, nem mesmo o perdão o é. Embora, seja dado incondicionalmente, é uma dávida que precisa ser recebida, eu preciso receber perdão para ser perdoado. Quanto justiça, só faz sentido se a vítima tiver sido redimida e o perpetrador estiver transformado, e assim, o relacionamento deles estiver reconciliado. A memória não serve apenas a justiça, mas a justiça e a memória servem para a reconciliação. (p. 194-5).
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"Um mundo porvir que preservasse viva a memória de todas as injustiças sofridas - e não epanas de perversidades horrendas- não seria um lugar de rostos radiantes voltados para o alto, mas um lugar de olhares deprimidos e envergonhados, nao um lugar de deleito mútuo, mas um lugar envolto na névoa de uma profunda tristeza" p. 202
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"A razão da nossa não-lembrança de injustiças será a mesma que foi sua causa. Nossa mente será arrebatada na bondade de DEus, na bondade do mundo novo de Deus, e as memórias de injustiças irão secando como plantas sem água" p. 203.
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Pós-escrito: Uma reconciliação imaginada
fontes:
Eerdmans, 2006.
Mundo Cristão, 2009.