domingo, setembro 12, 2010

Comentários ao PNDH

o projeto nacional de direitos humanos 3 é a cristalização de um movimento que já começou faz tempo no Brasil. É um movimento dissimulado de implantação cultural, ou como eles dizem Revolução Cultural.

É baseada num filósofo marxista italiano chamado Antonio Gramsci, o socialismo pós-URSS, viu que as bases socialistas não funcionaram no regime de reforma estrutural de cima para baixo, então, o autor italiano pensou uma revolução de cima para baixo, ou seja, através de micro-reformas no pensamento e ideologia da sociedade pra se alcançar uma revolução nas macro estruturas.

Para o comunismo clássico, a macro-estrutura promoveria as mudanças nas micro estruturas, num resumo bem ruim, seria dizer que a mudança de uma sociedade capitalista para uma sociedade marxista no nível estrutural acabaria transformando a cultura e os hábitos da sociedade civil em geral. Tal não aconteceu e acabou gerando uma quebra da sociedade.

Assim, o pensamento gramsciano trabalha no sentido oposto, procura-se uma revolução cultural mais lenta e progressiva em setores menores da sociedade, na educação por exemplo, se coloca o pensamento socialista como visão de mundo e assim, no decorrer dos anos, a estrutura maior será alterada por estas pequenas mudanças, de forma, que seja inimaginável outra forma de sociedade, além da socialista.

Falar em socialismo parece fora de época ou propósito, mas esta também é uma das vantagens da revolução gramsciana, os termos aparecem fora de lugar, porque o pensamento comum, ordinário já foi transformado.

Ou seja, leis com sentido moral, são padrões de conduta estabelecidos pelo estado para seus cidadãos, que aparentemente são benéficas, contudo, elas apenas transmitem a vontade de um setor da sociedade, os ideólogos.

Em que o PNDH-3 se insere nesta revolução cultural, ele está inserido na cauterização de valores seculares como valores absolutos: casamento homossexual, a naturalidade das relações homossexuais, a naturalidade do aborto, a naturalidade da censura do estado aos cidadãos e aos meios de comunicação.

Coisas que não são naturais, que possuem pensamentos contrários, acabam sendo transformadas em princípios artificiais através de uma educação e de uma incorporação social.

Por exemplo, o mensalão é possível e justo porque antes fizeram mensalão, o mal justifica-se pela sua simples repetição e ordinariedade, o caso atual da quebra de sigilo, o ministro da fazenda diz que já aconteceu antes, então é normal que você tenha seus direitos violados.

Nas palvavras de Piragine, é quando a iniquidade se transforma em lei cultural e assim, é normal. Pensando biblicamente, é o que Deus disse a Jonas sobre Nínive, eles não sabem discernir a mão direita da esquerda, ou seja, a imoralidade chegou a um ponto em que culturalmente não se sabe discernir o que é certo ou errado.


Olavo de Carvalho resume bem o que seria isto no artigo o inferno dos brasileiros:

Nessa atmosfera, a única maneira de evitar o castigo ante cuja iminência se treme de pavor é negar que ele exista, e, com um sorriso postiço de serenidade olímpica, ajudar a comunidade a aplicá-lo a imprudentes terceiros que tenham ousado notar, em voz alta, a presença do mal.

Não digo que todos os brasileiros tenham se deixado submergir nessa atmosfera. Mas pelo menos as “classes falantes”, se é possível diagnosticá-las pelo que publicam na mídia, já têm sua consciência moral tão deformada que até mesmo suas ocasionais e debilíssimas efusões de revolta contra o mal vêm contaminadas do mesmo mal. Por exemplo, o fato de que clamem contra desvios de dinheiro público com muito mais veemência do que contra o massacre anual de 50 mil brasileiros (quando chegam a dar-lhe alguma atenção) prova, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que por trás do seu ódio a políticos corruptos não há uma só gota de sentimento moral genuíno, apenas a macaqueação de estereótipos moralistas que ficam bem na fita. E que ainda continuem discutindo “se” o partido governante tem parceria com as Farc, depois de tantas provas documentais jamais contestadas, mostra que estão infinitamente menos interessadas em averiguar os fatos do que em apagar as pistas da sua longa e obstinada recusa de averiguá-los. Recusa que as tornou tão culpadas quanto aqueles a quem, agora, relutam em acusar porque sentem que acusá-los seria acusar-se a si próprias. Quando, por indolência seguida de covardia, os inocentes se tornam cúmplices ex post facto, já não sobra ninguém para julgar o crime: todos, agora, estão unidos na busca comum de um subterfúgio anestésico que o suprima da memória geral.

Não, não se trata de “degradação dos costumes”, como nos EUA, na França, na Espanha ou em tantos outros países: Trata-se, isto sim, da perda completa do senso moral, o que faz deste país uma bela imagem do inferno. No inferno não há degradação, porque não há a presença do bem para graduá-la.


A questão é relação ao PNDH-3 é que ele é a cristalização do movimento cultural secularista que afronta não só o primado cristão, como também o próprio primado da democracia, onde o cidadão individual é a razão do estado, e não o estado é a razão do cidadão.

Nenhum comentário: