segunda-feira, novembro 05, 2012

João Batista por John P. Meier

E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.  Mateus 3:7-12


Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.  Lucas 3:7-9

E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo,
Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga. E assim, admoestando-os, muitas outras coisas também anunciava ao povo. 
Lucas 3:15-18

E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos, A dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim. E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta;
Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, Que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. 
Mateus 11:2-18



João é um profeta do cruel julgamento iminente, mesmo os judeus que vem para serem batizados, são chamados de raça de víboras.  A ira de Deus irá contra todos que se rebelaram contra sua vontade.  João está dentro de uma tradição profética e apocalíptica do seu tempo.

O temor do Senhor não é o suficiente para o seu batismo, há uma exigência de um arrependimento sincero, esta mudança interior deve ser refletida em ações exteriores, frutos dignos de arrependimento. 

Há na expressão raça de víboras, uma ruptura com os antepassados judaicos, ser filho de Abraão não é mais suficiente.  A imagem pode ser vista também na expressão do machado que está posto na raiz das árvores. Esta imagem pode ser vista em julgamentos do Antigo Testamento, em Isaías 10:33-34 e 32:19.

"Seria preciso uma confissão de pecados, não só dos pecados individuais de cada um, mas também dos pecados coletivos do povo de Deus que se desviou do caminho e, portanto, perdeu sua garantia de salvação no dia do julgamento. Assim, nem todos os membros dessa sociedade empírica chamada Israel estarão incluídos no Israel escatológico salvo por Deus. Somente a rápida decisão de aceitar o Batismo de João, aliada a uma profunda mudança tanto da atitude interior como da conduta exterior, pode salvar cada indivíduo judeu do fogo que há de chegar em breve" MEIER, p.49

Meier apresenta uma conjunção de fatores para a explicação do batismo de João: o motivo do julgamento iminente, aniquilamento por fogo, a ruptura com a história da salvação na condição de filhos de Abraão, que colocam João como um apocalíptico.Há uma relação entre seu batismo e seu espaço no drama do fim dos tempos e sua relação com salvação vindoura.

Quanto a salvação vindoura, Batista coloca que haverá de vir um que é mais forte que ele, que vai batizar com o Espírito Santo. João não se via como o agente final de Deus. Para Meier, há um desconhecimento de João sobre quem seria este numa imprecisão da sentença, que mostra que neste momento ele não conhece quem é este. A imprecisão da fala mostra que ela é de João, permitindo aos cristãos aplicarem ela a Jesus.

Quanto ao fogo, Meier acredita que está correlacionado com Atos 1:5 e 2:3.

"O sentido punitivo do fogo requer que o mais forte administre em verdade dois batismos, um salvífico e um destrutivo. Deveríamos atribuir com espírito santo e fogo o significado real de com espírito santo ou fogo, tendo o e (kai), na verdade, conotação disjuntiva. Afinal de contas, não faria sentido dizer que no juízo final o mesmo grupo de pessoas haveria de receber um batismo salvífico e destrutivo ao mesmo tempo" (p. 58). 

Mas, isto coloca mais dificuldades que soluções ao texto. 

Quando João batiza, ele está prefigurando o derramamento do espírito de Deus sobre o verdadeiro Israel.

Como João via seu batismo


1. a representação do arrependimento e da promessa de nova vida por parte do candidato.

2. proclamação, antecipação simbólica da remoção de todo pecado que o Espírito Santo realizaria no último dia, quando o mais forte o derramasse como água sobre o pecador arrependido.

O foco estava ao iminente julgamento cruel, quando os israelitas somente poderiam escapar mediante o arrependimento e o batismo do Espírito Santo que seria realizado pelo mais forte.

É diferente do  Antigo Testamento, onde existem inúmeras prescrições de lavagens rituais - Lv.14:5.6 e 50-52, Nm 19,13 e 20-21. Que profetas e salmistas usaram como símbolo de purificação interior - Is 1,16 e Sl. 51,7.

É distinto da comunidade do Qumram, onde os ritos de purificação dependiam de uma obediência estrita da lei mosaica. 


"João praticava não as frequentes purificações do Qumram, mas um batismo único que ele próprio administrava aos outros. Sua pessoa está tão intimamente identificada com esse exclusivo tipo de ritual de limpeza que só ele, entre os muitos judeus de seu tempo praticavam ritos de purificação, é chamado de Batista" MEIER, p. 42


Era administrado apenas uma única vez,  pelo próprio João tendo em vista sempre o iminente julgamento divino sobre Israel. A natureza de seu batismo, vem de sua própria visão e mensagem escatológicas.

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