sexta-feira, setembro 07, 2012

Povo, terra e Deus



Christopher J. Wright publicou um grande livro a respeito da relevância da ética do Antigo Testamento para a sociedade de hoje. O autor parte de um triângulo da ética, em que ele analisa três angulos: teológico, social e econômico. 

O ângulo teológico está centralizado em Deus, a ética do antigo testamento está centrada em Deus seja em sua origem, história, conteúdo e motivação.  

Como origem, Deus é tanto a fonte de sua história como também de suas leis. A história possui uma dupla dimensão divina, redentivo e escatológico, o passado e futuro tem a participação e soberania de Deus. O conteúdo deve ser o reflexo do próprio caráter de Deus, a santidade vai além do aspecto pessoal, tem um conteúdo social de ser a expressão do próprio Deus. A motivação está calcada naquilo que foi realizado por Deus, 

A imagem de Deus é o próprio homem que se relaciona com um Deus ativo e vivo, que inicia, forma e motiva a vida moral de seu povo.

O segundo ponto é o  ângulo social, também está baseado na imagem de Deus, diante da queda Deus poderia ter abandonado o homem ou destruído, mas Ele escolheu redimir a criação, colocando em prática um plano de redenção que envolvesse toda a história da humanidade, como também a criação. Nesse projeto estaria a escolha, a criação e a formação da nação de Israel.  

Logo após a multiplicação do pecado em Babel, Deus chama Abrão no capítulo 12 de Genesis. As peculiaridades desta nação, esta na sua história iniciada com o chamamento divino e a religião que proibia imagens  e ídolos. Outro aspecto é o ético, o relacionamento com a terra é individual-comunitário, ao contrário dos vizinhos, em que o rei é dono de toda a terra.

Israel deveria ser luz para as nações, a redenção é visível e tangível, os israelitas são vistos como agentes que são parte da mensagem. A santidade tem um aspecto social e missional. 

O terceiro é o ângulo econômico,  que tem por base o relacionamento do povo com a terra. A vida sem terra não pode ser chamada de vida do povo de Deus, pois faz parte da própria promessa de Deus no chamado: a terra. 

A terra é um presente divino no Antigo Testamento, ela nos fala da:

1. dependência de Israel 
2. confiabilidade de Deus
3. prova do relacionamento entre Deus e Israel.

A terra foi dada como herança para Israel, o dom da terra está ligado a um ato divino, jamais se pode ligar a grandeza ou méritos de Israel. Foi dada com a intenção de proporcionar alegria, festividades e gratidão.

Há outras duas questões que são:

4. direitos da propriedade individual.
5. preocupação dos profetas com a exploração econômica.

A perda da terra era um desastre pois significava a perca do relacionamento com Deus, a terra como presente de Deus não poderia ser usada para a exploração, pois seria usar Deus para si mesmo.

A terra é propriedade divina, Levítico 25.23, coloca que a terra é do Senhor, e as pessoas de Israel são estrangeiras e peregrinas nela. Deus se coloca como o proprietário da terra e os israelitas são seus inquilinos dependentes.

Foi da crença da propriedade divina da terra, que surge a ética prática de seus arrendatários, que precisam prestar contas a Deus do seu uso.

O relacionamento coerente com a terra, sem deixar-se contaminar com as práticas vizinhas, Israel deve ser luz para as nações, o aspecto econômico tem tanta importância quanto o religioso para o relacionamento do povo com Deus.

A terra era sinal e prova do relacionamento de escolha de Deus em relação a Israel, com sua promessa e concessão bem como os direitos e responsabilidades.



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