quarta-feira, abril 25, 2012

A quadratura do círculo: liberdade,sofrimento e milagre segundo Lanne Craig, Queiruga e Lewis.

Hebreus 5:8-11 O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem,  chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.   Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir.

Em algum momento da vida, uma questão surge em nosso caminho, o problema do mal, do sofrimento. Como um Deus perfeitamente bom permite o sofrimento?

Antes de mais nada, sei que não tenho capacidade para responder esta pergunta.

Acabei de ler o livro de William Lane Craig, chamado Apologética para questões difíceis da vida pela Edições Vida Nova. E estou lendo também a biografia de Clarice Lispector por Benjamin Moser, onde deparei com seguinte texto que ele cita dela falando sobre o problema mal em Spinoza:

"Um Deus dotado de livre arbítrio é menos que um Deus de uma lei só. Do mesmo modo por que tanto mais verdadeiro é um conceito quanto ele é um só e não precisa transformar-se diante de cada caso particular. A perfeição de Deus prova-se mais na impossibilidade do milagre do que na sua possibilidade. Fazer milagres, para um Deus humanizado das religiões, é ser injusto - milhares de pessoas precisam igualmente e ao mesmo tempo desse milagre- ou reconhecer um erro, corrigindo-o- o que, mais do que sua bondade ou prova de caráter, significa ter errado.- Nem o entendimento nem a vontade pertencem à natureza de Deus,diz Spinoza. Isso me faz mais feliz  e me deixa mais livre. Porque a ideia da existência de um Deus consciente nos torna horrivelmente insatisfeitos" p. 199
Clarice teve uma infância judia terrível na Ucrânia, sua vida foi marcada por fatalidades, perda dos pais por doenças e uma série de eventos traumáticos.

Lanne Craig coloca que existem duas questões em relação ao problema do sofrimento, a primeira a questão intelectual, isto é, se Deus é bom e onipotente como pode haver sofrimento, e também, a questão emocional, como ele permite que soframos. Ele explica:

"O problema intelectual do mal diz respeito a como dar uma explicação racional de Deus e do mal. O problema emocional do mal diz respeito a como confortar ou consolar aqueles que estão sofrendo e como dissolver o desprazer emocional que as pessoas têm de um Deus que permite o mal (...) É importante entender essa distinção, porque a solução para o problema intelectual tem a propensão de parecer árida, insensível e desconfortante para alguém que tem passado pelo sofrimento, enquanto que a solução para o problema emocional tem a propensão de parecer deficiente, como uma explicação mal feita por alguém que o contempla abstratamente" p. 86-87

Para Lanne Craig, há duas abordagens ateístas sobre a questão, o problema lógico, mostrar que Deus e o mal são logicamente incompatíveis e o problema probabilístico, se é possível ambos, a coexistência seria altamente improvável. 

"O ateu raciocina que, visto que Deus é todo-poderoso, ele poderia criar um mundo contendo criaturas livres que sempre escolheriam livremente fazer o que é correto. Tal mundo seria um mundo sem pecado, livre de todos os males morais e humanos. Justament por isso, sendo todo-poderoso, Deus poderia também criar um mundo  no qual nenhum mal natural jamais viesse a ocorrer. Seria um mundo livre do mal, dor e sofrimento" p. 88

Lanne Craig aponta que o ateu não diz que um mundo assim seria um mundo de marionetes. O ateu aponta um mundo em que as pessoas poderiam escolher o certo livremente, do ponto de vista cristão, tal mundo seria possível, pois o pecado não é algo necessário no ser humano.

Pois se o pecado fosse uma necessidade, essa necessidade em última análise teria sua causa em Deus, então, Deus seria a causa do mal. É aí que os ateístas querem chegar, negar a essência de Deus como  totalmente bondoso e imputar a ele a causa do mal.

Lanne Craig cita David Hume "Se ele quer evitar o mal, mas não é capaz de fazê-lo, então ele é impotente. Se ele é capaz, mas não quer evitá-lo, então ele é malévolo. Ora, se ele quer evitar o mal e é capaz de evitá-lo, então como se explica o mal?" (p. 89)

Para Lanne Craig, há um argumento falacioso aqui:

"Em primeiro lugar, não é necessariamente verdadeiro que um Deus todo-poderoso possa criar exatamente qualquer mundo possível. O fato de Deus ser todo-poderoso não significa que ele possa fazer impossibilidades lógicas, tais como fazer um quadrado redondo, ou fazer alguém escolher livremente tomar uma atitude" p. 89

Ele baseia o problema do mal na liberdade da escolha que Deus deu:

" Assim, se Deus concede às pessoas uma liberdade genuína para escolher o que gostam,então é impossível para ele determinar quais serão as escolhas delas. Tudo que ele pode fazer é criar circunstâncias nas quais uma pessoa seja capaz de fazer uma escolha livre e, então deixar que a escolha seja feita" p. 90

São as criaturas que produzem o mal devido a suas escolhas, e Deus não pode fazer nada a não ser que eliminasse a livre escolha delas. 

Em termos filosóficos, o mal é um acidente na escolha humana, é algo que veio da liberdade. Quanto aos males naturais, Lanne Craig diz que são devidos a atuação de demônios, afinal, como os seres humanos, os seres espirituais também são dotados da mesma liberdade.

Lanne Craig termina a argumentação com a seguinte declaração:

"Assim, a primeira suposição feita pelo oponente ateu- a saber, que um Deus todo-poderoso pode criar qualquer mundo que ele escolha criar- não é necessariamente verdadeira" p. 90

Há também um segundo ataque nesta questão.

"Eles podem admitir que não há nenhuma inconsistência entre Deus e o mal em geral, mas ainda argumentam que a existência de Deus é inconsistente com a quantidade e com a qualidade do mal  no mundo (...) Deus não pode ter razões suficientes para permitir a quantidade e os tipos de males que existem" p. 92

Este argumento me parece o mais próximo do texto de Clarice, a resposta Lanne Craig toma de Alvin Platinga:

"Deus não poderia ter criado um mundo que tivesse tanto bem como o mundo real, mas que tivesse menos mal, tanto em termos de quantidade como de qualidade,e, além disso, Deus tem razões moralmente suficientes para o mal que existe" p. 94

No segundo capítulo sobre sofrimento e o mal, que trata do problema probabilístico, Lanne Craig traz a resposta cristã ao sofrimento, as razões morais de Deus para permitir a dor:

  • 1. O propósito principal da vida não é a felicidade, mas o conhecimento de Deus.
  • 2. A raça humana está no estado de rebelião contra Deus e seu propósito.
  • 3. O propósito de Deus não está restrito a esta vida, mas se derrama além da sepultura para a vida eterna.
  • 4.O conhecimento de Deus é um bem incomensurável.

Ele termina esse capítulo com uma frase que vale a pena ser transcrita:

"Paradoxalmente, então, ainda que o problema do mal seja a maior objeção à existência de Deus, no fim do dia Deus é a única solução para o problema do mal. Se Deus não existe, então nós estamos perdidos, sem esperança na vida e cheios de sofrimentos desnecessários e irreparáveis. Deus é a resposta final para o problema do mal, pois ele nos redime do mal e nos leva para a alegria eterna de um bem incomensurável: a comunhão com ele" p. 121



Concordo com o autor, Deus criou os seres humanos para viverem dependentes dEle, quando saímos da esfera da receptividade, sendo influenciados pelo nosso inimigo, negamos a Ele e damos ocasião ao mal.

C.S. Lewis coloca isto assim:

A condição mínima de autoconsciência e liberdade seria então que a criatura devesse apreender a Deus e, portanto, ela mesma fosse diferente de Deus. É possível que tais criaturas existam, conscientes de Deus e de si mesmas, mas não de seus semelhantes. Caso positivo, sua liberdade é simplesmente aquela de fazer uma única e singela escolha: amar a Deus mais do que ao "eu" ou ao "eu" mais do que a Deus. Mas uma vida assim reduzida aos essenciais não pode ser concebida por nós. No momento em que tentamos introduzir o conhecimento mútuo dos semelhantes encontramos o obstáculo da necessidade da "Natureza".  (p.11)

Meu problema, minha dúvida em relação ao texto de Craig está quando ele diz que Deus não poderia ter feito de outra forma pois está preso as leis que Ele mesmo criou. Por isto, achei interessante o texto da Clarice Lispector, como conciliar Deus, o sofrimento e os milagres.

Afinal, um milagre é uma suspensão da lei que o próprio Deus criou pelo próprio Deus. 

Pode ser uma cegueira da minha parte, mas o texto de Lanne Craig fica confuso, pois ao mesmo tempo ele diz que Deus não pode modificar e ao mesmo tempo, ele lida com as circunstâncias. 


Andrés Torres Queiruga tenta responder esta questão em Repensar a Salvação:

"Dizer que Deus quer e não pode abolir o mal vem a ser igual dizer que Deus quer e não pode fazer um círculo quadrado. Não se trata de uma potência ou impotência de Deus, mas de uma contradição de nossa mente e de nossa linguagem"

"O mal é uma manifestação necessária da limitação e da contradição interna do finito. Pretender um mundo sem mal equivale a postular um mundo estritamente infinito, pois unicamente a infinitude, ao estar por cima de toda possível contradição, ao ser absoluta plenitude, exclui de si a realidade e a possibilidade do mal. Por isso, na realidade, unicamente Deus pode estar livre do mal, porque ele é de verdade: é com essa redonda plenitude cuja intuição admirou, até quase paralisá-lo, o pensamento de Parmenides: é com essa inesgotável riqueza vital que enche de respeito e de esperança toda a piedade bíblica. A humanidade  sempre pressentiu isto em sua experiência religiosa. Daí ter intuído sempre que Deus é o único bom, o único feilz. Tudo mais é nada, pertence ao reino da dor e do pecado. O mundo não é Deus, não pode ser Deus; por isso, o mal aparece necessariamente nele".

"A lógica do milagre não possui nenhuma fronteira: o mundo teria de se converter num milagre total e contínuo; a saber, teria de deixar de ser mundo, para se converter num cenário onde o Criador faria as criaturas de marionetes, privadas de qualquer dinamismo e iniciativa próprios. O sonho da imaginação, ao buscar um mundo perfeito, só conseguiria mesmo com sua própria destruição" (...) "Verdadeiramente, não há escapatória alguma: se existe mundo, aparece o mal, se queremos suprimir totalmente o mal, temos que renunciar o mundo: somente no ser que é sem limitação, no Deus que vive na plenitude de sua felicidade, é pensável a total ausência de mal."  (p. 93-98)"

"O mal não é um ser, não é uma realidade autônoma, mas tampouco se reduz ao nada, posto que se caracteriza por sua oposição à obra de Deus. tentando e buscando destruir o ser humano, será aniquilado na vitória final da graça de Cristo, mas enquanto isso põe-se em batalha e cobra seu duro tributo de dor e de pecado" p. 105

"A resposta à nossa pergunta sobre o mal somente pode chegar-nos pela revelação de Deus. Ele criou livremente  esta realidade contraditória que somos todos nós, e somente ele pode assegurar-nos de que essa contradição se resolve numa síntese definitiva de sentido" (p.116)

"Jesus está, de modo incondicional, ao lado das vítimas diante do mal que as oprime. Sua vida é, por essência, oposição às forças do mal. Sua presença liberta o ser humano tanto da miséria radical que o oprime- o pecado- como de suas consequências- a doença, a fome, o desprezo-. Sua missão consiste, justamente em trazer-nos a boa notícia - Eu-angelion- de que Deus está presente, com seu amor e seu poder, para salvar a todos." (p.126).

"No homem-Jesus torna-se corporalmente visível que o mal não detém a última palavra, que muito além da tristeza da finitude espera-nos a felicidade infinita do projeto de Deus sobre nós" p. 134

"Longe de ser causa ou cúmplice de nosso sofrimento, Deus se mostra para nós, no testemunho irrefutável da cruz, como aquele que pensa somente em nos ajudar, e que, para fazê-lo, está disposto a tudo, até mesmo a entregar seu próprio Filho: Ele que não poupou seu próprio Filho (Rm 8.32)"p. 139

A questão é mais complexa, deve-se levar em conta a questão da liberdade, do sofrimento, da soberania e dos milagres. 

Queiruga responde a questão da relação entre Deus e sofrimento como uma necessidade devido a finitude do ser humano. Ele não coloca o mal como um ente, mas como algo que nasce da nossa contradição, da nossa própria natureza. 

O milagre é refutado como uma suspensão da realidade do mundo, uma ilusão. Não concordo com este ponto, a negação do milagre é mais fácil do ponto de vista da linguagem humana como Queiruga diz sobre a quadratura do círculo, mas a realidade divina está além do nosso pensamento, a infinitude participa e modifica o nosso mundo. 

Se pensarmos que o teísmo é a negação de um Deus pessoal, a negação de um Deus que realiza milagres também é um resquício de teísmo ainda que ele defenda um outro modo de participação.

A salvação está na participação divina no sofrimento,no Deus que sofre conosco. A intervenção divina está na participação no mundo finito e na solução final da infinitude.



Vamos ver como Lewis resolve essa questão em O Problema do Sofrimento:

Com cada avanço em nosso conceito, o ato criativo, e a impossibilidade de manipular a criação como se este ou aquele elemento da mesma pudesse ser removido, se tornará aparente. Este talvez não seja o melhor de todos os universos possíveis, mas o único possível.
Mundos possíveis só podem significar "mundos que Deus poderia ter feito mas não fez". A idéia do que Deus "poderia" ter feito envolve um conceito excessivamente antropomórfico da liberdade de Deus. O que quer que seja o significado da liberdade humana, a liberdade divina não pode significar indeterminância entre alternativas e a escolha de uma destas. A bondade perfeita não pode jamais estar em dúvida quanto ao fim a ser alcançado, e a perfeita sabedoria não pode vacilar quanto aos meios mais adequados para chegar a esse fim. A liberdade de Deus consiste no fato de que nenhuma outra causa além dele mesmo produz os seus atos e nenhum obstáculo externo os impede - que a sua própria bondade é a raiz de que todos eles brotam e sua própria onipotência o ar em que todos florescem. (p. 13)


Lewis deixa mais claro que é a soberania divina e não a possibilidade lógica, pois seria prender a Deus ao conceito antropomórfico de liberdade. Por isto, a concepção do milagre é também uma possibilidade.



Podemos, talvez, conceber um mundo em que Deus tenha corrigido os resultados deste abuso do livre-arbítrio pelas suas criaturas a cada momento: de maneira que uma viga de madeira se tornasse macia como grama se usada como arma, e o ar se recusasse a obedecer-me se tentasse utilizá-lo em ondas sonoras que transmitissem mentiras ou insultos. Num mundo assim, porém, os atos errados seriam impossíveis e, portanto, ficaria anulado o livre-arbítrio; se o princípio fosse levado à sua conclusão lógica, os maus pensamentos tornar-se-iam também impossíveis, desde que a massa cerebral que usamos para pensar se recusaria a fazê-lo quando tentássemos estruturá-la. Toda matéria nas proximidades de um homem perverso estaria sujeita a alterações imprevisíveis. A idéia de que Deus pode modificar, e realmente modifica, ocasionalmente, o comportamento da matéria produzindo o que chamamos de milagres, faz parte da fé cristã; mas a própria concepção de um mundo comum e portanto estável exige que tais ocasiões sejam extremamente raras. (p. 13).

Em sua obra específica sobre Milagres, Lewis visualiza um Deus mais soberano ainda:



Dizer que Deus a criou não é afirmar que ela é irreal, mas justamente o contrário. Você acredita que Deus seja menos criativo do que Shakespeare ou Charles Dickens? O que Ele cria é criado por inteiro. Os teólogos certamente nos dizem que ele criou a natureza livremente, indicando que não foi forçado por qualquer necessidade externa nesse sentido. Não devemos, porém interpretar negativamente a liberdade, como se a natureza fosse uma simples construção de partes arbitrariamente ligadas. A liberdade criativa de Deus deve ser concebida como semelhante à do poeta: liberdade para criar uma coisa consistente, positiva, com seu próprio e inimitável sabor. Shakespeare não precisava criar o seu personagem Falstaff: mas se faz isso, ele deve ser gordo. Deus não precisava criar esta natureza. Poderiam ter criado outras, e pode mesmo tê-lo feito. Mas concedida à existência desta natureza, então não há dúvida de que a menor parcela da mesma ali se acha para expressar o caráter que ele escolheu dar-lhe. Seria grave erro supor que as dimensões de espaço e tempo, a morte e renascimento da vegetação, a unidade na multiplicidade de organismos, a união na oposição de sexos, e a cor de cada maçã neste outono, foram simplesmente uma coleção de eventos úteis forçosamente associados. Trata-se do próprio idioma, quase da expressão facial, o cheiro ou gosto, de uma coisa individual. A qualidade da natureza se acha presente em todos eles, assim como a latinidade do latim está presente em toda inflexão ou a "Corregiosidade" de Correggio em cada golpe do pincel. (p. 41)

Lewis coloca certamente um Deus ao mesmo tempo onipotente e sofredor:

Quando o cristianismo diz que Deus ama o homem, isso significa que Ele o ama realmente; não se trata de um interesse indiferente quase um "desinteresse" em nosso bemestar, mas que, numa verdade terrível e surpreendente, somos os objetos do seu amor. Você pediu um Deus de amor, e já tem. O grande espírito que invocou tão levianamente, o "Senhor de terrível aspecto", está presente: não uma benevolência senil que sonolentamente deseja que você seja feliz à sua própria moda, nem a gélida filantropia de um magistrado consciencioso nem mesmo o cuidado de um hospedeiro que se sente responsável pelo conforto de seus hóspedes, mas o próprio fogo consumidor, o Amor que fez os mundos, persistente como o amor do artesão pela sua obra e despótico como o amor do homem por um cão, providente e venerável como o amor do pai pelo filho, ciumento, inexorável, exigente, como O amor entre Os sexos.
Como isto pode ser, não sei: supera nosso poder de raciocínio explicar como quaisquer criaturas, para não dizer criaturas como nós, possam ter um valor tão prodigioso aos olhos de seu Criador. Trata-se certamente de um peso de glória não só além de nossos méritos mas também, exceto em raros momentos de graça, além de nosso desejo; estamos inclinados, como as donzelas na velha peça teatral, a protestar contra o amor de Zeus. (p.56)



Lewis dá uma resposta a Clarice:



O problema de reconciliar o sofrimento humano com a existência de um Deus que ama só é insolúvel enquanto associarmos um significado trivial à palavra "amor" e considerarmos as coisas como se o homem fosse o centro delas. O homem não é o centro. (p.57) 




De tudo isto, fico com Lewis este é o melhor dos mundos possíveis. O sofrimento foi fruto da escolha humana que Deus escolheu pode ser assim, não que o quisesse assim. Basta lembrarmos da história de Adão e Eva, havia as duas árvores,  Deus queria que nos alimentássemos dEle,mas escolhemos a escassez da nossa própria vontade.


Este mesmo Deus intervém na história, seja compartilhando cada dor de nossa vida seja operando milagres. Ele é um Deus que ouve, está atento a cada sofrer e um Deus que muda a história. Acredito num Deus maior que qualquer lei, pois é um Deus que irá redimir o mundo por si mesmo, sem qualquer merecimento ou causa neste mundo para esta redenção, a não ser este amor.


O sofrimento existe e não pode ser negado como fazem os pastores da teologia da prosperidade, o milagre é como diz Lewis uma exceção, que está sob o domínio da soberania divina.


A vida cristã não pode ser pensada como uma vida sem sofrer, vida de total vitória como mostra o vídeo a seguir, mas uma vida real onde há tristezas e alegrias.








Para terminar, fico Timothy Keller em Reason for God, busca uma resposta mais humilde:


"Therefore, though Christianity does not provide the reason for each experience of pain, it provides deep resources for actually facing suffering with hope and courage rather than bitterness and despair" p. 28

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