Tentando ler Teologia da Esperança de Jurgen Moltmann.
Na introdução de seu livro, chamada de Meditação sobre a esperança, o autor fala sobre a sua noção de escatologia cristã como motriz de sua teologia, uma teologia da esperança.
Na introdução de seu livro, chamada de Meditação sobre a esperança, o autor fala sobre a sua noção de escatologia cristã como motriz de sua teologia, uma teologia da esperança.
Para o autor, qual seria o lógos da escatologia cristã. Há uma identidade entre escatologia e esperança cristã:
"O escatológico não é algo que se adiciona ao cristianismo, mas é simplesmente o meio em que se move a fé cristã, aquilo que dá o tom a tudo que há nele, as cores da aurora de um novo dia esperado que tingem tudo que existe" p. 30
A teologia deve ser pensada a partir de sua meta futura, a escatologia não deve ser seu fim, mas seu princípio.
Para Moltmann a expressão escatologia é falsa, pois não poderia haver uma doutrina a respeito de coisas que não há experiência. Para ele, a escatologia cristã como base uma realidade histórica e prediz o futuro da mesma, a partir da ressurreição de Jesus e anuncia o futuro do ressuscitado.
Contudo, a esperança cristã não pode ser concebida a partir da experiência:
"As afirmações doutrinárias encontram sua verdade na correspondência, verificável, com a realidade presente e experimentável. As afirmações da esperança estão necessariamente em contradição com a realidade presente e experimentável" p. 32
A esperança cristã se dirige para o que ainda não está visível e experimentável. A esperança é então fundamento da teologia e não doutrinas ou experiência.
Depois, Moltmann fala sobre a esperança da fé, na contradição entre a palavra da promessa e a realidade experimentável do sofrimento e do pecado.
"A fé transcende essas realidades, pois não se refugia no céu nem na utopia e, tampouco, sonha estar em uma outra realidade. Ela apenas pode transpor os limites da vida humana, cercada por muros de sofrimento, pecado e morte, onde estes foram realmente derrubados; apenas pela aceitação do Cristo ressuscitado, do sofrimento, da morte, do abandono de Deus e do túmulo, ela ganha perspectiva para amplidão em que não há mais opressão, para a liberdade e para o gozo" p. 34A fé, para Moltmann, une o homem a Deus, abre a esperança para um novo futuro. A fé e a esperança andam ligadas.
"A fé em Cristo transforma a esperança em confiança e certeza, e a esperança torna a fé em Cristo ampla e dá-lhe vida" p. 35Se para a fé continuar vida depende da esperança, então o pecado da descrença, no entender de Moltmann, está sustentado pela desesperança. A desesperança pode assumir duas formas, presunção ou desespero.
A esperança está ligada a fé e ao amor, que nos arrancam do tempo, sendo inteiramente presentes. Moltmann diz que Paulo em Rm 4.17, coloca um Deus que ressuscita os mortos, que está presente quando se aguardam suas promessas em esperança e se esperam coisas novas. No Deus que chama o não-ser ao ser, também o ainda-não-ser, o futuro, se torna plausível, porque pode ser esperado (p.47).
Quanto ao relacionamento entre esperança e pensamento, Moltmann diz:
"Se a esperança impele a fé à reflexão e à vida, como esperança escatológica ela não pode se distanciar das esperanças orientadas para metas inferiores e alcançáveis, para as mudanças visíveis na vida humana, a ponto de tudo reservar a um outro reino que é seu futuro supraterreno e puramente espritual" p. 50
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