domingo, agosto 08, 2010

D. Martin Lloyd-Jones: Romanos 8:14

Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.

Romanos 8:14

Há o começo de um novo ponto aqui que se estenderá até o vs. 17.  O grande tema deste capítulo é a segurança do cristão, conforme Lloyd-Jones.

“A mensagem do capítulo é a segurança e certeza da salvação, ou, como prefiro expressá-lo, a certeza absolura da perseverança final de todos quantos foram justificados em Cristo Jesus pela fé” p.201

O tema, então, é a certeza absoluta da salvação final, completa e total do cristão, incluindo até mesmo o seu corpo. Este tema teve início no capítulo 5, quando Paulo introduz a doutrina cardinal da união do cristão com Cristo, como ele estivera em Adão, agora está em Cristo.

O homem que está em Cristo, não tem mais condenação- Rm. 8:1-. Não está mais debaixo da lei no sentido da condenação, mas debaixo da graça. A final, completa e total libertação do pecado é garantida pela habitação do Espírito em nós.

“Se o Espírito de Cristo não está em nós, não somos dele, mas, se Ele está em nós, somos dEle, e, como o apóstolo nos demonstrou em detalhe, o Espírito realiza e continuará realizando a nossa santificação”. p. 202

 

O comentarista nota que há um processo no pensamento paulino, primeiro, ele nos fala que a mortificação das obras do corpo é guiada pelo Espírito, é Ele que nos leva a fazer isto. E desse mesmo modo, Paulo chega a sua declaração, que somos filhos de  Deus. Ninguém a não ser o cristão, mortifica as obras da carne, ninguém senão o cristão submete-se ao Espírito Santo. esta é a prova positiva que somos conduzidos pelo Espirito Santo, e assim, filhos de Deus.

O tema da filiação liga-se a certeza e segurança da salvação e não a santificação. É um erro, a interpretação popular que diz que o capítulo 6 fala da santificação, o 7 do cristão incompleto e o 8 da santificação completa. Segundo Lloyd-Jones, a santificação aqui é subsidiária, porque a santificação nunca pode ser considerada com um fim em si mesma.

Dizem eles: Aqui estou eu, um  cristão, mas estou sendo derrotado, e maior de todas as perguntas é: como posso ficar livre da minha vida de fracassos como cristão? Como posso obter  vitória e viver a vida vitoriosa? Essa é a abordagem. Por isso a questão da santificação se torna maior e mais importante. Todavia a maior preocupação do apóstolo é que saibamos e compreendemos que somos filhos de Deus, que nos regozigemos e louvemos a Deus e clamemos Abba Pai, que nos libertemos do espírito de escravidão. Seu desejo é que estejemos tão certos e seguros disso que, não importa o que nos sobrevenha de fora, permaneceremos plenamente confiantes em que somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se com Ele sofremos, também com Ele seremos glorificados” p. 204

 

Glorificação vindoura.

Segundo o comentarista, o interesse de Paulo aqui está na glorificação vindoura, e não na santificação. O que interessa é a glorificação final que inclui o nosso corpo, pois este é o objetivo final e não a santificação.

A proposição que somos filhos de Deus está ligada à segurança, nega e desmente o atual ensino popular que fala muito sobre a paternidade universal de Deus e sobre a fraternidade universal do homem- e assim, a salvação universal, que apregoa que toda a humanidade será salva, até mesmo os anjos decaídos e o próprio diabo.

A Bíblia divide a humanidade toda num ou noutro destes dois grupos: ou somos povo de Deus, ou não somos povo de Deus. Somos salvos ou perdidos, estamos vivendo ou perecendo (…) Ou somos filhos de Deus e temos olhos postos na glória futura, ou a ira de Deus permanece sobre nós. Nesta vida e neste mundo o nosso destino eterno é decidido. Somos confrontados por estas duas possibilidades. Este é o tema mais importante da Bíblia. Somos chamados para fugir ou separar-nos de um mundo condenado, a fugir da ira vindoura, a sair, a separar-nos, como pessoas pertencentes a Deus. (…) Somente são filhos de Deus aqueles, e tão-somente aqueles, que são guiados pelo Espírito de Deus, diz o apóstolo. E, como veremos, toda a substância da idéia de adoção torna isso absolutamente essencial. Não há nenhum sentido na doutrina da adoção, a não ser que o nosso postulado básico e fundamental seja que todo homem é por natureza filho da ira, como Paulo diz em Efésios 2:2” (p. 207)

O comentarista traça um paralelo entre o texto e Galatas 4, sobre a diferença entre a criança e ser filho. que a posição neo testamentária é distinta do antigo testamento e devemos ter consciência disto.

Outro ponto levantado é a filiação de Adão, a ele pertencemos por natureza, e assim, somos filhos da ira.

“O Senhor Jesus  é o unico Filho de Deus, Seu Filho unigênito, Ele está só, nessa posição; Ele é único, o Filho unigênito do Pai, único filho de Deus de Deus gerado. É completamente antíbíblico dizer que todos os seres humanos são filhos de Deus” p. 211

Sendo assim, a adoção é o ato de Deus pelo qual Ele nos recebe e nos inclui em Sua família. A adoção deve ser entendida como um ato legal, gerido pela lei. Segundo o pregador, não é idêntica à justificação,aproxima-se a ela. Porque quando Deus diz legalmente, em termos forenses,  que considera uma pessoa justificada em Cristo, ele também adota aquela pessoa como membro da sua família santa. A adoção deve, então, ser pensada como um grande ato legal de Deus para conosco.

Foi Deus quem nos adotou, o cristão não é só alguém que foi adotado, podemos dizer conforme Lloyd-Jones, que houve uma mudança com ele, aconteceu o novo nascimento. A adoção por Cristo não é somente algo externo, já que estamos nEle- 1Jo 3:9, 2Pe 1:4-.

“Ele assumiu nossa natureza, e nessa natureza estamos nEle, e assim, dessa maneira extraordinária, somos participantes da natureza divina, meditante a humanidade de Cristo e nossa união com Ele. Somos membros do Seu corpo. Por isso não estacamos ao chegarmos a adoção, regozijamo-nos no fato de que, com resultado do novo nascimento, somos nascidos de Deus, somos participantes da natureza divina” p. 212

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