Os 7 piores momentos da campanha de Serra
27 de Outubro de 2010 por admin
Ex-ministro, ex-senador, ex-governador, ex-prefeito da maior cidade do país. Se havia alguém com peso político para enfrentar o PT e seus aliados, deveria ter sido José Serra. Deveria. O que se viu foi uma incrível capacidade do candidato do PSDB de tropeçar em suas próprias pernas. Sua campanha desastrada apenas recebeu nova chance graças ao desempenho de Marina Silva no 1° turno. Esses são alguns dos piores momentos da campanha de José Serra à presidência:
7- O poder misterioso dos ministérios
Propor a criação de mais dois ministérios, mesmo que pretenda extinguir outros, não deixa de parecer aquele dito popular de “trocar seis por meia dúzia”. O problema maior é outro: a mentalidade de que a criação de ministérios tem o poder de resolver todos ou a maior parte dos problemas nas áreas específicas. Se já existe legislação especial porque não agregar os projetos num órgão do governo já existente? Ou, melhor, porque não deixar de atrapalhar a sociedade e acabar com o inchaço ministerial?
6- O discurso antiprivatização
“Como presidente vou fortalecer as empresas públicas“
Para se livrar da acusação feita pelo PT de que iria privatizar a Petrobras e o Pré-Sal, José Serra teceu loas às empresas estatais. O candidato do PSDB, inicialmente, cometeu o mesmo erro de Geraldo Alckmin em 2006 e assim jogava no lixo a “boa” herança do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que foi a privatização, por exemplo, do setor de telefonia. O problema é que Serra, de fato, nunca foi um privatista e se comportou na campanha com um discurso mais à esquerda do que o da candidata do PT.
5- O lulista sou eu
A campanha do candidato do PSDB elaborou um jingle que popularizasse a candidatura de José Serra e ao mesmo tempo usasse o capital político do presidente Lula sem elogiá-lo diretamente, mas também sem criticá-lo. A mensagem da música é clara: política e economicamente o Brasil segue sob o comando de um projeto da esquerda que preserva o tal Estado fomentador com o capital alheio.
4- O assistencialismo despreocupado
“Não é nada exorbitante. Quando chegar dezembro, você dá uma Bolsa Família extra”.
De um candidato que posava de defensor da responsabilidade fiscal não se ouviu nada de projeto de redução drástica de despesas do Estado, nada de redução de carga tributária, nada de plano de qualificação dos órgãos públicos. Em vez disso, José Serra prometeu a criação do 13º Bolsa Família, o Bolsa Extra, um aumento de 10% para os aposentados, pacote de benefícios para os funcionários públicos etc. Essas propostas criariam um gasto extra de 46 bilhões de reais. De onde sairá o dinheiro? Serra não responde.
3- O populismo trabalhista
“É perfeitamente possível que, em vez dos R$ 538, o salário mínimo seja de R$ 600”.
A reforma trabalhista deveria ser prioridade em qualquer campanha. 40% da economia brasileira sobrevive na informalidade. Além de se silenciar quanto a qualquer medida para modernizar a legislação trabalhista, José Serra ainda propõe o salário mínimo de R$600 em todo o Brasil. O candidato age como se fosse apenas o governo brasileiro, e não principalmente os empresários, que tivessem que pagar a conta. São as micro e pequenas empresas as responsáveis por mais de 50% dos empregos formais do país. Essas empresas são as mais vulneráveis às variações em seus custos de produção. Um aumento da remuneração paga aos funcionários, imposto pelo governo por conveniência política, as deixariam com 2 tristes opções: as demissões ou a volta à informalidade.
2- A mentalidade desenvolvimentista
O pensamento econômico de José Serra está engavetado desde os anos 70. O candidato criticou repetidamente o fato de os brasileiros estarem consumindo produtos importados baratos. Seu modelo econômico baseia-se no pensamento cepalista que, em seu momento mais ousado, culminou na década perdida de 1980: a única coisa que importa é fazer um Brasil exportador de produtos industrializados. Os consumidores que se virem pagando mais caro. Ele estaria disposto a sacrificar as chances do Brasil se tornar uma superpotência agrícola (como são Austrália e Canadá) em favor de um industrialismo medíocre. Quem sofre com subsídios para as indústrias paulistas e protecionismo contra estrangeiros são os pobres, que passam a ter que pagar mais caro pelo seu consumo, e a economia competitiva brasileira, que tem que pagar mais caro pelas suas importações. O PSDB não quer que os brasileiros comprem produtos importados mais baratos e eficientes. Quer que voltemos a 1984, quando o governo brasileiro decidiu proteger a indústria nacional de informática em detrimento da maior parcela da sociedade que não tinha dinheiro ou um “conhecido” para adquirir um computador nos Estados Unidos. A afirmação de que fará uma ampla mudança na economia soa mais como uma ameaça do que propriamente a celebração de uma boa ideia.
1- A oposição que não ocorreu
“…”
Quando Lula se gabou de ter eliminado a direita do país, ele tinha em mente a tradição ideológica do principal oponente do seu partido. A campanha de José Serra não se apresentou como uma alternativa à esquerda petista, com propostas de modernização e liberalização da economia e da sociedade brasileira. Com exceção da política externa, Serra preferiu tentar se posicionar à esquerda de Dilma, com um discurso mais protecionista, intervencionista, e mais burocrático do que o da candidata do PT. Quando atacava (corretamente) o aparelhamento do estado pelo PT, não dava soluções claras além de que o pessoal do PSDB seria melhor. Serra perdeu a oportunidade de construir uma plataforma liberal de centro-direita, conquistando os brasileiros que querem menos estado e mais qualidade de vida. Por reduzir o debate político no Brasil à meta-esquerda, em vez de avançar os elementos liberais que sua coalizão poderia trazer, a ausência de oposição merece o primeiro lugar na melancólica campanha de José Serra.
Bônus- Uma campanha indiscreta
[Escrito por Diogo Costa @dgrcosta, Magno Karl @mkarl e Bruno Garschagen @bgarschagen]
Nenhum comentário:
Postar um comentário