sábado, junho 30, 2012

Quando vemos Jesus em nossa vida?




MATEUS 25.34-40:   Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;  porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?  E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos?  E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não me visitastes. Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna


Quando vemos Jesus em nossas vidas?

Os versos 37 ao 39 deste capítulo do Evangelho de São Mateus tem no fundo a mesma pergunta, Senhor quando foi que te vimos? Essa é uma pergunta que muitos hoje já têm, nosso "eu" e sua grande importância e o mundo parecem nos cegar da presença de Jesus em nosso dia a dia.

Existem três momentos em que vemos Jesus em nossa vida, queria falar sobre eles.

A primeira vez que vemos Jesus é quando Ele vem em nossa direção, nos buscar e resgatar de todo pecado e mesquinhez que é a nossa vida. A Bíblia tem uma história de alguém que se encontrou com Jesus pela primeira vez, o jovem rico, ele tinha acumulado muita coisa na vida, muita sabedoria e bens, mas faltava-lhe alguma coisa para herdar a vida eterna.

Faltava conhecer Jesus e seu caminho, Jesus lhe faz um convite para entrar no seu reino, largando tudo que tinha conquistado e segui-lo. Porque aquilo tudo não o tinha levado a lugar nenhum no reino de Deus.

Tudo que fazemos, tudo que conquistamos, tudo que somos não resolveu a nossa vida, não trouxe paz, alegria e satisfação. Está faltando alguma coisa. O essencial a presença de Jesus Cristo em nossa vida.

Aquele estudioso da lei não queria comprometer sua vida com Jesus, pois ele achava que o tinha não perder. Mas, o convite básico que Jesus faz a cada um de nós é o de comprometermos tudo que temos, de por a perder tudo que temos e que somos pois achamos um tesouro maior que tudo que podemos possuir.

O segundo encontro é quando na vida cristã começamos a viver a vida dEle, começamos a nos tornar como Ele. Em momentos que ajudamos aos outros, estendemos a mão, fazemos coisas que nunca jamais poderíamos sonhar em fazer, no jargão de hoje em dia, somos usados por Ele. Damos frutos espirituais, ao invés, de vivermos da carne. Neste instante, vemos a presença de Jesus em nosso coração, em nossa mente e em nossos atos. 

Estamos sendo construídos pelo Espírito Santo na imagem dEle, pois a presença do Espírito louva a Jesus, então, nossa vida começa a ser vivida nEle pois ele é quem dá significado a cada pensamento, cada emoção e cada ato. 

Os teólogos chamam isto de santificação, é quando a presença e alegria de Jesus passa a contagiar a nossa vida e vive-la.  Vemos Jesus em cada momento nosso, e assim, começamos a desfrutar e compartilhar a cada momento daquilo que Ele tem realizado em nossa vida.

O terceiro momento é quando vemos Jesus no outro que está sendo ajudado. Como é isto?  Jesus mesmo sendo Deus e sendo rico de todas as coisas se esvaziou para salvar a cada um de nós. Viveu a nossa condição de pobreza e se identificou com cada um dos necessitados e  excluídos deste mundo.

Quando estendemos a mão para além da nossa ganância e avareza para ajudar aqueles que não tem quem os socorra, podemos enxergar a própria pessoa de Jesus na vida deste que pede ajuda. 

O texto de Mateus coloca Jesus não na pessoa que ajuda, mas naquela que é ajudada. Pois se a generosidade é uma característica divina, o sofrimento também o é, pois o próprio Senhor aprendeu no sofrimento (Hb 5:8).  

Quando Jesus veio ao nosso mundo tomou sobre todas as nossas dores, o sofrimento é o aspecto comum da alienação que a morte e o pecado produziram no ser humano. Jesus trouxe para si todo este nosso fardo, não há sofrimento humano que ele não tenha padecido, por isto, Ele se coloca como um dos nossos necessitados e excluídos, pois Ele mais do que qualquer um de nós sabe o que é não ter nada e depender da graça de Deus e do outro. Ele conhece a pobreza e se faz um com aqueles que a sofrem.

Por isto, quando estendemos a mão para ajudar somos ajudados por Jesus porque vemos no que precisa a real condição de nossa vida: pobre, cego e nu.  Vemos Jesus em todo seu amor por nós que por causa de cada um de nós se fez pobre, cego e nu.




quarta-feira, junho 27, 2012

Mike Wells: O que se ajusta no discipulado celestial

O crente não obedece para beneficiar os outros, mas a si mesmo.  Mike Wells volta ao tema do primeiro capítulo de que a nova vida cristã não combina com a antiga vida.  Ele começa a falar de certas situações que não mais se ajustam ao caminho do cristão.

A primeira delas é a indiferença,  para ele, os indiferentes são pessoas egocêntricas que se cansaram de si mesmos, fora de Deus, o homem é limitado ao que pode realizar.

O medo é um dos maiores inimigos da fé, o evangelho mesmo começou com um anjo dizendo não temas, e depois da ressurreição, de novo, não temas. O discípulo se ajusta a calma e não ao medo.

O homem foi criado para confiar em algo muito maior do que ele próprio, quando confiamos no eu, o medo naturalmente predomina. Vejamos a oração que o autor coloca sobre o problema:

"Pai, temo que o meu foco tenha sido o medo. Olhei para mim mesmo a fim de sustentar-me, controlar o meu mundo, encontrar segurança, e colhi as consequências. Estou cheio de medo. Convido agora o medo para sair, faço de Ti o meu foco. Que a tua presença venha curar-me" p. 57

Outra coisa que não se adapta a vida do discípulo é a procrastinação, Mike lembra que uma decisão errada geralmente afeta uma área de nossa vida, contudo, a procrastinação afeta todas as áreas de nossa vida.

Devemos, então, tomar decisões baseadas no fato de que você tem um Deus que o protege, a fé não é escuridão, é clareza. Quando for decidir, Mike fala:

- Pai, esta é a minha decisão, quero a sua vontade e não a minha. A seguir entre em ação.

Há uma coisa exclusiva do cristianismo, ela chama liberdade.  Procurar a vontade de Deus com nossa compreensão finita, esperando sempre não deixar de vê-la é a causa de muita miséria. Tentamos fazer um retrospecto de nossos atos enquanto minimizamos todo o tempo a atividade dele em nossas vidas.

Somos designados para agir e não para a incredulidade da procrastinação

A amargura também não se ajusta ao discípulo, pois ela nunca produz o que promete. 

"Duas fontes comuns de amargura são as acusações falsas e sentir-se usado por alguém. Se você não conseguir aceitar  que outros pensem que está errado quando sabe que não está, pense que a verdade invariavelmente  acaba prevalecendo, portanto, a fé pode sempre esperar. Quando for usado, em vez de permitir que a amargura se instale, aceite que você está sendo usado e vá em frente" p. 63

O pessimismo também não se ajusta ao discipulado celestial, o pessimista é uma pessoa egocentrica, tudo existe para sua satisfação. 

"o mais surpreendente é que essas pessoas hipersensíveis são paparicadas por crente bem-intencionados por causa de um falso conceito do que significa ser espiritual. Ser espiritual é falar a verdade em amor. A verdade  não só liberta, como também é um grande divisor... a resposta é realmente muito simples: diga a verdade a eles em amor. Se estiverem decididos a andar na carne , a verdade irá afasta-los de você" p. 65

O discipulo celestial tem em si o poder de criar felicidade para os outros.

O discipulo celestial deve compreender suas fraquezas, seus desajustes e aceita-los.  Existe um alvo para cada um de nós, muitos se perdem no meio do caminho devido a sua divisão interna.  Ag

Pensando liderança a partir de Henri Nouwen



Para Henri Nouwen em "O Curador Ferido", o grande problema das pessoas hoje podem ser pensados em três aspectos: a questão interior mal resolvida, a ausência de pais e a inquietude. A liderança cristã deve ser um articulador da vida interior, um homem compassivo  e o líder como um crítico contemplativo.

O ministro deve clarificar o mundo interior das pessoas, para tanto ele deve ser capaz de articular em sua própria vida e experiência. O líder cristão é o que guia a confissão, segundo Nouwen, que homem é homem e Deus é Deus e de quem sem Deus, o homem não pode ser homem.

Não se trata de técnicas, mas relacionamento numa caminhada de fuga da terra da confusão para a terra da esperança. 

Pensando em minhas conversas com Carlos McCord, as definições vem sempre antes, saber o que é fé, o que é conversão e o que é frutificação. O grande problema hoje é a multidão de definições e indefinições que existem no mundo e no mercado o que gera uma maior confusão das pessoas e da própria liderança a respeito de sua vida interior.

A segunda questão que Nouwen levanta é sobre a carência dos papéis paternos, a resposta dele é compaixão. A compaixão torna-se autoridade porque não cede as pressões de grupo, aponta a possibilidade do perdão e da humildade. 

Contudo, há o grande perigo de uma paternalização da liderança.

A terceira característica resposta do ministro é que ele deve ser um ministro contemplativo. 

Nouwen diz que hoje há uma completa inquietude na geração atual devido a falta de ideais por causa da ausência de pais e também da falência de utopias. Para pensarmos esta questão ainda mais vamos dialogar com o sociologo Zygmunt Bauman, em seu Vidas Desperdiçadas:


Os problemas de hoje mudaram: são relacionados aos objetivos, e não limitados pelos meios. As rotinas de outrora, alvos dos vitupérios e da indignação de tantos, enquanto elas estavam em pleno vigor, foram agora abandonadas -levando consigo para o túmulo aquele crédito que inspirava segurança. Agora não se trata mais de encontrar meios para atingir fins definidos de modo claro e então segurá-los com firmeza e usá-los com o máximo de habilidade para obter o maior efeito possível. A questão agora é a indefinição (e com muita freqüência o irrealismo) dos fins - que se desvanecem e dissolvem mais depressa que o tempo necessário para atingi-los, são indeterminados, não-confiáveis e comumente vistos como indignos de comPromisso e dedicação eternos. As regras de admissão aos trajetos estabelecidos e as permissões de embarque também não merecem mais confiança. Se não desapareceram  de todo, tendem a ser eliminadas e substituídas sem aviso. O mais importante é que, para qualquer um que tenha sido excluído e marcado como refugo, não existem trilhas óbvias para retornar ao quadro dos integrantes.  (p. 25)


Como pode o líder ajudar esta geração a encontrar lugares para criatividade e ser realmente um agente de mudança?  Para Nouwen, o ministro que descobre em si mesmo a voz do Espírito Santo e redescobre os homens como seus companheiros de viagem, ajudando-se na compaixão mútua, pode ver as pessoas e revelar a elas atos de um novo mundo. Como um contemplativo crítico, no dizer de Nouwen,  não está absorvido pela ordem do dia e nem distanciado da beleza do dia.

Assim olha o mundo olhos críticos e ao mesmo tempo compassivos.

Para Nouwen, o homem de oração é capaz de descobrir nos outros a face do Messias, e fazer visível aquilo que está ocultado, fazer palpável o que é inalcançável.



O lider cristão é como um artista que dá expressão as preocupações pessoais de outras pessoas. A fé no significado e no valor da vida é um princípio da liderança cristã.  O líder cristão não é líder porque anuncia uma nova idéia e tente convencer os demais do seu valor, é porque encara o mundo com os olhos cheios de expectativa, com habilidade de arrancar o véu que cobre todas as potencialidades escondidas.


O líder cristão é um homem de esperança, que não vem de uma auto-confiança baseada em sua personalidade, nem tampouco de uma expectativa concreta sobre o futuro, mas da promessa que lhe foi dada.


Nouwen lembra que construir uma liderança cristã com esperança de resultados concretos  é como construir uma casa na areia, e até nos tira a capacidade de  aceitar os êxitos como  um dom gratuito.


Esperar o amanhã como um ato de liderança cristã exige uma preocupação pessoal, uma profunda fé no valor  e no sentido da vida e uma forte esperança que rompe as barreiras da morte.


No quarto capítulo, Henri Nouwen fala sobre o ministério levado a cabo por um ministro sozinho, o que cura desde suas feridas. Ele lembra que o Messias é reconhecido pelas suas feridas que curam. Ele é ao mesmo tempo o ministro ferido e o ministro que cura.


Quais são as feridas do ministro ferido: isolamento, alienação, solidão  e separação.  A solidão talvez seja a palavra mais característica, vivemos numa sociedade de competência e rivalidade que levam ao isolamento. Contudo, no entender de Nouwen, devemos entender que a nossa solidão é parte também da nossa condição humana, que nos ajuda a compreender o ser humano. 


O ministro também sofre um outro tipo de solidão, quando começa a notar que seu impacto sobre os demais está diminuindo. Ao ministro se pede que fale sobre as últimas preocupações, mas fica isolado externamente pela cortesia.


A ironia é que o ministro que quer mexer no centro da vida dos homens, se encontra ele mesmo na periferia, buscando inutilmente que o admitam. Um conhecimento profundo de sua própria dor permite converter sua debilidade em força e oferecer sua própria experiência  como fonte de cura para os demais que estão perdidos na escuridão de seu sofrimento incompreendido.


O ministro que cura a partir de suas feridas,  fazer de suas  feridas uma fonte de cura não é uma chamada para compartilhar as dores pessoais superficiais, senão um constante desejo de ver o sofrimento de si mesmo como surgindo do fundo da condição humana que todos compartilhamos. 


Nouwen desenvolve o conceito de hospitalidade, para ela converter-se em poder curativo abarca dois conceitos: interiorização e comunidade. Nossa presença não é ameaçadora ou exigente, mas acolhedora e libertadora.










Bibliografia:

BAUMAN, Zygmunt Comunidade: a busca por segurança no mundo atual

NOUWEN, Henri El Sanador Herido

terça-feira, junho 26, 2012

A necessidade vital de sermos gratos.


Lucas 17.11-19:   E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia;  e, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe.   E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!   E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.  E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.


Aquele que foi grato.

Esta história de Jesus é muito conhecida sobre a ingratidão humana, Jesus estando numa aldeia se depara com dez leprosos,  que pedem pela misericórdia do Senhor. Naquela época os doentes incuráveis andavam sempre em grupo para não contaminarem mais ninguém (Lm 4:15). 

Jesus lhes ordena que vão até ao sacerdote se apresentarem (cf. Lv. 13:45.46; 14:2). Indo eles, pelo meio do caminho, ficaram limpos da lepra. Apenas um dos nove voltou para Jesus glorificando a Deus em alta voz, e caindo aos pés do Mestre agradeceu-lhe e este era samaritano. 

Jesus pergunta a ele, cadê os outros nove? Não houve ninguém que voltou a não ser aquele que era estrangeiro. Jesus  diz ao samaritano para levantar e ir porque a fé dele o salvara.

É bem provável que quando lemos esta história torcemos o nariz, achando que jamais seriamos como aqueles nove, é claro que faríamos como o samaritano.  Contudo, não é bem assim a realidade de nossas vidas. 

Um dos primeiros pontos de Jesus nesta história é mostrar que uma verdadeira gratidão é bem mais do que aquele sentimento quente no coração, ela precisa ser manifesta na vida, ela quando realmente cai no coração muda a nossa a vida.

Os outros nove leprosos talvez tivessem no seu coração um sentimento de gratidão em relação aquilo que Deus fez na vida deles, mas a impureza do coração ainda permanecia debaixo de uma pele agora limpa. 

A gratidão a Deus nos leva a uma vida em que glorificar a Deus é tudo em nossa vida, ela se manifesta mais do que em um simples calor no coração, ela transforma a nossa vida. É a prova da fé que agora controla a nossa vida e que a alegria nossa é engradecer o nome de Jesus em nossa vida, esta é a fé que salva, a confiança de que nossa vida foi realmente transformada por Jesus e não apenas nossas circunstâncias, Ele é a nossa alegria.

O perigo da ingratidão

Romanos 1.20-23   Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!

Em seu tratado teológico sobre a condição humana em Romanos 1, Paulo coloca claramente que um dos motivos da queda e da desgraça humana é que mesmo tendo conhecido a Deus, nós não glorificamos a Ele como Deus, nem damos graças a Ele.

A ingratidão está na raiz do pecado humano, ela é a causa do nossa escuridão porque fecha o homem em si mesmo. Colocamos aquilo que Deus fez no mesmo patamar daquilo que fazemos, e assim, está pronta a idolatria.

Quantas vezes obscurecemos o favor de Deus em nossa vida com nossos pensamentos, talvez, achando que aquilo que Ele fez e faz por nós é  não é nada demais ou até mesmo, que merecemos tal coisa. Transformamos a glória de Deus em nossa própria glória, quando deixamos de honrar a Ele por todas as coisas que Ele tem feito em nossa vida. 

Viver sem gratidão é viver sem depender de Deus, é achar que podemos salvar a nós mesmos através de nossos desejos e conquistas, é transformar a verdade de Deus em mentira, e honrar a criatura mais do que ao Criador.

Pode ser que no fundo do nosso coração temos um sentimento de gratidão a Deus, mas se este sentimento é apenas uma sensação, e não algo que transformou a nossa vida. Deus é apenas um auxílio ou uma força para o nosso verdadeiro deus: nós mesmos e a coisas.

Toda a sorte de pecados em nossa vida nasce da ingratidão, quando colocamos outras coisas em nossa vida como aquilo que gera um sentido de vida para nós. É quando colocamos a fé a honra em qualquer coisa além de Deus para sermos felizes, isto nos leva ao pecado e a perdição:

Romanos 1:28-30: E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe;


A verdadeira fé gera gratidão.

Romanos 1.17   Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.


A fé verdadeira não combina com ingratidão, primeiro porque a própria fé é um presente de Deus para o ser humano (Ef. 2:8).  Hoje, se pensa fé como um esforço pessoal para alcançar a graça de Deus, mas fé nunca foi calculada pela medida da força humana.No próprio capítulo 17 de Lucas, Jesus diz que uma fé do tamanho de um grão de mostarda pode fazer muita coisa, porque a fé não está baseada no tamanho do homem, mas na pessoa do próprio Senhor Jesus.  É um presente dele para ele.

Por isto também, a história dos leprosos está ali, para demonstrar que uma fé verdadeira tem como consequência um coração grato de verdade.  Jesus conta no mesmo capítulo a parábola do servo inútil, ou seja, ele nos ensina que a disposição daquele que segue a Deus não pode ser a busca por interesses pessoais, mas uma inclinação natural na vida daquele que segue a Deus e tem na presença de Jesus, o salário mais precioso desta vida.

Para vivermos precisamos de fé, para vivermos precisamos que a gratidão seja muito mais do que um simples sentimento de ser grato, ela se manifeste em nossa vida.

Isto só é possível quando Jesus é a nossa própria vida e entendemos no coração que tudo que temos é porque Ele nos dá. Aí não restará outra resposta para nós a não ser: gratidão.

sexta-feira, junho 22, 2012

Jurgen Moltmann: Escatologia e Revelação

No primeiro capítulo de Teologia da Esperança, Moltmann começa falando sobre a redescoberta da escatologia e a ineficácia dessa descoberta.  O autor analisa como o renascimento da escatologia na teologia e suas novas teorias e fracassos.

"...como resultado do esforço escatológico da atualidade, encontramos, antes de tudo, o fato pouco satisfatório de uma escatologia cristã enquadrada na concepção histórico-salvífica da história, para a qual a escatologia se refere aos fatos derradeiros da história; temos ainda a escatologia transcendental, para a qual o eschaton significa simplesmente a presença transcendental do eterno, e finalmente, uma escatologia interpretada existencialmente, para a qual o escathon é o kairós do encontro com o querigma" p. 59

Moltmann coloca que a escatologia deve ser lida como promessa sendo sua linguagem básica e não o logos grego.  Como também o cristianismo e sua institucionalização perdeu sua capacidade inquietadora e crítica.

No segundo ponto, o autor fala sobre promessa e revelação de Deus, antes de falar da relação, ele busca um conceito escatológico sobre revelação. Na teologia, o conceito está ligado a demonstrabilidade ou não de Deus, e sua relação com a teologia natural. A redução ao problema do conhecimento de Deus pode levar a um formalismo.

A saída para o autor, é ligar o conceito de revelação ao de promessa, Deus se revela sob a forma de promessa e pela história da promessa. Mais do que epifania e revelação, o que caracteriza a história bíblica é a promessa e fidelidade de Deus.

"Se a promessa é determinante da linguagem e do sentido da revelação de Deus, então qualquer concepção teológica da revelação bíblica deve ser compreensão de teor escatológico" p.62

Outro ponto, vem da teologia dos reformadores, para eles a fé é dada pela promessa, assim, esperança. A confiança que Deus não mente, e se manterá fiel à palavra de sua promessa.


O terceiro ponto do capítulo, vai tratar da escatologia transcendental. Este ponto vai responder a seguintes perguntas:


1. Conceito de escatologia que orienta e domina a idéia de auto-revelação de Deus em Barth.


2. A compreensão de revelação como manifestação do ser próprio de Bultmann.

A escatologia transcendental tem a ver com a filosofia kantiana, se Deus não revela outra coisa senão a si mesmo, então a finalidade e o futuro da revelação se identificam com ele.  A revelação e o escathon são o ele mesmo de Deus. "Nesse caso, a revelação não abre e nem promete qualquer futuro novo, nem mesmo tem um futuro, que seria algo mais do que ela mesma. A revelação de Deus é, portanto, a vinda do eterno para o ser humano, ou a entrada do ser humano em si mesmo" (p. 66) O em si mesmo é que caracteriza o termo kantiano do transcendental.


Kant reduz a escatologia a ética, pois estamos presos ao cogniscível aos sentidos. 


quarta-feira, junho 20, 2012

Mike Wells: O discípulo e o eu.

No capítulo 2 de Discipulado Celestial, Mike começa a falar do senso de futilidade da vida que se encontra hoje no mundo. O suicídio hoje mata mais do que doenças fatais, contudo, a vida não é fútil, o estilo de vida das pessoas podem ser, mas esta distinção não pode ser percebida.

Se a vida termina na morte, o que fazemos é fútil. "A questão não é o valor duradouro do que fazemos ou não fazemos (ficar ricos, ajudar outros, construir a casa dos sonhos, educar-se), todas essas coisas passam. Tudo que fazemos só tem valor no que se refere ao seu impacto sobre as nossas vidas eternas. O que fazemos irá aumentar ou esvaziar a vida. Se a considerarmos de qualquer outro modo, acabaremos decepcionados" p. 19

O homem foi criado com um espírito- a consciência de Deus -, uma alma -mente, vontade e emoções- e um corpo.  Na criação, o homem tinha controle sobre a vida, contudo, na queda o corpo, o mundo e o inimigo dominaram a vida.  O resultado foi morte para Deus no espírito, caos na alma e destruição do corpo e do mundo.

"Quando você convida Cristo para entrar em sua vida, seu espírito que estava morto para Deus é substituído por um novo espírito e pelo próprio espírito dele. Os dois se fundem, se tornam um (...) A vida de Cristo e a vida do cristão são inseparáveis. Você não é mais como o primeiro Adão, porque faz parte de uma raça nova e melhor, chamada de filhos de Deus" p. 22

Contudo, a prova do que você é revelada não por suas vitórias, mas por suas batalhas.  O conflito surge porque você não mais se adapta à derrota e ao mundo. 

"A vida que se expande em nós não é uma vida que deixaremos na terra, mas uma vida que já está estabelecida no céu, uma vida que continuará a expandir-se por toda a eternidade, uma vida digna de ser vivida" p. 25

Na mesma página, Mike apresenta o tema do livro:

"O tema deste livro é tornar Jesus nosso foco, viver em sua presença e descobrir assim que não há nada que a sua proximidade não cure. Embora essa seja uma verdade uma verdade que raramente não precise de provas, podemos todos prová-la para nós mesmos. Quando Ele não é o centro da vida, nos sentimos incompletos."p. 25
A seguir, o autor coloca dois pontos para sabermos que Cristo entrou em nossa vida.  O primeiro é perguntar-se se somos ou não salvos. A segunda maneira é se sentimos frustação quando começamos a andar na carne. Quando Cristo entra em nossa vida, o nosso velho eu foi crucificado, se estamos com ansiedade na vida é sinal que estamos tentando voltar ao cemitério ressuscitar nosso velho eu. Para Mike, não há uma luta entre as duas vidas, há uma vida viva e uma morta.

Contudo, a pessoa morta deixa uma bagagem, o problema é confundir esta bagagem com a própria velha vida morta. "O problema não é o conflito entre a velha e a nova vida interior, mas está no que você fixou em sua mente" p. 29

Se deixarmos uma mentira dominar a nossa mente, pensando em Romanos 8.6, ele diz:

"A condição da carne está permitindo que a alma (mente, vontade e emoções), corpo e mundo ditem a nossa condição espiritual. A condição de andar no Espírito é inversa, pois a vida de Cristo está no controle" (p.30)

Para um discípulo, que foi crucificado com Cristo, sua velha vida não pode ser mais sua obsessão.  "Quando confiamos no velho homem, na vida de Adão, a natureza decaída, a nossa frustração não tem origem numa batalha entre o velho homem e Cristo, mas em confiarmos em algo morto. Repito: enterre!" p.31


A seguir, Mike começa a falar sobre as nossas verdades (da bagagem) e a verdade que está em Cristo.  Devemos levar sempre as nossas até Ele. 


"Fico continuamente admirado ao ver quão poucas passagens bíblicas tratam de sexo, casamento, família e até santidade, todavia, quantos milhares de livros são escritos sobre esses tópicos? Por quê? A verdade maior, Jesus, é diminuída ou completamente omitida. Quando Jesus é considerado, as dúvidas desaparecem" p. 33


Nosso pensamento, nossa mente tem que focar na pessoa de Jesus,  quando não estamos com Ele como nosso foco, nossa vida retorna ao caos. O problema está na disputa entre o ego, o desejo do homem ser seu próprio deus e fonte de alegria, este ego quer dominar cada situação de nossa vida. 


Jesus não é um sistema, uma lista de regras, não é questão de ajuste, é uma questão de relacionamento e permanência nEle. Não existe nada que a proximidade com Jesus não possa curar.


O mundo e a religião tentam definir como deve ser a vida, contudo, o mundo foi criado por Deus,  e aquilo que não é sustentado por Ele é anti-Deus. Assim, nossa relação com pecado é anti-natural, pois há uma promessa que não pode ser cumprida, uma felicidade que não nos atrai mais. 

"Jesus é a expressão da verdadeira vida. Tudo que o mundo apresenta é uma imitação que a própria vida mostra ser errada" p. 43


A vida guiada pelo Espírito é uma vida de alegria, natural, ver Jesus é ver como é viver, sua vontade e a nossa não entram em disputa, pois ela é a nossa mais perfeita vontade.  Este relacionamento não somos nós quem criamos, mas o próprio Deus que é o criador - Gl 4.9.


A minha vontade e a dele não são contrárias.

Lendo TEOLOGIA DA ESPERANÇA

Tentando ler Teologia da Esperança de Jurgen Moltmann.






Na introdução de seu livro, chamada de Meditação sobre a esperança, o autor fala sobre a sua noção de escatologia cristã  como motriz de sua teologia, uma teologia da esperança.

Para o autor, qual seria o lógos da escatologia cristã. Há uma identidade entre escatologia e esperança cristã:



"O escatológico não é algo que se adiciona ao cristianismo, mas é simplesmente o meio em que se move a fé cristã, aquilo que dá o tom a tudo que há nele, as cores da aurora de um novo dia esperado que tingem tudo que existe" p. 30




A teologia deve ser pensada a partir de sua meta futura, a escatologia não deve ser seu fim, mas seu princípio. 


Para Moltmann a expressão escatologia é falsa, pois não poderia haver uma doutrina a respeito de coisas que não há experiência.  Para ele, a escatologia cristã como base uma realidade histórica e prediz o futuro da mesma, a partir da ressurreição de Jesus e anuncia o futuro do ressuscitado.


Contudo, a esperança cristã não pode ser concebida a partir da experiência:


"As afirmações doutrinárias encontram sua verdade na correspondência, verificável, com a realidade presente e experimentável. As afirmações da esperança estão necessariamente em contradição com a realidade presente e experimentável" p. 32


A esperança cristã se dirige para o que ainda não está visível e experimentável. A esperança é então fundamento da teologia e não doutrinas ou experiência.


Depois, Moltmann fala sobre a esperança da fé, na contradição entre a palavra da promessa e a realidade experimentável do sofrimento e do pecado.


"A fé transcende essas realidades, pois não se refugia no céu nem na utopia e, tampouco, sonha estar em uma outra realidade. Ela apenas pode transpor os  limites da vida humana, cercada por muros de sofrimento, pecado e morte, onde estes foram realmente derrubados; apenas pela aceitação do Cristo ressuscitado, do sofrimento, da morte, do abandono de Deus e do túmulo, ela ganha perspectiva para amplidão em que não há mais opressão, para a liberdade e para o gozo" p. 34
A fé, para Moltmann, une o  homem a Deus, abre a esperança para um novo futuro. A fé e a esperança andam ligadas. 


"A fé em Cristo transforma a esperança em confiança e certeza, e a esperança torna a fé em Cristo ampla e dá-lhe vida" p. 35
Se para a fé continuar vida depende da esperança, então o pecado da descrença, no entender de Moltmann, está sustentado pela desesperança. A desesperança pode assumir duas formas, presunção ou desespero. 


A esperança está ligada a fé e ao amor, que nos arrancam do tempo, sendo inteiramente presentes. Moltmann diz que Paulo em Rm 4.17, coloca um Deus que ressuscita os mortos, que está presente quando se aguardam suas promessas em esperança e se esperam coisas novas. No Deus que chama o não-ser ao ser, também o ainda-não-ser, o futuro, se torna plausível, porque pode ser esperado (p.47).


Quanto ao relacionamento entre esperança e pensamento, Moltmann diz:


"Se a esperança impele a fé à reflexão e à vida, como esperança escatológica ela não pode se distanciar das esperanças orientadas para metas inferiores e alcançáveis, para as mudanças visíveis na vida humana, a ponto de tudo reservar a um outro reino que é seu futuro supraterreno e puramente espritual" p. 50





terça-feira, junho 19, 2012

A graça de Deus e nossa falta de memória.

MARCOS 8:1-10: Naqueles dias, havendo mui grande multidão e não tendo o que comer, Jesus chamou a si os seus discípulos e disse-lhes:   Tenho compaixão da multidão, porque há já três dias que estão comigo e não têm o que comer.    E, se os deixar ir em jejum para casa, desfalecerão no caminho, porque alguns deles vieram de longe.  E os seus discípulos responderam-lhe: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto?  E perguntou-lhes: Quantos pães tendes? E disseram-lhe: Sete.    E ordenou à multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães e tendo dado graças, partiu-os e deu-os aos seus discípulos, para que os pusessem diante deles; e puseram-nos diante da multidão.  Tinham também uns poucos peixinhos; e, tendo dado graças, ordenou que também lhos pusessem diante.   E comeram e saciaram-se; e, dos pedaços que sobejaram, levantaram sete cestos.  E os que comeram eram quase quatro mil; e despediu-os.  E, entrando logo no barco com os seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.


Todos nós conhecemos a história da primeira multiplicação, contudo, eu acho muito mais curiosa a segunda multiplicação. Como os discípulos de Jesus após terem vivenciado aquele primeiro grande milagre em tão pouco tempo, agora se esquecem dele e duvidam que podem alimentar a multidão?

1. Por que nos esquecemos da salvação de Deus?

Mike Wells em seu livro Discipulado Celestial fala que somos muito rápidos para fazer uma lista daquilo que estamos fazendo para Deus e, por vezes, nem conseguimos pensar naquilo que Deus está fazendo em nós.

Os discípulos parecem que estão nesta situação, eles junto com a multidão estão há três dias seguindo Jesus, no verso 4, eles respondem para Jesus: donde poderá alguém satisfazê-los aqui no deserto?

Eles estavam contando seus peixes, pensando temos 7 peixes, estamos fazendo isto e aquilo, enfim, contando com seu próprio esforço. Quando olhamos para nós mesmos diante  de uma situação em que nossas forças não podem mais nos sustentar, o desânimo e as próprias razões parecem que ganhar da misericórdia e da fé.

De fato, quando estamos diante de problemas em que nossas forças não são mais capazes de nos levar adiante, achamos que estamos no fim do caminho. Que estamos a ponto de morrer, como aquelas pessoas iriam morrer no deserto famintas.

Não podemos encontrar satisfação em nossas próprias forças, nem na nossa própria história de caminhada com Jesus. A fé não nasce daquilo que fazemos para Deus.

2. Pão no deserto?

As nuvens escuras dos problemas parecem cegar nosso entendimento, os discípulos estavam diante do próprio Deus. A falta de memória daquilo que Deus fez por ele é tão grande que eles se esqueceram da primeira multiplicação. Como também se esqueceram de uma passagem chave do antigo testamento, o maná lá de Exodo 16:

 “o povo de Israel chamou maná aquele pão. Era branco como semente de coentro e tinha gosto de bolo de mel” (Êxodo 16:31).

Deus está presente, o problema é que, muitas vezes,  precisamos para ir para o deserto, onde não há mais nada em que confiarmos, para ele voltar a ser o centro da nossa vida.

A provisão de Deus para as nossas vidas vai além das nossas necessidades, porque Deus é muito maior e melhor que nós mesmos para providenciarmos aquilo que realmente precisamos na vida. A graça de Deus vai além das nossas expectativas e necessidades.

Sobrou pão e sobrou peixe, aquilo que não havia, agora tem mais do que precisava. Porque a misericórdia de Deus vai além da nossa. Nunca podemos nos conformar com aquilo que fazemos para Deus, porque muito mais e melhor é aquilo que Deus quer fazer em nós.

3. O verdadeiro Deus da satisfação.

Assim que chegam em Dalmanuta, os fariseus pedem a Jesus um sinal dos céus, vendo que era uma armadilha, Jesus nega qualquer sinal a eles.  De volta ao barco em outro local, Jesus fala para os seus discípulos se guardarem do fermento dos fariseus.

Marcos como um bom escritor, coloca ironicamente a resposta dos discípulos perdidinhos que esqueceram os pães: é porque não temos pão. (vs. 16)

Marcos 8.17-21   E Jesus, conhecendo isso, disse-lhes: Para que arrazoais, que não tendes pão? Não considerastes, nem compreendestes ainda? Tendes ainda o vosso coração endurecido?   Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? E não vos lembrais   quando parti os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Disseram-lhe: Doze.  E, quando parti os sete entre os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? E disseram-lhe: Sete.  E ele lhes disse: Como não entendeis ainda?

O nosso coração fica endurecido quando o fermento dos fariseus entra dentro dele, pensamos que aquilo que fazemos  move a mão de Deus em nosso favor. 

Não há sinal de Deus para mostrar poder, o sinal dado por Deus é para demonstração da sua misericórdia e graça que devem ser provados e providas a cada manhã como o maná do Deserto.

Confiar em Deus não é confiar na fraqueza de nossas forças e opiniões, mas na graça e misericórdia do Senhor que vai muito além das nossas necessidades.

quinta-feira, junho 14, 2012

Silas Malafaia é ou não pastor de prosperidade?




Não é de hoje que a internet virou um campo de “terra de ninguém”, onde ilustres desconhecidos, que se tornaram críticos vorazes, e usam todo tipo de instrumento para caluniar, difamar, denegrir, e criar toda espécie de mentira para destilar o ódio que tem daqueles que conquistaram um espaço dado por Deus na grandiosa seara evangélica. São pessoas frustradas, recalcadas, invejosas, onde o sucesso dos outros incomoda muito mais do que seu fracasso ou mediocridade.Virou moda no meio evangélico falar daqueles que, unicamente, por bondade e misericórdia de Deus, conquistaram um espaço. Gente cheia de ódio, querendo dar lição de moral, pessoas que não tem nenhuma notabilidade ou reconhecimento em nossa comunidade e que querem crescer a custa da história dos outros, e não de sua própria história. Tenho que rir, ha ha ha ha. Gente falando da minha vida, que eu nunca “vi nem mais gordo, nem mais magro”.

O Pastor Silas deve estar nervoso com outras questões, então, generalizou a questão para tentar desvencilhar a atenção sobre um ponto básico, em seu ministério pastoral, ele tem, sim, se aliado a pastores que defendem abertamente a teologia da prosperidade através de seu programa, eventos e até lançou uma bíblia sobre o tema.
O argumento da autoridade é um recurso retórico descabido aqui, ele diz que o outro não tem cabedal e nem a expressão pública que ele tem. Contudo,  a razão das críticas contra a teologia da prosperidade não é por ser ele seu defensor, mas por ele defende-la. A questão não é sobre seu ego, sua  pessoa, mas sobre suas idéias. Acredito que o interesse não é moral, mas intelectual. Falsear esta questão intelectual para uma questão de que é apenas um comportamento invejoso, isso sim, seria imoral.


Para estes, deixo Mateus 7:1 “não julgueis, para que não sejais julgados”, e Lucas 6:38b “porque com a mesma medida que medirdes, também vos medirão de novo”.Como não têm o que falar da minha moral, chegam às raias de profetizar – porque a boca fala o que o coração está cheio – de que eu vou cair em pecado. Desconfio que alguns chegam a orar por isso, mas declaro que nenhuma arma forjada contra mim prevalecerá. Tudo o que falo, todas as minhas ações, são exaustivamente monitoradas. Segundo eles, virei a palmatória do mundo evangélico. Tenho que falar e comentar tudo, se eu deixar passar alguma coisa é porque fui comprado ou fui omisso. Mais uma vez tenho que rir, ha ha ha ha.
Bom, mais uma vez há uma confusão de temas, querer que um pastor caia em pecado é uma abominação, concordo com ele. Mas, isto é um outro tema, outro assunto. Ninguém cristão deseja em sã consciência que outro caia. O julgamento, ao meu ver, não pode ser efetuado sobre a presença ou não do Espírito Santo, mas sobre suas convicções e idéias. Discordo de quase tudo que o pastor Silas diz, mas jamais podemos afirmar que ele não é um filho de Deus, isso é realmente reprovável. 
Agora, que suas ações e palavras são monitoradas é o custo de ser uma figura pública que se apresenta como defensor da sã doutrina, como diz Tiago, os mestres são mais cobrados por suas palavras. É bíblico que assim o seja.

Há poucos dias, lancei um desafio para aqueles que dizem que mudei a minha teologia e que agora eu sou da teologia da prosperidade. Coloquei uma mensagem no ar: “uma vida de prosperidade”, que pode ser vista na íntegra, no fim deste artigo. Esta mensagem representa a minha convicção teológica sobre prosperidade. Os desafiei a contraditar na Bíblia, e até agora não apareceu um, a não ser bravatas, calúnias, argumentações filosóficas, e pasmem: montagem de vídeos com minhas falas, se utilizando de parte de mensagem, igualzinho aos ímpios inescrupulosos fazem quando querem difamar alguém. Em uma dessas, o filho do diabo – porque não pode ser crente – pegou um pequeno trecho de uma mensagem que preguei na Assembleia de Deus do Bom Retiro quando afirmei: “vai pregar prosperidade na África que eu quero ver”. Em que sentido eu estava falando isso? Sobre o besteirol teológico que diz que todos vão ficar ricos, e se você não tem algo é por não ter fé, e vai por aí a fora.
Continuo desafiando quem vai me contraditar na palavra de Deus! Se você não acredita em prosperidade é problema seu. Em síntese, prosperidade é obedecer as leis de Deus. Aconselho você a ler Salmo 1:1-3, Salmo 112:1-3, Lucas 6:38, II Coríntios 9, Provérbios 11:24,25, II Crônicas 26:5, Malaquias 3:8-10, Salmo 35:27, e tem muito mais.


Este trecho fica obviamente confuso. As passagens referidas muitas não falam de prosperidade material, ele antes diz que não quer ser examinado pelos outros,mas agora desafia os outros a ouvirem suas pregações. Então, acho que falta ele decidir o que quer.


A você que está lendo este artigo, analise quem são estes ilustres desconhecidos que me atacam! O que eles têm feito em prol do evangelho? Que riscos já correram por suas posturas em defesa da igreja? Sou pastor há 30 anos, casado com a mesma mulher, membro da mesma igreja, há 25 anos abdiquei do salário de pastor, não que seja pecado ou ilegal, pelo contrário, tremendamente honroso. Meu último salário como pastor foi o equivalente a 5 salários mínimos. Fiz isso por uma visão que Deus me deu para poder ter independência total. Se tiver que receber salário de novo não hesitarei, e a Igreja que sou pastor sabe honrar os ministros do evangelho. Você não tem ideia das privações que passei.
Estão falando de que? Por que Deus tem me abençoado? Honrado a minha fé e fidelidade? O que sabem a respeito da minha liberalidade? Estão com raiva porque ganhei um carro blindado de presente, e os invejosos nunca ganharam uma roda de bicicleta? Estão com raiva porque ganhei de presente um relógio de ouro, e os invejosos nunca ganharam um relógio do Paraguai?Este tipo de gente quer ver pastor mendigando, e terrivelmente dependente. Vai ler na Bíblia como Deus tratava o sacerdote no antigo testamento, e a conexão entre o antigo testamento, e o novo testamento em I Coríntios 9. Tenho a perfeita consciência que apesar dos meus defeitos e limitações, Deus tem me levantado neste tempo como uma voz profética e apologética. Não preciso provar nada para ninguém, o meu ministério e a minha vida são testemunhos do que Deus tem feito. Tenho sido ameaçado, caluniado, difamado, investigado por Ministério Público e Receita Federal, monitorado 24 h para ver se cometo algum deslize, inclusive pelos que se dizem irmãos, mas quero afirmar que estas coisas não me desanimam, pelo contrário, é um verdadeiro combustível para continuar e ter a convicção de que estou no caminho certo, pois só atiram pedra em árvore que dá fruto. E a maior prova de que Deus está me usando é que quando eles estão falando de mim, é porque reconhecem o meu ministério, se não, não falariam.Só resolvi escrever este artigo para proteger os fracos, e os novos na fé, para não serem envenenados pelos ilustres desconhecidos invejosos. Para o maior caluniador, que é o diabo, e aqueles que se deixam ser usado por ele, e para você, meu irmão, que tem discernimento espiritual, declaro: ATÉ AQUI ME AJUDOU O SENHOR!Pastor Silas Malafaia
Este trecho final é absolutamente ridículo, falta ao Pastor Silas um editor. Alguém que pegue o texto e coloque numa gaveta, e depois de um mês pergunte, você quer mesmo publicar isto? 
Se sua vida tem alcançado prosperidade material é muito bom para ele e para sua família, mas acho que nenhum de nós tem nada a ver com isto se tudo foi conquistado pelo seu trabalho de forma idônea. Eu não quero nem saber quanto ele ganha ou deixa de ganhar.
O problema é que a mentalidade da teologia de prosperidade leva a uma mentalidade de batalha, seus esforços para Deus geram frutos para você, no fundo é um processo de cristianismo puramente carnal.  Como Deus tem o sucesso para você, o inimigo quer seu insucesso, aí você polariza a vida entre o eu x inimigos, e Deus é apenas um meio para você vencer na vida.
Jesus disse que qualquer um que quiser ganhar a própria vida, perde-la-á. Isto é uma verdade do evangelho, se o foco são seus interesses, desejos e conquistas, eles são seus deuses e não Deus.  Deus aparece como um varão de guerra para ajudar você a massacrar quem não está com você.
Meu problema com as pregações do Pastor Silas é que elas enfatizam sobremaneira aquilo que as pessoas querem, talvez para dar mais audiência.  A vida cristã é vista como um esforço para ser vitorioso, quando a verdadeira mensagem do Evangelho é que estamos mortos para nós mesmos, então tudo é lucro, a morte ou a vida, o elogio ou a desonra, porque agora a vida não são as conquistas ou derrotas, mas o próprio Cristo.
Falta nas mensagens desses pregadores de televisão: Jesus Cristo glorificado em si mesmo. Estou cansado dessas fórmulas de como ou que devo fazer, nada mais precisa ser feito, Jesus é tudo em todos.
esta é uma mensagem de um seguidor de Jesus, esse desconhecido.

Mike Wells - Discipulado Celestial



Em Discipulado Celestial, Mike Wells trata de um discipulado não o da religião/mudano, mas o celestial/ de Jesus. 

Logo, no primeiro capítulo Mike faz uma diferenciação entre o que seria o discipulado mundano e o celestial.  O mundano enfatiza aquilo que pode ser obtido pelo esforço manipulado culpa através de ações. O celestial enfatiza aquilo que o crente já tem.

O discipulado mundano  é determinado por grandes realizações,  pelas conquistas pessoais.

"O discipulado toma a forma de um molde que pode tornar simples repetidores os que se julgam insuperáveis na disciplina, enquanto a mão amorosa de Deus na vida dos fracos, derrotados e vacilantes nunca é considerada" p. 11

São ensinados a mudar, mas ficam alheios ao segredo de expandir a vida que já possuem. É persuadir  um filho de Deus a empregar  fórmulas mundanas para tornar-se espiritual.  Andar na carne, segundo Wells, é andar com o espírito, a alma - mente, vontade  e emoções - e corpo sob a influência controladora de algo que não seja Cristo. Tem a ver com a escolha de Adão e Eva no jardim, buscar sua identidade não em Deus mas em si mesmos. 

O discipulado mundano ajuda a satisfazer os desejos da carne.

"O discipulado celestial enfatiza a obra de Deus e não as do homem. Humildade é o reconhecimento daquilo que não temos e do que só Deus possui. Orgulho é confiar naquilo que cremos possuir" p. 14

O métodos e processos do discipulado se transformam em lei, numa escada do sucesso digamos assim.  Examina o homem somente pelo seu exterior  e nunca muda realmente o interior.

"O discipulado mundano examina somente a casca. A ênfase não está em ser a paz de Deus, mas ouvir o Deus da paz. Não expressar a palavra de Deus, mas transpirar o Deus da palavra. Não alcançar a santidade de Deus, mas abraçar o Deus da santidade. Não pregar Deus ao povo, mas pregar Deus diante do povo! O discipulado celestial é o fruto, não a casca" p. 15