domingo, dezembro 26, 2004

olá

dezembro e janeiro.
mudanças, sejam materiais sejam espirituais.
o ano novo traz coisas novas, traz a despedida da campinas da adolescência e juventude, traz a idade adulta e crua de pindamonhangaba.
Muitos desafios viram, muitos.
Deus vai na frente alumiando caminho, pois a sombra de hoje impede qualquer entrevisão do que virá.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Três sentenças poética sobre a felicidade


O próprio mundo, que é mundo.
De todos nós, o lugar onde, no fim.
Encontramos nossa felicidade, ou nenhuma.


W. Wordsworth

De que maneira o coração,
Esse aparelho emparedado no porão
Desta vida impossível, extrai uma alegria
Seja lá do que faca, ainda que uma alegria
De imitação em meio a tanta escuridão?

Bruno Tolentino

Feliz daquele que pôde contemplar
A fonte luminosa do bem,
Feliz de quem pôde desembaraçar-se
De suas pesadas cadeias terrestres.


Boécio

Hamlet: Um ponto de complexos

Hamlet: Shakespeare x Freud
Um ponto de complexos


“Illudunt nobis conjucturae nostrae, quarum nos pudet, posteaquam in meliores codices incidimus”[1].
Scaligei a Salmasius, Espitolae 1627, espitola CCXLVII





O Complexo de Freud.


“Em Hamlet, de fato, o conflito está tão oculto que coube a mim desvenda-lo”[2].
Freud

O texto em que Freud faz essa profecia a respeito de si mesmo é de 1905/1906, depois de ter erigido Édipo como chave dos mistérios e a si mesmo como chaveiro com a Interpretação dos Sonhos.
O decifrador da Esfinge busca as soluções para outra esfinge, o fantasma de Hamlet, para se descobrir à solução desse enigma fantasmagórico, ele quer pesquisar outro fantasma, o fantasma do próprio Shakespeare.
O meio para a solução do espírito de Shakespeare e de Hamlet, de tamanho mistério seria a obra de Freud: o Édipo.
Ele surge como chave decifradora de todos os enigmas do intelecto e da vida humana. E nessa questão, eis o seu símbolo de maior expressão no teatro, o personagem mais enigmático de todos, Hamlet.
O diagnostico freudiano colocou Hamlet como neurótico, ou um melhor:

... um homem ate então normal torna-se neurótico devido a natureza particular da tarefa com se defronta, ou seja, um homem em quem uma moção ate ali recalcada com êxito esforça-se por se impor[3].

Continua Freud sua prescrição da solução da psique hamletiana distinguindo nela três características principais:

(1) O herói não e um psicopata, transformando-se em tal apenas no decorrer da ação. (2) A moção recalcada figura entre as que são igualmente recalcadas em todos nos; seu recalcamento faz parte das bases de nosso desenvolvimento pessoal, e justamente ele quem a situação da peça vem contestar. Essas duas características facilitam que nos reconheçamos no herói; somos susceptíveis ao mesmo conflito que ele, pois ‘quem não perde a razão nessas circunstancias não tem razão nenhuma a perder. (3) Mas parece precondição desse modelo artístico que a moção que luta por chegar a consciência, por mais notória que se revele, não seja chamada por seu próprio nome; assim, o processo consuma-se de novo no espectador, com sua atenção distraída, e ele se torna presa de sentimentos, em vez de se aperceber do que esta acontecendo. Poupa-se desse modo, sem duvida, uma certa dose de resistência, tal como a que encontramos no trabalho analítico, onde os retornos do recalcado, por provocarem uma resistência menor, chegam a consciência, ao passo que o próprio recalcado não consegue faze-lo[4].

Nesse sentido, tempos atrás viu Samuel Johnson para ele no palco de Shakespeare “as imitações causam dor ou prazer; não porque nos recordam a realidade. Quando a imaginação se delicia com uma paisagem pintada, não julgamos que as arvores nos dêem sombra, ou as fontes do refrigério, mas pensamos como seria agradável estar diante dessas fontes borbulhantes e bosques oscilantes como esses”[5]·.
O transporte espaço-temporal, no fundo se trata de um transporte psíquico, num ato de sedução, num sub ducere, num conduzir por baixo da consciência, que Shakespeare impõe a seus espectadores atentos.Stendhal, diz que no teatro “o fato e que o espectador, atraído pela ação, não se surpreende com nada; ele absolutamente não se da conta do tempo percorrido[6]”.
Mas para onde se levam os espectadores? Para onde caminha a dramaturgia shakespeariana, que sua obra labora no ser dos seus seduzidos. Samuel Johnson insiste que “o evento que ele representa não se realizara”.
Em seu “Ensaio Autobiográfico”, Freud continua a saga profilática da mente de Hamlet-Shakespeare.
Para essa profilaxia da mente de Hamlet e explicar as razoes do seu imobilismo factual Freud estende para alem de Hamlet a três características para toda obra literária, surge Hamlet como paradigma da criação artística, onde o autor conduziria o espectador na progressão do recalcamento.
Hamlet possui um conflito interno que ficou desde sua primeira aparição publica negada sua resolução a platéia, a chave do mistério, que desvendaria o porque de tanto imobilismo frente a Claudius e a mãe adultera ficou negado ao publico, que só tem acesso a ele, num recalcamento em si mesmo, e nunca consegue conjugar representativamente tais motivos tão ocultos.
Freud vem trazer luzes para esse enigma, colocando sua descoberta do mecanismo da psique humana, o Complexo de Édipo na vida mesma de Shakespeare, ou melhor, do Duque de Oxford.
A luz é tomada emprestada de J.T. Looney, que em sua obra de 1920, “Shakespeare Identified”, identifica Shakespeare como sendo um tal duque ou conde de Oxford, de nome Edward de Vere, um sujeito que havia perdido o pai um ano antes da escritura de Hamlet.
O que Shakespeare, na aurora do outono de 1897, havia dado luzes numa carta a Fliess, quando “ele menciona por alto a sua descoberta, mas num tom confiante: ‘Me ocorreu de passagem’, escreveu, que o conflito edipiano retratado por Sófocles em Édipo Rei poderia ‘ também estar no fundo de Hamlet. Não estou pensando na intenção consciente de Shakespeare’, acrescentou, ‘mas acredito, sim, que um acontecimento real estimulou o poeta a fazer uma descrição, dizendo mesmo, uma vez que o seu inconsciente compreendia perfeitamente o inconsciente do herói. Como histérico Hamlet justifica a frase: “Assim, a consciência torna covardes a nos todos?” Como ele explica a sua hesitação em vingar a morte do pai, assassinando o tio – Hamlet, o mesmo sem hesitar envia os seus cortesãos para a morte, e que é indubitavelmente precipitado ao assassinar Laertes?’ Hamlet, concluiu, devia estar atormentado pela memória obscura de ter alimentado desejos homicidas contra o próprio pai”[7].
Na mesma pagina Peter Gay expõe o erro da afirmação freudiana, quanto à pretensa não-hesitação hamletiana diante de outros objetos não-relacionados à figura do pai ou materna, Hamlet, mata a Polônio, pai de Laertes, Peter Gay termina sua nota numa reconciliação a temática edipiana, falando que Freud tão emaranaranhado num véu edipiano, não conseguiu enxergar ou encarar a enormidade da hostilidade edipiana que o filho dirige contra o pai.
James T. Looney, o autor que deu a identidade que Freud precisara, veio tarde para Freud, pois a busca por um Shakespeare com motivos inconscientes, um outro alem do ator de Stratford começara muito antes.
A primeira concepção em alta nos círculos freqüentados da época era que Shakespeare era Francis Bacon, dela acordava Meynert, Freud contra essa hipótese argumentou que:
“se fosse assim, Bacon teria sido o cérebro mais poderoso que o mundo já produziu, enquanto que na minha opinião , eh preciso dividir as realizações de Shakespeare entre diversos rivais, ao invés de sobrecarregar um outro homem importante com elas.[8]

Há mais uma hipótese, convencido através de retratos do homem enigma, sem identidade agora, Freud assegura-se dos traços latinos de Shakespeare e chega a adotar tese que ele seria um tal de Jacques Pierre.
Sobre tal, ironiza Harold Bloom nos dizendo que:

“Rejeitando a tese baconiana, Freud pegou todas as outras idéias esquisitas postas em circulação sobre e contra Shakespeare, incluindo a sugestão de um acadêmico italiano de que o nome era a versão de Jacques Pierre!”[9]

Por fim, nos idos de 1926 Freud identifica a verdadeira perssona de Shakespeare, em Shakespeare Identified de J. Thomas Looney, no começo ele assumia timidamente a idéia que Edward de Vere fosse Shakespeare. No discurso de recebimento do Premio Goethe ele nos diz que:

“É inegavelmente embaraçoso para nos todos não saber ainda quem e o autor das comedias, das tragédias e dos sonetos de Shakespeare, se ele foi realmente o filho ignorante de um pequeno burguês de Stratford, que obteve uma modesta posição de ator em Londres, ou se ele foi o aristocrata levemente declasse e ardentemente dissoluto, de origem nobre e educação requintada, Edward de Vere, décimo sétimo conde de Oxford, e Lord Great Chamberlain, hereditário da Inglaterra.”[10]

Aqui, parece aquele recurso teórico da falsa pergunta, a pergunta que já contem em si a resposta, ou como Freud gosta, a coisa que explica a si mesma, a resposta que já estava embutida.
Num outro lance de pensamento anterior ao discurso na casa Goethe, sua posição já era mais explicita em favor da hipótese looneyana, numa nota a Interpretação dos Sonhos de 1928, ele diz que perdera a fé na suposição que homem de Stratford fosse realmente Shakespeare.
Já havia em Freud uma tendência a negar a realidade de Shakespeare, como filho de um fabricante de luvas,em 1935 veio a consagração da presença de Looney na mente de Freud. Para afirmar que não fora Shakespeare havia escrito Hamlet logo após a morte do pai, Freud fortalece em uma nota de rodapé a hipótese do Duque de Oxford.
O texto base da nota de rodapé é a seguinte afirmação escrita em 1925,1926, esta no “Um Estudo Autobiográfico.

“Hamlet, objeto de admiração por trezentos anos, sem que seu significado tivesse sido descoberto ou os motivos de seu autor adivinhamos. Mal poderia haver a possibilidade de que essa criação neurótica do poeta viesse a malograr, como seus inúmeros companheiros da vida real, sobre o complexo de Édipo; e diante daquela tarefa seu braço ficou paralisado pelo próprio obscuro sentimento de culpa. Shakespeare escreveu Hamlet logo após a morte de seu pai”.

Sobre essa ultima sentença dessa cadeia argumentativa que nasce a conturbada nota a seguir transposta.

“Esta é uma interpretação que gostaria explicitamente de retirar. Não creio mais que William Shakespeare, o ator de Stratford, tenha sido o autor das obras que há tanto tempo tem sido atribuídas a ele. Desde da publicação do volume de J. Thomas Looney, Shakespeare Indentified, 1920, estou convencido dede que de fato Edward de Vere, Conde de Oxford, se acha oculto por trás desse pseudônimo”[11].

A tese provocou certo mal-estar aos seus seguidores de Freud, seu tradutor em língua inglesa, o supra-citado James Strachey, para ele em língua inglesa a menção de Looney, poderia causa uma impressão jocosa num leitor médio inglês, já que “looney” em inglês significa doido.
Na edição brasileira há um apontamento da querela entre o Freud e seu tradutor, numa carta de 29 de agosto de 1935, nosso autor diz a seu tradutor:

“No tocante a nota de Shakespeare-Oxford, sua proposta me coloca na posição inusitada de mostrar-me um oportunista. Não posso compreender a atitude inglesa quanto a essa questão. Edward de Vere por certo foi um inglês tão autentico quanto Will Shakespeare. Mas visto que o assunto se acha tão afastado do interesse analítico, e visto que você da importância a que eu me mostre reticente, estou pronto a eliminar a nota, ou apenas inserir uma frase como ‘Por motivos particulares não desejo mais dar ênfase a esse ponto’. Você mesmo resolva isso. Por outro lado, gostaria que a nota fosse mantida na integra na edição norte-americana. A mesma espécie de defesa narcisica não precisa ser temida ali”.

Na edição inglesa, ficou a nota sugerida posteriormente, da não insistência sobre esse ponto, mas nas demais, na americana, a insistência, a ênfase ficou na manutenção da menção original de Freud e, não na sugerida e transformada por seu tradutor para a Inglaterra.
Nessa demanda entre Freud e seu tradutor, se ficou sobre um jogo de aparências, a questão profunda era o nome e prejuízos irônicos dele, não era a questão saber se a tese estava correta ou não. Assim, como se restou na aparência, no politicamente correto, a posição freudiana, a não manifestação na Inglaterra, e sua ênfase nos demais locais, um outro jogo de aparências.
Quando a discussão rumava para campos de profundidade, os ouvidos de Freud negavam-se a admitir conclusões em sentido oposto, a coisa se explica por ela mesma.
Assim, Jones indagado por Freud para reunir elementos extras de convencimentos, mas Jones que confessava achar a tese oxfordiana pouco provável, disse que procurando auxilio de um literato inglês sobre o assunto a resposta que encontrou foi que ele possuía “uma opinião depreciativa do livro, tomando como base, principalmente, os indícios sobre a identidade de S. que são conhecidos hoje em dia, na verdade, bastante consideráveis”, mas isto ao invés de trazer de diminuir o fanatismo de Freud pelo homem de Oxford, trouxe ao cego mais fúria e razão de crença na existência de um Conde de Oxford, que escrevia sobre o pseudônimo de Shakespeare.
Em junho de 1938, três anos depois da nota, Freud permanece fixo em sua opinião, apesar das ironias do seu tradutor ou da descrença de Jones, sobre Looney, considera-o como “autor de um livro extraordinário”, e confessa ser seu seguidor[12].























Complexo de Jones.

“O evento que ele representa não se realizará, mas se fosse possível, seus efeitos provavelmente seriam tais como ele os determinou e pode-se dizer que não apenas mostrou a natureza humana como ela se comporta na realidade, em situações difíceis, mas também em aflições as quais não pode ser exposta”[13].
Samuel Johnson

Apesar das desconfianças, Ernest Jones acredita também que Hamlet não pode ter outra explicação a não ser aquela levantada por Freud em base.
De que somente um homem com uma experiência trágica em relação ao pai poderia escrever tal peça.
A morte, a perca do pai, a satisfação dessa morte se torna o viés interpretativo em Jones, Hamlet não é uma perssona, por soa a voz do autor, as dores do autor, assim para justificar essa busca para alem do posto, ele vai as experiências iniciais do autor, busca nele sua fonte para explicações.

“Um psicanalista pode muitas vezes ir ainda mais alem e esclarecer algo sobre os primórdios do desenvolvimento mental do homem, dado que as experiências iniciais deixam uma impressão bem mais funda do que as recentes”[14].

Assim, para pular para uma desconstituição de Hamlet para buscar no autor as razoes da fascinação teatral é simples, assim nos esmiúça Jones o modo como isso se realiza:

“Proponho-me a fazer de conta que Hamlet foi uma pessoa, um ser vivo (poderíamos acrescentar que para a maioria de nos, ele he uma criatura mais viva que muitos atores que conhecemos pelos palcos da vida!), e investigar que espécie de homem pode ter sido essa pessoa para sentir e agir, em certas situações, da maneira que Shakespeare nos diz que ele sentiu e agiu”[15].

Então, a estratégia a que Taine disse antes, pegar na multiplicidade das personagens de Shakespeare, o Shakespeare, o autor no meio das suas criaturas. Ou como o próprio Taine diz que “Hamlet é Shakespeare, e no remate de uma galeria de retratos, onde todos têm alguns traços dele próprio, Shakespeare retratou-se na mais impressionante de suas criações”[16].

“Shakespeare é incompreendido quando Hamlet é tomado como um produto moderno – espírito intoxicado de mórbidas cogitações, sem capacidade para ação. E uma verdadeira aberração do destino errôneo que ele tenha-se convertido[17].”

Partindo nessa busca do real Shakespeare na obra, ao mesmo tempo em que não se pode tomar ele como um produto de meio, um ser influenciado por teses psicanalíticas, ou por, como Bloom diz sempre com sua ironia, por escolas de ressentimento, a posição de Jones é paradoxal, ao mesmo tempo quer encaixar o autor de Hamlet em esquemas psicanalíticos, mas não quer deixar a esse a consciência desses moveres inconscientes.

“Por que o poeta não elucidou mais claramente a tendência mental que estamos tentando descobrir? Por estranho que pareça, a resposta é a mesma que para o próprio Hamlet, quer dizer, Shakespeare não pode explica-la tampouco tinha consciência de sua natureza”[18].

Seguindo nessa inconsciência que ele vê em Shakespeare, surge o tema da morte do pai, à vontade de morte frente à disputa pai-filho pela mãe, ele retoma um termo que vimos antes, o desejo fratricida oculto em Shakespeare, o conflito que Hamlet representa, que idealiza a ponte entre a obra inglesa e a clássica de Sófocles.

Para confirmar essa presença forte do desejo de morte presente em Hamlet, que serve de ponte de ligação com o Complexo de Édipo, Jones cita outro dramaturgo, Bernard Shaw, um achado para reforçar a essa ponte ligada ao desejo de livrar-se dos outros através da morte do pai.


“Podereis certamente recordar que, na terra embora, é claro, nunca o confessassemos – a morte de alguém que conhecíamos, mesmo daquelas pessoas a quem mais queríamos, misturava-se sempre certa satisfação por estarmos, finalmente livres delas”[19]

Mas, o conflito já foi dado as razão mestra do mote conflitual, agora Jones, a partir daí, começa a fragmentação do conflito Hamlet com seu padatro, com a morte do pai e seu desejo edipiano pela mãe.
A repressão do desejo eh o primeiro tema, começa a ser a estudado por Jones, primeiro ele começa a falar da repressão.

“Se a paixão despertada sofre uma ‘repressão’ insuficiente, então o rapaz poderá continuar a vida toda anormalmente ligado a sua mãe e incapaz de amar qualquer outra mulher, uma causa nada invulgar de celibato”[20]

A causa dessa repressão eh a divisão da imagem materna em duas, uma erótica, que Lacan identifica em outra personagem, a Ofélia e outra, a mãe virginal.

“com a divisão (splitting) da imagem materna que é efetuada pelo inconsciente infantil, cindido-a em duas imagens opostas: uma, a da Madona virginal, a santa inacessível em relação a qual todos os contatos sensuais são impensáveis; e a outra, a da criatura sensual acessível a todos”[21].

Interessante notar as diferentes interpretações em Jones, há sempre uma divisão dos personagens, já em Lacan, há personagens que se unificam. Mas nos dois a duplicidade, o velado e o inconsciente sempre fazem o jogo, o autor e o personagem, pai e filho, Shakespeare e Duque de Oxford, a polaridade, a complexidade sempre se apresenta.
E o problema do personagem, a paralisia que ninguém consegue explicar, mas que se encontra presente em todos, o inconsciente, Jones tenta explicar aquilo que Freud deixou em aberto afinal.

“A ação é paralisada logo no principio e assim se produz o quadro de uma inibição aparentemente fortuita e por isso inexplicável para Hamlet como para os leitores da peça. Contudo, essa paralisia resulta não da covardia física ou moral, mas daquela covardia intelectual, daquela relutância em atrevou-se a sondar seu intimo, que Hamlet compartilha com o resto da humanidade: Assim, a consciência faz covarde de todos nos.”[22]
Mas nem tudo Jones assume de Freud, a tese looneyana, da morte que servira para a escritura de Hamlet, sobre a tese do inglês e da dissolução do homem de Stratford, conclui Jones que:

“Contudo, as datas e circunstancias são demasiado imprecisas para nos permitirem encarar a suposição de Freud como algo mais do que um palpite ou uma intuição.”[23]
























Complexo de Lacan.

“Shakespeare abre uma rima que contem ouro e diamantes em uma abundancia inesgotável, embora empenados por crostas, aviltados por impurezas e misturados com um amontoado de minerais inferiores”.[24]
Samuel Johnson

Lacan em seu Hamlet, parte logo colocando Hamlet como duplo de Claudius, e essa chave interpretativa leva as conseqüências edipianas concretas.
A morte não é uma hipótese a ser concretizada como em Jones, a paralisia aqui é do desejo, e não da vontade de eliminar o oposto. Porque em Lacan, a morte já aconteceu:

“Aqui o pai sabe muito bem que esta morto, morto de acordo com o voto daquele que queria tomar seu lugar, ou seja, Claudius, seu irmão. Mas o crime em si esta escondido para o mundo da cena”[25].

“Dar-se-á então que Claudius é uma forma de Hamlet, e que ele realiza, é o desejo de Hamlet”.[26]

A morte, em Lacan, coloca Hamlet para outro conflito. Um com seu duplo, Claudius, mas ambos aqui são um, então, não tem sentido como em Jones perguntar-se porque não ocorre a morte de Claudius, pois se morre este morre o que há de fundamental e negado no primeiro.
Nisso, ele se diferencia colocando a universalidade de Shakespeare, não como mestre das luzes, mas das sombras, a imobilidade de Hamlet não se encontra na dimensão faustica da conhecimento.
Nisso, se desloca do iluminismo romântico de Goethe, coloca Hamlet como Freud e Jones, como paradigma do oculto, do reflexo da sombra, do inconsciente.

“Para Goethe, Hamlet e a ação paralisada pelo pensamento...Hamlet eh o homem que vê todos os elementos, as complexidades do jogo da vida, e este conhecimento paralisa sua vida”[27]

Ao contrario de Goethe, que vê a paralisia na visão aberta das escolhas que para ele não estão ocultas, mas desveladas demasiadamente. Para Lacan, as imagens se ocultam em arapucas e armadilhas universais. Nesse sentido conclui ele.

“A peça Hamlet eh uma espécie dee aparelho, de rede, de arapuca, onde esta articulado o desejo do homem, e precisamente nas coordenadas que Freud nos desvenda, ou seja, o Édipo e a castração”[28].




Ele seguindo o caminho freudiano, coloca mesmo na vida real o motivos da peça, a morte já ocorreu, ate mesmo, na vida real do próprio Shakespeare. Assim, caminhando mais próximo de Freud.
Lacan, não se posta como seguidor de Looney, mas de Freud, concorda com a morte do pai de Shakespeare, ou do, Duque de Oxford como elemento decisivo para interpretação de Hamlet.

“O aprofundamento do oficio do autor não basta para explicar esta virada. Portanto, algo se passou na vida de Shakespeare durante a concepção de Hamlet. O que podemos dizer a respeito? – senão que trata da morte de seu pai”[29].
















Complexo de Hamlet.

“A vida é sombra errante, um pobre ator
Que orna e atropela a sua fala em cena
E some para sempre: é uma fabula
Contada por um tolo, em som e fúria,
E significando nada.”“.
Shakespeare in Macbeth.

O verdadeiro Hamlet foi Shakespeare? Nossa reposta não pode ser concluída assim, sem antes colocarmos um nome real ao verdadeiro Shakespeare.
Em Cânone Universal de Harold Bloom, descobrimos a resposta negativa a essa aporia que tanto causou desconforto aos discípulos e amigos de Freud e conforto para a mente freudiana.
Bloom nos diz num tom bastante ressentido que:

”Nada, é claro, podia ser mais maluco: Edward de Vere, décimo sétimo Duque de Oxford, nasceu em 1550 e morreu em 1604. Portanto, estava morto antes da composição de Rei Lear, Macbeth, Antonio e Cleópatra, e das historias romanescas shakespearianas posteriores. Para ser looneista, é preciso começar argumentando que essas pecas foram deixadas em manuscrito quando Oxford morreu, e partir daí. Como pode Freud, possivelmente a melhor mente do nosso século. Cair numa maluquice dessas?”[30]



Bloom relembra como Freud desmontou seus três maiores personagens em influencia segundo Jones: Moises, Leonardo e Shakespeare.
A genialidade de Leonardo é trocada por uma analise de elementos infantis recalcados, Moises, o libertador dos judeus, é posto como um egípcio que assassinado pelos judeus, se tornara um ídolo totêmico judaico.
Já Shakespeare, “foi apagado, para ser substituído por um titânico aristocrata menos poderoso do que fora o poeta-dramaturgo[31]”.
O critico literário coloca Freud como um codificador em prosa das intuições que Shakespeare colocara em verso anos antes. Para ele, Shakespeare na verdade, é o inventor da psicanálise, isso pode ser lido na mesma pagina.
Ai, Bloom começa a identificação de Freud não como o homem que pensa as sombras como Hamlet, mas o que se aproveita delas para realizar seus planos, o traidor Macbeth.
Bloom, chega a dizer que Freud mascara sua divida colocando Sófocles como orientador de seu complexo, sendo que para ele, na verdade não a teoria do complexo de Édipo, se liga mais a obra shakespeariana que a do autor grego. Continuando sua argumentação da centralidade shakespeariana, Bloom nos diz que o que todos temos eh Complexo de Hamlet, e não o de Édipo.
Conclui seu estudo sobre as relações entre Freud e Shakespeare que:

“Shakespeare é a apoteose da liberdade e originalidade artísticas. Freud tinha ansiedade em relação a ele porque aprendera ansiedade com ele, como ele aprendera ambivalência, narcisismo e cisma no eu. [32]

Em sua elegia para Shakespeare, conclui Bloom, com uma sentença de Ermerson.

“Hoje, a literatura, a filosofia e o pensamento estão shakespearizados. A mente dele é o horizonte alem do qual, atualmente, não vemos”[33].

Dentro desse horizonte, a obra Hamlet se coloca mais como fruto da genialidade do homem de Stratford do que hipóteses de relatos de corte ou frutos de experiências fúnebres com o pai.
Para concluir, termino conforme foi o viés de todo esse trabalho, citações e bases textuais. Concluo com Otto Maria Carpeaux, em seu ensaio “A verdade sobre Édipo”:

“O mal da interpretação psicanalítica do mito e da tragédia so reside na possibilidade de qualquer um agora poder intepretar igualmente assim os monstros de sua própria imaginação. Sobretudo nas mãos sacrílegas de biógrafos, o complexos já serviu para explicar tudo”[34].

Enfim, o trabalho tem como propósito revelar que diante do gênio humano, não basta essa chave de leitura.































BIBLIOGRAFIA

BLOOM, Harold O Cânone Ocidental: Os Livros e a Escola do Tempo trad. Marcos Santarrita Objetiva: São Paulo,s/d

CARPEAUX, Otto Maria Ensaios Reunidos vol.1 Rio de Janeiro: Topbooks,2001.

FREUD, Sigmund ENSAIO AUTO-BIOGRAFICO

______, _______ PERSONAGENS PSICOPATICOS NO PALCO Edição Standard Brasileira Vol. VII (1901-1905) Rio de Janeiro: Imago,s/d.

GAY, Peter LENDO FREUD: INVESTIGAÇOES E ENTRETENIMENTOS Rio de Janeiro: IMAGO, 1992.

GIRARD, Rene A VIOLENCIA E O SAGRADO São Paulo: Ed. Unesp/Paz e Terra,s/d

JOHNSON, Samuel PREFACIO A SHAKESPEARE seguido de RANCINE E SHAKESPEARE de Stendhal trad. Enid Abreu Dobranszky Sao Paulo: Iluminuras,1996.

JONES, Ernest HAMLET E O COMPLEXO DE EDIPO

LACAN, Jacques HAMLET por Lacan trad. Claudia Berlinei Campinas: Escuta/Libliu, 1986.

MONZANI, L. Roberto FREUD: movimento do pensamento Campinas: Edunicamp,s/d.


NOTAS

[1] Nossas especulações troçam de nos, envergonhando-nos, quando posteriormente nos deparamos com outras melhores
[2] FREUD, S. in Personagens Psicopaticos no Palco.
[3] FREUD, Sigmund Personagens Psicopaticos no Palco p . 295.
[4] Ibid idem, p. 296.
[5] JOHNSON,Samuel p.39
[6] Ibid. Idem, p.89.
[7] GAY, Peter, p. 28.
[8] FREUD, S. Carta a Lytton Strachey, 25 de Dezembro de 1928 in GAY, p.30.
[9] BLOOM, Harold., p.360.
[10] GAY, Peter, p.31,32.
[11] FREUD, S. Um Estudo Autobiográfico, p. 66.
[12] GAY, Peter, p.37
[13] JOHSON,Samuel, p.39.
[14] JONES, Ernest p. 20
[15] Ibid, idem, p. 21.
[16] Ibid. idem, p. 23.
[17] Ibid.Idem, p. 38.
[18] Ibid. Idem, p. 51.
[19]Bernard Shaw in Ibid. Idem, p. 73
[20] Ibid. Idem, p. 78.
[21] Ibid. Idem, p.86
[22] Ibid. Idem, p.91.
[23] Ibid. Idem, p.113.
[24] JOHNSON, S., p. 57
[25] LACAN, Jacques, p. 7.
[26] Ibid. Idem, p. 8.
[27] Ibid. Idem, p. 15
[28] ibid. Idem , p. 18.
[29] Ibid. Idem, p.30.
[30] BLOOM, H., p.359.
[31] Ibid. Idem, p.361.
[32] Ibid. idem ., p.378.
[33] Ibid idem. p. 378
[34] CARPEAUX, O.M., p.643.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Rick Warren's Ministry Toolbox Issue #170

"In our competitive world we’re taught to never quit trying, never give up, and never give in - so we don’t hear much about surrendering. If winning is everything, surrendering is unthinkable. Even Christians would rather talk about winning, succeeding, overcoming, and conquering than yielding, submitting, obeying, and surrendering. But surrendering to God is the heart of worship."

Rick Warren



"You can put Bibles in the chairs for seekers who don’t bring them, but there is a deeper issue: Is reading Scripture together 'less spiritual' if you read it off a video screen or an outline or bulletin? Of course not! Christians have only had personal Bibles for the last 550 years of the church, and even today most Christians overseas do not own their own Bible. Are they less 'spiritual' in God’s eyes because they don’t bring a Bible to church? In the 'ancient faith' (vintage New Testament) no one had a Bible to bring, but the church was strong and grew rapidly. Let’s rejoice because of all the new tools we have to present God’s Word (besides book form) rather than lamenting them. Let's use what Gutenberg invented, and every other format that gets God’s Word into the minds of people. The tools aren’t spiritual. Only God’s inerrant Word is!"

Rick Warren

sete de setembro

foi muito legal o desfile de sete de setembro, os carros alegóricos, as pessoas indo, foi um momento de celebração cívica e de paixão pela igreja.
Fico aguardando o ano que vem.

segunda-feira, agosto 23, 2004

mais Lloyd-Jones

"Pecado é isto: a recusa a ouvir a voz e a Palavra de Deus. Assim é que, se você está vivendo de maneira respeitável, e não está ouvindo a Deus, você continua sendo um terrível pecador. Se você está levando aquela vida pouco reservada e marcada pela presunção, pensando em Deus só uma vez ou outra, lembrando-se, que talvez, de manhã ou de noite de que Deus existe, e está habituado a fazer suas orações; se essa é sua atitude para com Deus, se não espera nEle e não dá ouvidos à Sua Palavra, não a busca onde quer que esteja e não procura praticá-la, nesse caso você é tão pecador como qualquer Bêbado ou adúltero; você não está ouvindo a voz de Deus. Isso constitui a essência do pecado."

Lloyd-Jones, Martin
Romanos: Exposição sobre o Cap. 1, o Evangelho de Deus,
Editora PES, p. 176.

sábado, agosto 21, 2004

Boa Frase

"O que importa não é saber quão grande você se tornou na igreja, e sim quão fielmente você serviu"
Doug Fields.

quarta-feira, agosto 18, 2004

Romanos e D. Martin Lloyd-Jones

Sexta-feira comentamos a respeito da importância da Epístola aos Romanos para a história da igreja protestante.
Lutero achava a carta do apóstolo tão importante que cria que todo o crente tinha que tê-lo na mente.

Bem, nem tão radical. Prôpus lemos essa carta durante essa semana, fui além dessa expectativa comecei a ler um comentário sobre a Carta aos Romanos escrito por D. Martin Lloyd-Jones durante 13 anos expôs a carta na Capela de Westminster (1955-1968) toda a sexta-feira, os cultos tinham uma oração, um hino e em média duas horas de exposição por culto.O comentário que estou lendo é apenas do primeiro capítulo da carta e tem exatas 480 páginas.

Eis um pequeno texto muito interessante e provocador que achei no livro:

"Atualmente há aqueles que parecem ensinar e acreditar que é possível aceitar Cristo como Salvador sem recebê-lo como Senhor. Dizem eles que podemos receber a justificação sem assumir a santificação. Dizem que podemos receber o perdão dos pecados sem a santidade. Isso é mentira. O apóstolo indaga o seguinte, no fim do capítulo três desta Epístola aos Romanos: "Anulamos , pois, a lei pela fé?De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei".E se o seu conceito de salvação é que vocês não estão mais sob a lei, que não precisam mais preocupar-se com ela e podem viver como quiserem, contanto que creiam em Cristo, e que a salvação é simplesmente perdão, bem, então vocês nunca realmente a entenderam. A salvação é algo que cumpre a le; não a anula. Já citei a passagem de Romanos para vocês- "O que era impossível a lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito"(8,34). Ouçam o que Paulo diz noutro lugar: "Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo" (Cl.2,6). Vocês não poderão recebê-lO como seu Salvador e dizer que mais tarde talvez O recebam como seu Senhor. Ele é sempre o Senhor, e vocês O recebem como Senhor. O Novo Testamento é o cumprimento do Velho Testamento".

[LLOYD-JONES, D. Martín Romanos: Exposição sobre o Cap. 1, O Evangelho de Deus Trad. Odayr Olivetti São Paulo:PES,1998,p.122-123].

Paz, justiça e alegria

allen

jejum

Fiz uma pesquisa sobre o assunto do jejum como ele aparece na Bíblia. Quero que saibam que não defendo barganha, pois o jejum como vemos em Cl 2, não é para se entrar em comunhão com Deus, e sim, para fortalecer a comunhão com o Pai.

A idéia mesma de consagração através do jejum deve ser uma vontade de quem já está ligado no
Pai. Quem quer ligar-se à Igreja, deve aceitar a Cristo e receber dele o dom da comunhão do Espírito Santo, e não praticar jejum ou qualquer outro ato humano para obter sua salvação e justificação. Afinal, somos herdeiros de Lutero e Calvino e acreditamos que somos justificados apenas pela fé (sola fide).

Então, creio que o jejum deve ser teocêntrico, baseado em Deus, na fome Dele e de sua presença, deve começar Nele a vontade e ser ofertado a Ele.

Para Richard J. Foster há o propósito primário do Jejum que é a adoração de Deus, “O jejum deve sempre centrar-se em Deus. Deve ser de iniciativa divina e ordenado por Deus”[i], Para explicar esse ponto, Foster retoma a passagem em Zacarias e cita J. Wesley, conforme passagem abaixo:

“Deus interrogou o povo no tempo de Zacarias: “Quando jejuastes...acaso foi para mim que jejuastes, como efeito para mim?(Zc. 7,5). Se nosso jejum não é para Deus, então fracassamos. Benefícios físicos, êxito na oração, dotação de poder, discernimentos espirituais, estas coisas nunca devem tomar o lugar de Deus como centro do nosso jejum. João Wesley declarou: primeiro, seja ele feito para o Senhor com nosso olhar unicamente fixado nele. Que nossa intenção aí seja esta, e esta somente, de glorificar a nosso Pai que está no céu”[ii].

Há também no jejum, propósitos secundários, para Foster o jejum é uma disciplina que revela coisas que nos controlam, “cobrimos com alimento e com outras coisas boas aquilo que está dentro de nós, mas no jejum estas coisas vêm à tona. Se o orgulho nos controla, ele será revelado quase imediatamente”[iii]. No final do ponto ele (Richard J. Foster) indica que inúmeras pessoas têm escrito sobre os muitos outros valores do jejum tais como aumento de eficácia na oração intercessora, orientação na tomada de decisões, maior concentração, livramento dos que se encontram em escravidão, bem-estar físico, revelações e assim por diante. Nesta, como em todas as questões, podemos esperar que Deus galardoe os que diligentemente o buscam.

Então, quero que saibam que tudo começa em Deus, como diz Rick Wareen, não oro e nem jejuo para outra pessoa ou para mim mesmo, a vontade mesmo de fazer tal coisa começou Nele.

Não pode se ignorar que na Bíblia há dois casos de petição agregadas a um jejum (Es. 8,21-23, II Sm. 12,16 e 22). Jesus quando condena a prática farisaica de se vangloriar da prática do jejum e lembra que o foco deve ser Deus, lembra que o Pai que ouve em segredo, nos recompensará.( não há alusão ali, a qual tipo de recompensa nos será dada).

Contudo, não é só isso, a Bíblia oferece exemplos de outros tipos de jejum ligados a outras coisas mais diversas:

Lamentação e Luto[iv].

Jejum pode ser um sinal comum de lamentação ou luto como está em I Sm 31,13[v]; II Sm 1,12[vi], I Cr. 10,12, Et. 4,3.

Arrependimento.

Jl 2,12-18[vii] ,Ne. 9,1-2[viii], Jn. 3,5, I Sm 7,6

Busca intensa de Deus

Sl. 35,13 e 69,10; 2Cr 20, 3; Ne. 1,4; Dn. 9,3, Jl. 1,14, At. 10,30, Jz. 20,26

Capacitação Espiritual.

Dt. 9,9, Mt. 17,21 e Mc. 9,29.

Para os judeus: jejum ritualista.
“Os hebreus jejuavam no dia da Expiação (Lv. 23,27-32; e Nm. 29,7). Após o exílio babilônico passou a fazer parte das outras festas anuais religiosas (Zc. 8,19)”[ix].

Escolha de missionários, busca da vontade de Deus.
“No livro de Atos observamos que os lideres cristãos costumavam jejuar quando da escolha de missionários e lideres das igrejas locais, o que evidentemente era prática que aplicava o jejum como meio de buscar a orientação divina (v. At. 13,2-3 e 14, 23)”[x].


E o jejum parcial, há base bíblica para sua prática:

JEJUM ABSOLUTO
Abstenção de tanto alimento como de água.
40 dias: Dt. 9,9, I Rs 19,8
3 dias:Et. 4,16, At. 9,9.

JEJUM PARCIAL

“Ás vezes, se descreve o que poderia ser considerado jejum parcial; isto é, há restrição e dieta mas não abstenção total. Embora pareça que o jejum normal fosse pratica costumeira do profeta Daniel, houve uma ocasião em que durante três semanas, ele não comeu “manjar desejável, nem carne nem vinho entraram em minha boca, nem me untei com óleo algum”(Dn. 10,3)”. Não somos informados do motivo para este afastamento de sua pratica normal de jejuar; talvez seus deveres governamentais o obstassem”[xi].

Enfim, essa é uma questão muito mais difícil do que gostaríamos que fosse, onde acho que há uma regra de ouro: Sinceridade da Fé em Deus dada pela Graça por intermédio de Cristo Jesus e Santidade do ato movido pelo Espírito Santo. Uma fé sincera em Deus e uma santidade no espírito como motivação para o ato.

“As Escrituras são minha autoridade e jamais devo sair delas. Nada devo lhes acrescentar, jamais; nada devo retirar delas, nunca. As Escrituras são a completa revelação de Deus ao homem, e elas constituem a única autoridade”[xii].
D. Martin Lloyd-Jones.
Paz, Justiça e Alegria (Rm. 14,17).

Allen.

notas
[i] FOSTER, Richard. J. Celebração da Disciplina: O caminho do crescimento espiritual Trad. Luiz Aparecido Caruso Ed. Vida,1983, p. 72.
[ii] FOSTER, Richard. J. Celebração da Disciplina: O caminho do crescimento espiritual Trad. Luiz Aparecido Caruso Ed. Vida,1983, p. 72-73.
[iii] FOSTER, Richard. J. Celebração da Disciplina: O caminho do crescimento espiritual Trad. Luiz Aparecido Caruso Ed. Vida,1983, p.73.
[iv] CHAMPLIN, R. N. & BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia vol.3 , São Paulo: Candeia, 1991, p.441.
[v] “E tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo de um arvoredo, em Jabes, e jejuaram sete dias”. Luto pela morte do rei Saul e dos israelitas pelas mãos dos filisteus”.
[vi] “E prantearam, e choraram, e jejuaram até à tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do SENHOR, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada”.
[vii] “Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo vosso coração; e isso com jejuns, e como choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência e se arrepende do mal. Quem sabe se se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de manjar e libação para o SENHOR, vosso Deus?
Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição.
Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recamara, e a noiva, do seu tálamo.
Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opóbrio, para que as nações façam escárnio dele; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?
Então, o SENHOR terá zelo da sua terra e se compadecerá do seu povo”.
[viii] “E, no dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e com pano de saco e traziam terra sobre si. E a geração de Israel se apartou de todos estranhos, e puseram-se em pé e fizeram confissão de seus pecados e das iniqüidades de seus pais”.
[ix] CHAMPLIN, R. N. & BENTES, J. M. Op. Cit., p.442.
[x] CHAMPLIN, R. N. & BENTES, J. M. Op. Cit., p.442.
[xi] FOSTER, Richard. J. Celebração da Disciplina: O caminho do crescimento espiritual Trad. Luiz Aparecido Caruso Ed. Vida,1983, p. 66.
[xii] LLOYD-JONES, D. Martín Romanos: Exposição sobre o Cap. 1, O Evangelho de Deus Trad. Odayr Olivetti São Paulo:PES,1998,p.120.

quarta-feira, agosto 11, 2004

Capitulo 15 de Mateus e Três Livros


Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isto o torna impuro"
S. Mateus 15, 11

O Senhor Nosso Deus está vivo e Ele nos escuta, nos fala e está esperando nesse momento exato uma resposta certa da sua boca: uma resposta pura, uma escolha em favor de uma vida em santidade, em separação com Ele.
Muitas questões povoam a Assembléia de Deus e as igrejas pentecostais em geral sobre as novas formas da manifestação do Santo Espírito, essas questões nos confundem, e chegam até a derrubar em nós algumas certezas tão exatas que nunca achávamos que seriam duvidadas, quanto mais derribadas estão sendo demolidas (Cl 2, 22-23).
É nesse tempo de desilusões. Isto é, um tempo onde estamos descobrindo que aquilo que pensávamos ser a vontade de Deus na nossa vida na verdade não é nada mais que a nossa própria ilusão (Cl 2,22-23).
É nessa hora de verdade e desilusão, Deus nos mostra o que Ele quer e espera realmente de nós. Ele está querendo que nós nos limpamos de todo nosso "lixo", para poder fazer do nosso viver, do nosso coração a sua casa.
Nada pode escapar da vontade de Deus, Jesus diz: "Toda planta que não foi plantada por meu Pai celeste será arrancada" (Mt. 15,13). Já pensou nessa promessa? Já pensou nas conseqüências que ela possui para nossa vida, nas maldades que praticamos contra os santos(Mt. 12, 15)?
Pode-se até estar indignado lendo a palavra "promessa" acima associada a uma palavra que tão repreensiva. Contudo, essa palavra de Cristo, no fundo, é uma promessa e uma constatação da fidelidade de Deus com Sua Palavra, com a Sua Real Intenção: a nossa transformação em nova criatura impulsionada por um novo coração.
Para que transformar o coração?
Porque é no coração do homem que "todas essas coisas más saem de dentro do homem e o torna impuro" (Mc 7.23). Jesus está preocupado em mudar nossas vidas, em nos transformar e nos purificar desde que nos reconhecemos como doentes necessitados dos seus cuidados, Ele anseia por ovelhas sinceras que se reconhecem como maculadas, decaídas, como portadoras de um coração que só pode produzir "más intenções, assasínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações"(Mt 15,19).
Ele espera por uma mulher cananéia que se coloque como cachorrinhos na mesa do dono, indignas de receber o pão celestial, Cristo na terra, mas que anseiam ao menos pelas migalhas do mestre, por um sorriso, um afago (Mt.15,27).
Somente com o reconhecimento de nossas fraquezas é que poderemos realmente transformar nossas vidas, é que poderemos alcançar o favor do Rei, disso trata o primeiro livro indicado aqui "De Dentro para Fora" de Larry Crabb, Ed. Betânia.
Para que possamos possuir uma grande fé como a da mulher cananéia (Mt. 15, 28) precisamos descobrir em nós a real situação de nossa vida e deixar que Deus não nos mude apenas aparentemente, mas nos mude totalmente de dentro para fora. Jesus puxa a nossa orelha e nos diz: "Fariseu cego,limpa primeiro o interior do copo para que também o exterior fique limpo!" (Mt. 23,25).
Está difícil nos reconhecermos como perdidos, lembremos do que Jesus disse ainda no mesmo cap. 15 de Mateus: ”Não fui enviado senão as ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt. 15,24).
Agora, depois que mudarmos de dentro para fora, estaremos comprometido com o senhorio de Cristo em nossa vida. Devemos, logo, demonstrar em nossa vida frutos de Santidade para mostrarmos que estamos realmente ligados na videira (Jo. 15).
Entretanto, lembremos que antes de realizar a obra de Deus, você tem que ser de Deus, Rick Warren em seu primeiro capítulo do “Vida com Propósitos” lembra que TUDO, absolutamente tudo começa com Deus. Sem Ele, nem adianta ir ou começar.
Primeiro, a Santidade que possamos experimentar em nossa vida vem Deus, ("Um homem nada pode receber a não que lhe tenha sido dado do céu" Jo. 3, 27). Ela se manifesta em uma fé firme e em obras de vida produzidas por um amor que não nasceu de nós mesmos. Alguém disse não fazemos a obra de Deus para sermos salvos, mas porque somos salvos fazemos a obra de Deus.
Para aprender mais sobre a alegria da Santidade, vou recomendar um livro que uma vez me foi recomendado "Dos Apóstolos a Wesley" do William A. Greathouse, Casa Nazarena de Publicações. Em agradecimento, em louvor ao amor incondicional de Jesus por nossa vida, devemos demonstrar por Ele e pelo próximo o mesmo amor. Nisso se traduzirá em nossa vida o Grande Mandamento (Mt. 22, 36-40) e sua execução será manifestação em nossa vida da Grande Comissão (Mt. 28, 19-20). Devemos Santidade ao Senhor que é Santo.

Outro livro que recomendo para vocês lerem urgentemente é lindo, chama-se "O Jesus Que Eu Nunca Conheci" do Phillip Yancey, Ed. Vida. Esse livro vai apresentar um Jesus mais real e mais surpreendente e tocante que aquele que vimos no filme do Mel Gibson, um Jesus que não conhecemos vai ser revelado a nós na leitura desse livro.
Comecei meu texto falando que Deus nos escuta, nos fala e espera algo de nós, pois bem, a obra do Evangelho é arrependimento das obras mortas e fé em Jesus Cristo, duas coisas fundamentais para Paulo em At. 20,21. O arrependimento diante de Deus por nossas obras mortas e a fé (que também pode ser entendida com fidelidade) em Jesus Cristo para as novas obras vivificadoras que poderemos fazer em Cristo.

Em um tempo onde Deus fala tanto conosco, é tempo de escutar Sua voz e obedecer os Seus conselhos. Pois como diz o texto sagrado no mesmo capítulo 15: "Em seguida, chamando junto de si a multidão, disse-lhes: Ouvi e entendei!" (Mt.15,10).


O Reino dos Céus não é feito nem de comida e muito menos de bebida, ele é feito de alegria, de justiça e paz.
Rm 14,17.

Allen Marques Valadares Vaz

alguns versículos para reflexão.

"O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau, do seu mau tesouro tira coisas más"
Mt. 12, 15.

"Se soubésseis o que significa: Misericórdia é que eu quero e não sacrifício, não condenarieis os que não têm culpa"
Mt. 12, 7.

domingo, junho 06, 2004

Individualism: The Enemy of Worship

by George Barna



Our research regularly shows that most people go through the motions on Sundays, returning from church without feeling as if they truly encountered the living God. We know most pastors have tried to prepare a half-hour (on average) of teaching meant to connect them with the mind of God. We know most worship leaders have carried out an agenda of music and prayer designed to connect them with the heart of God. We know that most laypersons attend church hoping that the experience might prove to be worth their time and effort.

Why, then, does less than one out of every three adults in the USA report that they feel as if they were truly in God’s presence and met Him in a personal way on a typical Sunday?

Again, the research points out several disturbing truths. Most church-goers do nothing to prepare themselves to come into the presence of a holy and righteous God prior to (or even upon) arriving at their church. Further, by their own admission, surprisingly few adults really understand what worship is. And nearly half of the people sitting in such services have never invited Jesus to be their Lord and Savior, thereby effectively negating their capacity to worship: how can they worship a God they don’t know?

But a growing obstacle to genuine worship is the rampant individualism that characterizes most Americans. Not only does the me-first-and-me-only attitude hinder their focus on God, but it is the enemy of unity. In Romans 15:5-6, Paul reminds us that the Church must be united, for it is in the context of our harmony with God and His disciples that true worship occurs. Churches remain bastions of internal politics, gossip, judgmentalism and relational factions. It is rare to find a congregation defined by true unity and accountability among all the believers. Certainly, one of the cornerstones of the life-changing worship experienced by the early church is revealed in Acts 2:42-47: the constant fellowship, sharing, serving, accountability and resulting worship that distinguished the Church from the rest of the religious world.

People whose eyes are riveted to themselves cannot focus upon God. How are you helping people to see beyond themselves? What will it take for us to develop a united family of believers whose first and deepest desire is to worship God rather than get their own way?

sexta-feira, junho 04, 2004

oração de São Francisco de Assis.

Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

ainda sobre mudar

"A mudança força as pessoas a sair de sua zona de segurança e assumir uma nova atitude. Isto pode facilmente ofender aquelas que investiram seu interesse no que está sendo mudado. Algumas se sentirão ofendidas por você, o agente da mudança, porque é você quem está errado em tornar suas vidas desagradáveis. Todavia, a ansiedade dessas pessoas não pode ser uma desculpa para você abrir mão de progressos importantes".

Doug Fields, Ministério com Propósitos, p.347.

mudar

Queremos mesmo mudar para melhor?

Lendo e descobrindo novas coisas e a necessidade de transformar essas idéias em atos novos, enfim, mudar completamente meu estilo de vida para um estilo que agrade o coração de Deus, fica a dúvida mais cruel que posso ter, quero mesmo mudar?
A promessa é grande e eterna, não pode haver melhor presente que eu possa querer ou ter, a salvação, a vida eterna, não pode haver melhor companhia também para essa jornada: Deus.
Apesar do grande prêmio e desse grande piloto, será que quero entrar mesmo nesse barco. Bom, pode se ter a idéia de que esse não vai ser um cruzeiro dos sonhos, nenhum transatlântico e nem mesmo iate, é bote cheio de tempestades, mas a promessa de Jesus fala, passemos para outra banda.
Introduzir novas idéias em nossa vida, idéias de salvação significa renunciar a nós mesmos, quer dizer que agora cada decisão que vou tomar não vai ser pautada mais em meu medo ou minha coragem, vai ser pautada na possibilidade de a vontade de Deus estar no comando daquela atitude. Isso dá a cada ato nosso, sua eternidade, quando pesamos nossas ações nos propósitos de Deus para nossa vida, calculamos e multiplicamos cada gesto nosso, pois eles se enfim membros de membros de Cristo na terra, somos assim pessoas chamadas para ser luz e sal desse mundo, pessoas que exercem uma influência positiva de vida em outras vida e situações.
È difícil mudar, pois a mudança para Cristo agrega um valor infinito em nossa vida, a eternidade, cada respirar torna-se uma oportunidade de brilhar a luz de Cristo, isso é difícil para nos, mas lembremos que temos a doce consolação do Espírito Santo, Ele nos ensina e nos ajuda a cada dia, cada decisão escolher o melhor caminho.
Chegou a hora de morrermos de vez para nós mesmos e vivermos para Deus.

terça-feira, maio 25, 2004

HABITOS para nossa salvação

"E é isto que eu peço; que o vosso maor cresça cada vez mais, em conhecimento e em sensibilidade, a fim de poderdes discernir o que mais convém, para que sejais puros e irreprováveis no dia de Cristo, na plena maturidade do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo para a glória de Deus." Fp. 1,9-11.

A vida nossa é um soma de hábitos, eles desmonstram o que há de mais verdadeiro em nosso ser, mais do que nossas palavras nossas ações é que são o maior testemunho daquilo que queremos para nossa vida. Para a salvação de nossa vida é importantíssimo que desenvolvamos hábitos de salvação. Lendo o livro Ministério com Propósitos de Doug Fields, descobri essa verdade e alguma ajuda para a gente descobrir que hábitos são esses?

Hora silenciosa com Deus
Acompanhento de outros crentes.
Bíblia ( memorização)
Intregração com a igreja.
Texto bíblico (estudo)
Oração pessoal e intercessória.
Servir a Deus com ofertas e dízimos.

Hora silenciosa com Deus.
É muito importante uma hora silenciosa com Deus em nossa vida, lembra do Senhor te quero, aquela música, ela começa falando que "Eu te busco, te procuro óh Deus, no silêncio Tu estás", Deus pode falar no meio da multidão, mas a intimidade sempre exige de nós um momento a sós, um momento onde o podemos ver luz para nossos problemas, pois a luz de Cristo é que vemos a luz para nossa vida(Sl 36,10), descansar nos braços do Nosso Pai, deixar sobre nossa preocupação, porque Ele é quem cuida de nós (I Pe 5,7). Estimula-se aqui não apenas um periodo devocional diário particular, mas a criação de um diário pessoal honesto para um crescimento espiritual(I Pe. 5,6 e Sl 51,19).

Acompanhamento de outros crentes.
As preocupações deve ser como uma familia mesmo, Paulo nos ensina isso claramente que já não somos mais estranhos uns aos outros, nem marinheiros de primeira viagem, somos concidadãos dos santos e "membros da família de Deus"( Ef. 3,10). Não há ilhas na igreja, apenas todos têm que ir para o céu, nossa vida é entrega pela vida dos outros( I Jo 3,16).
"Dou-vos um mandamento novo: que vos amei uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros." Jo 13,34-35.

Bíblia (memorização)
A palavra decorar quer dizer saber de coração, a Bíblia fala que a boca fala aquilo que o coração está cheio, nada melhor que encher esse vaso de imagens e paixões com a Palavra de Deus para que sempre que transbordar possa transbordar a consolação e a esperança da nossa vida, "estando sempre pronto a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede" (I Pe. 3,15).
"Conservei tuas promessas no meu coração para não pecar contra ti" Sl. 119,11.

Integração com a igreja
O salmista diz que ficou alegre quando disseram que ele iria para igreja, a igreja deve ser mesmo um lugar de alegria pois ali o Senhor da nossa redenção e vida e tantas coisas mais que Ele nos dá habita e vai ser adorado(Sl 27,4). O reino de Deus é paz, justiça e alegria, é um lugar de pessoas semeam a paz, que são justificadas por Cristo e alegres pela óleo de alegria que desce dos Céus (Hb 12,14). A finalidade é que "a multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma. Ninguem considerava exclusivamente seu o que possuia, mas tudo entre eles era comum".( At.4,32)

Texto Biblico (estudo)
"Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama"( Jo 14,21). Cristo nos fala a amar a sua Palavra que Ele é também, a Palavra de Deus é o próprio Cristo, seu estudo é ouvir aquilo que Deus tem para falar em nossa vida, sua prática é fazer aquilo que Deus tem para realizar em nossa vida( Tg.1,22). Temos que ter prazer naquilo que sai da boca do nosso Deus(Sl 1,2) porque "o justo se algre com o Senhor e nele se abriga"(Sl 64,11), para termos esse abirgo em Deus temos que aprofundar nossa raízes em seu conhecimento, a palavra fidelidade e fé vem de fidelio que é amizade, sem amizade com Deus, sem passarmos um tempo com ele (habito no.1) e sabermos aquilo que Ele tem para nos falar, não podemos ter raízes profundas e frutificar.(Cl.2,6-7).

Oração Pessoal e Intercessória.
Falar com Deus e interceder pela nossa comunidade não há benção maior que Deus, nossos dons dever ser consagrados ao serviço uns dos outros (I Pe 4,10). A oração é o desejo mais puro do nosso ser e nada mais pode ser mais eficaz que usar esse desejo puro de benção sobre a nossa vida para pedir e agradecer a Deus que ajude não só a nós mas ao nossos irmãos (Ef.4,12-13). A oração pessoal é a comunhão com Deus, e a oração intercessória é levar nossa comunhão fraterna aos ouvidos de Deus.

Servir a Deus com nossas ofertas e dízimos.
É nossa obrigação e nossa oblação, é um direito nosso mas também é um dever, somos por demais abençoados por Deus para não estender nossos braços para semear em sua Obra. Não somos aquilo que querermos ser, somos aquilo que semeamos, se semeamos na Obra de Deus, nosso coração estará dando terra para o nascimento de um arvore cheia de vida (Pv. 3,9-10). Honrar a Deus é reconhecer que nada temos que não nos foi dado por ele( "um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu" Jo 3,27).

Justiça, paz e alegia (Rm 14,17)

Allen

terça-feira, maio 18, 2004

Tarde Perdida?

Olá,

Enquanto espero calmamente pela impressão do boleto bancário, vou contar alguma coisa que anda acontecendo, afinal isso também é um blog.
Como diário, vamos partir do mais confessional, estou namorando a Marcela, ela é que nem eu, só que ela é bem mais doce, meu temperamento de mais novo.
Li Igreja com Propósitos Do Rick Warren e Discipulos Hoje! do RC Sproul, pretendo ler agora Ministerio Com Propositos do Doug Fields e Vida Cristã Normal do W. Nee, leituras cristãs têm feito parte da minha vida.
Assim, como tenho escutado musica cristã, ouvi o cd da p.igreja batista de sj campos, as primeiras faixas são legais, as lentas, muita letra que confunde a absorção da essência. Leonardo Gonçalves é muito bom.

Sites novos para vcs verem.

www.ciadaadoracao.com.br
www.betsaida.com.br

Frase da Semana
"Antes de querermos fazer a Obra de Deus, devemos ser homens de Deus"
Doug Fields, e ele tá certo.

sexta-feira, maio 14, 2004

John Stott

Fruit of the Spirit

The expression 'the fruit of the Spirit' comes from Paul's letter to the Galatians. These are his words:

"But the fruit of the Spirit is love, joy, peace, patience, kindness, goodness, faithfulness, gentleness, self-control (Gal. 5:22-23a)."

The mere recital of these Christian graces should be enough to make the mouth water and the heart beat faster. For this is a portrait of Jesus Christ. No man or woman has ever exhibited these qualities in such balance or to such perfection as the man Christ Jesus. Yet this is the kind of person that every Christian longs to be.

This, then, is the portrait of Christ, and so - at least in the ideal - of the balanced, Christlike, Spirit-filled Christian. We have no liberty to pick and choose among these qualities. For it is together (as a bunch of fruit or a harvest) that they constitute Christlikeness; to cultivate some without the others is to be a lopsided Christian. The Spirit gives different Christians different gifts... but he works to produce the same fruit in all. He is not content if we display love for others, while we have no control of ourselves; or interior joy and peace without kindness to others; or a negative patience without a positive goodness; or gentleness and pliability without the firmness of Christian dependability. The lopsided Christian is a carnal Christian; but there is a wholeness, a roundness, a fullness of Christian character which only the Spirit-filled Christian ever exhibits.

John Stott- From Baptism and Fullness (Downers Grove: IVP, 1976) p. 76

C.S. Lewis

"It is a serious thing to live in a society of possible gods and godesses, to remember that the dullest and most uninteresting person you can talk to may one day be a creature which, if you saw it now, you would be strongly tempted to worship...There are no ordinary people."

The Weight of Glory and other addresses

terça-feira, maio 11, 2004

Blog do Pastor Euclides

Olá,

já está sendo postado o blog do Pr. Euclides, logo, vai estar linkado ao site da www.adpinda.blogspot.com ,
mas mesmo antes que isso ocorra textos já estão sendo postados.

aprendendo com o Rick.

Estou lendoUMA IGREJA COM PROPOSITOS, algumas coisas do livro são complexas demais outras estranhas demais para nossa tradição de culto. Mas coisas bem simples são fundamentais... .e fica sempre aquela impressão diante da obviedade das suas palavras: Por que não pensei nisso antes?

Eis alguns extratos do livro:

Ainda que esteja usando a palavra “visitantes”, não os chamamos assim na nossa comunidade. Nós os chamamos de “convidados”. O termo “visitante” indica que eles não estão aqui para ficar. O termo “convidado” indica que esta é uma pessoa que deve ser alvo de toda atenção possível par ela se sinta à vontade.
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Dê uma boa vinda que relaxe as pessoas. As primeiras palavras do púlpito indicam o direcionamento do culto. Cada semana, um dos nossos pastores diz alguma coisa assim: “Bem-vindo ao domingo na Igreja Saddleback! Estamos felizes em tê-lo aqui. Se você está aqui pela primeira vez, queremos que se sinta à vontade, relaxe e desfrute do culto que nós planejamos para você”.
Faça com que as pessoas saibam que elas devem desfrutar do culto. Diga que elas não vão ter que falar nada para ninguém ou fazer algo que possa envergonhá-las....

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Acredito que um dos maiores problemas com os evangélicos é que estamos fazendo as coisas ao contrário: nós nos levamos muito a sério, mas não levamos Deus tão a sério assim! Ele é perfeito, nós não. É mais do que coincidência que as palavras humor e humildade tenham a mesma raiz. De qualquer forma se você aprender a rir de si mesmo, sempre terá bastante motivo para dar muita risada.
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Uma musica perde seu poder de testemunho se as pessoas não pensam no que estão cantando. Mas as musicas podem ser uma podem ser uma poderosa testemunha para os crentes quando as pessoas que as cantam sentem no coração o que estão cantando.
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Gostamos das canções antigas porque elas nos trazem lembranças emocionais que mexem conosco. Existem canções que trazem automaticamente lagrimas aos olhos, porque elas me lembram de momentos espirituais importantes que vivi. Mas essas canções não possuem o mesmo impacto nos não-crentes ou mesmo em outros crente, porque eles não compartilham de minhas memórias.
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...a maioria das canções de adoração efetivas é compostas de musicas cantadas diretamente para Deus. Esta é a adoração bíblica. A força de muitas canções de adoração contemporâneas é que elas são centralizadas em Deus, em vez de serem centralizadas no homem.
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Quando os crentes cantam juntos em harmonia, é criado um senso de intimidade, mesmo quando existe um grande numero de pessoas. Essa intimidade impressiona os sem-igreja, que podem sentir que algo de bom está acontecendo, mesmo que eles não consigam explicar o que é.
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quinta-feira, maio 06, 2004

Uma cabeça no prato e famílias sendo degoladas.



Desenvolvendo uma ideia do livro “O Bode Expiatório” de René Girard quero aproveitar a semana do Dia das Mães e falar da importância dela, dos pais como modelos de imitação para aqueles que ainda não sabem nada, que tem neles o primeiro ideal de vida.

Girard desenvolve sua teoria no episódio da degolação de João Batista em Mc 6,17-29 e estabelece ligações com a passagem que Cristo diz em Mateus 18,5-6: “E aquele que receber uma criança como esta por causa do meu nome, recebe a mim. Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar”.

A criança tem naqueles que estão por derredor delas, modelos de bondade e de maldade que elas irão seguir ou padronizar por toda vida, assim como os alunos têm nos mestres os moldes da sabedoria e da maldade.

Em Marcos, temos uma família construída sobre um adultério, sobre a cova de um irmão e um profeta que escandaliza, que serve de pedra de tropeço para que essa “família real” viva feliz para sempre. Herodes mandara acorrentar João Batista por que esse opunha a união dele com a irmã de seu irmão morto, Filipe (Mc 6,17-18). Heroídes, incapaz de dar plena felicidade ao novo amado via em João Batista, a causa da infelicidade e não no seu pecado, quando estamos numa situação de pecado, a igreja sempre parece um mal, e aqueles que falam a verdade de nossa situação são as pessoas a serem evitadas, pessoas a serem esquecidas da consciência, pessoas que queríamos “matar mas não podemos” (Mc. 6,19) pois o Espírito Santo sempre está nos lembrando do pecado por mais que não queremos.

Herodes, aquele que tem poder para exterminar João Batista está ainda confuso e sente prazer na verdade ainda apesar de toda sua situação pecaminosa, Herodes ainda não negou a verdade por completo, ele precisa ter ofuscamento pleno da luz numa multidão e numa situação aparentemente inocente para que possa revelar qual é realmente o desejo de seu coração.

Eis que surge a filha de Heriades, a canalizadora dos desejos paternais, aquela que vai assumir em si as maldades que tanto tempo vem sendo cultivadas naquele seio familiar, por isso, Cristo diz, aquele que escandalizar um desses pequeninos será pendurada sobre o pescoço uma pesada mó, o desejo do pecado dos pais se tornará a corda mais apertada sobre o pescoço, e revela toda a imundícia que é a família.

A filha dança perante o rei e seus convidados ilustres, fascinado pela dança da menina, ele oferta a ela o que foi ofertado a Ester, mas agora a conseqüência não será mais a salvação, mas a perdição de toda a família, ele oferece a menina metade do reino ou qualquer outra coisa.

Ela é uma criança, não tem desejos a não ser aqueles que são lhe dados, então, ela não sabe o que pedir ao rei Herodes, corre a mãe, que não tem outro objeto de desejo no coração senão a morte do profeta, eis o que ela pede a cabeça do profeta, pede a sua morte.

A filha não só compreende o pedido, como o aumenta com uma maldade incapaz ded ser imaginada pelos pais, de ser o objeto do pedido não apenas a morte, mas literalmente a cabeça mesma ser servida num prato. Na filha não há qualquer filtro de consciência, ela simplesmente aprendeu o mal, por isso ela toma a maldade como literal, o mal é toda realidade que ela conhece e deseja, os conflitos paternos não existem para ela. Ela não conhece a bondade do profeta, apenas conhece que ele é um empecilho para a felicidade egoística da mãe.

Muitas vezes, a maldade dos pais não é diluída e desaparece nos filhos, ela toma proporções maiores, a corda pesa mais e mais, o a satisfação que o pecado não tem fim até que venha a morte que se banaliza e entorpece mais ainda as mentes das crianças (o prato).

Como acabar com esse crescimento? A semente do mal deve ser precipitada nas profundezas do mar( Mt 18,6) para que lá não semeia nada a não ser esquecimento.

Contudo, Herodes no meio da multidão acata o pedido da menina mesmo que triste. A multidão, lembra Girard, tem um papel importante porque quanto mais indeferenciado estamos, mais a nossa violência dos nossos pecados que parece a nossos olhos sumir no meio de tanta gente são revelados.

A lição é o aquilo que a mãe e o pai deseja é importantíssimo para a vida familiar, pois aquele desejo é que vai alimentar o filho, é aquela esperança de felicidade que vai mover a família e dizer se ela está colocando uma corda sobre o pescoço dos filhos apressando a morte deles ou colocando-os com os olhos fitos naquele que devemos receber em nosso lar que é Cristo (Mt.6,5), a criança deve ser recebida como Cristo, aquele que é a Verdade (I Co 13,6) e Amor(I Co 13,13), numa família onde a justiça, paz e alegria são as bases, lá será o Reino de Deus( Rm 14,17) e o Reino de Deus é o lugar onde Cristo pode ser recebido. Se os pais precisam de modelo familiar, lembre-se de S. Paulo “Sede meus imitadores, como eu mesmo sou de Cristo”(I Co 11,1), afinal Cristo também é o Caminho.

quarta-feira, maio 05, 2004

Quem é Rene Girard?

Eu sou leitor costumaz de Rene Girard, estou lendo "O Bode Expiatório", mas para uma melhor introdução, leiam o que Olavo de Carvalho fala a seu respeito:

GIRARD: A REVOLUÇÃO por Olavo de Carvalho

O nome de René Girard não é desconhecido nesta parte do mundo. De vez em quando aparece citado, de passagem, em alguma tese universitária. Seu livro mais famoso, La Violence et le Sacré (1972), foi traduzido pela Vozes e a edição está esgotada.

O que espanta não é que após tal sucesso nenhum editor brasileiro se interessasse em publicar Le Bouc Émissaire (1982), La Route Antique des Hommes Pervers (1985) e outras obras memoráveis do mesmo autor. O fenômeno pode refletir apenas a intermitência do stop and go, típica das economias subdesenvolvidas. O que espanta é a capacidade que o nosso meio universitário teve de absorver em discreto silêncio algo de um pensamento tão explosivo, continuando em seguida confortavelmente instalado nas suas convicções dominantes, como se ele não as houvesse abalado em nada.

Entre a insensibilidade pétrea e o fingimento puro e simples, algum fator desconhecido parece ter imunizado essa gente contra qualquer advertência de que o leão escapou da jaula. Mas não custa repetir o aviso: René Girard está à solta. O que ele vem fazendo - preparem-se - pode-se resumir na fórmula única de um plano supremamente maligno: destruir a quaternidade sagrada positivismo-marxismo-estruturalismo-freudismo que domina o horizonte das ciências humanas, e colocar em seu lugar nada menos que o bom e velho cristianismo.

Mesmo no Velho Mundo, onde o sacerdócio do culto estabelecido se sente mais fortinho ao ponto de não querer deixar sem resposta uma provocação desse calibre, as reações tomaram apenas a forma de imprecações e rosnados, seguidos de um silêncio amuado. "Fantasias!", protestou Claude Lévi-Strauss - e mais não disse nem lhe foi perguntado. Nenhuma objeção detalhada o bastante para passar por séria elevou-se contra o empreendimento girardiano, que vai exercendo uma influência cada vez maior nos terrenos mesmos onde a exclusão do cristianismo desfrutava do prestígio de uma exigência metodológica primeira.

O mais irônico da história é que Girard é homem alheio à agitação intelectual parisiense, vivendo há quase meio século em Stanford, Califórnia, e publicando em inglês boa parte de sua obra.

Mas onde, precisamente, ataca Girard o templo do academicismo? "Não se vence realmente senão aquilo que se substitui", dizia Nietzsche. Girard não perde tempo criticando teorias e escolas: oferece uma explicação melhor para os fenômenos sobre os quais elas reinavam soberanas, e ei-las desprovidas de razão de ser, pairando no ar como inúteis flocos de espuma.

A substituição é global e repentina. Onde cada uma dessas escolas, além de ter lá suas fragilidades intrínsecas, não conseguia abranger senão um grupo especializado de fenômenos, deixando os outros às vizinhas que não raro a contradiziam na base, o sistema Girard, como veio a ser chamado, reúne tudo num bloco - leis, instituições, costumes, mitologias, valores, obras de arte - e submete o conjunto a um mesmo princípio explicativo, simples e poderosamente convincente. A nova chave das ciências humanas demite, de um só golpe, o complexo de Édipo e a luta de classes, as estruturas do parentesco e todos os demais ícones teóricos, que só conservam seu antigo prestígio em longínquas terras do Terceiro Mundo ainda não abaladas pelos ecos da revolução girardiana.

O princípio encontrado por Girard pode-se resumir em um parágrafo. Todas as instituições humanas têm origem ritual, e o ritual resume-se no sacrifício. O sacrifício consiste em descarregar sobre um bode expiatório, vítima inocente e indefesa, os ódios e tensões acumulados que ameaçavam romper a unidade social. Estes ódios e tensões, por sua vez, surgem da impossibilidade de conciliar os desejos humanos. A razão desta impossibilidade reside no caráter mimético do desejo: cada homem não deseja isto ou aquilo simplesmente porque sim, porque é bonito, porque é gostoso, porque satisfaz alguma necessidade, mas sim porque é desejado também por outro ser humano, cujo prestígio cobre de encantos, aos olhos do primeiro, um objeto que em si pode ser inócuo, ruim, feio ou prejudicial. O mimetismo é o tema dominante da literatura, assim como o sacrifício do bode expiatório é o tema dominante, se não único, da mitologia universal e do complexo sistema de ritos sobre o qual se ergue, aos poucos, o edifício político e judiciário. A vítima é escolhida entre as criaturas isoladas, inermes, cuja morte não ofenderá uma família, grupo ou facção: ela não tem vingadores, sua morte portanto detém o ciclo da retaliação mútua. Mas a paz é provisória. Por um tempo, a recordação do sacrifício basta para restabelecê-la. Nesta fase a vítima sacrificial se torna retroativamente objeto de culto, como divindade ou herói cultural. Ritualizado, o sacrifício tende a despejar-se sobre vítimas simbólicas ou de substituição: um carneiro, um boi. Quando o sistema ritual perde sua força apaziguante, renascem as tensões, espalha-se a violência que, se não encontrar novas vítimas sacrificiais, leverá tudo ao caos e à ruína. A sociedade humana ergue-se assim sobre uma violência originária, que o rito ao mesmo tempo encobre e reproduz.

Mas essa violência funda-se, essencialmente, numa ilusão. O sacrifício não tem, por si, o poder de gerar efeitos benéficos. Se estes acabam por se produzir, é por intermédio da crença generalizada que despeja os ódios sociais no inocente e aplaca uma sede de vingança irracional que a sociedade atribui a um deus, mas que vem dela mesma. Esta crença, por sua vez, vem do desejo mimético, que, se escolhe por objeto uma miragem, pode se satisfazer igualmente com uma miragem de causa quando se trata de explicar a origem dos males humanos.
Assim fecha-se o sistema: o mimetismo causa a insatisfação, a insatisfação causa os ódios, os ódios ameaçam a ordem social, a ordem social se restaura mediante o sacrifício do inocente, que então vira mais um deus no panteão do engano universal.

O ciclo sacrificial só é rompido uma única vez na História, com o advento do cristianismo. Cristo proclama a inocência das vítimas, a inocuidade dos sacrifícios, a falsidade dos deuses vingativos: "Todos os que vieram antes de Mim são ladrões." Ele substitui a vingança social pelo arrependimento individual, restabelecendo o nexo racional entre os atos e as conseqüências, antes nublado pela mitologia sacrificial. Da desmistificação do sistema antigo nasce não somente a consciência moral autônoma, mas a possibilidade do conhecimento objetivo da natureza: Cristo inaugura a primeira civilização - a nossa - que sabe haver mais justiça no perdão do que na vingança, mais verdade no nexo impessoal de causas e efeitos do que na atribuição de um poder maligno àqueles que desejamos matar.

A massa de documentos que Girard, paleógrafo de formação, submeteu a meticulosas análises de texto para comprovar sua teoria é impressionante: vai das primeiras mitologias indo-arianas às obras de Proust.

Não menos impressionante é a mudança de perspectiva que, sob o impacto da teoria girardiana, sofre a nossa visão das idéias e conflitos contemporâneos. O totalitarismo, por exemplo, aparece como o estado fatal a que caminha um mundo que, tendo rejeitado o antigo sistema mitológico sacrificial, não deseja pôr em seu lugar o cristianismo: não há saída senão voltar à matança de vítimas humanas, sob os nomes de "burguesia", "judeus", "reacionários", "negros impuros", "políticos corruptos", etc. O nazismo surge, a essa luz, como uma oposição frontal ao cristianismo, preconizada por Nietzsche em páginas que defendem, abertamente, o retorno aos sacrifícios humanos. O socialismo, em contrapartida, é o simulacro que pretende substituir o cristianismo, sugando as energias cristãs para colocá-las a serviço da caça ao bode expiatório. Nas democracias capitalistas, o mais temível forma de anticristianismo é o "politicamente correto", onde cada grupo, divinizando a própria autovitimização, se nomeia o sacerdote de novas vinganças sacrificiais.

Girard não diz isto em parte alguma, mas é altamente corroborador de suas interpretações o fato de que, de todos os povos discriminados e perseguidos, o único que não explora seus sofrimentos como meio para a conquista do poder de vingança é justamente aquele que mais vítimas forneceu à violência do século XX: o povo cristão, do qual pereceram pelo menos trinta milhões de membros no altar da perseguição religiosa - o jamais mencionado holocausto cristão.

Girard também não cita, entre seus precursores, certamente porque o desconhece, o nome do psiquiatra húngaro Lipot Szondi. Mas não é possível pensar em fenômenos como o desejo mimético e o bode expiatório sem lembrar a teoria do "complexo de Caim" que esse grande sábio colocou no lugar do artificioso "complexo de Édipo" freudiano, já na década de 20. Mas Szondi foi, ele próprio, um bode expiatório: ao lado dessa teoria, defendia também a raiz genética das doenças mentais, o que na época era considerado puro nazismo pela escola culturalista dominante (que preferia culpar "a educação", "os pais" etc.). Não ficava bem chamar Szondi de nazista, porque ele era judeu; mas, tão logo saiu do campo de concentração onde o haviam posto os nazistas, foi colocado na geladeira do esquecimento pelos democratas e socialistas.

29/05/98
(Publicado na revista Bravo! de junho de 1998)
The Passion and Rene Girard: the sacred violence of the crucifixion

By John Laughland

Mel Gibson's film The Passion of the Christ has been attacked for its anti-Semitism as well as for its violence. Sometimes these two charges are blended into one: It has been alleged that the film will even encourage acts of retaliatory violence to be committed against Jews. A generation of fashionable critics , such as the heroin-chic wunderkind Will Self, who regard the meaningless Sadism of Quentin Tarantino's Kill Bill as cool, and who dismiss as absurd the idea that violent movies encourage violent behavior, have suddenly developed a rather prudish and old-fashioned liberal disdain for blood and gore. Another version of the same criticism has come from liberal voices within the Catholic Church, who have alleged that the film's violence distract from what is important about Christianity, the "teaching" of Jesus himself.

The French anthropologist Rene Girard has analyzed the relationship between "violence and the sacred" (to use the title of one of his books) and he has written at length on the concept of sacrifice. Girard argues that ritual sacrifice has a specific social function, namely to remove real violence from society by acting as a substitute for it. Girard argues that sacrifice achieves social cohesion by projecting a society's rivalries and inner tensions onto a victim, and then destroying the victim. This is the mechanism known as the scapegoat. Girard tells us that by dissipating violence and vengeance onto victims whose death does not need to be avenged, societies can avoid contracting the microbe of violence, which otherwise would cause them to collapse in a spiral of interminable reprisals. Girard, therefore, would tell us that the criticisms of The Passion leveled above are wrong, and that they are wrong for the same reason: they fail to understand that the violence depicted in the film has a specifically Christian meaning.

Girard is not original in comparing Christ's sacrifice to the sacrificial rites of pagan religions. But he is innovatory in emphasising the crucial difference that, in pagan traditions, sacrificial victims were believed to be guilty of the evils projected onto them. The template for his claim is the myth of Oedipus, who killed his father and slept with his mother. But in modern times, it is not difficult to see the same mechanism operating in witch-hunts, pogroms, lynch-mobs, and even modern televisual hate-ins of foreign bogeymen like Slobodan Milosevic or Saddam Hussein. Christianity inverts this pagan paradigm by showing the victim to be supremely innocent. If pagan societies repeatedly performed real blood sacrifices, be they of of animals or of humans, because they operated within the old framework of behaving as if the victim were truly the bearer of evil, the Christian story seeks to put an end to violence by showing the social unity which comes from a lynching to be a terrible destructive force. Unlike pagan rites, the Christian sacrifice was supposed to be practised in its bloody form once - and never again.

It is not only in his death that Christ shows the dangers of the kind of unity which is promoted by real acts of violence. In one of the most famous events in the Gospels, when the Pharisees bring before Christ a woman taken in adultery, Christ the anthropologist acts precisely by defusing the unanimity of the crowd. When the Pharisees ask Christ what should be done with the woman, they are not differentiated. The evangelist describes them speaking as one. Yet Christ responds by saying, "Let he who is without sin cast the first stone."

By attracting the focus of the crowd onto the first stone, and on to the individual who would cast it, Christ destroys the crowd's nature as a crowd, and, with it, its unified desire for violence and condemnation. Such violence and condemnation, like many collective acts, is committed mimetically: when people imitate others, especially in their desires. Everyone looks around to see what everyone else will do, and who will act first. The consequence is that the crowd disperses, as the evangelist tells us, "one by one."

In this episode, as in his own death, Christ of course teaches that the response to sin or injustice is not condemnation or revenge, but forgiveness. Common parlance describes precisely this attitude as "Christian." He says to the woman, "No one has condemned you, neither do I condemn you," and he says of his tormentors on the cross, "Forgive them, Lord, for they know not what they do." Such frenzies of collective violence are precisely irrational and non-reflective. If Mel Gibson's Christian film provokes hateful or vengeful violence (as many critics have suggested it might), those acts will and can only be anti-Christian in themselves.

At its deepest and most mysteriously paradoxical level, moreover, the Christian story precisely shows Jews and Gentiles united - in a sinful act of collective violence. Christ, of course, specifically taught that the message communicated to God's chosen people was, in fact, intended for the whole of humanity, Jews and Gentiles alike.

Girard's anthropological framework also helps to overcome the bogus division between Jews and Gentiles and, more specifically, between the old law and the new. The Old Testament figure of the innocent Joseph, for instance, who is "sacrificed" by his brothers only to be later "reborn" as their overlord in Egypt, is the polar opposite of the Oedipus myth, where the victim is evil. Girard argues that the Ten Commandments handed to Moses can be read in exactly the same anthropological way as Christ's sacrifice: as a prescription against outbreaks of the cycle of mimetic violence. He argues that the last six commandments - Thou shalt not kill; thou shalt not commit adultery; thou shalt not steal; thou shalt not bear false witness against thy neighbor; thou shalt not covet thy neighbor's wife; thou shalt not covet thy neighbour's goods - are a list, in descending temporal order, and in interdictory form, of the stages of a cycle of mimetic violence. The cycle starts with disordered desire, for another man's goods or for his wife, and leads, through calumny, to actual acts of theft and sexual predatoriness, to culminate in murder. Christ's plea for forgiveness for his tormentors on the cross, and his injunction in the Sermon on the Mount to love one's enemies are, Girard says, nothing but the fulfilment of the meaning of this ancient Jewish law.

If we read Girard, we see that reproaching the film for its bloodiness is as complete a misunderstanding of Christ's self-sacrifice as the accusation of anti-Semitism. The Old Testament had its " teaching," of the kind liberal critics say is the essence of Christianity, but Christianity's true essence lies in the terribly real way in which that teaching was fulfilled. The word made flesh is, as flesh, most cruelly destroyed. The blood and gore of the supreme sacrifice is not a distraction from the Christian message. It is the message itself.


John Laughland teaches politics and philosophy in Paris