terça-feira, novembro 30, 2010
Pin-polhices: Suíte Francesa
"O romance, com mais de 500 páginas, foge surpreendentemente dos padrões já conhecidos quando a temática se refere à II Guerra Mundial. Aqui a autora destaca as mudanças que gradativamente ocorrem no cotidiano dos franceses às vésperas da ocupação nazista."Na 1a parte do romance, "Tempestade em junho", Irene circula com maestria por núcleos independentes de personagens de diferentes classes econômicas que se deslocam de Paris durante a Débâde, a fim de se refugiarem na chamada Zona Livre (ainda não ocupada pelo III Reich). Tendo a fuga como fio condutor, a autora nos leva a um mergulho irressistível pelo universo de cada personagem, confrontando-nos com as novas situações por eles vividas e os múltiplos exemplos da personalidade humana. Ficamos cara a cara com a hipocrisia, o esnobismo, a xenofobia, a presunção e a falsidade (para não citar outras qualidades) da chamada burguesia que, presa aos bens materiais dos quais se recusa se separar e impossibilitada de aceitar a ideia de receber tratamento igual aos "outros" naquele momento crítico, deixam o leitor ora perplexo, ora envergonhado diante da mediocridade humana. Com raras exceções, como do casal Michaud e do padre Phillipe que conservam traços de integridade (mas que ainda assim vivem situações que nos chocam por serem vítimas de personagens desumanos) Irène mostra que tais pessoas conseguem ter seu caráter transformado na medida que suas vidas se transformam também.Na 2a parte, "Dolce", o romance se estrutura no campo e a autora traz um texto recheado de descrições e sensibilidade, sem no entanto cansar o leitor. Famílias tradicionais vivem a espera do filho ou parente feito prisioneiro na guerra em meio a chegada dos refugiados da cidade. Mais uma vez, o medo de compartilhar seus bens traz a indiferença e anula a esperança da solidariedade que se espera encontrar no próximo. Além disso, abrigar soldados alemães (não judeus) dentro de casa traz em cada morador do vilarejo uma insegurança diante doolhar alheio. Irène faz um contraponto interessante criando Bruno von Falk, um soldado alemão sensível e delicado em meio à mesquinhez dos franceses locais, por quem uma jovem francesa se apaixona.Pertencente a uma família judia tradicional e burguesa, Irène escreve com realismo mantendo distanciamento do texto, sem julgar os fatos ou seus personagens. Apesar da temática, consegue demonstrar ironia e humor (negro) em determinadas situações sendo impossível não rir diante delas (como a cena em que o presunçoso escritor Corte tem sua ceia - que lhe custou uma fortuna - roubada).A obra de Irène ficou durante anos sob os cuidados de suas filhas, Élisabeth e Denise, sobreviventes da guerra. Mas foi somente em 1954 que as filhas resolveram ler o manuscrito em letras míudas que a mãe havia deixado. Surpresas por não terem em mãos um diário e sim uma obra de violento valor literário e histórico começaram um lento processo de decifração.Suíte Francesa só foi publicado em 2004 e já é considerado o mais importante documento literário pós guerra, depois dos diários de Anne Frank.O livro traz o prefácio de Myriam Anissimov contando a tragetória de Iréne - sua vida em família e sua relação de ódio com a mãe - e características de sua escrita. No final, trechos de seus manuscritos e relatos do marido e de amigos que estiveram em sua busca, antes da certeza da sua morte.
domingo, novembro 28, 2010
Os maus sinais da inflação « Rolf Kuntz
"Financiar trem-bala não é função do Banco Central (BC). Combater a inflação, sim. O lembrete poderia ser inútil em outro momento, mas não agora, diante da incerteza quanto ao papel e ao poder da autoridade monetária no futuro governo. Nenhum temor é absurdo, quando o Tesouro é autorizado a usar R$ 25 bilhões como garantia financeira de um projeto ferroviário mal esboçado, contestado e de retorno duvidoso, mas defendido como prioritário pela presidente eleita. O lembrete sobre a missão do BC também é oportuno, agora, porque a inflação do feijão já era: os aumentos estão muito mais espalhados."Esse é um bom assunto para a presidente eleita e para a pessoa escalada para cuidar dos juros a partir de janeiro. Dois terços dos preços pagos pela maioria das famílias foram arrastados pela onda de aumentos, segundo a última pesquisa do IPCA-15, realizada entre 14 de outubro e 12 de novembro e divulgada ontem pelo IBGE. O efeito da onda é crescente. A alta de preços havia atingido 62,2% dos itens no período coberto pela pesquisa encerrada há um mês.
Com a nova coleta vieram, portanto, duas más notícias. Em primeiro lugar, a inflação ganhou impulso, passando de 0,62% em outubro para 0,86% em novembro, segundo esse indicador. Em segundo, as pressões inflacionárias, além de mais fortes, tornaram-se mais amplas. A aceleração é confirmada pelo exame dos chamados núcleos de inflação, calculados sem os preços mais instáveis dos alimentos e combustíveis.
Também a Fundação Getúlio Vargas apontou inflação em alta: na terceira medição do mês, correspondente aos 30 dias encerrados em 22 de novembro, o IPC-S variou 0,85%. Um mês antes o aumento apurado havia sido 0,66%. O índice de difusão, 64,8%, foi um pouco menor que o da terceira pesquisa de outubro, 65,4%, mas confirmou a tendência de aumentos bem espalhados pela economia.
Os dois fenômenos – a aceleração e a difusão dos aumentos – são sinais de pressão de demanda, segundo alguns analistas. Não há nada incomum nessa avaliação. A forte demanda é refletida também nas contas do comércio exterior. O Brasil gastou neste ano US$ 160,1 bilhões com importações até a terceira semana de novembro, 43,9% mais do que um ano antes. O valor exportado, US$ 175,4 bilhões, foi 30,8% maior que o de igual período de 2009.
Esse descompasso é em parte explicável pela valorização do real, mas o efeito do câmbio seria certamente menor, se a economia estivesse menos aquecida e a demanda interna fosse menos intensa. Além do mais, o dólar barato tem contribuído para limitar os aumentos. Sem esse amortecedor, os consumidores estariam bem mais assustados com a alta de preços. É bom levar em conta esse dado ao avaliar os indicadores de inflação.
Pelo menos dois fatores poderão afetar os preços nos próximos meses. A União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional estão mobilizados para ajudar os países da Europa em situação mais precária, como a Irlanda e a Grécia. Mas há outros vulneráveis à ação desestabilizadora dos mercados financeiros. Se a situação europeia desandar, o dólar poderá subir e o Brasil ficará menos protegido contra as pressões inflacionárias.
O outro perigo está no mercado internacional de produtos básicos, sensível tanto às variações na oferta e na demanda quanto às decisões dos especuladores financeiros. Está prevista para 2011 uma oferta global de alimentos mais apertada que a de 2010. Não haverá realmente escassez, mas a mera perspectiva de redução de estoques é em geral suficiente para elevar as cotações. Esse efeito é ampliado, e às vezes consideravelmente, quando há insegurança nos mercados financeiros e grandes volumes de dinheiro são desviados para o mercado de commodities. Isso ocorreu antes da crise de 2008 e poderá ocorrer de novo, se o risco financeiro aumentar ou se os países emergentes se tornarem menos interessantes.
Se a presidente eleita tiver uns 50% da sorte de seu antecessor, esse quadro poderá tornar-se menos preocupante nos próximos meses. Seu governo, então, será iniciado diante de um cenário externo menos sombrio. Mas ainda haverá uma coleção respeitável de riscos internos. Na melhor hipótese, será preciso enfrentar o rescaldo das atuais pressões inflacionárias, administrar um orçamento pouco flexível e com excesso de custeio improdutivo. Será necessário, também, conter a deterioração das contas externas. Se não houver uma reversão, em 2012 o déficit em conta corrente estará em 4% do PIB. Mas tudo será bem pior, em dois anos, se o caminho escolhido for o da complacência com a gastança e do descuido diante das pressões inflacionárias.
WikiLeaks revela espionagem dos EUA sobre a ONU e segredos do Irã - internacional - Estadao.com.br
quinta-feira, novembro 25, 2010
The Falling Man By Tom Junod
In the picture, he departs from this earth like an arrow. Although he has not chosen his fate, he appears to have, in his last instants of life, embraced it. If he were not falling, he might very well be flying. He appears relaxed, hurtling through the air. He appears comfortable in the grip of unimaginable motion. He does not appear intimidated by gravity's divine suction or by what awaits him. His arms are by his side, only slightly outriggered. His left leg is bent at the knee, almost casually. His white shirt, or jacket, or frock, is billowing free of his black pants. His black high-tops are still on his feet. In all the other pictures, the people who did what he did -- who jumped -- appear to be struggling against horrific discrepancies of scale. They are made puny by the backdrop of the towers, which loom like colossi, and then by the event itself. Some of them are shirtless; their shoes fly off as they flail and fall; they look confused, as though trying to swim down the side of a mountain. The man in the picture, by contrast, is perfectly vertical, and so is in accord with the lines of the buildings behind him. He splits them, bisects them: Everything to the left of him in the picture is the North Tower; everything to the right, the South. Though oblivious to the geometric balance he has achieved, he is the essential element in the creation of a new flag, a banner composed entirely of steel bars shining in the sun. Some people who look at the picture see stoicism, willpower, a portrait of resignation; others see something else -- something discordant and therefore terrible: freedom. There is something almost rebellious in the man's posture, as though once faced with the inevitability of death, he decided to get on with it; as though he were a missile, a spear, bent on attaining his own end. He is, fifteen seconds past 9:41 a.m. EST, the moment the picture is taken, in the clutches of pure physics, accelerating at a rate of thirty-two feet per second squared. He will soon be traveling at upwards of 150 miles per hour, and he is upside down. In the picture, he is frozen; in his life outside the frame, he drops and keeps dropping until he disappears.
PAUL KRUGMAN: The Conscience of a Liberal
leia o texto do blog do NY Times:
In fact, let me start this blog off with a chart that’s central to how I think about the big picture, the underlying story of what’s really going on in this country. The chart shows the share of the richest 10 percent of the American population in total income – an indicator that closely tracks many other measures of economic inequality – over the past 90 years, as estimated by the economists Thomas Piketty and Emmanuel Saez. I’ve added labels indicating four key periods. These are:
The Long Gilded Age: Historians generally say that the Gilded Age gave way to the Progressive Era around 1900. In many important ways, though, the Gilded Age continued right through to the New Deal. As far as we can tell, income remained about as unequally distributed as it had been the late 19th century – or as it is today. Public policy did little to limit extremes of wealth and poverty, mainly because the political dominance of the elite remained intact; the politics of the era, in which working Americans were divided by racial, religious, and cultural issues, have recognizable parallels with modern politics.
The Great Compression: The middle-class society I grew up in didn’t evolve gradually or automatically. It was created, in a remarkably short period of time, by FDR and the New Deal. As the chart shows, income inequality declined drastically from the late 1930s to the mid 1940s, with the rich losing ground while working Americans saw unprecedented gains. Economic historians call what happened the Great Compression, and it’s a seminal episode in American history.
Middle class America: That’s the country I grew up in. It was a society without extremes of wealth or poverty, a society of broadly shared prosperity, partly because strong unions, a high minimum wage, and a progressive tax system helped limit inequality. It was also a society in which political bipartisanship meant something: in spite of all the turmoil of Vietnam and the civil rights movement, in spite of the sinister machinations of Nixon and his henchmen, it was an era in which Democrats and Republicans agreed on basic values and could cooperate across party lines.
The great divergence: Since the late 1970s the America I knew has unraveled. We’re no longer a middle-class society, in which the benefits of economic growth are widely shared: between 1979 and 2005 the real income of the median household rose only 13 percent, but the income of the richest 0.1% of Americans rose 296 percent.
Most people assume that this rise in inequality was the result of impersonal forces, like technological change and globalization. But the great reduction of inequality that created middle-class America between 1935 and 1945 was driven by political change; I believe that politics has also played an important role in rising inequality since the 1970s. It’s important to know that no other advanced economy has seen a comparable surge in inequality – even the rising inequality of Thatcherite Britain was a faint echo of trends here.
On the political side, you might have expected rising inequality to produce a populist backlash. Instead, however, the era of rising inequality has also been the era of “movement conservatism,” the term both supporters and opponents use for the highly cohesive set of interlocking institutions that brought Ronald Reagan and Newt Gingrich to power, and reached its culmination, taking control of all three branches of the federal government, under George W. Bush. (Yes, Virginia, there is a vast right-wing conspiracy.)
Because of movement conservative political dominance, taxes on the rich have fallen, and the holes in the safety net have gotten bigger, even as inequality has soared. And the rise of movement conservatism is also at the heart of the bitter partisanship that characterizes politics today.
Why did this happen? Well, that’s a long story – in fact, I’ve written a whole book about it, and also about why I believe America is ready for a big change in direction.
For now, though, the important thing is to realize that the story of modern America is, in large part, the story of the fall and rise of inequality.
domingo, novembro 21, 2010
Paul Krugman e TGV
Paul Krugman não defende o TGV
5 Setembro 2010, por Armando Pires
Paul Krugman (Nobel da Economia em 2008), devido ao papel central que atribui aos custos de transporte no comércio internacional e na localização da actividade económica, tem sido citado pelo actual governo na defesa do TGV. Em particular, advoga-se que o TGV – ao diminuir o tempo de ligação, e como tal, os custos de transporte entre Lisboa e Madrid – irá aumentar as trocas comerciais e favorecerá uma distribuição mais equitativa da actividade económica na Península Ibérica. Mas é mesmo isto que as teorias desenvolvidas por Krugman prevêem? Não necessariamente.
De facto, Krugman demonstra que uma redução dos custos de transporte tenderá a conduzir à aglomeração da actividade económica nos centros económicos. Isto acontece, porque ao localizarem-se nos mercados centrais os agentes económicos podem simultaneamente servir as regiões periféricas com taxas de transporte favoráveis e explorar as vantagens de aglomeração nos centros económicos (economias de escala e spillovers tecnológicos).
Assumindo que os centros económicos da Península Ibérica são Madrid e Lisboa, isto poderia revelar-se benéfico para Portugal, se os ganhos de Lisboa compensassem as perdas nas restantes regiões. Infelizmente, Lisboa não é um centro económico a nível Ibérico. Num trabalho meu 1 demonstrei que existem três centros na Península Ibérica: Madrid, Catalunha e o País Basco. Lisboa – a região mais central de Portugal – só é marginalmente mais central que a região mais periférica da Espanha, a Galiza.
Sendo assim, segundo as teorias de Krugman, Portugal sairia perdedor com uma redução dos custos de ligação a Espanha.
Curiosamente, Krugman chegou a analisar um caso semelhante ao de Espanha e de Portugal: dois países, cada um com o seu centro económico (Madrid e Lisboa), mas em que um deles é mais periférico que o outro (assim como Madrid é mais central que Lisboa). Nesta situação Krugman defende que, a melhor estratégia do país com o centro mais periférico (Portugal), é desenvolver as redes de transporte internas, de forma a permitir ao seu centro explorar a sua “hinterland”. Para Krugman, só quando Lisboa se tornar num centro Ibérico é que se deve reduzir os custos de transporte entre Madrid e Lisboa.
Neste sentido, o desenvolvimento da infra-estrutura rodoviária e ferroviária em Portugal apresenta-se como prioritário. No entanto, enquanto que os sucessivos governos apostaram na primeira, a segunda tem sido bastante negligenciada. O desinvestimento ferroviário é ainda mais preocupante pois é sabido, da experiência do TGV noutros países, que este só é eficaz se interligado com as linhas convencionais de comboios. Ora, enquanto que estas estão amplamente desenvolvidas em Espanha, tal não é o caso em Portugal. Corre-se pois o risco de o investimento no TGV se revelar ineficiente.
Para além do mais, a existência de uma rede ferroviária forte em Portugal, poderia ser a alternativa que as populações defendem às estradas pagas. No entanto, a mentalidade rodoviária está tão enraizada que a opção ferroviária não é sequer considerada na discussão sobre as SCUTs.
Todo este debate se mantém com ou sem o défice externo, mas ganha especial relevância no contexto actual em que os investimentos públicos se devem restringir aos que de facto tem potencial de promover o crescimento tão ansiado da economia portuguesa.
Notas:
1. Pires, Armando, 2005, Market Potential and Welfare: Evidence from the Iberian Peninsula, Portuguese Economic Journal 4, 107-127.
*(No âmbito de uma parceria entre a e.conomia.info e o jornal Público, este texto foi publicado em simultâneo na secção de economia do diário na edição de dia 5 de Setembro)
— Armando Pires
Tradições x tradição
" Tradições são um fato perigoso, porém persistente da vida. Quando pensamos que nos livramos delas, já formamos novas. O problema é, quais delas descartar, quais serão mantidas e o que fazermos com as mantidas para preservar sua importância "
Sally Morgenthaler in Brian Mclaren - A igreja do outro lado, p. 86
Brian D. McLaren: A igreja do outro lado
"A igreja, eles afirmam, é, por natureza, uma comunidade missional,- uma comunidade que existe por, em e para missões. A comunidade, no entanto, não é meramente utilitária, uma ferramenta para missões Não, a missão em si leva à criação de uma comunidade autêntica - também conhecida como Reino de Deus-, no Espírito de Jesus Cristo" p.60
sexta-feira, novembro 19, 2010
Tim Keller: Esperança para seu dinheiro.
e os bens materiais na Bíblia.
Veja, suas coisas boas não podem ser tiradas de você. O que são as coisas boas? Adoção, justificação, santificação, glorificação. Estas coisas não podem ser tiradas – nunca.
Seu amor, nos últimos tempos,
Proíbe-me a pensar
Ele vai me deixar na última
Com problemas para afundar.
E ele irá executar;
Com Cristo no reservatório,
Eu sorrio na tempestade.
Ao ver Jesus Cristo a morrer por você, você sabe o que isto diz sobre ele? Jesus perdeu seu trono do Pai- ele perdeu a sua glória, ele perdeu seu poder, tornou-se vulnerável. Ele perdeu tudo por nós- por nós! Isso significa ele valoriza mais você e eu mais do que essas coisas! Isso significa que você é o seu tesouro. E quando você vê ele fazendo tudo isso para você, quando você vê fazendo de você o seu tesouro, então, que fará dele o seu tesouro.
torna-se uma ferramenta, algo bom aconteceu!
E se nós nos tornamos uma congregação de pessoas que vivem assim, que uma arma secreta que vamos ser para o bem nesta cidade!
Proíbe-me a pensar
Ele vai me deixar na última
Com problemas para afundar.
Você quer ser seguro?
Através da oração, deixe-me lutar,
E ele irá executar;
Com Cristo no reservatório,
Eu sorri para a tempestade.
Nosso Pai, obrigado por nos dar um tempo para olhar para o que o Evangelho pode fazer para os nossos corações em relação ao dinheiro e as posses. Muito obrigado por nos dar este entendimento. Senhor, estamos com medo. Temos medo de confiar em você. Estamos com medo de realmente descansar na segurança real, e como resultado, ainda não estamos tão generoso quanto nós poderíamos ser como deveríamos ser. Pai, nós oramos tão diligentemente, agora que o Espírito Santo trabalhe em nossas vidas, fazendo graça de Jesus, seu sofrimento inocente para nós, a sua vulnerabilidade para nós, tão real para nossos corações que podemos finalmente ver que estamos seguros. Estamos seguros nele. E então nós podemos dar o nosso tempo. Podemos dar o nosso dinheiro, e podemos chegar aos outros e ser os servos que seu filho foi para nós. Nós pedimos tudo isso em nome de quem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos, Jesus Cristo. Em seu nome oramos, amém.
quarta-feira, novembro 17, 2010
UP IN THE AIR!
Sensacional filme do mesmo diretor de Juno. Up in The Air! foi mal traduzido por AMOR SEM ESCALAS, o que nada tem a ver com o filme em si.
Já que a vida do personagem principal é uma escalada de desencontros, o filme é sobre a fragilidade dos relacionamentos e intenções. Nunca sabemos realmente o que queremos da vida por nós mesmos e muito menos o que os outros buscam.
Elenco: George Clooney, Vera Farmiga, Melanie Lynskey, Anna Kendrick, Danny McBride. Direção: Jason Reitman Gênero: Comédia Duração: 104 min. Distribuidora: Paramount Pictures Sinopse: Pago para viajar pelos Estados Unidos despedindo funcionários de empresas
em crise, Ryan Bingham sempre se contentou com um estilo de vida desapegado, passado em meio a aeroportos, hotéis e carros alugados. Ele consegue carregar tudo o que precisa em uma mala de mão, é membro de elite de todos os programas de fidelidade existentes e está próximo de atingir 10 milhões de milhas voadas.
Mas quando o chefe de Ryan, inspirado por uma eficiente e novata funcionária, ameaça mantê-lo permanentemente na sede da empresa, ele se vê entre a perspectiva – ao mesmo tempo aterrorizante e agradável – de ficar em terra firme, contemplando o que realmente pode significar ter um lar.
Um dos filmes mais comentados dos últimos meses, chega às telas Amor sem Escalas(Up in the air), novo e aclamado trabalho de Jason Reitman, o premiado diretor de Juno. Não se espante com o filme à primeira vista: ele demorou bastante a me conquistar. Mas, no final, eu estava completamente envolvida com a trama que aborda a solidão e o vazio das relações pelo olhar masculino.
Baseado no livro de Walter Kirn, a história gira em torno de Ryan Bingham (George Clooney), um homem com uma profissão bem peculiar: ele é pago para viajar pelos Estados Unidos despedindo funcionários de empresas em crise. Ryan não parece se incomodar com o trabalho hostil, pois se contenta com a vida que ele considera perfeita.
Desapegado de tudo e de todos, ele passa a maior parte do tempo entre aeroportos, hotéis e carros alugados. De vez em quando faz algumas palestras em que conta seu case 'a mochila vazia'. A razão de abordar o tema é o fato de que Ryan consegue carregar tudo o que precisa em uma mala de mão, é membro de elite de todos os programas de fidelidade existentes e está próximo de atingir seu maior objetivo: 10 milhões de milhas voadas.
Se para os outros essa é uma vida solitária e vazia, para ele tudo faz sentido. Ryan tem uma casa em que passa apenas alguns dias por ano; duas irmãs que mal vê; relacionamentos esporádicos que considera reais. Nada mais importa, essa foi sua escolha e ele nunca questiona isso. Mas quando seu chefe, inspirado pela eficiente e novata funcionária Nathalie (Anna Kendrick) ameaça mantê-lo permanentemente na sede da empresa, Ryan se assusta. Ao mesmo tempo, ele se envolve com Alex (Vera Farmiga), uma mulher com o mesmo estilo de vida que o seu e, pela primeira vez, ele vê a perspectiva de ficar em terra firme, contemplando o que realmente pode significar ter um lar.
Alguns pontos chaves tornam Amor sem Escalas interessante. A relação de Ryan e Alex é cercada de detalhes que se revelam uma grande surpresa perto do final do filme. O modo como Ryan lida com a tecnologia que está ocupando seu lugar no trabalho também chama a atenção. A frieza atual das relações humanas - evidenciada tanto na forma como Ryan trata sua família como na demissão dos funcionários - é outra questão abordada. E o embate entre Ryan e Nathalie sobre casamento e comportamento com seus parceiros é brilhante.
Todos estes pontos levam ao mesmo caminho: o excelente roteiro que, em alguns momentos, parece que vai cair no clichê 'só o amor constrói' mas dá uma rasteira no espectador, surpreendendo especialmente nos instantes finais. E diante de um roteiro tão primoroso, o elenco abraçou cada diálogo com vontade, sobressaindo em boas atuações. George Clooney é ele mesmo, charmoso, carismático e sedutor, o solteirão convicto capaz de levar a vida que quiser. Vera Farmiga e Anna Kendrick também correspondem ao perfil de suas personagens; uma é totalmente despojada, a outra, convicta de suas intenções.
Corajoso e autêntico, Amor sem Escalas não cai em ciladas para agradar ao público. Seu protagonista é um cara que não pensa em casar, nem em ter filhos muito menos em assumir um compromisso real (de acordo com os padrões da sociedade), porque o real dele é cada um na sua. Ele não se preocupa em comprar uma casa, ter bens, nada. Ele não quer se comprometer e não faz a menor questão que as pessoas gostem dele. E todo mundo questiona esse jeito tão peculiar, aparentemente solitário, mas que foi uma escolha dele. E a vida é feita de escolhas, não? Simples assim.
segunda-feira, novembro 15, 2010
Alain Touraine entrevista.
GLOBO: Como o senhor vê as transformações da sociedade brasileira nos últimos 16 anos? Como avalia a vitória de Dilma Rousseff?
Uma coisa é clara. O Brasil tem um sistema político horrível, corrupto. Fernando Henrique Cardoso, em seus oito anos de governo, construiu as instituições. Fez uma transição perfeita para entregar a Presidência a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, por sua vez, realizou transformações sociais, tirando dezenas de milhões de brasileiros da miséria e da exclusão. Graças aos dois, em igual importância, o Brasil tem os elementos básicos para desenvolver um novo tipo de sociedade. Mas não sou necessariamente otimista. Não sabemos o que acontecerá daqui para a frente. A nova presidente (Dilma) foi inventada por Lula.
O Brasil tem um longo passado de populismo e a ameaça persiste devido ao nível de desigualdade social extremamente elevado. Após 16 anos dos governos FHC e Lula, é impossível questionar o potencial do Brasil.
Mas o perigo de um retrocesso existe, até porque o passado do PT está longe de ser perfeito. Lula não foi autoritário, mas segmentos do PT o são. A ideia de Dilma esquentar a cadeira por quatro anos para Lula também me desagrada.
Em uma democracia, não pode haver presidente interino. A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente, porque ela não tem experiência política.
Mas eu acredito que o Brasil tem tudo para ser o lugar em que uma nova sociedade surgirá. Não vejo muitos outros países no mundo que tenham chances tão boas quanto o Brasil.
José Serra, candidato derrotado do PSDB, deu a entender que fará com seu partido uma oposição mais dura ao governo Dilma, diferente da postura de seu partido frente a Lula. Como o senhor vê a polarização entre os dois maiores partidos brasileiros?
Neste momento, Dilma é Lula. Ninguém sabe nada sobre ela. Ela pode ter tendências populistas ou fazer um fantástico governo, não sabemos. O fato é que, depois de Lula, era impossível para José Serra vencer. Ele é extremamente competente, honesto e sério. Na oposição, é um ativo valioso para o Brasil frente aos riscos de irresponsabilidade e populismo.
Para o senhor, como a globalização transformou a sociedade pós-moderna?
Globalização significa muito mais que internacionalização. Significa que nenhuma instituição política, social ou religiosa é capaz de controlar um sistema econômico globalizado. Portanto, minha principal ideia é que a globalização significa o fim da sociedade. A diversidade dos atores é mais importante do que o sistema.
O que restou é o mercado puro. Vivemos agora em uma não sociedade, na qual as pessoas estão interessadas em coisas sem significado. Eliminar significados tem sido a aventura da Europa nos últimos 20 anos. Por exemplo, o desenvolvimento industrial sendo eliminado para dar lugar ao mercado financeiro: dinheiro pelo dinheiro.
Na vida privada, teorias românticas do século XIX deram lugar ao erotismo, à pornografia, ao sexo sem comunicação, emoção ou intenção. Interesse e desejo são a mesma coisa.
Minha pergunta é se é possível reconstruir uma vida social a partir de nenhum elemento social, pois eles despareceram ao longo do caminho.
E é possível? Há esperança para a vida em sociedade?
O único movimento político realmente forte hoje é a ecologia. Pela primeira vez na História abandonamos a velha filosofia de Descartes ou Bacon de que a cultura domina a natureza. Pela primeira vez estamos preocupados em salvar a natureza sem destruir a civilização e vice-versa.
Outra força antropológica pela qual tenho grande interesse é o movimento feminista. Mulheres em geral têm uma visão de sociedade que é o contrário do modelo masculino de tensão extrema, polarização. Mulheres buscam a conciliação em vez da oposição.
No entanto, o feminismo ainda não existe como força política. O sexismo domina. Já avançamos, mas as mulheres continuam tratadas como vítimas.
Ninguém as menciona como alguém que faz coisas. São mais criativas que os homens, mas, por enquanto, aparecem como vítimas, principalmente da violência doméstica.
A terceira força do que seria esta nova sociedade está no indivíduo, no direito a ter direitos, como dizia Hannah Arendt.
Ninguém sabe o que democracia significa hoje, cada um tem sua definição. Para mim, democracia é ampliar o acesso de todos a serviços e bens básicos, como educação e saúde, entre outras coisas.
É possível reconstruir uma sociedade baseada em termos não sociais universais, tais como a ecologia e os direitos individuais. Sou um grande defensor da ideia de universalização.
É fundamental reconhecer e garantir valores universais como, por exemplo, a liberdade religiosa. Recriar formas de vida coletiva e privada baseadas em princípios universais.
Se viver mais um ano, penso em escrever um livro com minhas ideias a respeito dessa nova sociedade possível.
domingo, novembro 14, 2010
Shopping whithout money
audiobooks:
GEORGE W. BUSH - Decision Points
BOB WOODWARD - Obama´s War
MALCOLM GLADWELL - What the dog saw
MICHAEL LEWIS - Panic!
PETER KRUGMAN - The return of depression economics and the crisis of 2008
ebook:
MICHAEL LEWIS -Big Shorthy!
video:
FRINGE S03E01
FRINGE S03E02
CAPITALISM: a love story
Revista Cult: Rene Girard
Entrevista – René Girard
Publicado em 31 de março de 2010
Para o filósofo e historiador francês, a tendência das multidões é canalizar a violência coletiva em um único indivíduo
Melissa Antunes de Menezes
“A concepção romântica do desejo é ilusória”, afirma René Girard, 85, membro da Academia Francesa e professor de Literatura Francesa na Universidade de Stanford. Sua teoria do desejo mimético indica que entre o sujeito e o objeto não existe somente o desejo, mas também o modelo, o mediador do desejo, ou o rival. O conceito de mimesis aqui estabelece o ponto central da articulação. Desde as sociedades primitivas, o desejo mediado é o desejo causador dos conflitos. Pela imitação, aprendemos a falar, a andar e a desejar. E, pela imitação do desejo alheio, competimos e rivalizamos, dando início a um ciclo de violência, capaz de se atenuar pelo sacrifício, neste caso, de uma vítima que acaba por aliviar as tensões do coletivo, reestabelecendo a paz momentânea. Torna-se inevitável, dentro deste esquema, que também o ciúme e a inveja façam parte da mimesis do desejo.
Radicado nos Estados Unidos há mais de 50 anos, Girard estudou o Antigo Testamento sob a ótica sociológica e vê no cristianismo a primeira religião que consegue amenizar a violência pelo expediente da crucificação.
Nesta entrevista, concedida com exclusividade à CULT, o historiador fala sobre alguns dos temas presentes naquele que é considerado seu mais importante livro, Coisas ocultas desde a fundação do mundo, publicado originalmente em 1978 e lançado neste mês pela editora Paz e Terra. Nele, Girard aprofunda, através de diálogos com dois psiquiatras franceses, suas hipóteses sobre a violência, o desejo e a representação do sagrado, desenvolvidas a partir de temas de seu livro anterior, A violência e o sagrado.
CULT – Fala-se muito hoje em violência. Mas não vivemos uma época em que há maior controle social e cultural da violência do que em qualquer outro período da história?
René Girard – Temos um grande controle da violência no que se refere ao local. Entretanto, as pessoas não estão cientes da violência em si. A mediação externa resolve o problema da violência de forma imperfeita porque o faz através de uma vítima. Considero que temos paz no âmbito individual, mas a ameaça está no coletivo. Tanto o rito quanto a proibição somente adiam a explosão da violência.
Sistemas religiosos como o cristianismo atuam no sentido de conscientizar sobre o uso da vítima expiatória. E não existe uso deste mecanismo de forma consciente. O bode expiatório é inconsciente, ou não é.
Em um nível exponencialmente maior, estamos lidando hoje com a possibilidade da destruição total, do uso da violência em termos absolutos, através do crescente desenvolvimento de tecnologias novas como a nanotecnologia — manipulação de partículas que podem desencadear reações de potencial altamente destrutivo.
CULT – Assim como Peter Gay, o senhor afirma que o coletivo é assassino por natureza e não o homem. Poderia explicar?
RG – Penso que o indivíduo não é assassino em sua natureza e, sim, o coletivo. As descobertas coletivas são perigosas em vários aspectos do desenvolvimento humano.
A primeira metade do século 20 foi intensamente bélica. O século 21 traz novos desafios e preocupações, que são o desenvolvimento científico e as descobertas para as quais não estamos novamente preparados.
Acredito que nossa natureza mimética é responsável pela tendência das multidões de focalizar sua violência em um único indivíduo que se transforme, arbitrariamente, no bode expiatório de alguma comunidade. A matança unânime de uma vítima inocente, no passado, pacificava multidões perigosamente perturbadas e tornou possível sua estabilização.
Acredito que o bode expiatório tem um papel essencial na criação e na perpetuação de religiões arcaicas. As culturas arcaicas foram essencialmente a repetição de sacrifícios religiosos, evacuando a violência interna através destas vítimas substitutas. Isto não significa que eu recomende o mecanismo do bode expiatório para a manutenção da paz dentro das comunidades. Uma vez que o ciclo do sacrifício é compreendido, ele perde sua eficácia, como uma arma contra a violência interna.
Os deuses arcaicos, na minha opinião, são vítimas da matança daqueles que põem fim à violência disruptiva e são considerados divindades da violência e da paz.
CULT – Thomas Mann se perguntava: “Não é a paz um elemento de corrupção civil e a guerra purificação, liberação, uma enorme esperança?” O rito sacrificial – o uso da violência para apaziguar ânimos – vem sendo há muito tempo discutido pela literatura universal?
RG – Não concordo que a guerra traga purificação. Na literatura há comentários sobre o comportamento mimético tanto do desejo, quanto da violência. O rito sacrificial é arcaico, é gênese da violência humana. O uso do bode expiatório está presente na literatura, como em Shakespeare, por exemplo.
Esta declaração do jovem Thomas Mann reflete a atitude à época do início da Primeira Guerra e foi compartilhada por muitos ingleses e franceses. Este espírito durou até, aproximadamente, 1916. Estas opiniões sofreram mudanças extremas devido às terríveis perdas da guerra e do progressivo aumento do poder militar.
Mann era muito comprometido e leal às ideias antinazistas e perdeu sua crença no poder enobrecedor do aparato de guerra. Concordo com o Thomas Mann mais velho. No futuro, ou não haverá nenhuma guerra como aquelas do século 20, ou nós veremos a destruição da civilização.
CULT – Em Coisas ocultas desde a fundação do mundo, o senhor diz que os ritos sacrificiais perderam força sob influência do judaísmo e do cristianismo. No que concerne à relação entre Israel e Palestina, existe o uso do mecanismo sacrificial?
RG – Devemos tentar ver todos os conflitos e guerras que temos hoje sob a ótica do mecanismo mimético. Mimesis tanto do desejo, quanto do uso da violência. No cristianismo, quebra-se o ciclo. Cristo oferece a outra face e redime seus algozes. Não busca vingança, não derrama mais sangue. É pela cruz, pelo amor, que se dá a interrupção do ciclo de violência. O cristianismo mostrou que a sociedade humana produzia vítimas únicas. A crucificação desobstruiu o caminho para o entendimento do processo da vítima expiatória.
CULT – Mimetizamos o desejo e também a violência? Ou, ao mimetizar o desejo, criamos a violência?
RG – Sim, as duas sentenças estão corretas. Criamos rivalidade na mimesis, competindo pelo mesmo objeto, desejando os desejos do nosso modelo, o outro. Esta admiração velada do prestígio do outro, do que o outro possui, é a constatação clara de ser insuficiente. Constatação esta muito angustiante e incômoda. Já o modelo, o intermediário, não é passivo dentro deste mecanismo. Pelo contrário, faz de tudo para provocar o desejo do outro sobre seu objeto. Pois, que valor tem o objeto, senão pelo desejo de outrem? Este é o ciclo infernal do desejo. E também dos conflitos.
CULT – Para Freud, o mal-estar do homem moderno ocorreria devido à repressão de sua violência natural, que gera outros problemas de ordem interna e também conflitos sociais de diferentes naturezas. A teoria de Freud não vem de encontro à sua?
RG – Sim, há uma oposição entre as ideias de Freud e as minhas. Muitos diriam que tanto na repressão da libido em Freud, quanto no uso do mecanismo de vítimas arbitrárias para aplacar explosões, reside uma ideia similar. Mas não concordo com Freud e com sua teoria de que tudo está relacionado ao desejo sexual. Freud justifica todo comportamento humano baseando-se nesta ideia. Ele foi o primeiro a ver a profunda influência que uma pessoa tem sobre a outra. Mas discordo de sua visão de que a influência dos pais delinearia a personalidade. A visão de Freud ficou muito restrita ao período em que viveu, no qual predominava um certo tipo de estrutura familiar.
CULT – E quanto àqueles que somente desejam o impossível? Ou, como disse Kierkegaard, “cometem o pecado capital de não querer nada profunda e autenticamente”?
RG – Minhas ideias estão bem mais próximas às de Kierkegaard do que foi visto nas entrevistas que dei e nos artigos escritos sobre minha obra. Para mim, o desejo do impossível e o não-desejo ainda estariam de acordo com mecanismos miméticos.
Kierkegaard constatou, em sua análise dos três estágios do ser, a presença de um homem que se escora no outro. Possuindo um vazio existencial aterrador, ele procura na observação do outro, do que o outro possui, do que o outro aparenta, uma forma de saber quem é e como sentir-se pleno. Portanto, para ser ele mesmo, este homem necessita tomar conhecimento do outro, como no mecanismo do desejo mimético, onde este desejo somente se faz possível pela intermediação do que é e deseja um outro.
sexta-feira, novembro 12, 2010
PEC DA FELICIDADE: Declaração Oficial dos Bobos-alegres
PEC da Felicidade pode ser votada nesta quarta-feira (10/11)
A PEC da Felicidade, que pretende incluir o direito à busca da felicidade na Constituição, está na pauta da reunião do dia 10/11, às 10h, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal. Protocolada pelo Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a Proposta de Emenda Constitucional recebeu parecer favorável do relator, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), e poderá ser votada nesta quarta-feira.
Pela Proposta de Emenda Constitucional, o artigo 6º da Constituição passará a ter a seguinte redação: “são direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
A PEC tem como objetivo fazer da felicidade a norteadora das políticas públicas. “Mais do que ter previsto na Constituição que tais direitos são deveres de nosso Estado, queremos fazer com que ele assuma a responsabilidade por oferecer condições básicas para que seus cidadãos busquem a felicidade com dignidade, a partir de um ponto onde todos são iguais e têm as mesmas oportunidades para partir rumo a essa busca; a felicidade como norteadora de políticas públicas”, declarou Mauro Motoryn, idealizador do Movimento Mais Feliz.
A proposta também já foi protocolada na Câmara dos Deputados, pela Deputada Manuela d´Ávila (PCdoB/RS). Com isso, a PEC tramita nas duas Casas Legislativas, simultaneamente.