O livro de Richard J. Foster está comemorando 30 anos e muitas cópias vendidas. Ele me servirá de base para um retorno pessoal e comunitário às dez disciplinas descritas no livro.
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O livro está dividido em dez disciplinas que estão agrupadas em três tipos de disciplinas:
1. INTERIORES - meditação, oração, jejum e estudo.
2. EXTERIORES- simplicidade e solitude
3. ASSOCIADAS- confissão, adoração, orientação e celebração.
Richard Foster começa descrevendo as disciplinas espirituais como porta de livramento, o livramento é da situação espiritual atual da humanidade que é sua superficialidade, a doutrina da satisfação instantânea. Sendo que as doutrinas espirituais nos convidam a passar da supercialidade para uma vida profunda espiritual.
Contudo, tal desafio é para pessoas comuns, que têm empregos, cuidam dos filhos, lavam pratos e cortam grama. Na realidade, devem ser exercidas no meio de nossas atividades diárias. O objetivo das disciplinas é o livramento do auto-interesse e do medo.
A exigência básica das disciplinas espirituais é um suspiro por Deus - "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Salmo 42:1, 2).
Foster coloca duas dificuldades para o iniciante, uma de base filosófica e outra de ordem prática. A primeira, "A base materialista em nossa época tornou-se tão penetrante que ela tem feito as pessoas duvidarem seriamente de sua capacidade de ir além do mundo físico". Há um preconceito generalizado contra as disciplinas, pois não seriam úteis para o mundo materialista, mas temos que ir além dessa ordem material da vida.
A segunda dificuldade é de ordem prática, não sabemos como explorar a nossa vida interior. A falta de prática comum e costumeira nos alienou de como realiza-las em nossa vida. "Essas Disciplinas eram tão freqüentemente praticadas e de tal modo constituíam parte da cultura geral que o “como fazer” era conhecimento comum. Jejuar, por exemplo, era tão comum que ninguém perguntaria o que comer antes de um jejum, como quebrar um jejum, ou como evitar a vertigem enquanto jejuava - toda a gente já sabia."
Escravidão dos hábitos arraigados
O apostolo Paulo coloca o pecado como uma condição que infesta a raça humana- Rm 3,9-18-, que se consolida em nós através dos membros do corpo-hábitos-, gerando mais escravidão ainda.
Diz Isaías 57:20: “Os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo.” O mar não necessita fazer nada de especial para produzir lama e lodo; isto é o resultado de seus movimentos naturais. É o que também se verifica conosco quando nos achamos sob a condição de pecado. Os movimentos naturais de nossas vidas produzem lama e lodo. O pecado é parte da estrutura interna de nossas vidas. Não há necessidade alguma de esforço especial. Não é de admirar que nos sintamos enredados. (FOSTER, p.10)
Por vezes, tentamos sair deste quadro através da força de vontade, pensando que podemos melhorar nossa carne, de forma exterior.
Na carta aos Colossenses, Paulo cita algumas formas exteriores que as pessoas usam para controlar o pecado: “não manuseies, não proves, não toques.” E então acrescenta que estas coisas “com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo” - que frase expressiva, e como descreve bem muita coisa de nossas vidas! No momento em que achamos que podemos ter êxito e alcançar a vitória sobre o pecado mediante a força de nossa vontade somente, esse é o momento em que estamos cultuando a vontade. Não é uma ironia que Paulo tenha olhado para nossos mais estrênuos esforços na caminhada espiritual e os tenha chamado de “culto de si mesmo”? (FOSTER, p. 11)
A força de vontade tem a mesma fraqueza da lei, ela apenas pode lidar com exterioridades.Não é suficiente para realizar a transformação que precisamos.
As disciplinas espirituais abrem a porta.
A justiça interior é um presente de Deus que deve ser recebido, a mudança que precisamos é uma realização divina e não nossa, não podemos alcançar ou merecer esta justiça no reino de Deus, ela deve vir até nós.
Se os esforços humanos terminam em falência moral (e tendo-o tentado, sabemos que é assim), e se a justiça é um dom gratuito de Deus (conforme a Bíblia o declara com clareza), então não é lógico deduzir que devemos esperar que Deus venha e nos transforme? Por estranho que pareça, a resposta é “não”. A análise é correta: o esforço humano é insuficiente e a justiça é o dom de Deus. O que é falha é a conclusão, pois felizmente existe algo que podemos fazer. Não precisamos agarrar-nos às pontas do dilema das obras nem da ociosidade humanas.(FOSTER, p. 13)
As disciplinas não são a origem da vida espiritual, mas são de recepção da graça de Deus. Nos colocam diante de Deus, para que Ele nos transforme.
Um comentário:
Parece-me excelente o livro!
Resolvi pesquisar hoje sobre o assunto disciplina e acabei chegando a este blogue.
Infelizmente trata-se de um tema muito preconceituado, mas que tem faltado bastante na nossa decadente cultura ocidental.
Sem dúvida que o futuro da nossa sociedade depende de uma nova disciplina que precisa ser e elaborada e também adotada pelos educadores antes que seja muito tarde.
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