domingo, janeiro 15, 2012

Evangelho de Marcos: A montanha

Logo após o reconhecimento de Pedro que Jesus era o Cristo, o evangelho de Marcos muda de foco. Na primeira metade do evangelho nós descobrimos quemé Jesus, na segunda parte que agora começa nos descobrimos o seu propósito. Na primeira parte nós vimos que Ele é o rei, é tanto Deus como homem, seu poder, seu perdão, seu descanso, seu amor tão imensos. Ainda assim, neste ponto da vida de Jesus, os leitores de Marcos são deixados com um punhado de questões sobre o que ele veio fazer como iria fazer.

Quando Pedro diz que ele era o Cristo, Jesus imediamente começou a explicar que ele deveria morrer. E continua falando sobre sua morte e sofrimento, de um modo muito díficil para os discípulos entenderem. Então, na segunda parte do evangelho, Jesus vai mostrar porque a cruz era necessária e o que ela irá conquistar.

O que antes parecia uma história de triunfo, agora toma um aspecto de tragédia. Jesus começa a dar detalhes da sua missão e do que significa seguir a Ele. Como ele tomou a cruz, nós também devemos tomar. Como a cruz e glória estão ligadas em sua vida, devem também estar na nossa.

E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles. 9.3   E as suas vestes tornaram-se resplandecentes, em extremo brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear. 9.4   E apareceram-lhes Elias e Moisés e falavam com Jesus. 9.5   E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.  9.6   Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados. 9.7   E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.  9.8   E, tendo olhado ao redor, ninguém mais viram, senão Jesus com eles.

Assim, Marcos começa esta nova etapa em sua história,o caminho de subida até Jerusalém e, enfim, a cruz começou. Como Marcos está recontando a história da humanidade na vida de Jesus, esta história é um reflexo glorioso de uma outra história que aconteceu muito tempo antes.  Quando Moisés subiu ao topo do monte e viu a glória de Deus – Ex. 33:18-23.  Moisés não pode ver a glória de Deus diretamente, ficou escondido atrás de uma rocha, mas o brilho  da glória de Deus ficou refletido na face de Deus.

Agora, séculos depois, nós estamos de volta ao topo da montanha, antes Moisés refletia a glória de Deus, agora Jesus produz uma glória de Deus de si mesmo, ele não aponta para nada fora dele mesmo, ele é a própria glória de Deus, o autor aos Hebreus colocou que “ o filho é a radiante glória de Deus e a exata representação de seu ser” (1:3). Jesus está ali junto com Elias e Moisés e também com Pedro, Tiago e João que morreram.

No monte Sinai,  Deus desceu como uma nuvem, como ele fazia no santo dos santos no tabernáculo. Ninguém poderia ver a face de Deus e viver, há uma distância infinita entre nós e a sua glória. Este é por quê que Jesus foi transfigurado, Pedro está transtornado, tanto que ele não sabe o que dizer. Ele arrisca, Rabi, vamos fazer três cabanas, uma para você, outra para Moisés e mais uma para Elias.

A palavra que ele usa no grego é a mesma palavra para tabernáculo, depois que a glória de Deus desceu no Sinai o povo de Deus construiu um tabernáculo. Por que? A maioria das religiões reconhecem que há uma grande distância entre nós e a deidade, então elas têm templos ou tabernáculos com sacerdotes, sacrifícios e rituais para trnsformar a nossa consciência ou levar embora o nosso pecado, para mediar a distância e proteger os seres humanos da presença divina. O que Pedro está realmente dizendo aqui é, “Nós precisamos de um tabernáculo, nós precisamos fazer os rituais, para nos proteger da presença de Deus. Assim que Pedro disse isto, uma nuvem envolve os três – Jesus, Moisés e Elias-. E desta nuvem, Deus diz, Este é o meu Filho, que eu amo, ouçam a Ele”. Eles estavam na presença de Deus e não morreram, olharam um para outro e só viram agora a Jesus. Moisés se foi, Elias também. E Jesus que é a ponte sobre o abismo entre Deus e o ser humano estava ali. O que Marcos quer dizer é que Jesus é capaz de dar o que Elias não pode, o que Moisés não pode, o que ninguém mais pode fazer. Através de Jesus, nós podemos cruzar o abismo entre nós e Deus. Jesus é o templo e tabernáculo que pos fim a todos os templos e tabernáculos, porque ele é o sacrifício que pos fim a todos os sacrifícios, ele é o sumo sacerdote para o qual todos os sacerdotes apontam.

João, Tiago e Pedro haviam experimentado a adoração, a adoração é uma antecipação daquilo que o nosso coração anseia, quer ele saiba ou não. Não é apenas acreditam, mas sentir e ser envolto pela presença de Deus.

 

A MORTE DA GLÓRIA.

Após isto, os discípulos cheios de questões começam a descer a montanha junto com Jesus,

  E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos.9.10   E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dos mortos.  9.11   E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?  9.12   E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e todas as coisas restaurará; e, como está escrito do Filho do Homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado.  9.13   Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está escrito.

Jesus pede que não contem a ninguém até sua ressurreição, porque a transfiguração foi uma antevisão da sua ressurreição. Uma coisa está clara aqui, Jesus continua apontando para seu sofrimento e sua mote. Pedro mais uma vez tenta mudar a história, lembrando a história de Elias, apontada pelo profeta Malaquias (Ml 3:1,23) que Elias deveria vir antes do Messias, e ele sofrer e não o Messias. Mas, Jesus responde que João Batista era o Elias que veio e morreu nas mãos de Herodes. E, mais uma vez, Jesus reforça sua missão, o Filho do homem deveria padecer e ser aviltado.

O que está acontecendo aqui é que os discípulos assim como Jesus estão sendo fortalecidos por Deus através da adoração para passar pelo momentos terríveis que eles teriam pela frente. Devemos entrar na presença de Deus e ver o que Jesus fez e está fazendo em nossa vida na adoração para que possamos sermos fortalecidos para o seguirmos. Precisamos experimentar o amor de Deus em nossa vida para prosseguir.

A transfiguração não foi só um truque para mostrar que Jesus era Deus, foi uma experiência de adoração para fortalecer os discípulos para o que haveria de acontecer dali por diante.

 

Um bocado de glória.

 

Como nós podemos ter acesso a glória de Deus desse jeito? Como podemos experimentar isto? Quando os discípulos e Jesus voltaram da montanha, apareceu uma ocasião de Jesus mostrar como isto acontece:

9.14   E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão e alguns escribas que disputavam com eles. 9.15   E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada, e, correndo para ele, o saudaram.  9.16   E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles?  9.17   E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo;  9.18   e este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai-se secando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.

Quando voltaram, encontraram os discípulos e escribas discutindo, eles estavam tentando expulsar um demônio, mas não estava dando certo. Quando o mal está presente, todos ficam confusos. Marcos mais uma vez está afirmando a realidade fática do mal no mundo, nem todos são possuídos como aquele menino, mas ninguém está livre de seus ataques, até mesmo Jesus no deserto foi tentado pelo inimigo. (Mc 1.12).

O garoto está posseso por um demônio que o faz surdo e mudo e gera convulsões.

9.19   E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo. 9.20   E trouxeram-lho; e, quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência; e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, espumando.  9.21   E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância.  9.22   E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.  9.23   E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê.  9.24   E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade.  9.25   E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai dele e não entres mais nele.  9.26   E ele, clamando e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto.  9.27   Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.  9.28   E, quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar?  9.29   E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.

Os discípulos estão tentando expulsar o demônio, mas estão fazendo sem oração. Quão arrogante, quão despreparados eles estavam para lidar com o mal neste mundo. Eles não entendiam o quão orgulhosos e fracos eles eram. Ali apenas uma pessoa entendeu sua fraqueza e o tamanho do problema que havia, o pai do menino.

Este homem pergunta a Jesus, você poderia curar meu filho? E Jesus responde, tudo é possível para quem crer, isto é, eu posso se você acreditar. O pai responde, eu acredito, mas me ajuda na minha incredulidade.  Este homem entendeu, nós precisamos de Jesus para nos livrar do mal que há em nossa vida, a ajuda só pode vir de escutar as palavras de Jesus, não está em nossa força, em nosso conhecimento. A nossa vitória está na voz de Deus

A cruz é o grande grito de amor de Deus por nós, esquecermos dela e confiarmos em nós mesmos é esquecer que na cruz ele venceu os poderes do mal, trinfou sobre tudo através da cruz (Cl 2.15). No monte Sinai, Jesus estava se fortalecendo em Deus para suportar o que havia de vir. Ele precisava de uma palavra de Deus para caminhar diante deste desafio, quanto mais nós?

Talvez você já entendeu que Deus te ama, mas Deus quer falar no seu coração, você é meu filho amado, eu vou pagar um preço infinito para não perder você. Quando nos colocamos diante de Deus com arrependimento e quebrantados, nós adoramos. E assim, a nossa alma começa refletir a sua glória e isto nos fortalece para vencer o mal nesta vida.

 

 

Fonte:

timothy keller – the king´s cross

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