terça-feira, janeiro 31, 2012

Como Orar

Pensando no sermão da montanha, em Mateus 6:9-15, temos a oração do Pai nosso, onde Jesus nos ensina a orar. Hoje há uma busca por experiências que toquem a nossa alma, e o que devemos aprender sobre ela não está em grandes técnicas ou conferências, está a nossa disposição na própria Bíblia.

Se estamos andando com um vazio na alma apesar de tantos esforços e gastos em busca destas experiências, é por que não sabemos como orar.

1. Precisamos aprender.

O primeiro erro que cometemos em relação a oração é pensar que orar é uma coisa fácil, orar não é natural e nem é fácil. Jesus mesmo acreditou que deveria nos ensinar a orar.

A dificuldade de orar é uma coisa pessoal, não há truques. Algumas orações podem ser entediantes porque não sabemos o que estamos fazendo nela. É como ir numa festa de aniversário de alguém que você conhece mais ou menos, e ficar sozinho, tentando conversar durante duas horas com pessoas que você nunca viu na vida, será algo muito dificil. Você tem que ficar procurando assuntos, e falar de futebol e metereologia cansa. Mas, imagine que você encontre nesta festa, um amigo que há muito tempo você não vê, a conversa flui, há interesse mútuo, há felicidade.

Carlos McCord colocou assim:

O homem quer aprender os métodos da vida cristã para poder domina-los e controla-los.  O homem quer se tornar menos dependente pelo uso dos métodos espirituais.   O homem quer receber um diploma provando que ele completou o curso dos métodos e agora está no topo da pirâmide de sucesso cristão.

2. A Base da Oração.

É o nosso estado de filiação em relação a Deus, que é o nosso pai.  Você não irá conversar com um estranho, você está conversando com uma pessoa próxima, do seu círculo mais íntimo, mais familiar. Se Deus é apenas o seu rei ou seu criador, a oração não funcionará, porque você ficará medindo as suas palavras e sempre com medo de dar alguma bola fora.

Como Paul Miller coloca em seu livro O PODER DE UMA VIDA DE ORAÇÃO:

“A esperança tem origem no coração de Deus. Quando você entender como é o coração do Pai, o quanto ele é generoso, então orar lhe parecerá algo inteiramente normal” p. 89

Mas, na oração nos colocamos como filhos diante de um pai amoroso, contudo, imagine você conversando com um amigo que ha muito nao ve, a conversa flui, o interesse é mutuo, ha felicidade.

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:14-15

Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles.
É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não somente quando estou presente convosco.
Gálatas 4:17-18

O novo nascimento por si só não significa coisa nenhuma se você não desfruta um relacionamento familiar com Deus, isto é, o poder de Deus na sua vida só vem quando você descobrir que Deus é seu pai. O mesmo amor que Deus teve por seu filho natural, Jesus, Ele tem por nós. Esse é o segredo, imagina a diferença que faria em nossas orações se realmente tívessemos isto como base de nossa conversa. Nossa vida de oração se transformaria.

3. Certeza que você é filho de Deus.

Tim Keller coloca a vida de oração como um sinal positivo ou negativo de que realmente somos ou não filhos de Deus, porque a nossa vida de oração reflete o nosso coração diante de Deus. Ele coloca dois tipos de pessoas que oram:

1. Aquelas que usam Deus: são as pessoas que tem seus objetivos:quero ser feliz, quero ser próspero,quero ser bem-sucedido, chegam diante de Deus e dizem: me diz o que o Senhor quer que eu faça para ser assim ou ter isto. Tenho que ir na igreja? Tenho que orar quantas horas? Tenho que amar quem?

2. Aquelas que servem a Deus: os cristãos são aqueles que chegam a Deus em suas orações,sabendo de suas falhas e,mais do que isso, sabendo que somente Deus pode salva-los. Chegam a Deus agradecidos e apenas dizem: Deus deixe-me servi-Lo.?

 

Aqueles que usam a Deus, somente oram quando há problemas em suas vidas. Não há um real interesse em servir e adorar a Deus, há apenas um desejo de ser recompensado.

Outra diferença está na resposta da oração.

Quando Deus diz não, um que serve a Deus, sabe que está orando para o Pai, pois confia que Deus é quem sabe quais sao as melhores coisas para ele, ele sabe que nao está na igreja para Deus servir a ele, mas para ele servir a Deus.  Mas, o que usa fica com raiva.  Ambos estão nas nossas igrejas, mas a diferença entre eles está na vida de oração. Robert McCheyne diz- o que você é de joelhos quando ora a Deus é tudo que voce é espiritualmente e nada mais.

 

Mais uma vez cito McCord, em seu texto Oração: método ou fé:

Fé não é um método.  Fé é receber diretamente do caráter de Deus revelado em Cristo Jesus pelo Espírito.  Fé é ser amigo de Deus.  Fé ser um filho saudável e satisfeito porque o Pai quer isto.  Fé é orientar tudo de acordo com o caráter generoso e amoroso de Deus. Foi assim que Jesus viveu.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Timothy Keller: uma vida de oração que alimenta o seu relacionamento com Deus

Todo ano estou ansioso para o ritmo mais lento dos meses de verão por causa da oportunidade que me dá para revigorar minha vida de oração. Não é que não ore durante o ano, mas raramente, por causa da pressão da agenda agitada, eu sou capaz de conscientemente dedicar-me as horas necessárias para despertar a intimidade com Deus que não eu preciso, mas como é a minha única defesa para um colapso.

Assim como a velha discussão a respeito do tempo de qualidade em função da quantidade de tempo com sua família é um arrenque vermelho (não há tempo de qualidade, exceto o que aquele que acontece numa grande quantidade de tempo) com Deus. A riqueza da minha experiência com Deus na oração só ocorre em meio a muito tempo que coloco para estar com Ele. Dito isto, existem várias outras coisas que eu faço que pode ser útil para alguns de vocês que também possuem uma maior flexibilidade de tempo para os próximos meses, e, que desejam se conectar com Deus de maneira mais profunda.

A principal forma que eu faço isto é buscar um aumento na quantidade da minha meditação. Não é por acaso que os dois primeiros salmos no saltério não são orações por sós, mas sim meditações. Na verdade, o primeiro salmo, a porta de entrada para o livro de orações na Bíblia é uma meditação sobre a meditação. Por quê? Nós estamos sendo ensinados que, embora seja certamente possíveis as experiências profundas da presença e do poder de Deus podem acontecer de muitas maneiras, a maneira comum para ir mais fundo espiritualmente é através da meditação. É na meditação que entramos em profunda auto-entrega, em seguida, em maior e mais clara fé nos pontos de fé da sua beleza e, finalmente, em oração poderosa e dinâmica para o mundo.

 

O que é meditação.

Na maioria das tradições protestantes, a vida do devocional pessoal consiste em duas partes: estudo da Bíblia e oração. Mas a meditação não é nem isso nem aquilo. O puritano Richard Baxter escreveu: “ a meditação solente ou estabelecida é distinta do estudo bíblico, onde o nosso objetivo é aprender a verdade, e também da oração, da qual o próprio Deus é objeto imediato. Mas a meditação é afetar os nossos próprios corações e mentes com amor, prazer e humildade para as coisas que estão na Palavra”.

Um exemplo de meditação é encontrado no Salmo 103:1-2:”Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.” Note-se que isto não é a mesma coisa que oração. Ele não está falando diretamente com Deus, embora seja claro que Davi é extremamente consciente de estar diante da presença de Deus. O objeto da meditação é o seu próprio coração. Davi está falando sozinho- com sua alma. Mas o assunto da meditação é a verdade sobre Deus- não se esqueça de todos os seus benefícios.

Obviamente, Davi não tem que intelectualmente esquecer que Deus perdoou seus pecados, redimiu a sua vida, e assim por diante (Sl. 103, 2ss). Pelo contrário, ele está tomando as verdades bíblicas e dirigindo-as em seu coração até que ele é afetado, encantado e modificado por eles. Peter Toon escreveu que a meditação é a descida da mente com a verdade bíblica até o íntimo do coração, até que todo ser anseie por Deus.

O tipo de meditação que vemos nos salmos não é nem a espiritualidade anti-racional da religião da Nova Era,  nem é a espiritualidade mais racional da religião moderna do evangelicismo. Por um lado, a religião da Nova Era segue os passos da filosofia oriental e pensa a meditação como esvaziamento calmo e sereno da mente de todo pensamento racional. A meditação de Davi, no entanto, é furiosamente racional. “Por que está abatida minha alma? E por que te pertubas dentro de mim? (Sl. 27:4). Ele está procurando uma transformação dos afetos do seu coração enquanto ora.

Jonathan Edwards fala disto muito em sua própria prática de meditação:”Ao ler (a escritura) eu parecia muitas vezes ver tanta luz, que eu não poderia ir bem na leitura- quase cada frase parecia estar cheia de maravilhas….Eu…era encontrado, de tempos em tempos, com uma doçura interior, que costumava, por assim dizer, levar-me para a contemplação. Senti-me sozinho…docemente conversando com Cristo, que me envolveu e levou-me a Deus. A sensação que eu tinha das coisas divinas, muitas vezes, de repente, era como se fosse acender, uma queimar doce em meu coração, um ardor em minha alma, que eu não sei expressar.” Observe como sua meditação (contemplações) sobre a palavra levou para um profundo sentimento de intimidade na oração. É por isso que um salmo sobre a meditação começa o livro bíblico sobre a oração.

Como meditar

É claro que a melhor maneira de aprender a fazer qualquer coisa é assistir a um mestre no trabalho. Se você ler os salmos 1, 42, 77, 103 e 119 você vai aprender isso mesmo. No entanto, todos nós precisamos começar como novatos. Não existe um guia melhor para o iniciante em meditação do que um modelo que Martinho Lutero

 


terça-feira, janeiro 24, 2012

Mike Wells: Deus e os problemas

 

Alguns trechos de Presença de Deus, problemas e Oração de Mike Wells.

 

Desde que Ele é o único capaz de resolver o problema, o cristão autoconfiante está na terrível situação de estar tão confiante em sua própria força, que não pode permitir a Deus que providencie a solução. Afinal, um cristão assim carrega um saco invisível de truques contendo todos os métodos que ele desenvolveu para lidar com emergências: controle, manipulação, religião, ira, fuga, depressão, ressentimento, bloqueio emocional, absorção ou distribuição de culpa, e por aí vai. Se Deus permitisse que algum desses truques resolvesse o problema, então estaria dando Sua aprovação a ferramentas tão patéticas para se viver, enquanto ao mesmo tempo, encorajando o desejo de alguém ser auto-suficiente. É importante que Deus não permita que os truques ajudem o cristão a superar os problemas.

 

Precisamos chegar a ver que as dificuldades são uma parte integral da fórmula para o crescimento na vida de todo crente. Obstáculos não significam que uma pessoa tenha sido abandonada, nem indicam que ela tem menor importância ou menos bênção de Deus. Na verdade tal crente está prosseguindo para agir no âmbito de um chamado maior.

 

Não se lave para chegar até Deus; chegue-se a Ele esperando que Ele o limpe. Quando você está perto do Senhor, ordens tornam-se promessas. Em vez de ouvir "Não adulterarás", e temer que possa fazê-lo, ouça como uma promessa: "Na Minha presença, com Minha vida e poder, você nunca cometerá adultério." Vê a diferença? Sua presença dá confiança e esperança.

Muito freqüentemente cometemos o engano de tentar achar uma resposta para o sofrimento em vez de voltarmos à presença do Pai de amor, onde nenhuma resposta é necessária. Como cristãos deveríamos conhecer o propósito da dor e a própria razão da vida, que é a comunhão com Deus.
A vida cristã normal é de problemas, mas lembre-se de que cada problema passou pelas mãos de um Pai de amor e traz consigo, mesmo antes de chegar, um propósito expresso e intrínseco. Para os que passam por aflição, geralmente o propósito está oculto, mas o sofredor experiente sabe que será glorioso. Os problemas são a principal ferramenta de Deus para esgotar nossos recursos e nos levar à rica experiência de todas as Suas riquezas.
Mike Wells em Problemas, Presença de Deus, Oração

segunda-feira, janeiro 23, 2012

John Piper: A sólida lógica do céu

A partir de Romanos 8:32, Piper começa seu capítulo a respeito da promessa da graça futura.  O versículo contém um fundamento e uma garantia tão fortes e tão sólidos. Faz dele um socorro presente em tempos de grande aflição.  O fundamento é “aquele que não popou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós…”. Deus dará todas as coisas àqueles por quem deu o seu Filho. Toda graça futura está fundada na entrega de Jesus por nós.

Como está também em Atos 2.23, Is 53.4,10, Rm 3,25.

Deus não popou seu Filho porque foi a única maneira em que ele pode nos poupar ( 2Co 5.21). A nossa culpa, a maldição do nosso pecado nos teria levado para a destruição no inferno, mas, Deus não popou seu Filho, o entregou para ser atingido pelas nossas trangressões, e ser afligido pelas nossas iniquidades e ser crucificado pelo nosso pecado.

Esse é o mais precioso versículo da bíblia para mim porque o fiundamento da promessa abrangente da graça futura é que o Filho de Deus levou no seu corpo todo o meu castigo e toda a minha culpa e toda a minha condenação e todas as minhas faltas e toda a minha corrupção, para que eu possa me colocar diante do grande e santo Deus como alguém perdoado, reconciliado, justificado, aceito e beneficiário das promessas indizíveis de prazer para sempre e sempre à sua mão direita” p. 113

 

Há uma gloriosa lógica do céu chamada  “ a majori ad minus”, significa argumentar do maior para o menor,  se vencemos os obstáculos maiores que há, Deus nos fará vencer os menores.  A coisa mais difícil foi a entrega do Filho, a  razão de ser a coisa maior é que Deus amou infinitamente seu Filho, que não mereceu ser morto.  E ao fazer isto, Deus mostra que certamente faria todas as coisas – facéis em comparação a isto- para dar todas as coisas às pessoas por quem entregou seu Filho.

“Criar o mundo e administrá-lo para o bem do povo é algo relativamente fácil para Deus se comparado à entrega do seu Filho à ridicularização e tortura. Mas ele o fez. E agora toda a graça futura não é somente certa, é fácil e natural” p. 115

Deus nos dá todas as coisas? A resposta, segundo Piper, tem a ver com o verso anterior,  se Deus é por nós, quem será contra nós. É certo que temos pessoas que vão contra nós – Lc. 21, 16-17-. A resposta aqui é que oposição poderia existir contra nós que o Deus onipotente não pudesse transformar em nosso benefício? Nenhuma!!! Deus transforma os inimigos da alegria em servos para o nosso bem (Rm 8.37).  A grande promessa é que nada fará parte da nossa experiência como filhos de Deus que pela graça soberana de Deus não se transformará para o nosso benefício, até a morte (1Co 3.21,22).

Ele despoja toda a dor de seu poder destrutivo. Para Piper, isto é algo fundamental da nossa experiência cristã:

O mundo é nosso. A vida é nossa. A morte é nossa. Deus reina tão soberanamente a favor de seus eleitos que tudo que enfrentamos em uma vida de obediência e ministério será dominado pela poderosa mão divina e transformado em servo da nossa santidade e da nossa alegria eterna em Deus. Se Deus é por nós- e Deus é por nós-, então é verdade que nada contra nós pode ser bem sucedido. Aquele que não popou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, dará de graça e certamente com ele todas as coisas- todas as coisas: o mundo, a vida, a morte e o próprio Deus” p. 116

 

Essa promessa nos liberta para viver, correr riscos, capacita a amar, sofrer, morrer e rescussitar para a glória de Deus.

 

 

 

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Pensando a Espiritualidade 3

Tudo muda quando colocamos o evangelho como centro da vida cristã. 

A religião é o modo como homem busca a Deus através de seus próprios esforços. Cristianismo é Deus em busca dos homens para sua salvação.

Se Jesus é o tudo em todos, é começo, viver e finalidade da vida cristã, tudo muda. 

A pregação deve ser no modelo cristocêntrico, isto é, tendo em vista que Jesus é a suprema revelação de qualquer texto das Escrituras. 

Normalmente, o caminho tomado é partir do exemplo moral e dizer façam isto, é trocar a ação pela espiritualidade, como se o fazer nos transformasse naquilo que Deus quer.

Jesus é nossa espiritualidade, transformação e ação. Dependemos dEle para cada um dos movimentos da vida, a pregação deve ser uma leitura da impossibilidade de cumprirmos a obrigação moral completamente a não ser que o Espírito Santo atue em nossa lembrando da obra de Jesus, isto é fé e crença.

Fazer só gera orgulho e medo, orgulho quando achamos que cumprimos a lista e medo quando deixamos de fazer algo que deveríamos fazer.

A saída é olharmos para Jesus, que viveu a vida que deveríamos viver, gera gratidão que dá em humildade.
E por outro lado, com sua vida em nós nos capacita para viver pela fé e graça a vida que Deus deseja que vivamos.

domingo, janeiro 15, 2012

Evangelho de Marcos: A montanha

Logo após o reconhecimento de Pedro que Jesus era o Cristo, o evangelho de Marcos muda de foco. Na primeira metade do evangelho nós descobrimos quemé Jesus, na segunda parte que agora começa nos descobrimos o seu propósito. Na primeira parte nós vimos que Ele é o rei, é tanto Deus como homem, seu poder, seu perdão, seu descanso, seu amor tão imensos. Ainda assim, neste ponto da vida de Jesus, os leitores de Marcos são deixados com um punhado de questões sobre o que ele veio fazer como iria fazer.

Quando Pedro diz que ele era o Cristo, Jesus imediamente começou a explicar que ele deveria morrer. E continua falando sobre sua morte e sofrimento, de um modo muito díficil para os discípulos entenderem. Então, na segunda parte do evangelho, Jesus vai mostrar porque a cruz era necessária e o que ela irá conquistar.

O que antes parecia uma história de triunfo, agora toma um aspecto de tragédia. Jesus começa a dar detalhes da sua missão e do que significa seguir a Ele. Como ele tomou a cruz, nós também devemos tomar. Como a cruz e glória estão ligadas em sua vida, devem também estar na nossa.

E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles. 9.3   E as suas vestes tornaram-se resplandecentes, em extremo brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear. 9.4   E apareceram-lhes Elias e Moisés e falavam com Jesus. 9.5   E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.  9.6   Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados. 9.7   E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.  9.8   E, tendo olhado ao redor, ninguém mais viram, senão Jesus com eles.

Assim, Marcos começa esta nova etapa em sua história,o caminho de subida até Jerusalém e, enfim, a cruz começou. Como Marcos está recontando a história da humanidade na vida de Jesus, esta história é um reflexo glorioso de uma outra história que aconteceu muito tempo antes.  Quando Moisés subiu ao topo do monte e viu a glória de Deus – Ex. 33:18-23.  Moisés não pode ver a glória de Deus diretamente, ficou escondido atrás de uma rocha, mas o brilho  da glória de Deus ficou refletido na face de Deus.

Agora, séculos depois, nós estamos de volta ao topo da montanha, antes Moisés refletia a glória de Deus, agora Jesus produz uma glória de Deus de si mesmo, ele não aponta para nada fora dele mesmo, ele é a própria glória de Deus, o autor aos Hebreus colocou que “ o filho é a radiante glória de Deus e a exata representação de seu ser” (1:3). Jesus está ali junto com Elias e Moisés e também com Pedro, Tiago e João que morreram.

No monte Sinai,  Deus desceu como uma nuvem, como ele fazia no santo dos santos no tabernáculo. Ninguém poderia ver a face de Deus e viver, há uma distância infinita entre nós e a sua glória. Este é por quê que Jesus foi transfigurado, Pedro está transtornado, tanto que ele não sabe o que dizer. Ele arrisca, Rabi, vamos fazer três cabanas, uma para você, outra para Moisés e mais uma para Elias.

A palavra que ele usa no grego é a mesma palavra para tabernáculo, depois que a glória de Deus desceu no Sinai o povo de Deus construiu um tabernáculo. Por que? A maioria das religiões reconhecem que há uma grande distância entre nós e a deidade, então elas têm templos ou tabernáculos com sacerdotes, sacrifícios e rituais para trnsformar a nossa consciência ou levar embora o nosso pecado, para mediar a distância e proteger os seres humanos da presença divina. O que Pedro está realmente dizendo aqui é, “Nós precisamos de um tabernáculo, nós precisamos fazer os rituais, para nos proteger da presença de Deus. Assim que Pedro disse isto, uma nuvem envolve os três – Jesus, Moisés e Elias-. E desta nuvem, Deus diz, Este é o meu Filho, que eu amo, ouçam a Ele”. Eles estavam na presença de Deus e não morreram, olharam um para outro e só viram agora a Jesus. Moisés se foi, Elias também. E Jesus que é a ponte sobre o abismo entre Deus e o ser humano estava ali. O que Marcos quer dizer é que Jesus é capaz de dar o que Elias não pode, o que Moisés não pode, o que ninguém mais pode fazer. Através de Jesus, nós podemos cruzar o abismo entre nós e Deus. Jesus é o templo e tabernáculo que pos fim a todos os templos e tabernáculos, porque ele é o sacrifício que pos fim a todos os sacrifícios, ele é o sumo sacerdote para o qual todos os sacerdotes apontam.

João, Tiago e Pedro haviam experimentado a adoração, a adoração é uma antecipação daquilo que o nosso coração anseia, quer ele saiba ou não. Não é apenas acreditam, mas sentir e ser envolto pela presença de Deus.

 

A MORTE DA GLÓRIA.

Após isto, os discípulos cheios de questões começam a descer a montanha junto com Jesus,

  E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos.9.10   E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dos mortos.  9.11   E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?  9.12   E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e todas as coisas restaurará; e, como está escrito do Filho do Homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado.  9.13   Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está escrito.

Jesus pede que não contem a ninguém até sua ressurreição, porque a transfiguração foi uma antevisão da sua ressurreição. Uma coisa está clara aqui, Jesus continua apontando para seu sofrimento e sua mote. Pedro mais uma vez tenta mudar a história, lembrando a história de Elias, apontada pelo profeta Malaquias (Ml 3:1,23) que Elias deveria vir antes do Messias, e ele sofrer e não o Messias. Mas, Jesus responde que João Batista era o Elias que veio e morreu nas mãos de Herodes. E, mais uma vez, Jesus reforça sua missão, o Filho do homem deveria padecer e ser aviltado.

O que está acontecendo aqui é que os discípulos assim como Jesus estão sendo fortalecidos por Deus através da adoração para passar pelo momentos terríveis que eles teriam pela frente. Devemos entrar na presença de Deus e ver o que Jesus fez e está fazendo em nossa vida na adoração para que possamos sermos fortalecidos para o seguirmos. Precisamos experimentar o amor de Deus em nossa vida para prosseguir.

A transfiguração não foi só um truque para mostrar que Jesus era Deus, foi uma experiência de adoração para fortalecer os discípulos para o que haveria de acontecer dali por diante.

 

Um bocado de glória.

 

Como nós podemos ter acesso a glória de Deus desse jeito? Como podemos experimentar isto? Quando os discípulos e Jesus voltaram da montanha, apareceu uma ocasião de Jesus mostrar como isto acontece:

9.14   E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão e alguns escribas que disputavam com eles. 9.15   E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada, e, correndo para ele, o saudaram.  9.16   E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles?  9.17   E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo;  9.18   e este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai-se secando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.

Quando voltaram, encontraram os discípulos e escribas discutindo, eles estavam tentando expulsar um demônio, mas não estava dando certo. Quando o mal está presente, todos ficam confusos. Marcos mais uma vez está afirmando a realidade fática do mal no mundo, nem todos são possuídos como aquele menino, mas ninguém está livre de seus ataques, até mesmo Jesus no deserto foi tentado pelo inimigo. (Mc 1.12).

O garoto está posseso por um demônio que o faz surdo e mudo e gera convulsões.

9.19   E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo. 9.20   E trouxeram-lho; e, quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência; e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, espumando.  9.21   E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância.  9.22   E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.  9.23   E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê.  9.24   E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade.  9.25   E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai dele e não entres mais nele.  9.26   E ele, clamando e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto.  9.27   Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.  9.28   E, quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar?  9.29   E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.

Os discípulos estão tentando expulsar o demônio, mas estão fazendo sem oração. Quão arrogante, quão despreparados eles estavam para lidar com o mal neste mundo. Eles não entendiam o quão orgulhosos e fracos eles eram. Ali apenas uma pessoa entendeu sua fraqueza e o tamanho do problema que havia, o pai do menino.

Este homem pergunta a Jesus, você poderia curar meu filho? E Jesus responde, tudo é possível para quem crer, isto é, eu posso se você acreditar. O pai responde, eu acredito, mas me ajuda na minha incredulidade.  Este homem entendeu, nós precisamos de Jesus para nos livrar do mal que há em nossa vida, a ajuda só pode vir de escutar as palavras de Jesus, não está em nossa força, em nosso conhecimento. A nossa vitória está na voz de Deus

A cruz é o grande grito de amor de Deus por nós, esquecermos dela e confiarmos em nós mesmos é esquecer que na cruz ele venceu os poderes do mal, trinfou sobre tudo através da cruz (Cl 2.15). No monte Sinai, Jesus estava se fortalecendo em Deus para suportar o que havia de vir. Ele precisava de uma palavra de Deus para caminhar diante deste desafio, quanto mais nós?

Talvez você já entendeu que Deus te ama, mas Deus quer falar no seu coração, você é meu filho amado, eu vou pagar um preço infinito para não perder você. Quando nos colocamos diante de Deus com arrependimento e quebrantados, nós adoramos. E assim, a nossa alma começa refletir a sua glória e isto nos fortalece para vencer o mal nesta vida.

 

 

Fonte:

timothy keller – the king´s cross

sexta-feira, janeiro 13, 2012

John Piper: olhando para trás em favor do futuro.

Chegamos a parte três do livro Graça Futura, chamado de “o lugar essencial da graça passada”.

A graça passada é o fundamento da graça futura. Obedecemos aos ensinos de Jesus pela fé na graça futura; e nós apegamos à graça futura nas promessas da Palavra de Deus. Mas nos certificamos da garantia das promessas com a evidência da graça passada. A graça passada é o pagamento de entrada na plenitude da graça futura” p.103

 

A figura de pagamento utilizada aqui por Piper  foi tirado de Efésios 1.14, 2Co 15.20 que diz que Cristo é a primícia dos mortos,  a ressurreição de Jesus é uma grande obra da graça passada que Deus deseja que lembremos, é o fundamento da fé na graça futura acerca da ressurreição.

Olhar para trás afim de fortalecer a fé na graça futura está presente no A.T. Em Jz. 8.33, temos uma história que o povo não olhou para trás e foi correndo em busca de auxílio de outras divindades.  Sobre isto, vale a pena ler o que diz Neemias em 9,16-17.

Em Is. 46.9, Deus nos ordena que lembremos daquilo que Ele realizou, para aumentar a nossa fé em relação ao futuro.

Em Cristo, há o cumprimento da graça de Deus – Tt 2.11, Rm 15.8-. Em Cristo, as promessas da graça futura recebem o sim- 2Co 1.20-.

Toda a graça futura é nossa em Cristo (Gl 3.29, Ef.3.6, Hb 9.15). “Todas as promessas de Deus – todas as bênçãos de Deus nos lugares celestiais (Ef.1.3)- têm o Sim em Cristo Jesus. Jesus é o Sim decisivo de Deus para todos os que crêem. Ele é o fundamento de toda a graça futura. Quando olharmos para trás para fortalecer a fé na graça futura olhamos primordialmente para Jesus. (p.107)

Pensando no texto de 2Co 1.20, Deus disse sim a nós por meio das suas promessas e em Cristo, dizemos o nosso Sim a Deus por meio da oração.  Toda oração busca o sim de Deus por meio de Jesus, a oração vai aonde está o Sim, em Cristo.

A oração é para a glória de Deus, o amém é a grande afirmação de que Deus é o doador  generoso e eu o receptor à necessidade da melhor forma para a glória dele e o nosso bem. Quando ela afasta a atenção de nossas mazelas e a dirige a Deus na busca da graça futura, Deus obtém a glória que merece e nós recebemos o bem necessário.

É a súplica confiante a Deus para que cumpra as suas promessas de graça futura por causa de Cristo, conecta a fé na graça futura com o fundamento, Jesus Cristo. É um compromisso do nosso coração de que agora vamos viver pela fé no Sim da graça futura de Deus garantida para nós.

 

O fundamento da graça futura é Jesus Cristo. Ele é a confirmação e o Sim a todas as promessas de Deus. Ele é digno da sua completa confiança e dependência. A oração de consagração que surge no meu coração, e espero também no seu, caro leitor, é esta: O Senhor, prometo que pela sua graça o meu futuro será um futuro de Sim ininterrupto a ti. Rendo-me a abrir mão do Não e do Talvez e do Agora não da minha incredulidade. E digo Sim a tudo que há no teu Sim a mim. Comprometo-me com uma santa insatisfação até que meus pensamentos, palavras e ato expressem a santidade radical que vem da maravilhosa e jubilante liberdade de viver pela fé na garantia da graça futura. Amém. E de fato quero dizer, Amém” (p. 109)

 

Pensando a Espiritualidade 2

 

Voltando a pensar a espiritualidade,ou melhor, nas perguntas: o que é espiritualidade? o que é uma pessoa regenerada? quais são as funções?

Uma idéia que me surgiu é que podemos ter um plano de relacionamento para visualizar melhor estas três etapas,

 

Espiritualidade é meu relacionamento com Deus Pai, através do Evangelho, somos feitos filhos de Deus, o Espírito Santo habita em nós e temos a perfeição da obra de Jesus em nosso favor. Entramos nesse relacionamento através da fé e do arrependimento, ele é o propósito da salvação, Deus vindo buscar reconectar-se com aqueles que estavam perdidos. O relacionamento íntimo com Deus começa com o próprio Deus, Ele através do Seu Filho nos faz filhos de adoção dEle. Recebemos a fé, recebemos o arrependimento, recebemos o perdão e a nova vida de sermos filhos de Deus através do novo nascimento. A busca é a glorificação final.

 

Uma pessoa regenerada é uma pessoa que encarna a vida de Jesus Cristo, nesta nova vida que ela agora desfruta, seu coração agora tem um novo desejo, o Pai. A obediência não pode ser considerada como uma troca, mas como uma vida de amor e devoção aquele que fez e faz novas todas as coisas. A busca da perserevança no amor do Pai, tendo na Palavra sua comida e bebida. Uma vida de arrependimento e fé em busca de sermos como Jesus, perder a própria vida, tomar a cruz, isto é, a construção da nossa identidade em Cristo permanecendo no amor de Deus. A santificação não é uma resposta humana, mas o agir de Deus como perfeição em nossa vida. Nossa identidade agora está nEle, não há outra fonte de descanso, satisfação, paz ou segurança. Toda salvação, todo presente perfeito vem de Deus.

 

A função, aquilo que fazemos, não fazemos para ganhar nada e nem para mantermos o nosso relacionamento com Deus. Apenas manifestamos através do Espírito Santo aquilo que somos. Se nossa identidade está em Cristo e a construção da nossa vida está nele, nossos feitos e atos serão apenas ecos desta transformação que aconteceu em nosso ser.

 

Pensando como igreja, o modelo é orgânico, natural, não há listas e nem atributos, porque o agricultor é o Pai Celeste, é Ele quem decide qual o dom ou fruto que deve ser colocado a disposição dos outros. O culto realmente torna-se uma celebração daquilo que Deus já tem feito em nossa vida. A confiança está nEle e não no que fazemos.

 

Aquilo que cada crente faz na obra de Deus é o frutificar daquilo que Deus já semeou em cada coração, há uma liberdade do Espírito Santo em suas formas e modos de agir, reguladas apenas pelo Evangelho e pela glorificação de Deus em cada ato, em cada evento, tudo é feito para glória dEle e não nossa.

A grande questão é sintetizar isto: nada melhor que a videira de joão 15, estamos ligados nele, por causa dele mesmo. Somos varas restauradas e podadas para fluir a vida que está na videira, e assim nos assemelharmos a Ele, e então, podemos frutificar com frutos dignos, frutos de arrependimento, de paz, de amor que só Ele é a fonte e poder para acontecer.

somos feitos por Deus através do Evangelho filhos de Deus, recebemos o dom perfeito de Deus para vivermos como Jesus, afim de vivermos em sua glória e graça com fé e esperança levando isto a todos.

RECEBER- ALEGRAR-SE E COMPARTILHAR

PROFUNDIDADE- LEVEZA- DOAÇÃO

DEUS- JESUS- ESPÍRITO SANTO

RELACIONAMENTO- RELACIONAMENTO- RELACIONAMENTO

Sem permanecermos no amor de Deus, nada podemos fazer.

 

Verdades

O evangelho tem que ser o começo –meio e fim da vida cristã, o poder dele não cessa em nossa vida. Não há estágio que podemos viver sem Ele.

Nossa devoção a Deus não pode ficar restrita a graça passada, como se agora é a nossa vez de retribuir aquilo que Ele nos deu.

Não, jamais, obedecemos a Deus para garantir a nossa salvação, isto seria simplesmente egoísmo.

Em Cristo Jesus, temos tudo que precisamos para viver, toda a nossa salvação, segurança, paz e satisfação.

Nascemos para glorificar a Deus, fazemos isto quando dependemos exclusivamente dEle.

A idolatria é a grande semente do pecado, é quando substituímos Deus por qualquer outra coisas que possa trazer significado e satisfação para a nossa vida.

 

Me parece claro que existe um  movimento em 3 partes,  um primeiro momento de aceitação,  outro de construção e um terceiro de manifestação.  A grande questão é que normalmente trocamos as coisas e achamos que a aceitação depende da manifestação ou da construção. Isto é religiosidade, tentativas humanas de fazer aquilo que só Deus pode fazer.

Em qualquer das etapas se colocamos a nós mesmos no lugar de Deus, entramos no caminho da religiosidade e idolatria..

 

quarta-feira, janeiro 11, 2012

John Piper: Fé na graça futura x orgulho.

No sexto capítulo de Graça Futura, Piper vai falar sobre o orgulho.  Para ele a humildade só pode subsistir na presença de Deus,  quando Deus é colocado em segundo plano, o homem assume o lugar.  O propósito do capítulo segundo o autor é:

declarar que o espírito arrogante é uma forma de incredulidade e que o modo de combater a incredulidade do orgulho consiste na fé na graça futura. Confiar em Deus e ser arrogante constituem opostos” p. 88

Para nos livrarmos disto temos que voltar ao desejo por Deus em nosso coração. Lembrando o que é fé, crer em Jesus significa ir a Jesus  a fim de buscar de tudo o que Deus é para nós nele. De outro lado, a incredulidade seria afastar-se de Deus, a fim de buscar  a satisfação em outras coisas.

Crer não é apenas uma aceitação mental mas também o desejo por Deus no coração. Piper usa as metáforas de beber e comer, de João 4.14 e 6.51, a busca da satisfação vital em Deus.

A incredulidade é afastar-se de Deus e de seu Filho para buscar satisfação em outras coisas. O orgulho é afastar-se de Deus para buscar a satisfação no seu próprio eu, a incredulidade do orgulho é muito forte, porque a autodeterminação e autoexaltação estão por trás dele. A pessoa busca sua autonomia ou independência, que é a essência do orgulho. A batalha contra o orgulho é uma batalha contra a incredulidade,  a favor da humildade, da fé na graça futura.

Em Jeremias 9.23, aparecem três inimigos de Deus: sabedoria, força e riqueza. Eles tentam em nosso coração serem fontes de satisfação. O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica –1Co. 8.1-.  Não há aqui uma apologia a ignorância, pelo contrário, Paulo sempre exaltou o povo a buscar conhecimento, mas esta faculdade foi nos dada para conhecermos a Deus e sabermos como o mundo se relaciona com Ele.

O apelo é contra a vanglória do conhecimento – veja 1Co 1,26,29,31, Rm 11.34,36-.

Quando nos vangloriamos da nossa sabedoria mostramos nosso afastamento de Deus para confiar em nós mesmos. Revelamos, com isso, que nossa satisfação não está primeiramente na sabedoria infinita, originária em Deus, mas em nossas capacidades derivadas e secundárias. Isso é uma falta de fé na graça futura- a promessa de Deus usar sua sabedoria infinita para continuar dominando o universo para o bem daqueles que esperam nele” p.90

Outro ponto é o poder, é a busca em tomar o crédito daquilo que Deus fez por nós, Piper aqui cita Dt. 8.11-17.  Quando vivemos pela graça futura, sabemos que os frutos são somente produtos da graça.

A seguir Piper coloca dois personagens que deixaram se iludir pelos ídolos do orgulho: sabedoria e poder. A história do rei da Assíria em Is.10.5 e Nabucodonosor em Dn. 4.30-37.

 

A maior tentação aqui pode ser mesmo o dinheiro, a riqueza é um grande símbolo de autossuficiência, controlamos os recursos, podemos satisfazer nossos desejos. O resultado é Os. 13.6, o que você confia para seu futuro (Jr. 49.4). Paulo dá a resposta bem clara em 1Co 4.7- “o que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?”

Precisamos de uma confiança que tira os olhos dos recursos e descanse em Deus, isto é a graça futura

Para Piper, .o supremo orgulho é o ateísmo, porque no final das contas, o orgulhoso precisa se convencer que não há Deus. Porque a realidade de Deus é intrusa em todos os aspectos da vida, o orgulho não deixa nada se envolver conosco (Tg. 4.13-17). Devemos colocar diante de Deus todos os detalhes da nossa vida.

A coceira da autoconsideração deseja ardentemente o coçar da autoaprovação. isto é, se obtivermos nosso prazer do sentimento de autosatisfação, não estaremos satisfeitos até que outros vejam e aplaudam nossa autosatisfação” p. 95

O que irônico conforme diz Piper, é que a auto-suficiência que deveria nos livrar da necessidade de sermos considerados pelos outros, nos leva  a depender do aplauso alheio. Sempre haverá um vazio, uma insuficiência quando buscamos os recursos em nós mesmos.  Pensando em João 5.44, ele diz:

A coceira pela glória de outras pessoas torna a fé impossível. Porque fé ser satisfeito com tudo o que Deus é para nós em Jesus; e se você estiver inclinado a obter satisfação da coceita ao coçar o aplauso dos outros, você se afastará de Jesus. Mas se você se afastar do eu como fonte de satisfação (=arrependimento), e se for a Jesus para desfrutar de tudo o que Deus é por nós nele (=fé), então a coceira será substituída por uma fonte de água jorrando para a vida eterna (João 4.14)” p.95

A graça reconhece sempre a necessidade de ajuda. O orgulho não, a forma de combater isto é admitir a ansiedade, a vanglória ou, até mesmo, autocompaixão, e apreciar a promessa da graça futura, a fé se fundamenta na ajuda de Deus que tem cuidado de nós, conforme Jr.9.23,24

 

Comentários:

 

Para Agostinho, o ser humano é um ser sacro, ele é aquilo que ele adora. O livro de James K.A. Smith, Desiring The Kingdom, fala muito sobre este ponto:

O que fazemos (práticas) está intimamente ligada ao que desejamos (amor), de modo que isto determina se, como e que podemos saber

 

Seria legal ver meu resumo. Há um texto Amor e Liturgia: a inserção do corpo no culto de Igor Miguel em pdf, muito interessante também, sobre o mesmo livro, com idéias que tem a ver com que está sendo dito aqui:

O conceito hebraico de “amor”, não é uma virtude, ou apenas um sentimento, é um princípio ativo,uma excitação visceral, um desejo fundamental de unidade, de comunhão.  Amor neste sentido é algo com base “energética”, para adotar um termo da psicanálise, um pulsão dirigida ao gozo, à realização.  Que pode ser mediado e traduzido em diversas dimensões afetivas como o amor fraterno, a veneração idólatra, a atração erótica, o culto a Deus, o desejo do salmista pelos átrios do Senhor e assim por diante.   O amor é sempre dirigido a um ideal de “acolhimento”, de realização existencial, o que significa afinal de contas, que o amor não é  religiosamente neutro, ao contrário, ele é fundamentalmente o princípio da veneração.  O amor é sempre dirigido tendo em vista um fim (gr. telos), um propósito, que dê sentido à existência.  Este fim, em última instância, é sempre um paradigma de realização humana.  Por ser o amor teleológico, ele é inevitavelmente religioso.

Sobre o tema do orgulho vale a pena a leitura do capítulo O GRANDE PECADO de Cristianismo Puro e Simples  do C.S. Lewis, eis um trecho:

Chego agora à parte em que a moral cristã difere mais nitidamente de todas as outras morais. Existe um ví­cio do qual homem algum está livre, que causa repug­nância quando é notado nos outros, mas do qual, com a exceção dos cristãos, ninguém se acha culpado. Já ouvi quem admitisse ser mau humorado, ou não ser capaz de resistir a um rabo de saia ou à bebida, ou mesmo ser covarde. Mas acho que nunca ouvi um não-cristão se acusar desse vício. Ao mesmo tempo, é raríssimo encon­trar um não-cristão que tenha alguma tolerância com esse vício nas outras pessoas. Não existe nenhum outro defeito que torne alguém tão impopular, e mesmo as­sim não existe defeito mais difícil de ser detectado em nós mesmos. Quanto mais o temos, menos gostamos de vê-lo nos outros.

O vício de que estou falando é o orgulho ou a pre­sunção. A virtude oposta a ele, na moral cristã, é cha­mada de humildade. Você deve se lembrar de que, quan­do falávamos sobre a moralidade sexual, adverti que não era ela o centro da moral cristã. Bem, agora chegamos ao centro. De acordo com os mestres cristãos, o vício fun­damental, o mal supremo, é o orgulho. A devassidão, a ira, a cobiça, a embriaguez e tudo o mais não passam de ninharias comparadas com ele. E por causa do orgulho que o diabo se tornou o que é. O orgulho leva a todos os outros vícios; é o estado mental mais oposto a Deus que existe.

Parece que estou exagerando? Se você acha que sim, pense um pouco mais no assunto. Agora há pouco, ob­servei que, quanto mais orgulho uma pessoa tem, me­nos gosta de vê-lo nos outros. Se quer descobrir quão orgulhoso você é, a maneira mais fácil é perguntar-se: "Quanto me desagrada que os outros me tratem como inferior, ou não notem minha presença, ou interfiram nos meus negócios, ou me tratem com condescendência, ou se exibam na minha frente?" A questão é que o or­gulho de cada um está em competição direta com o orgu­lho de todos os outros. Se me sinto incomodado por­que outra pessoa fez mais sucesso na festa, é porque eu mesmo queria ser o grande sucesso. Dois bicudos não se beijam. O que quero deixar claro é que o orgulho é es­sencialmente competitivo — por sua própria natureza -, ao passo que os outros vícios só o são acidentalmente, por assim dizer. O prazer do orgulho não está em se ter algo, mas somente em se ter mais que a pessoa ao lado. Dizemos que uma pessoa é orgulhosa por ser rica, inte­ligente ou bonita, mas isso não é verdade. As pessoas são orgulhosas por serem mais ricas, mais inteligentes e mais bonitas que as outras. Se todos fossem igualmente ri­cos, inteligentes e bonitos, não haveria do que se orgu­lhar. É a comparação que torna uma pessoa orgulhosa: o prazer de estar acima do restante dos seres. Eliminado o elemento de competição, o orgulho se vai. E por isso que eu disse que o orgulho ê essencialmente competitivo de uma forma que os outros vícios não são. O impulso sexual pode levar dois homens a competir se ambos es­tão interessados na mesma moça. Mas a competição ali é acidental; eles poderiam, com a mesma facilidade, ter se interessado por moças diferentes. Um homem orgu­lhoso, porém, fará questão de tomar a sua garota, não por desejá-la, mas para provar para si mesmo que é me­lhor do que você. A cobiça pode levar os homens a com­petir entre si se não existe o suficiente para todos; mas o homem orgulhoso, mesmo que tenha mais do que ja­mais poderia precisar, vai tentar acumular mais ainda só para afirmar seu poder. Praticamente todos os males no mundo que as pessoas julgam ser causados pela cobi­ça ou pelo egoísmo são bem mais o resultado do orgulho. Veja a questão do dinheiro. A cobiça pode fazer com que o homem deseje ganhar dinheiro para comprar uma casa melhor, poder viajar nas férias e ter coisas mais apetitosas para comer e beber. Mas só até certo ponto. O que faz com que um homem que ganha 10.000 li­bras por ano fique ansioso para ganhar 20.000 libras? Não é a cobiça de mais prazer. A soma de 10.000 libras pode sustentar todos os luxos de que ele queira desfrutar. E o orgulho — o desejo de ser mais rico que os outros ricos e, mais do que isso, o desejo de poder. Pois, evi­dentemente, é do poder que o orgulho realmente gos­ta: nada faz o homem sentir-se tão superior aos outros quanto o fato de poder movê-los como soldadinhos de brinquedo. Por que uma moça bonita à caça de admi­radores espalha a infelicidade por onde quer que vá? Cer­tamente não é por causa de seu instinto sexual: esse tipo de moça é quase sempre sexualmente frígida. É o orgulho. O que faz um líder político ou uma nação inteira quererem expandir-se indefinidamente, exigindo tudo para si? De novo, o orgulho. Ele é competitivo pela pró­pria natureza: é por isso que se expande indefinidamen­te. Se sou um homem orgulhoso, enquanto existir al­guém mais poderoso do que eu, ou mais rico, ou mais es­perto, esse será meu rival e meu inimigo.

Os cristãos estão com a razão: o orgulho é a causa principal da infelicidade em todas as nações e em todas as famílias desde que o mundo foi criado. Os outros ví­cios podem, às vezes, até mesmo congregar as pessoas: pode haver uma boa camaradagem, risos e piadas entre gente bêbada ou entre devassos. O orgulho, porém, sem­pre significa a inimizade - é a inimizade. E não só ini­mizade entre os homens, mas também entre o homem e Deus.

Meet Louie Giglio

segunda-feira, janeiro 09, 2012

John Piper: O mais gratuito de todos os atos de Deus

No quinto capítulo, Piper vai nos contar que "a graça não seria graça se fosse resposta aos nossos recursos. A graça é a graça porque ressalta os próprios recursos transbordantes da bondade divina. A graça é eterna porque levará muito tempo para Deus gastar seus depósitos inesgotáveis de bondade de Deus.  A graça de Deus é gratuita porque Deus não seria o Deus infinito e auto-suficiente que é obrigado por qualquer coisa fora dele" (p. 76)

Nossa vida está pendurada na graça futura, a graça é a bondade de Deus mostrada a pessoas que não a merecem e a misericórdia é a bondade de Deus mostrada a pessoas que estão em uma situação miserável. 

Antes da queda, Adão e Eva experimentaram a bondade não como reação ao seu pecado, mas ambos não mereciam estar lá. E a vontade de Deus para eles era a vida pela fé na graça futura. Deus queria que o não comer da árvore proibida fosse um ato de confiança em sua sabedoria e disposição para conduzi-los na vida. "A desobediência deles foi uma violação da confiança no amor do Pai e a renúncia à fé na graça futura" (p.78)

Após a queda, a experiência da graça mudou, quem não merece a graça, está agora num estado miserável.  A graça aparece como misericórdia, ha uma distinção corrente entre graça e misericórdia, colocando a primeira para as pessoas que pecam e a segunda para as pessoas que sofrem. 

A graça gratuita, imerecida, condicional.

Piper cita Ef. 6.24, há uma graça gratuita, mas condicional, que vêm sobre aqueles que amam a Jesus. A graça condicional não é graça merecida, ou seja, não pode ser conquistada por nossos próprios méritos.

"quando a graça de Deus é prometida com base em uma condição, essa condição também é uma obra da graça de Deus. Isso garante a absoluta gratuidade da graça(...) um exemplo bíblico é o arrependimento como condição para receber a graça do perdão (Atos 3.19) Mas o próprio arrependimento é uma dádiva da graça de Deus (Atos 11.18)" p. 80
O autor expõe quatro maneiras  de ressaltar que a liberdade está no centro do significado da graça bíblica.

  1. Ser Deus é ser livre:  Deus é o livre doador da graça (Ex. 33.8), a graça não é constrangida por nada fora do próprio Deus.Ele é livre na forma que reparte sua graça, essa liberdade está na sua essência, não está limitado pela maldade de ninguém. Sua graça pode irromper em qualquer momento e lugar que lhe agradar.
  2. Graça doadora de vida é graça livre e gratuita, conforme Ef. 2.4-6, o ato decisivo na conversão é  a vida com Cristo quando estávamos mortos. Deus nos viu nessa condição e teve compaixão de nós. 
  3. Graça que elege é autônoma e livre, conforme Rm 11.5, há uma correlação entre graça e eleição. A escolha de Deus foi livre, são eleitos por causa da graça autonoma, gratuita e incondicional. "Se as obras humanas obtêm salvação e criam o remanescente, a graça da eleição já não seria mais graça. O que começou como graça na eleição autonoma, gratuita e incondicional deixaria de ser graça" p.83
  4. Deus inexaurível e a gratuidade da graça. Deus é fonte inesgotável,  ele é sempre o benfeitor, e nós sempre os beneficiados. Este ponto fala da riqueza da graça, inesgotável e auto-supridora - Ef. 2.6,7. Há dois pontos aqui, o primeiro é o derramamento divino com generosidade de riquezas da sua graça, e a outra, é que Deus levará a eternidade para fazê-lo. "A graça não seria graça se reagisse aos recursos existentes em nós. A graça é graça porque ressalta os recursos transbordantes da própria bondade de Deus. A graça é eterna porque é esse tempo gasto por Deus para derramar provisões inesgotáveis da sua bondade sobre nós. A graça é gratuita porque Deus não seria infinito e auto-suficiente se fosse constrangido por qualquer coisa fora dele mesmo" p.84

A glória de Deus é devidamente louvada quando realizamos a dimensão da graça de Deus para cada um de nós desde agora até a eternidade.

COMENTÁRIOS:

A fé na graça futura tem muito a ver com a dimensão daquilo que acreditamos que seja Deus, por vezes, diminuímos e muito o poder e a grandeza da graça de Deus para conosco. Querendo talvez um pouco de crédito pelas coisas, mas devemos sempre saber que todo pão é dado pelo nosso Pai.

Deus é a fonte de toda provisão, a confiança nesta fonte eterna de satisfação, paz, segurança e salvação muda a nossa vida, acalma o nosso coração e lança fora todo o medo. E, enfim, encontramos descanso.


Jonathan Edwards coloca isso claramente em seu sermão "Deus glorificado na dependência dos homens" baseado em 1Coríntios 1:29-31:

Primeiro, todo o bem que eles têm é em e por Cristo, Ele é feito à sabedoria nós, justiça, santificação e redenção. Todo o bem dos caídos e criatura redimida está em causa nestas quatro coisas, e não pode ser mais bem distribuída do que para eles, mas Cristo é cada um deles para nós, e nenhum deles tem qualquer outra forma que não ele. Ele é feito de Deus a sabedoria nós: nele estão todos excelência o bom bom e verdadeiro do entendimento. Sabedoria era uma coisa que os gregos admiravam, mas Cristo é a verdadeira luz do mundo, é através dele que a verdadeira sabedoria só é dada para a mente. É dentro e por Cristo que temos a justiça: é por ser nele que somos justificados, ter nossos pecados perdoados, e são recebidos como justos em favor de Deus. É por Cristo que temos santificação: temos nele excelência verdadeiro de coração, assim como de entendimento, e ele é feito a nós inerentes, bem como justiça imputada. É por Cristo que temos a redenção, ou o livramento real de toda a miséria e a dádiva de toda a felicidade e glória. Assim, temos todas as nossas boas por Cristo, que é Deus.   Em segundo lugar, outro exemplo em que nossa dependência de Deus para todos os nossos bons aparece, é este, que é Deus que nos deu Cristo, para que possamos ter esses benefícios por meio dele, ele é feito de Deus para nós sabedoria, justiça, etc  Em terceiro lugar, é dele que estamos em Cristo Jesus, e vir a ter interesse nele, e assim que receber as bênçãos que ele é feito para nós. É Deus que nos dá a fé pela qual nós fechamos com Cristo. De modo que neste versículo é mostrado a nossa dependência de cada pessoa na Trindade para todos o nosso bem. Somos dependentes de Cristo, o Filho de Deus, como ele é a nossa sabedoria, justiça, santificação e redenção. Somos dependentes do Pai, que nos deu Cristo, e fê-lo a ser estas coisas para nós. Somos dependentes do Espírito Santo, pois é dele que estamos em Cristo Jesus, é o Espírito de Deus que dá a fé nele, pelo qual nós o recebemos, e fechar com ele.
Valia também colar aqui a explicação de C.S. Lewis dá do nosso acanhamento diante da glória de Deus, que está em seu livro Peso de Glória:


As promessas das Escrituras podem, muito por alto, reduzir-se a cinco: em primeiro lugar, promete-se que estaremos com Cristo; em seguida, que seremos semelhantes a Ele; depois — e aqui é extraordinária a riqueza de imagens — que teremos "glória"; em quarto lugar, que seremos alimentados, festejados ou obsequiados; e, finalmente, que teremos alguma posição de destaque no universo — governaremos cidades, julgaremos anjos, seremos colunas no templo de Deus. A primeira pergunta que me surge é: "Não bastaria a primeira promessa?". Será possível acrescentar alguma coisa ao conceito de estar com Cristo? Pois deve ser verdade o que diz um velho escritor: aquele que tem Deus e tudo o mais, nada possui que não possua aquele que apenas tem Deus. Creio que, mais uma vez, a solução está na natureza dos símbolos. Ainda que não o vejamos à primeira vista, qualquer concepção da maioria de nós sobre o que seria estar com Cristo não é muito menos simbólica que as outras promessas, pois envolverá idéias de proximidade física, de conversa íntima, tal como a compreendemos, e estará, provavelmente, centrada na humanidade de Cristo, excluindo sua deidade. E na realidade verificamos que os cristãos que só levam em consideração a primeira promessa, sempre a preenchem com imagens bem terrenas — aliás, com imagens nupciais ou eróticas. Não condeno, de forma alguma, essas imagens. Gostaria até de aprofundar-me mais nelas e oro para que ainda o consiga. Mas o que pretendo mostrar é que isso também não é mais que um símbolo: é semelhante à realidade em alguns aspectos, mas diferente em outros e, portanto, exige que seja corrigida pelos diferentes símbolos contidos nas outras promessas. A diversidade de promessas não significa que a nossa mais alta bem-aventurança encontre-se fora de Deus; mas, pelo fato de Deus ser mais do que uma pessoa e para que não imaginemos a alegria de sua presença exclusivamente sob o aspecto de nossa pobre experiência de amor pessoal, com todas as suas limitações, tensões e monotonias, somos supridos de uma porção de imagens variadas que se corrigem e se suplementam mutuamente.
Trato agora do conceito da glória. Não se pode escapar ao fato de que esse conceito é muito proeminente tanto no Novo Testamento como nos primeiros escritos do cristianismo. A salvação aparece constantemente associada a palmas, coroas, vestes brancas, tronos e esplendor semelhante ao do sol e das estrelas. Nada disso me impressiona particularmente e, nesse aspecto, considero-me um indivíduo tipicamente moderno. A glória passa-me duas noções: uma perversa e outra ridícula. A glória, para mim, ou é celebridade, ou luminosidade. Quanto à primeira interpretação, uma vez que ser célebre significa ser mais conhecido do que os outros, o desejo de celebridade parece envolver uma paixão pela competição e, por conseguinte, mais digno do inferno que do céu. Quanto à segunda interpretação, quem desejaria tornar-se uma espécie de lâmpada elétrica viva?
Quando comecei a examinar esse assunto, fiquei chocado ao descobrir que cristãos tão diferentes como Milton, Johnson e Tomás de Aquino davam abertamente à glória celestial o sentido de fama, celebridade ou bom nome. Mas não fama conferida pelas criaturas — era fama perante Deus, aprovação ou (eu diria) "reconhecimento" da parte de Deus. E, depois de meditar sobre o problema, cheguei à conclusão de que se tratava de um ponto de vista bíblico; nada pode eliminar da parábola o divino louvor: "Muito bem, servo bom e fiel".
E assim tombou, qual castelo de cartas, uma boa parte das teorias que eu construíra durante toda a vida. Lembrei, de repente, que ninguém pode entrar no céu senão como menino, e nada há de mais evidente numa criança — não na criança vaidosa, mas na boa criança — do que o grande prazer indisfarçado que ela encontra no elogio. E não só na criança, mas até nos cães ou nos cavalos. Obviamente, aquilo que eu confundira com humildade tinha-me impedido de compreender, durante todos esses anos, o que é o mais humilde, o mais pueril e o mais humano dos prazeres — ou, antes, o prazer característico dos seres inferiores: o prazer do animal perante o homem, da criança perante o pai, do aluno perante o mestre, da criatura perante o seu Criador. Não estou esquecendo-me de que forma horrível esse prazer inocente é parodiado nas nossas ambições humanas ou com que rapidez, em minha própria experiência, o legítimo prazer do louvor daqueles a quem é nosso dever agradar transforma-se no veneno mortal do orgulho próprio. Mas creio poder detectar um momento — um momento muito, muito breve —, antes que aquilo acontecesse, em que era ainda pura a minha satisfação de ter agradado àqueles que eu, com muita razão, amava e respeitava. E isso basta para fazer-nos pensar no que pode acontecer quando a alma redimida, acima de toda a esperança e quase acima da crença sabe, enfim, que agradou àquele para cuja alegria foi criada. Não haverá então lugar para a vaidade. Ela estará livre da miserável ilusão de que os méritos são seus. Sem o mínimo vestígio do que chamamos de auto-elogio, ela se regozijará inocentemente naquilo que Deus lhe permitiu ser, e o momento em que desaparecer para sempre o seu velho complexo de inferioridade sepultará também, para todo o sempre, nas profundezas, o seu orgulho. A humildade perfeita dispensa a modéstia. Se Deus está satisfeito com a obra, a obra pode ficar satisfeita consigo mesma: "não compete a ela discutir elogios com o seu Soberano". Posso imaginar alguém dizendo que não gosta da minha concepção do céu, que seria um lugar onde nos dão tapinhas nas costas. Mas por trás dessa rejeição existe uma compreensão falsa, orgulhosa. Esse Rosto, que é o deleite ou o terror do universo, voltar-se-á um dia para cada um de nós com uma das duas expressões, conferindo glória indizível ou infligindo vergonha que coisa alguma poderá curar ou ocultar. Há dias, li num periódico que o fundamental é o que pensamos de Deus. Por Deus, isso está errado! O que Deus pensa de nós não é apenas mais importante, mas infinitamente mais importante! Aliás, o que pensamos dele não tem a menor importância, a não ser quando o que dele pensamos relaciona-se com o que ele pensa de nós. Está escrito que seremos colocados perante ele, que seremos apresentados, examinados. A promessa de glória é a promessa quase incrível, e possível apenas pela obra de Cristo, de que alguns, alguns que verdadeiramente o quiserem, resistirão a esse exame, encontrarão aprovação, agradarão a Deus. Agradar a Deus... ser um verdadeiro integrante da felicidade divina... receber o amor de Deus, não apenas a sua piedade, mas ser o motivo do prazer, como um artista deleita-se em sua obra ou o pai em seu filho — parece impossível, é um peso ou carga de glória que nossa imaginação mal pode suportar. Mas é assim.


domingo, janeiro 08, 2012

John Piper: A vida que resta é graça futura.

O capítulo 4 marca o começo da segunda parte do livro, o futuro é onde está a nossa vida,  a esperança pela bondade futura e glória futura é a graça futura.

Assim, John Piper analisa as bênçãos contidas nas cartas paulinas, ele diz que:

 

O significado que sugiro é: no início das cartas Paulo tem em mente que a própria carta é um meio da graça de Deus aos leitores. A graça está prestes a fluir da parte de Deus por meio do escrito de Paulo para os cristãos. Assim, ele diz: Graças a vocês. Isto é, a graça está agora ativa e prestes a fluir de Deus por meio de meu escrito inspirado a vocês enquanto o estiverem lendo(…) Mas quando se aproxima do final da carta, Paulo percebe que a leitura está quase concluída, e surge a pergunta: O que acontece com a graça que esteve fluindo aos leitores por meio da leitura desta carta inspirada? Ele responde com uma bênção final de cada carta: Graça seja com vocês. Com vocês quando vocês guardarem a carta e saírem da reunião da igreja.(…) Com vocês quandoo demonstrarem coragem para se posicionar a favor de Cristo na hora do almoço” p.68

A graça de Deus não é uma realidade meramente passada, mas também futura, você não pode ser cristão sem fé na graça futura.

 

Ninguém se tornou cristão sem a graça passada. E ninguém pode ser cristão momento a momento sem a graça futura. Nossa posição em Cristo está tão segura quanto a provisão divina da graça futura”. p. 69

Nosso coração deve ser fortalecido  pela graça (Hb. 13.9) e devemos ser fortificados pela graça que há em Jesus (2Tm 2.1). A necessidade desta força interior surge dos sofrimentos e aflições que nos acodem de tempos em tempos, o poder fortalecedor do coração procede do Espírito Santo (Ef. 3,.16). A graça futura é o poder de Cristo aperfeiçoado na fraqueza. A perseverança do cristão não está em olhar para trás – para a graça passada-, mas, em olhar adiante para a graça futura, o poder de Cristo fazer por nós aquilo que precisamos.

Piper cita 1Pe 5.10, para a nossa confiança nesta graça futura. Deus não é um deus de alguma graça, mas de toda a graça. A fé nesta graça é a chave para suportar as aflições e perserverar no caminho estreito e árduo que conduz a vida.

A graça futura e a vida de amor, suportar o momento não é a melhor definição da vida cristã, suportar faz parte dela, mas a vida é um caminho de amor, Paulo tem o exemplo dos macedônios que por causa do amor dado pela Graça de Deus, mesmo que passando tribulações transbordaram em generosidade. A libertação da ganância vem da fé na graça futura.

 

A vida que nos resta de agora até a eternidade será vivida pela graça futura, ou será perdida. Não estamos abandonados a nós mesmos, nem relegados às preciosas memórias da graça passada. Não estamos abandonados  de forma alguma. Hoje e amanhã e para toda a eternidade  “ele nos concede graça maior” (Tg 4.6) Isso não é só a decorsação da estrutura permamente da vida cristão. É o que torna a vida cristã permanente. Vivemos momento a momento na força da graça futura. Se ela não existisse, pereceríamos. Mas ela existe. E todo o bem futuro de que desfrutarmos, nesta vida e na próxima, virá da graça futura” p. 74

 

 

 

 

sábado, janeiro 07, 2012

PNDH-3 e Hungria

Será que existe alguma semelhança entre o PNDH-3  e o que está acontecendo na Hungria hoje. Naomi Klein, esquerdista e anti-neoliberal, tem um livro interessante chamado "The Sock Doctrine". 

Ela salienta que países que estão em situação de choque, seja econômico- crise financeira- ou social - desastre natural ou guerra- se sujeitam a transformações anti-democráticas que jamais se sujeitariam se estivessem em uma situação estável e democrática.

A Europa está em crise, o que leva a mudanças que, talvez, num momento de democracia e progresso jamais se aceitaria certas mudanças. Exemplo disto é a Hungria, que caminha para uma ditadura. Outro exemplo, é a  chamada Primavera Islâmica, que está acabando por substituir regimes ditatoriais por outros mais opressores ou por uma sociedade mais opressora.

Fica aqui a transcrição de um artigo católico:

A nova Constituição da Hungria foi aprovada em abril, pelo voto da esmagadora maioria dos legisladores.
A nova Carta Magna salienta quanto a Nação se sente orgulhosa pelo fato de o Estado húngaro ter sido criado há mil anos por Santo Estêvão, como parte da gloriosa Europa cristã. Com a coroa húngara — presente do Papa Silvestre II ao Rei Santo Estêvão — foram coroados nada menos do que 55 reis.
A Constituição tem ainda outros méritos. Define o casamento como “união entre um homem e uma mulher”, protege a vida do nascituro contra o aborto desde a concepção até a morte natural, proíbe a eugenia e rechaça o comunismo.
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Numa situação normal, toda a Europa deveria alegrar-se com essa aprovação. Mas se há algo a respeito do qual não se pode falar atualmente é em “situação normal”.
As ondas mefíticas da Revolução igualitária e imoral que desde fins da Idade Média vêm assolando o Velho Continente — e todo o Ocidente ex-cristão — acabaram por modelar um tipo de União Européia (UE) inspirada num laicismo agressivo e persecutório das boas tradições e da moralidade.
Por isso, os dirigentes da UE se “escandalizaram” com a nova constituição húngara, a qual provocou ademais as iras de abortistas e ativistas homossexuais de todos os quadrantes.
Diversos grupos a favor do aborto e da prática homossexual promoveram nos meios de comunicação uma campanha contra essa constituição. Por exemplo, a associação Human Rights Watch, conhecida defensora do aborto, disse estar preocupada pelas cláusulas a favor da vida.
Em declarações à Associated Press, o porta-voz do Parlamento húngaro, Laszlo Kover, salientou que a constituição está modelada para ser o passo final da tomada de distância do estilo de governo comunista e declarar-se ex-país do bloco soviético. “Participamos de um momento histórico”, disse ele. “A nova constituição baseia-se em nosso passado e em nossas tradições, mas procura e contém respostas para os problemas atuais, ao mesmo tempo em que se volta para o futuro”.
Para Steven W. Mosher, presidente do conhecido Population Research Institute, dos EUA, os princípios que regem a nova constituição “são precisamente aqueles de que a Europa precisa para impedir a crise demográfica, econômica e cultural que está enfrentando atualmente; por isso é admirável a vontade dos húngaros de construir uma cultura de vida em meio à atitude dominante europeia de obscurantismo” (ACI, 19-7-11).
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Monumento a Santo Estevão, na Hungria
Ao manter-se firme ante os ataques que recebe, a nação húngara segue o glorioso exemplo do baluarte contra o comunismo soviético a ela imposto durante décadas pela força: o Cardeal Mindszenty, cujos restos mortais se veneram na catedral de Erztergom.
Aos citados dispositivos da nova constituição húngara poder-se-ia aplicar, com as devidas adaptações, o elogio que em Mensagem encabeçada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi dirigido ao Cardeal Mindszenty por sua firmeza em não se dobrar ante o comunismo:
“O non possumus firme de Vossa Eminência, repercutindo no mundo inteiro, vale por uma lição e por um exemplo próprios a manter os católicos na via da fidelidade aos ensinamentos tradicionais imprescrití¬veis, emanados da Cátedra de Pedro em antigos dias de luta e de glória. E é por esta razão que, a par da admiração, tributamos a Vossa Emi¬nência um agradecimento profundo. [...] O Reino Apostólico da Hungria re¬cebeu desde Santo Estêvão a missão gloriosa de ser baluarte da Igreja e da Cristandade. Esta missão, ele a cumpre por inteiro em nossos dias, na Pessoa augusta de Vossa Eminência” (Revista Catolicismo, maio/1974).

sexta-feira, janeiro 06, 2012

John Piper: Fé na graça futura versus ansiedade

Como aplicar o poder purificador da  graça futura, Piper começa o capítulo contando como Deus o ajudou em sua ansiedade de falar em público. Sendo que a ansiedade é uma condição do coração que dá origem a outros pecados, como a cobiça e a ganância quanto ao dinheiro, pode deixar você frio e restrito quanto aos relacionamentos, a respeito de uma verdade pode levá-lo a mentira.


Quanto a ansiedade, o texto importante para Piper é o de Mateus 6.25-34, para Jesus, a ansiedade é uma fé inadequada na graça futura do nosso Pai, quando a incredulidade domina o coração, um dos efeitos é a ansiedade.


"A raiz da ansiedade é a desconfiança em tudo que Deus prometeu nos dar em Jesus" (p. 56)
Existe, então, uma conexão entre ansiedade e incredulidade, o único modo de vencer o pecado é através da fé na graça futura.  A ansiedade também desfocaliza nossa visão da glória de Deus, ataca a nossa fé, vale a pena a citação do Salmo 56.4 aqui.


O verdadeiro crente tem momentos de medo e ansiedade, mas devemos lembrar de 1Pedro 5.7. 


Os elementos cristãos para a luta são as promessas de Deus e a lavagem pelo Espírito Santo. Conforme 2Ts. 2.13, os dois grandes edificadores são: a obra do Espírito e Palavra da verdade.


A seguir, John Piper enumera sete promessas da graça futura contra ansiedade:


1. Mateus 6.25- provisão divina


2. Mateus 6.27 - você é importante para Ele.


3. Mateus 6.27,28-  a promessa da realidade, a ansiedade não fará nada por você.


4. Mateus 6.28-30- abundância e criatividade da provisão divina


5. Mateus 6:31,32 - o conhecimento divino de nossas necessidades.


6. Mateus 6.33- a esperança de ser cuidado quando buscamos a Ele e seu reino.


7. Mateus 6.34- Até mesmo as tribulações estão sob seu controle.




"Façamos guerra, não contra outras pessoas, mas contra a própria incredulidade. É a raiz da ansiedade que, por sua vez, é a raiz de tantos outros pecados. Portanto, liguemos o limpador do para-brisa e usemos o fluido do esguicho, e mantenhamos os olhos fixos nas grandes e preciosas promessas de Deus. Pegue sua Bíblia, peça ajuda ao Espírito Santo, ponha as promessas no coração e combata o bom combate de viver pela fé na graça futura" p.62
Comentários:


A ansiedade como origem do pecado pode ser entendida como a escolha da incredulidade como viver. Ao invés de uma dependência de Deus, buscamos outra fonte que possa assegurar o nosso futuro, ou seja, nossa salvação.


Esta ideia está ligada ao conceito de Lutero, em que todo pecado é antes de tudo o pecado de idolatria ou uma negação do primeiro mandamento.


Conforme diz Timothy Keller em Deus Pródigo:



Quase todo mundo define pecado como a quebra das leis. Jesus, entretanto, mostra-nos que aquele homem que não violou nenhum dos pecados da lista pode estar tão equivocado quanto o homem que violou a lista inteira. Por que? Porque pecado não é simplesmente quebrar as regras, mas se colocar a si mesmo no lugar de Deus como Salvador, Senhor e Juiz. Ha dois caminhos para fazer isto, um é quebrando as leis morais e o outro é guardando-as muito bem.
Uma vida de obediência alimentada pela graça futura e não pela gratidão evita que caíamos na tentação de buscar em nós mesmos a fundamentação da obediência. Ajuda também a evitar uma vida de ansiedade, já que nosso futuro não está mais agarrado a nossa performance espiritual. 


Como diz Carlos McCord em A vida que satisfaz:


"O crente que permanece trabalha a partir do descanso. O crente que não permanece trabalha para descansar" (p. 78)

Termino este comentário com uma citação de Watchman Nee em seu Vida Cristã Normal:


Toda a ansiedade e a irritação dos filhos de Deus ter­minaria se os seus olhos fossem abertos para ver a gran­deza do tesouro contido nos seus corações. Você sabe que há, no seu próprio coração, recursos suficientes para satisfazer todas as necessidades de cada circunstância em que poderá jamais encontrar-se? Sabe que há aí poder suficiente para mover a cidade em que vive? Sabe que há poder suficiente para abalar o universo? Digo-lhe mais uma vez, com toda a reverência: você nasceu de novo do Espírito de Deus, e carrega Deus no coração.  (cap. 8- O tesouro do vaso)