sexta-feira, outubro 15, 2010

ROBERTO BOLAÑO: 2666.


Conforme,NYRB , 2666 foi publicado em 2004 na Espanha, um ano após a morte do autor. Em inglês o livro tem 808 páginas, nós seguimos Bolaño em suas digressões, e com uma fraca intuição de sonho nós sentimos ele jogando com as ferramentas de gênero, a cena toma uma qualidade vaga de thriller, fábula, cada personagem pode começar a discustir os problemas das semelhanças e metáfora que revelam e escondem.

. This is the doubt-raising problem of representation itself. Yet there are scenes that feel like they could be there for no other reason than to memorialize a vivid incident Bolaño might have witnessed, and which arrive in the novel like assertive, physically present ambassadors from life. Because there are many references to painting, and because the plot seems at times to move invisibly, as if unable to break out of stasis, the visual starts to take on great importance. It would help if we could somehow assign new characters their place in the growing mural in our mind. But we wonder how to deal with women whom we meet only as corpses. And we aren’t sure how to sort out characters who, in a way we can’t remember encountering before in fiction, seem to be made of different densities—some seeming solid and all there, and others like a hologram you could stick a hand through.

Trechos:

“Do jantar saíram várias propostas e uma suspeita. As propostas eram: dar uma palestra na universidade sobre literatura espanhola contemporânea (Espinoza), dar uma palestra sobre literatura francesa contemporânea (Pelletier), dar uma palestra sobre literatura inglesa contemporânea (Norton), dar uma aula magistral sobre Benno Von Archimboldi e a literatura alemã do pós-guerra (Espinoza, Pelletier e Norton), participar de um colóquio sobre as relações econômicas e culturais entre Europa e México (Espinoza, Pelletier e Norton, mais o diretor Guerra e dois professores de economia da universidade), visitar os contrafortes da Sierra Madre e finalmente participar de um churrasco de carneiro num rancho próximo a Santa Teresa, churrasco esse que prometia ser concorridíssimo, com a presença de muitos professores, numa paisagem, segundo Guerra, de singular beleza (…).”

Exemplo de neutralidade:

“Duas semanas depois, em maio de 1994, foi sequestrada Mónica Duran Reyes ao sair da escola Diego Rivera, na colônia Lomas Del Toro. Tinha doze anos e (…) aquele era seu primeiro ano de secundário. Tanto a mãe quanto o pai trabalhavam na maquiladora Maderas de México, que fazia móveis de estilo colonial e rústico exportados para os Estados Unidos e o Canadá. Tinha uma irmã mais moça, que estudava, e dois irmãos mais velhos, uma moça de dezesseis que trabalhava numa maquiladora especializada em cabos e um rapaz de quinze anos que trabalhava com os pais na Maderas de México. O corpo apareceu dois dias depois do seqüestro, no acostamento da rodovia Santa Teresa-Pueblo Azul. Estava vestida e tinha a seu lado uma a pasta com os livros e cadernos. Segundo o exame patológico havia sido estuprada e estrangulada. Na investigação posterior algumas amigas disseram ter visto Mónica entrar num carro preto, com filme nos vidros, talvez um Peregrino, um MasterRoad ou um Silencioso.”


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