segunda-feira, outubro 25, 2010

Se não tivesse segundo turno, não haveria plano?

Será que ela leu este?

  A beira das urnas, Dilma lança programa de governo
  José Luiz Conceição/UOL
Um programa de governo, como se sabe, é um conjunto de verdades que, uma vez eleito, se esquecerá de acontecer.

 
Nesta segunda (25), Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, apresentaram sua plataforma.
 
Eis o nome da peça: "Os 13Compromissos Programáticos De Dilma Rousseff para o Debate na Sociedade Brasileira".
 
Tem 23 folhas. Imprimiram-se escassas 100 cópias. A íntegra pode ser lida aqui.
 
Quem corre os olhos pela texto depara-se, ao final, com uma pilha de 13 generalidades.
 
É a terceira versão de programa apresentada pelo comitê de Dilma. A primeira, protocolada no TSE no alvorecer da campanha, assustou a platéia.
 
Falava em controle social da mídia, taxação de grandes fortunas e redução da jornada de trabalho.
 
Até os partidos coligados a Dilma chiaram. A candidata disse que rubricara a encrenca sem ler e providenciou uma segunda versão.
 
Como os aliados continuassem chiando, Dilma viu-se compelida a encomendar a terceira versão, divulgada agora, a seis dias da eleição.
 
O documento manda um recados a segmentos específicos do eleitorado. Aos que receiam por um retrocesso institucional caso Dilma prevaleça, informa:
 
"O fortalecimento da democracia política, logrado nos últimos anos, será mantido e consolidado pela continuidade da reforma do Estado”.
 
Na sequência, afagos à mídia e aos templos:
 
“Pela preservação da autonomia dos poderes constituídos; pela garantia irrestrita da liberdade de imprensa e de expressão e da liberdade religiosa".
 
No pedaço dedicado à economia, lê-se um conjunto de intenções que soa como música ao mercado:
 
"A política macroeconômica será consistente com o equilíbrio fiscal, com o controle da inflação, com uma baixa vulnerabilidade a choques...”
 
Um toque social: “...Com o crescimento mais rápido na renda das camadas mais pobres da população".
 
Reforma tributária? Nada de compromissos peremptórios. Só o aceno de ajustes pontuais:
 
"Em acordo com Estados e municípios, serão complementadas mudanças tributárias que racionalizem e reduzam os efeitos socialmente regressivos da atual estrutura tributária e beneficiem a produção e as exportações".
 
Reforma política? Nada além de um compromisso vago, condicionado a "um amplo diálogo com a sociedade e suas organizações, por meio do Congresso Nacional".
 
De olho nos 20 milhões de votos de Marina Silva, o programa da desenvolvimentista Dilma faz vagas concessões ao ambiente:
 
"A política ambiental cuidará para que o Brasil desempenhe papel exemplar na construção de um modelo de desenvolvimento ao mesmo tempo sustentável e includente".
 
Mais adiante: "A política industrial levará em conta critérios ambientais, da mesma forma que as políticas fiscais e de crédito".
 
Para tonificar o caráter continuísta da candidatura oficial, o texto anota, já na introdução, os “avanços” obtidos sob Lula.
 
Compara a gestão atual com a de FHC. Lembra que Dilma contribuiu para o triunfo de um e José Serra ajudou no suposto fracasso do outro.
 
O documento menciona os programas que Dilma expõe na vitrine da campanha: PAC, Minca Casa, Minha Vida, Luz Para Todos e Bolsa Família.
 
E anota que a coligação de Dilma (10 partidos) deseja, “com todos os homens e as mulheres de nosso país, continuar e aprofundar a mudança do Brasil”.
 
Coisa iniciada “em 2003". Como se as conquistas pretéritas –Plano Real e Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo— simplesmente não existissem.
 
Criticável pelo conteúdo e pela demora, o programa de Dilma é mais do que a coligação rival de José Serra foi capaz de prover.
 
Em matéria de plano de governo, o tucanato limitou-se a encaminhar ao TSE uma colagem de dois discursos de Serra.
 
Prometeu-se uma versão mais detalhada. E nada. Quem não sentou, se arrependeu. Serra negou à platéia até mesmo a pantomima convencional.
 
- Siga o blog no twitter.
Escrito por Josias de Souza às 17h51

Nenhum comentário: